quarta-feira, março 31, 2004

Sintomas

.formigamento no rosto, braços e pernas
.dor no braço esquerdo
.pálpebra pulando
.despertar repentino e assustado
.fisgadas musculares aleatórias
.piercing doendo
.variação de humor
.azias vulcânicas
.imobilidade temporária dos dedos

Se eu não estiver à beira de uma crise histérica, amém. Stress.

Preciso de férias.
Um dia sou eu e e o assaltante.

Hoje foi a moto que bateu no carro, com a minha irmã dirigindo e a mamãe, recém-operada e hipertensa, do lado. Eu tenho a impressão de que a gente se preocupa mais com a mamãe do que ela mesma. A SET não apareceu, a minha mãe rebelde não quis fazer controle da pressão, minha irmã estressou, e eu tenho tremeliques até agora.

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E o resultado da tentiva frustrada de assalto foi um dedo machucado, uma unha roxa, o cotovelo direito dolorido, idem o osso do ombro.
Não, não cortei nem uma vírgula abaixo.

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Freela pode pedir demissão? É rebeldia demais, né?

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Impiedosa

— Seu irmão fez chapinha japonesa, né?

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Se jogassem uma bomba no antigo Veredas ontem, nem a Propeg, nem a Leiaute, nem a Idéia 3 funcionariam hoje. O que não deixa de ser uma boa idéia.

Foi a maior quantidade de publicitários juntos que eu já vi na vida. Alguns queridos, outros odiáveis, outros inodoros. Mentira. Todo publicitário tem cheiro. Cheiro de vaselina.

900 publicitários ali, e todos os 900 premiados num evento qualquer que aconteceu ontem. Afinal, o que é um publicitário sem prêmio?

"Troféu Melhor Utilização de Verdana"
"Troféu Melhor Preenchedor de Espaços com o Baldinho do Photoshop"
"Troféu Ego de Ouro" (disputadíssimo)
"Troféu Melhor Aparador de Bordas da Impressão de Teste — Categorias Tesoura, Guilhotina e Estilete"

Viu como é fácil premiar esses seres carentes de aprovação?

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Teaser

"Cristo Redentor
Braços abertos
Sobre a Guanabara..."

Óbvio que o boliche gorou. De novo.

Tentar dormir, tentar não sonhar contigo.

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E se brigar comigo de novo, te desço o braço.
O que raios eu fiz da minha vida?

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Je ne regrette rien. Em cada número discado de celular.

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Eu nunca disse o quanto eu ABOMINO SMIRNOFF ICE?

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— Vou te arranjar um namorado!

Deuses piedosos, não! Quando ouvi isso pela última vez, ele era vesgo, burrro, limitado (o que é pior), tapado... Se é isso que Deus me dá como opção, que venha a reclusão religiosa.

***

Suíte

— Você é casada com ele?

O ele em questão era o Zeba.

— NÃO ME ROGUE ESSA PRAGA!

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Terça-feira, dentro do calendário civil e razoável, é dia de ver Big Brother.

Ledo engano. Terça é dia de receber ligação do seu doppelgänger para a balada.

(Baixo improvisado de Seven Nation Army)


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SUJEITO A CORTES, CENSURAS E WHATEVER

(ouvindo Jewel)

Dois idiotas. Ele e eu. Usados, bagaço de cana depois da terceira passada pela moenda. Juntos, porque idiotas se reúnem e nem adianta fugir: minha vida corre em paralelo a dele. Tinha um terceiro: querido em italiano. Seu nome.

Dois whiskies, váaaaaaarias cervejas, vamos pra onde?

— Robertone, cadê você?
— Num boteco aqui, voltando com a ex.


Robertone, o ORGULHOSO? Voltando? O que eu perdi com a tradução? Ele se rendeu? O mais inflexível dos meus, o meu exemplo?

Oh-yeah. Velho de guerra, 15 anos de resistência.., E RENDIDO? E por que eu, que nunca fui xiita, continuo vendida para o orgulho? Por que eu continuo tendo a minha verdade como aquecedor de cama, ainda mais chegando o inverno?

Parei. Músicas de outra era voltaram, num crescendo. "Calem-se! Esse tempo não pertence a vocês"!

Iris, do Goo Goo Dolls:

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

And you can't fight the tears that ain't coming
Or the moment of truth in your lies
When everything feels like the movies
Yeah you bleed just to know you're alive



Cry for Help não, pelos Deuses!

She's taken my time.
Convinced me she's fine.
But when she leaves, I'm not so sure.
It's always the same.
She's playing her game.
And when she goes I feel to blame.
Why won't she say she needs me?
I know she's not as strong as she seems.


Não me desnuda mais!

E assim fui, me defendendo. Cada música, um tabefe.

Passado dói. Com culpa, então...

Briguei pra voltar. E o presente me agrediu mais. Recomecei com Bruce Dickinson, virei pra Jewel, e não é que a porra da última música é dos Hellacopters? Qual o objetivo de Deus? Reclusão religiosa?

Cansei. Desisti. Que venha o touro agora, porque estou cansada das flores enganosas. Amei. E c'est fini. Não quero saber de homem nem pra propaganda de pano de chão. Errei em todas as esferas, e lidar com o meu fracasso ainda é uma nova.

Aquele tal mocinho é realmente o meu ideal. É meu espelho. Mas o nosso amor — guardadas as ocasiões atípicas — é daqueles que um irmão tem pela caçula. Ou o contrário.

Cortejo a solidão. Melhor companhia não há. Não me deixa, não sonha com o homem ideal, não fica feliz com uma boa noite de pernas enroscadas. Minha solidão se sabe consistente, firme. Nenhuma MENTIRA chega, me atinge.

Eu sou isso. Exatamente isso. Solidão, amor porejando, carência, intensidade, fidelidade, lealdade, compreensão. Sou ciúme discreto, sou daqui pra sempre, cansei de variar os sabores. De sorvete, de boca. Sou só isso: piscina funda, sol quente esperando fora, a promessa de uma relação até o fim. E que o fim seja cronológico, porque eu não aguento mais a variação dos gráficos, se de catálise, seja de Movimento Uniformemente Variado.

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Ouvindo One, do U2, eu sofri toda a condenação à qual fui fadada. Ré sem confissão, segredo sem confissão, confessa sem culpa. E eu NUNCA consegui esquecer. NUNCA.

Hoje não, porque dói e sangra. Mas amanhã, ou mais tarde — ou nunca — One voltará à pauta.

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Noite boa. Eu amo esse menino.

terça-feira, março 30, 2004

051

PORTO ALEGRE!!!

Bruno, meu amigo querido, meu editor favorito, meu dupla. Homem bom, bom de coração, bom de princípios. Ele esteve tão pertinho naquele tempo que a gente conversou. Parecia um dia normal, daqueles em que a gente se falava 300 vezes por dia, marcando farra, combinando descer pra almoçar juntos. Parecia que ele estava no trabalho, e que depois ia passar pra me pegar pra tomar uma cerveja num boteco qualquer.

Quando estávamos internados em Sauípe (No Limite 4, tenho certeza), depois dos primeiros dias ficou fácil de viver sem os amigos. A gente não tinha tempo de telefonar, então anulamos Salvador e suas implicações. Lá pelo 23º dia, o céu estava num azul fenomenal, as gravações foram regadas a gin tônica, cervejas e risadas. Resolvi ligar pro meