terça-feira, dezembro 31, 2002

Eu nunca mais bebo.

A minha impressão é a de que tenho uma colher de sopa enfiada em cada órbita dos olhos. A cabeça dói de uma maneira surreal, e eu nem bebi tanto. Foram só 5 drinquinhos... A bem da verdade, as duas primeiras caipirinhas não contam. Pequenininhas e com adoçante.

Jesus, mas o coquetel de martini com vodka que veio a seguir... Bom, o resultado é uma enxaqueca do tamanho do mundo, uma fome absurda e as notícias de um amor do passado, que nem casado está. Ainda guardo um vestígio de ressaca moral, que dói mais que a física.

A mão estapeia a testa a cada vez que me lembro do que fiz. Burra, devassa, messalina, desfrutável, mundana. Vou comer um biscoitinho de benjoim, mirra e incenso só pra me punir. Vou ouvir músicas do Nahim (alguém lembra do Nahim?) e do Marquinhos Moura, vou fazer piercing na língua, montar fã-clube para o Rouge, tatuar o Latino na perna, dançar a Ragatanga. E nada, nada disso vai me purificar, nada disso vai me fazer esquecer, nada disso vai me tirar o título de "Faz-Merdinha".

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Esses itens de autoflagelo podem não dar certo, mas ouvir o CD da Kelly Key que o vizinho comprou pode funcionar. Ouvir Cachorrinho INITERRUPTAMENTE é quase "uma psicotrôpica". E o pior é descobrir que tem outras músicas no CD...

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Se no inferno tem rádio, tenho certeza de que o hit parade é Jorge Vercilo. Cortesia do meu vizinho querido. Estou quase com saudades do CD da Kelly Key...

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F. está solteiro e sem filhos!!! A pergunta que não quer calar é: quem raios eram aquela mulher e aquelas crianças que estavam com ele na doceria? Mas ele está solteiro, free as a bird.

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Ressaca também bagunça o meu termostato. Estou com um frio absurdo. Vou pro chuveiro quente cozinhar os ossos.

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É de boa educação, né? Então vá lá:

FELIZ ANO NOVO, MINHA TROPA!



======== CENSURA ========

Director's cut.

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"Good times for a change..."

segunda-feira, dezembro 30, 2002

Numa long distance call:

— Roberto, Roberto... E Roberto é nome de austríaco?
— Irmã, Roberto não é um nome austríaco...
— Ué?!
— ... e o nome dele é André...
— (rápido silêncio) E André é um nome austríaco?!


Gargalhadas via Embratel.

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Mesma pessoa, quando ouviu o telefone tocar:

— Coloquei o abajur pra despertar, achei que era ele...

Como é?

sábado, dezembro 28, 2002

Mamãe apareceu em casa com três saquinhos de biscoito. Um de alecrim, um de manjericão, outro de beterraba (acho). As três modalidades de biscoitos se parecem com hóstias, e nesse lar não-católico, a curiosidade sobre o pão sem fermento prevaleceu. Mastiguei metade, a outra parte foi pra Algas.

Meu pai acha que os biscoitos são de incenso, mirra e benjoim. Tudo junto, não um de cada sabor.

Eu estou na dúvida, e antes de emitir uma opinião conclusiva, quer fazer experiências. Biscoito não é. Vou tocar fogo: se queimar inteiro, é defumador. Se não pegar, vou moer, enrolar e fumar.

A Algas ainda não conseguiu engolir os farelos do biscoito para poder opinar sobre o produto.

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Adaptação de uma conversa com um Homem Muito Querido (e continua sendo, viu? Eu é que ando estranha e antisocial.):

Ele: — Depois do Grinch no Natal, qual o seu personagem para o Reveillon?
Eu: — Pela rabugice e luz própria... SININHO!

Fade out rápido.

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Para o próximo 25 de dezembro, uma homenagem ao Charles Dickens: vou encarnar Scrooge antes do dia de Natal.

sexta-feira, dezembro 27, 2002

Saí para a praia, acabei num enterro. Fui a uma festa, terminei a noite num hospital.

Coisas que só acontecem com Daniela.

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Eu estou aprendendo a lidar melhor com as mortes. Dói, mas eu consigo pensar com clareza. Morreu a mãe do meu ex-diretor. Baque, ninguém esperava. A Rê sentiu mais a porrada, é muito, muito próxima a ele.

Fui direto da praia para o velório, esse estranho. Passei na casa de um amigo querido, meu companheiro de vagabundagem nas areias, peguei um tênis e uma camisa Pólo branca emprestada. Quando me dei conta, estava toda combinandinha, vestidinha de tenista... Puts, e eu tentando parecer mais séria...

Fiquei completamente alheia à dor dos outros. Preocupada, sim, mas era como se fosse um filme, e eu sentadinha na poltrona assistindo a tudo. As pessoas chegavam, acompanhadas da suas dores, e eu ali, me sentindo meio intrusa — já que passado o impacto inicial, a minha vida continuou fluindo normalmente. Um caso absurdo de insensibilidade, de egoísmo, mas meu carinho pelos que sofriam era genuíno.

Não consigo sentir o que todo mundo sente em momentos de perda. "A vida é um nada", "Somos tão frágeis", "A gente se preocupa por tão pouco e não sabe o que é sofrer de verdade". Não, não concordo com nada disso! A gente sabe, sim, o que é sofrer de verdade, cada um com as suas dores; a gente não é tão frágil assim; e a vida é muito extensa, só que uma hora tem que acabar. Pra nós, que ficamos, nunca seria hora de ninguém ir embora.

Mas as pessoas vão. Seria muito injusto se só nós tivessemos a companhia dessas pessoas que nos são tão queridas. Em outro plano, outras pessoas vão ficar muito felizes em receber a mãe desse meu amigo.

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Muito simples, né, Daniela? Quero ver na hora em que a dor for mais pungente, a perda for de alguém muito, muito próximo...

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Fui pro amigo secreto do pessoal da Resenha mesmo sem ter participado da troca de presentes. Noite bacana, quase despedida de amigos que vão pra longe, uma renovação dos votos de amizade. Uma história complicada começou a se resolver, e para o bem, abraços foram trocados, desejos sinceros de um bom ano novo foram feitos... Noite de paz, enfim.

Paz? Paz completa se o Dani não tivesse terminado de arrebentar o joelho. Vamos nós pra emergência ortopédica as duas e meia da manhã, para o médico dizer que não é nada, que o limite quem vai impor é o próprio Dani. Caracóis!!! ele tem um cisto de 3,5 cm no joelho esquerdo e o médico diz que não é nada??? Por que raios o meu médico preferido não estava de plantão ontem?

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Peço desculpas àqueles a quem não desejei boas festas. Não tenho nada contra o Natal, pelo contrário, mas estou introspectiva. Não ando própria para o consumo humano. Do meu jeito torto, eu pensei em cada um dos meus amigos queridos — blogueiros ou de carne e osso — e do fundo do coração desejei que tivessem o melhor de todos mundos. E não só no próximo ano, mas ao longo de toda, toda a vida.


quarta-feira, dezembro 25, 2002

Achado no Brazooka...

DISCURSO DE POSSE DO COMPANHEIRO GILBERTO GIL NO MINISTÉRIO DA CULTURA

"Senhoras e senhores quase brancos, pobres como pretos, pobres e mulatos, quase brancos, quase pretos de tão pobres, boa noite.
Alô, moça da favela, aquele abraço!
Alô, Banda de Ipanema, aquele abraço!
Todo mundo da Portela, aquele abraço!
Alô ,alô, Realengo, aquele abraço!
Alô, torcida do Flamengo, aquele abraço!
Ó, mundo tão desigual. Tudo é tão desigual. De um lado, este carnaval. De outro, a fome total.
Não me iludo. Tudo permanecerá do jeito que tem sido, transcorrendo, transformando, tempo e espaço navegando todos os sentidos.
Não se incomode. Porque o que a gente pode, pode. O que a gente não pode, explodirá.
Tenho e terei total apoio do companheiro presidente Lula.
Abacateiro, acataremos teu ato. Nós também somos do mato, como o pato e o leão.
Marmelada de banana, goiabada de marmelo! Bananada de goiaba, companheiros!
Minha alma cheira talco como bumbum de bebê. De bebê! Pense no Haiti. Reze pelo Haiti.


Obrigado."

terça-feira, dezembro 24, 2002

O cachorro marrom persegue as bolhas de sabão pela casa.

Trinta, quarenta bolhas de sabão, e ela continua correndo atrás de cada remessa como se fossem novidade. Persegue os sonhos como se eles não fosse explodir logo à frente, sempre, sempre.

As bolhas-sonhos têm vida curta. Voam e se chocam contra a parede. Voam e simplesmente explodem no ar. Voam, vão ficando rarefeitas, perdendo o colorido, até que somem. Como os sonhos.

Nana parece não saber disso. Cada bolha é única; em cada bolha, um encanto. Algumas ela consegue abocanhar, outras se perdem na distância, explodem, e mesmo assim ela não se deixa abater. A sabedoria canídea lhe assegura que outras bolhas virão, e que serão perseguidas com o mesmo entusiasmo dispensado às primeiras.

E pensar que a única manifestação de espírito natalino deste Grinch que vos fala veio de um daschund que nunca desiste das bolhas de sonho-sabão...

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Meus pais devem estar esperando a visita de alienígenas pra jantar hoje à noite. Comida demais, dá pra alimentar a Fonte Nova em dia de Ba-Vi...

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Creme vienense carregado no whisky, lago dentro da lavanderia, pochete biológica... Hein? Uma conversa telefônica com a minha irmã de alma, far away, so, so close... Feliz Natal, irmã, tomara que você não tenha embebedado a família com as ameixas etílicas!

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Verdade seja dita...

Preste atenção. Se fosse a Kelly Key a cantora, todo mundo falaria mal:

"Já sei namorar/ já sei beijar de língua... Eu sou de ninguém/ Eu sou de todo mundo... E todo mundo é meu também".

segunda-feira, dezembro 23, 2002

Uma babel na esquina de casa. Sentada num bar na beira da praia, abro o cardápio de idiomas e resolvo pedir todos.

Na mesa do meu lado esquerdo, um grupo de italianos discute sobre prostituição. Senhores italianos, peles crestadas de sol, olhos azuis, verdes, castanhos como avelãs derretidas. São olhos que já viram muito, as idades avançadas que os habilitam a falar com propriedade do assunto em questão. Por um momento eu me atenho somente ao fluido palavreado que ouço da mesa ao lado. Língua doce, melódica, que me remete ao passado não muito longínquo, onde as palavras em italiano serviam para me dizer o quão especial eu era. Os velhinhos, que parecem saídos de um um filme do Jean-Luc Besson, me devolvem, por um átimo de segundo, o piscar de olhos cúmplice do Paolo, a textura dos cabelos dele, o gosto do último café tomado no aeroporto, minutos antes do embarque.

Do outro lado, um diálogo em espanhol entre um casal gay. Quanta recorrência... Espanhóis e gays, já tive o meu quinhão para todo o resto do ano. Nem dedico os meus ouvidos ao exercício da bisbilhotice.

Atrás de mim, vozes rasgam o burburinho. Sílabas guturais, não entendo uma única palavra? Alemão! Alimento a esperança de que seja o André, austríaco que fala um portuñol perfeito. Viro pra trás e não vejo seus olhos brincando com os meus, azul no castanho, nem o ouço pedindo "por favor, você consegue um cigarro mentolado?" Não registro quem está atrás: volto para a posição original e fico degustando esse idioma estranho, áspero, que tanto me intriga. Um germânico tentando falar português é algo que me fascina: os artigos nunca casam com os gêneros, os verbos não fazem par com os tempos.

Nem os sotaques que ouço na minha mesa são os usuais: uma carioca, uma paulista, dois baianos, uma sergipana, uma gaúcha. Cada um com uma gíria diferente, com um maneirismo para particularizar a região de onde vem. As consoantes são ditas cada hora de uma maneira diferente, com e sem chiado, com e sem acentos circunflexos. De propósito (?) não entendo o que a outra extremidade da mesa quer dizer. Sorrio, faço de desentendida, e escapo da pergunta inoportuna. "No, ich no parlo su language!"

Volto pra casa mais cedo do que esperei. Tantos idiomas e dialetos diferentes me deram o álibi perfeito para mais uma vez não entender nada do que foi dito. Ou entender, mas sorrir educadamente, sacudir a cabeça e responder: "Sorry, no coins!"

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How the Grinch stoles the Christmas?

sábado, dezembro 21, 2002

Um misto de dor física e dor emocional me deram a noite de sono mais longa dos últimos dez anos.

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A dor física danificou meu lado direito do rosto: cabeça, dentes, olhos. Hoje estou quase viva, novamente, mas por instantes achei que ia jogar ping pong com as bolinhas dos olhos, de tanto que elas estavam sendo pressionadas para fora. Uma amostra do que o bruxismo pode fazer por mim...

Era pra ser uma noite de risadas, de cumplicidade, de lua alta, de caminhos a serem (re)descobertos. Noite para comemorar os resultados que a quinta-feira de pleniluni trouxeram, para aproveitar a lua em cancer, para rir dos infortúnios da semana que passou e nos fortalecer para os da próxima.

Mas acabei encontrando refúgio no sono. Sono inquieto, suado, dolorido. Sono nada reparador, mas sono-fuga. Fuga dos dias desleais, dos dias em que eu assimilei mais pancadas do que o meu corpo — e o meu espírito — podiam receber.

Dormi das seis e meia da tarde de ontem até as nove e meia da manhã de hoje. Sem sonhos, sem a tranquilidade necessária para abrir os olhos e descobrir o mundo sem dor.

quinta-feira, dezembro 19, 2002

Encontrei nos fragmentos um homem do passado.

Senti o cheiro dele num pescoço amigo, perfume amadeirado, misturado com cheiro de cigarro. Pode parecer ruim, mas a mistura é — e sempre foi — explosiva! Um cheiro querido, que precisava de um estímulo externo para novamente voltar a impregnar o meu olfato. Um cheiro que sempre esteve em mim.

Vi o rosto dele num rosto do além-mar. Mesmo sorriso, tanto nos olhos — não verdes, mas azuis — quanto nos lábios. Mesma cor de cabelo, fios de ouro velho, caindo insistentemente nos olhos.

O quadro se completa com o cheiro da palha de milho queimada entre goles de cerveja. Uma confluência de elementos que me conduziram a dias felizes, a olhares, confidências trocadas na cozinha, tarde da noite. Tempo do maior aprendizado, tempo de definição do meu papel, tempo que serviu para sedimentar todo o porvir.

Noite de presente, de celebração, de vida que vem, de vida que está. Lua em gêmeos, quase cheia, noite clara, véspera de definições. Tive de volta um amor do passado, coloquei-o na mesa, degustei um pouco, e fiz o que era justo: lancei-o de volta aos tempos idos, sacudi a cabeça e olhei pra frente. A noite estava clara como os dias que ainda virão.

terça-feira, dezembro 17, 2002

Genial esse Gerador de Letras Tribalistas! Roubado do Jesus, me chicoteia!, que emprestou do Mundo Perfeito

Essa é a minha composição:



Menos e mais

Aportei em Caxias, Monopoli
Dois mais dois é igual a mais
É hora de andar, hora de ser
Avistei ovo
Quero sabão no sertão sedutor


Bis

Lesera livida leave him
É hora de andar, hora de ser
Sossega meu avõ, oh yeah!
Sou menos e sou mais Vi
Sou eu e sou nós
Balanço bonachão, não brinque
É hora de andar, hora de ser



Repita 75 vezes até que alguém cometa suicídio.

O sonho-pesadelo termina com dois globos coloridos de papel marché, um jantar melancólico, um abraço apertado. Essa é a pior parte de gostar das pessoas: elas vão embora.

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Para terminar minha temporada castelhana, um argentino. E que companhia maravilhosa a dele! Guillermo fez o melhor espetáculo de todo o evento, pungente, tenso, doce, acre, singelo.

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Nightmares and Dreamscapes

Voltando do teatro, caminhando por uma avenida arborizada. Meia noite e muito. Um catador de latinhas vem pra cima de mim com uma garrafa na mão. Atravesso a rua na direção contrária, paro em frente à guarita de um prédio. O porteiro destrava o portão, mas eu não entro. O catador não se aproxima muito, fica olhando, resmungando algo, e continua a andar na mesma direção que eu iria.

Precaução e água benta não fazem mal a ninguém. Abri a mochila, saquei o canivete. Prendo o cabo com o dedão, escondo a lâmina na palma da mão, camuflada no dedo médio. Pronto, agora continuo a caminhar, sem perder de vista o cara. Ele passa atrás de um caminhão. Não sai do outro lado. Oh-Oh... Reduzo o passo, quase paro. Vejo as pernas dele por baixo da carroceria. Quando ele me vê parada, corre atrás de mim. Corro para um apart hotel, dois seguranças à vista. O catador corre atrás, entra no apart. Os seguranças o convidam para sair, ele aceita o convite um tanto quanto relutante. Quando o segurança me acompanha até a rua, olha pra minha mão e vê o canivete.

"Onde raios você aprendeu a segurar um canivete desse jeito malandro?"

A pergunta não é feita, mas a frase seguinte é dita com insuspeita doçura:

— Menina, isso mata...
— É isso que eu quero...


Segui meu caminho. O catador tomou direção ignorada.

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Sim, tentaram me assaltar ontem. Não, não conseguiram.

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Noite de conversas esclarecedoras. Bom não beber, pq posso jogar à vontade. Falei mal sem abrir a boca, sem me comprometer. Arranquei confissões que nem eram necessárias. Eu SEMPRE soube o motivo da minha demissão. Abençoada demissão.

Não é desejar o mal: é contar com a lei da ação e reação. Todas as vezes que ela me sacaneou, em alguma coisa ela foi lesada. Ou quebrou equipamento, ou perdeu dinheiro, ou ... Não, nunca fiz absolutamente nada. Só vim me dar conta de que ela estava recebendo os trocos muito rápido no 3o. ou 4o. episódio. Eu não fiz nada. Mas eu tenho quem olhe por mim.

sábado, dezembro 14, 2002

Isso não se faz!

Tarde no teatro. Os espanhóis afinando a luz, e eu sentada no chão, vendo uma televisão escondida embaixo da mesa de som. Os técnicos vendo Programa Raul Gil. Entra um cantor baiano que fez sucesso com grupo de pagode, e que resolveu seguir carreira solo. Depois de cantar, a conversa:

— Raul, manda um beijo pra Luis Eduardo Magalhães!
— Hã?
— É, manda um abraço para Luís Eduardo Magalhães!
— Err... O que é Luis Eduardo Magalhães?
(sorridente, como se NADA tivesse acontencendo)
— Uma cidade lá no interior da Bahia!


Alívio. Vai pegar seu banquinho!

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Tá pensando que acabou?

Air guitar? OK. Air drumm? É... Vá lá... Mas AIR CAVAQUINHO???

Oh, yeah, baby, hoje eu vi, no mesmo programa, com o mesmo cantor... A Bahia não é um estado: é um portal para outra dimensão.

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Estou pensando em espanhol, cantando em espanhol, ouvindo espanhol, sonhando em espanhol. E EU NÃO FALO ESPANHOL!

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Não falava, mas depois de uma troupe de espanhóis e um cubano, estou até diferenciando o espanhol de Madrid, de Cuba, da Colombia...


Uma flor. Presente inesperado, que veio de uma pessoa insuspeitíssima. Rosa amarela, já um pouco cansada da viagem de uma pequena capital nordestina pra cá. Pequeno carinho, um prestador de serviços do evento que em algum momento me reteve na mente, e me viu merecedora de uma flor. As pessoas ainda me emocionam.

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Almoço surpreendentemente bem acompanhada. Linóleo e cortinas brancas a caminho de Sergipe. Tarde deliciosa, de boas conversas e comparações linguísticas. Jantar divertido, não tinham garçons no número adequado, peguei a bandeja e saí servindo todo mundo. Último grande desafio superado. Cansada.

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Um encontro geminiano: 11 e 16 de junho. Duas culturas diferentes, um com experiência socialista e sofrida, outra com experiência capitalista e nem tão restrita assim. Um abismo de idiomas, um abismo de modelos políticos. Um abismo cultural, dessa vez invertido.

Aquele que veio do país onde o creme dental, o sabonete e a comida são porcionados e racionados é, no mínimo, uma sumidade. Culto ao extremo, bem articulado, bem educado — do ponto de vista de educação formal.

Aquela que veio do país onde os bifes são comprados indiscriminadamente tem uma educação formal medíocre, uma cultura de almanaque, uma articulação pasteurizada. Ele de Cuba. Eu do Brasil. Horas de conversa, horas de boas risadas, horas de piadas partilhadas, horas de entendimento, que ora se fez mudo, ora se fez num idioma criado hoje a tarde, mescla de português, espanhol, gestos e olhos.

Presente bom vindo da ilha do Fidel.

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Que tipo de ser humano — 26 anos, sete tatuagens fixas — compra um chiclete de bola só por causa das tatuagens descartáveis? É que tipo de pessoa é essa que aplica a tal tatuagem de chiclete no braço e exibe orgulhosa para todos os comensais?

Tô nem aí... Me diverti à beça!

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Saudade daquele homem especial. Saudade mesmo, forte, dura, áspera. E só vou poder matar as saudades quando conseguir chegar em casa num horário cristão.

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[ Espaço reservado para a reapresentação da segunda parte de "I wish you we´re here", do Pink Floyd ]

Continuo sentindo essa música...

sexta-feira, dezembro 13, 2002

Não posso estar triste. Estou me encharcando de Prozac.

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Checked List

O sofá quebrou no meio do espetáculo. O cara do transfer se perdeu dos chegantes. A comida do jantar levou quase duas horas pra chegar. Cheguei em casa quase duas, dormi mais de três, acordei as cinco e meia pra resolver o transfer. RESOLVI com todas as boas cartadas de produtora que se dá ao respeito. A van para levar embora um grupo de outro estado chegou com SEIS horas de atraso. Meu estômago nem se queixou de nada hoje. Não tomei café da manhã. Não jantei. Almocei ridiculamente. Cochilei no saguão do hotel enquanto esperava o pessoal pra uma reunião... que só começou meia noite e meia. Não acho uma porra de um linóleo branco em Salvador. Ah, as cortinas do espetáculo argentino tem que ficar prontas amanhã a tarde. Léo foi assistir ao espetáculo de hoje comigo. As pessoas vomitam em cena no espetáculo. A russa, a carioca, o ilheense e o cubano sentiram frio em Salvador, alguém acredita?

Não sou mais um ser humano.

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— Eu adorra dar aulas na USP, mas não gosta São Paulo. Quando cheguei Salvador ontem, respirei bem fundo e olhei pro céu. Salvador me emociona! O céu não estava azul: estava esmeralda.

Precisei ouvir isso de uma russa para olhar Salvador com olhos mais apaixonados de novo.

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Quase duas horas. Estou pifando.

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How I wish, how I wish you were here
We´re just two lost souls swimming in a fish bowl
Year after year
Running over the same old ground
What have we found?
The same old fears
Wish you were here


I wish you were here - Pink Floyd

Faço minhas as palavras deles.

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Câmbio, desligo.

quarta-feira, dezembro 11, 2002

O que fazer quando você leva uma geral de uma senhora grosseira que acha que a sua obrigação é vender revistas?
Tenho a impressão de que as pessoas só vão me respeitar como profissional quando eu tiver rugas.

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Mas hoje eu consegui. Hoje eu conquistei respeito.

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That´s all, folks. Say a little pray for me...

terça-feira, dezembro 10, 2002

Um dia eu acordo levitando.

Não, nenhuma nova técnica de relaxamento. Mosquitos. Um dia eles me carregam.

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Cansada, absurdamente cansada. O evento começa hoje, terça, e meu pensamento fixo durante TODO o dia é: preciso dormir. Preciso dormir, preciso de colo, preciso de carinho, preciso de beijinhos, preciso de alguém... Ah, aí já é pedir demais... Só preciso dormir. E acredite: é tarefa difícil para esta noctívaga que vos fala.

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Minha amiga querida, alma companheira, obrigada pela mensagem de texto no celular. No ritmo que as coisas vão, acho que a gente só vai conseguir se encontrar no Messenger no dia 19. Puts, só lá? Você recebeu minha mensagem de texto? Manda notícia por email, ou melhor: FAÇA UM BLOG!!!!!

E sim, vc consegue!

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H.m.Q.

What's new?
How's the weather?
Is it stormy where you are?
Cause I'm so far but it feels like you're so close

Kiss the rain, com uma pequena adaptação - Billie Myers

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Juro, juro que quero saber quem é esse homem que apareceu no meu jogo de cartas. Quem é esse homem unido a mim por outras vidas?

domingo, dezembro 08, 2002

Pequenas coincidências me deixam MUITO feliz.

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OK, não existem coincidências, né? Concordo, mas vamos comigo: os encontros randômicos só passam a não ser coincidências quando você pensa muito sobre o assunto e descobre qual a função de ter encontrado aquela pessoa no lugar mais improvável. Nesse caso, não quero, não pretendo, e não vou pensar no assunto.

Saí do escritório depois das quatro e meia. Peguei um ônibus vazio, sentei num dos bancos, puxei "Dreamcatcher" da bolsa e não o abri. Estranho. Fiquei olhando pra fora, paisagem feia, obras de construção de um viaduto. Carro vermelho ao lado do ônibus. Um homem sozinho, alto. Perfil tão familiar que senti um dedo gelado percorrendo minhas costas. KR??? Uma olhada para a placa do carro confirmou as minhas supeitas. Ele.

Pausa: KR foi um grande, grande amor que tive. Eu me lembro do dia em que o conheci. Sentei no gramado do Farol da Barra, um bom livro, sol indo embora. Cidade vazia, exatamente como eu gosto. Apaixonei primeiro pelas pernas das calças dele, que passaram na minha frente. Um segundo depois, um quilômetro de homem para cima, eu descobri que o amava e nem ao menos sabia quem ele era.

2 horas depois de o ver, já sabia onde ele trabalhava, seu nome. E nós nem nos falamos. Passei a acompanhar a carreira dele ? o melhor profissional de comunicação da Bahia, na minha opinião ?, nos encontrávamos em bares, locais públicos. Nunca, nunca nos falamos. Um ano depois, passei a trabalhar na mesma empresa que ele. Nossos encontros passaram a ser diários. Continuamos sem nos falar. Saí da empresa, passei um ano fora de Salvador, voltei. Passei mais um ano e meio sem sequer vê-lo.

E nos dois últimos meses... O encontrei no aeroporto, no caixa exatamente em frente ao meu. O estômago se embrulhou todo no reconhecimento daquele que já foi pra mim o mais querido. Olhos cravados nos olhos, nenhuma palavra, "o seu troco, senhora", adeus.

Sexta-feira 6, ao meu lado o carro da empresa onde ele trabalha. Um motorista, o mesmo que tantas vezes me atendeu, e ele. Meu olhar acompanhou o carro até que sumisse no trânsito, minha boca acompanhou a linha do sorriso hermético, a cabeça trilhou o caminho das lembranças.

E hoje. Sozinho, sério, sem camisa, voltando da praia. E novamente as lembranças das muitas vezes em que nos encontramos, um rápido retrospecto de cinco anos e meio de encontros e desencontros, do meu amor unilateral, irracional.

Ele sozinho lá, imerso nos pensamentos dele. Eu sozinha aqui, imersa nos meus pensamentos. Nossas interrogações ? aquelas que trazemos no alto das cabeças ? se encontraram novamente, se engancharam, fizeram com que rodássemos um em torno do outro. Imersos em pensamento continuamos, desenroscamos os nossos pontos de interrogação, seguimos adiante. Mais uma vez, seguimos na mesma direção.


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Domingo de alegria. Virei a noite numa farra absurda. Noite maravilhosa, amigos dos mais queridos, um bar fora do roteiro, um cigano que não errou uma vírgula sobre a minha vida, chopp morno no Barravento, chopp estranho no Subway do Espanhol. Só que eu não sabia que ia trabalhar. E fui.

Gosto de meião de jogador de futebol na boca, óculos escuros que filtram 90% da luz externa, filtro na alma que me torna refratária às crises de mau humor do mundo. A Cabocla Produtora baixou de novo! Almoço do Mac Donald´s comido às pressas entre anotações para comprar terra escura (para uma performance), preços de linóleo, tabelas de chegadas de vôos. Andava com saudade disso...

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Numa casa de show de uma capital do Nordeste...

? Vocês têm mesa de som?
? Ah, temos sim!


Horas depois...

? A mesa de som, onde é?
? Está aqui!


Um rack para acomodar uma aparelhagem de som.

***

Conversa telefônica entre duas capitais do Nordeste

? Fecha o transporte do cenário do espetáculo por esse valor X. O orçamento do outro fornecedor era o dobro desse valor.
? Ah, mas o do outro fornecedor já tinha a volta do cenário.
? Hein? Esse é o preço só da ida?
? É! Você não falou que tinha que trazer de volta!


É, errada era eu. Podia ser que o cenário quisesse vir de mudança para Salvador.

Adoro esses pequenos presentes que ganho.

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Tinha uma produção de campo pra fazer hoje. Tinha que vistoriar as acomodações de uma grande artista que estaremos recebendo. Mas passei o dia inteiro numa má vontade brutal. Não queria ver o sol — nem dava, tudo nublado. Estava muito feliz com Henry, Jonesy, Beaver, Pete e Duddits, numa cabana no meio do Maine chamada Hole in the Wall. Ah, desculpa, esqueci de contar que estou relendo "Dreamcatcher", do King, o Stephen.

Pois é. Resolvi me investir de coragem, liguei pro hotel pra marcar o horário da visita.

— Esse departamento só funciona de segunda a sexta, senhora.

Obrigada, Deus!!!

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O mais doce presente que ganhei: um subject de email. Isso mesmo: só um subject. Só o assunto do email conseguiu mitigar a dorzinha chata e forte que me ia na alma.

Engraçado. Eu programei meus emails para serem descarregados pelo Outlook. Mas tenho uma conta de email cujo endereço somente duas pessoas sabem. É um email que vasculho com uma ansiedade estúpida, esperando sempre palavras sopradas de longe; sempre, sempre trazendo soluções, carinho, respostas, amor. Sobretudo amor.

E ontem... Ontem pq ainda não dormi — "porque hoje é sábado" —, o Homem MUITO Especial foi escolhido "Anjo da Guarda", e veio trazendo boas novas. Basta olhar pro post aí embaixo pra ver que azeda era uma palavra amena para me designar... E nesse mar de mau humor e amargor, o alívio instantâneo: um raro e delicioso email DELE, um subject que me fez recriar o ritual de leitura: a escolha de uma música adequada, a posição de lótus, três hiperventilações.

Li. O conteúdo? Tão doce quanto o subject! Parece um adivinho: era o dia em que eu mais gostaria de saber dele, de estar com ele. Dia que merecia terminar em colo, carinho, consolo, beijinhos, e a garantia de que tudo vai terminar bem.

De certa forma, meu dia terminou assim. O colo, o carinho, o consolo, os beijinhos e a garantia de que tudo ia terminar bem... Ah, esses vieram por email mesmo, vieram de um homem que jamais poderia saber que suas palavras iriam me fazer tão bem, tão bem.

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Receber um presente desses implica em troca. Eu espero estar à altura para retribuir todo o bem que ele me faz. E não é um "esperar" de expectativa. É esperar de "torcer para". De me esforçar todos os dias um pouquinho para evoluir e poder "trocar", ao invés de só receber.

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E salve o povo cigano! Salve seu Kadu, salve Santa Sara Khali.

Sabe que eu nunca tinha pensado a sério num casal de gêmeos?

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Meu coração é uma máquina de escrever
As paixões passam
As canções ficam
Os poemas respiram nas prisões
Pra ler um verso, ouvir, escutar
Meu coração falar
Até se calar a pulsação
Meu coração é uma máquina de escrever
No papel da solidão
Meu coração é
Da era de Guttemberg
Meu coração se ergue
Meu coração é
Uma impressão
Meu coração
Já era
Quando ainda não era
A palavra emoção
Mas há palavras no meu coração
Letras e sons
Brinquedos e diversões
Que passem as paixões
Que fiquem as canções
Nos poemas, nos batimentos
Das teclas da máquina de escrever
Meu coração é uma máquina de escrever
Ilusões
Meu coração é uma máquina de escrever
É só você bater
Prá entrar na minha história


Máquina de Escrever
Mathilda Kovak e Luís Capucho - Pedro Luis e a Parede

E finalmente, anos depois, PL e the Wall (né, Monka?) HOJE!

sábado, dezembro 07, 2002

Onde arranjar ânimo para dizer que não estou lá tão feliz?

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Como estar feliz? "Pô, Dani, trabalho novo!".

É. Alguém conhece a completa acepção da palavra... Ah, deixa pra lá.

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Como estar feliz? Descartável. É isso que eu sou. As pessoas usam e jogam fora. Usam mesmo. Sirvo para determinadas funções. Sirvo para determinadas datas. Sirvo para certas ocasiões. Quando as coisas voltam ao normal, foda-se Daniela.

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Se você acha que contribuiu para esse meu estado de espírito, obrigada! Certamente contribuiu mesmo.

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Mas não se preocupe. JAMAIS vou estender o dedo e acusar.

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E amanhã, de volta à postura "filhote de beagle de olhos arregalados no pet shop".

— Me leva?

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Um dia eu aprendo. Um dia...

sexta-feira, dezembro 06, 2002

Ei, Homem MUITO Querido, você também escreve horóscopos?

Chegará o momento em que os complexos raciocínios da lógica se tornarão incapazes de esclarecer você. Será então que você dependerá da intuição ou da inspiração para seguir em frente. Aceite essa realidade.

Horóscopo para Gêmeos - Estado de São Paulo

Acho que a hora chegou... Você estava certo... como sempre!

O que uma lua nova não fizer...

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Trabalho. Trabalho novo! Apaixonei pelo projeto antes mesmo de saber o valor do cachê. O responsável pelo evento fala com um entusiasmo, seus olhos brilham tanto, que não tem jeito dos nossos próprios olhos não brilharem junto. Vou me ferrar por causa de horários, mas vai valer a pena.

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Uma das coisas que mais me faz feliz é poder, eventualmente, aceitar trabalhos ganhando pouco ou nada. Fico feliz pq estou fazendo com o coração, fazendo por prazer, fazendo pq antes de tudo EU ACREDITO. Acredito no trabalho, no projeto, no futuro, na minha importância para esse trabalho, no quanto as pessoas vão se beneficiar. Ainda não sei quanto vou ganhar com esse projeto, mas só fazer já paga o meu cachê.

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De toda sorte, quero poder começar a planejar meu carnaval fora de Salvador. Alguma sugestão sobre para onde viajar, pessoas?

quinta-feira, dezembro 05, 2002

É o terceiro post que começo a escrever e não publico. E isso desde as oito da manhã.

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Desde cedo num mau humor de fazer inveja ao Mutly. Mas depois de um ano procurando, achei "Ela disse adeus" ao vivo. Que falta de humor sobrevive aos metais dos Paralamas?

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Que espécie de ser humano baixa músicas como Doces Beijos, If you´re not here e Quiero ser, dos Menudos?

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Um ser humano saudoso, claro!

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Cada namorado ou mera paixão que veio — e foi — deixou um pouquinho do gosto musical. Todos eles, tanto quanto os amigos, me fizeram ver de maneira diferente uma determinada banda, uma música específica, um trecho de uma canção que muito dizia a eles. Ângelo, que nunca foi namorado, mas... Ângelo me trouxe Oingo Boingo, Red Hot Chilli Peppers. Frederico me apaixonou pela guitarra do Mark Knofler em "Sultans of Swing", e em tudo o mais do Dire Straits. O Emerson aumentou meu amor pelo U2, amadureceu minha admiração pelo Pink Floyd. Teve um que decupou comigo "No Quarter", do Zeppelin, e depois me fez ouvir a música no volume máximo, num headphone. Quase fico surda, mas o Led Zeppelin ganhou mais uma admiradora.

Um me fez ouvir "Bullroarer", do Midnigth Oil, com o olhar perdido; o mesmo que gostava de música australiana também era louco pela Maria Bethânia — "Onde estará o meu amor?" —, e quase me fez chorar com "Magamalabares". Um, dos mais especiais, entranhou "Chão de Giz" na minha pele. "Basket Case", "When I come around", do Green Day, "Reggae do Maneiro", "Vinte e Poucos Anos", dos Raimundos, vieram com o cara mais doce que conheço.

Na história recente, "Black", do Pearl Jam, voltou à minha órbita depois de 10 anos, por causa do Taurino. Aliás, ele me trouxe de volta umas coisas interessantes: The Police, Iron (e o meu winamp do demo acaba de escolher Black!), Charlie Brown Jr... O Paolo me abriu um horizonte de possibilidades na música italiana, do pop rock ao folk, com uma longa pausa no liscio. O italiano cantava pra mim duas músicas em especial: "Femmina" e "Daniela". Será que foi por isso que eu apaixonei?

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Let her get on with life
Let her have some fun


quarta-feira, dezembro 04, 2002

Não, não acho que os Engenheiros do havaí sejam punks. Acho a atitude punk deles forçada. Sim, acabei de baixar "Alta Noite" com o Arnaldo Antunes, agora sim ela faz todo o sentido. Sim, acabei baixando algumas músicas dos Engenheiros, descobri que Spiderweb, do No Doubt, é DE-LI-CI-O-SA. Sim, MTV com a tecla "mute" apertada é uma experiência única, principalmente se estiver tocando a tal Spiderweb o tempo todo.

Sim, estou num mau humor franciscano.


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Voltei aos bancos escolares. Na verdade, acho que só vou terminar esse semestre porque vou me entupir de Prozac a partir de amanhã, porque está sendo feita uma junta de anjos para me empurrar pra fora da FACOM... E porque tem ar condicionado numa as salas de aula. Mas só por isso.

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Da série "Por que é que eu chamei a atenção?"

Um ex-professor meu e uma professora que daria meu próximo período se encontram no corredor. Daniela com eles.

— Imagina, Professor, eu lá embaixo preocupada com o meu atraso, com os alunos, e olha: Daniela e João Paulo (outro dino, mesmo semestre de entrada que eu), só!

Daniela, que não aguenta ficar de boca fechada:

— Ah, mas a gente merece preocupação...

O professor, que me conhece de outros carnavais:

— Professora Fulana, a senhora ainda tem sorte que Daniela está frequentando sua disciplina. Na minha ela nunca aparecia!

Cai o pano, próximo ato.

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E ainda sou obrigada a encontrar o entregador de comida da vizinha de cima em atividades sexuais solitárias, na garagem do prédio, olhando para a minha casa. Ainda sou obrigada a pagar uma geral nele, ameaçar, espumar de raiva, descompensar e levar uma hora inteira pra reequilibrar.

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Mas estou viva, viva, viva.

terça-feira, dezembro 03, 2002

Três curtos sinais sonoros, vindos do meu celular, soados às três e trinta da manhã, fizeram com que a minha terça feira fosse mais doce. Ele cumpriu a promessa: mandou mensagem pro meu celular avisando que chegou...

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Estou mais para "O Pulso" do que para "Fame"...

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Sm, ainda em repouso quase absoluto. Sim, a paciente está fora de risco.

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Não quero mais brincar disso!

Ora, geminiano, assumir um compromisso não precisa ser uma coisa assim tão complicada. A liberdade é um estado de espírito, é impossível acorrentá-lo à terra. Limites, você é que se impõe. Não perca tempo e energia se debatendo. Uma passagem com ida e volta marcadas não o impedirá de voar: aproveite a viagem, pare de sacudir o avião.

Fonte: Terra - Esotérico: Horóscopo para Gêmeos

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"Now the deed is done
As you blink she is gone
Let her get on with life
Let her have some fun


(...)

Lágrimas por ninguém
Só porque é triste o fim
Outro amor se acabou


Ele quis lhe pedir pra ficar
De nada ia adiantar
Quis lhe prometer melhorar
E quem iria acreditar?
Ela não precisa mais de você
Sempre o último a saber..


Ela Disse Adeus - Paralamas

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Em 98, no fim de uma história lindinha, resolvi colocar um Sérgio no lugar do outro pra ver se esquecia. Coisas que só Daniela entende, mas quase deu certo. No final, acabei me mandando pra Recife, o Sérgio Sub acabou virando amigão, e acabei ficando muito amiga do ex (pra variar!). E "Ela Disse Adeus" era uma coisa que eu ouvia quase compulsivamente.

Ano passado, estava trabalhando na Praia do Forte e depois de jantar, saí pra andar um minutinho. Me deparei com um botequinho onde na televisão passava o show que os Paralamas fizeram pra Multishow. 500 bandas, nenhuma me dizia nada, e eu tinha que passr justo na hora em que entra o solinho dos metais. Como um raio, vieram Sérgio Sub, o outro e o 3º daquela temporada. Há tempos não lembrava deles, e de lá pra cá, venho pensando neles com uma certa recorrência.

Historinha gratuita, mas que voltou pra cabeça quando ouvi Ela Disse Adeus agora há pouco...


segunda-feira, dezembro 02, 2002

"Eu procuro um amor que ainda não encontrei
Diferentes de todos que amei
Nos seus olhos quero descobrir uma razão para viver
E as feridas dessa vida eu quero esquecer


Pode ser que eu o encontre numa fila de cinema
Numa esquina ou numa mesa de bar
Procuro um amor que seja bom pra mim
Vou procurar eu vou até o fim..."


Segredos - Frejat

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30 dias. 30 longos dias sem ele por aqui. Meu produto preferido, meu companheiro, cúmplice, cupincha, chegado, mano. Vou tentar, meu amor... vou tentar viajar pra passar o Reveillon com você!

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Estou trocando as pontas dos dedos por 15 quindins.

Não quindins comuns. Quindins translúcidos, brilhantes, molhadinhos, do tamanho exato de duas grandes mordidas. Quindins abrigados em forminhas de papel, daquelas que melecam a mão quando a gente pega, quindins feitos com amor, ou nem tanto, feitos com coco ralado direto do coco, não aquela farsa em saquinhos. Não gelados, tampouco quentes: quindins em temperatura ambiente.

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"Estou feliz por você, mas se pensa que vai me ferir de novo, se enganou. Deixei meu coração na outra calça!"
Hot Shots II - Texto do Charlie Sheen

Grande filme...

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Dia 1.

Contratempos... Tive todos no dia do show. Problemas com músicos, o único roadie bom sumiu. Tive que ficar com o desconhecido e sem iniciativa e convocar um que é PÉSSIMO! O mínimo que ele fez foi passar o show dizendo desaforos pro baterista.

Fora isso... Bem, o palco estava com uma energia horrível, o show foi tecnicamente ruim, mas o público, pra variar, não percebeu. O cavalo não era o Meteoro, meu baterista preferido foi como convidado especial, nunca rezei tanto para chover e acalmar a nuvem de poeira que subia o tempo todo. O boi não entrou, fui cumprimetá-lo no pastinho onde ele estava, CONSEGUI NÃO FALAR COM O PRODUTOR DO EVENTO, reencontrei Paulinho, baterista da melhor qualidade, a quem eu não via há uns 3 anos. Achei R$ 8,00 no palco 1 (oito, sempre oito, que recorrência), quase esgano o meu artista pq a produção do palco estava em cima de mim para terminar o show.

Quando a primeira pincelada de azul claro se intrometeu no azul escuro do céu, o show acabou. "From dusk till dawn". Ninguém virou pó, os vampiros não foram embora, mas tudo terminou.

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A tensão do início do show beira o sobrehumano. Não tenho a menor idéia de qual é a música de introdução; a única coisa que sei é que no set list ela é chamada de "abertura". Eu não ouço nada, só o meu próprio coração batendo quase dentro da minha cabeça, como num metrônomo embutido, marcando as minhas passadas.

E se o cavalo surtar? E se o microfone falhar (falhou!)? Estou a uma distância infinita do palco, razoavelmente perto da house. Mas estou sozinha; o artista, o cavalo e eu. Qualquer problema é comigo e comigo. O público é imprevisível. É neguinho que quer bater no cavalo, é bêbado que quer subir no cavalo, tocar berrante, tocar na produtora, dançar com a produtora. E a produtora correndo, dando ordem para a segurança, sorrindo para bêbado, sorrindo para o artista, sorrindo para o cavalo...

Mas... Eu ainda me emociono com todos os shows do meu artista. Na hora em que os instrumentos começam tocar a mesma coisa, me dá uma sensação de pertencer, de saber que eu fui peça fundamental para isso estar acontecendo. É um tempo ínfimo, mas me parece uma eternidade quando olho do palco para o meu artista e me permito sentir um carinho enorme por ele.

Mas passa! E como passa rápido!

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Ainda teve o sábado e sua festa alemã. Quilos de würst, rösti, chopp, e eu lá, com um choppinho morno na mão, pq era tudo o que eu tinha me permitido ingerir. E em pé, me sentindo mal. Destaque para as piadas sobre suspensórios austríacos, ursinhos de pelúcia como brinde da tômbola, carneiros e bodes rifados. Alemães são pessoas estranhas, com rituais estranhos.

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Tômbola, gente! Rá, eu não ouvia falar disso desde os idos de 1983, numa festa qualquer que eu devo ter ido! Alemães e seus descendentes são estranhos! Hã, de onde vem meu Henning mesmo?

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Já pensou se eu ganho uma ovelha na rifa? O que é que eu ia fazer com ela? Trazer pra casa e criar como bicho de estimação? Passear a ovelha na coleira e chamar de Toby, Lassie, Lady? E a crise de identidade da ovelha, achando que é cachorro? Ao invés de balir, ensaiando uns latidos com a Nana e a Mabel. Será que a ovelha correria atrás de gatos?

O que ovelhas comem? Será que ela ia subir na cama dos meus pais de manhã para pedir pão no café da manhã? Será que a ovelha ia gostar de brincar de bola de tênis?

Ainda bem que não comprei a rifa lá no bazar alemão. Eu jamais seria boa mãe pra ovelhinha...


domingo, dezembro 01, 2002

Piorei depois do show. Pudera. Correr atrás de um cavalo que bate os cascos no poeirão... Bom... Vou espirrar mais um pouco e volto.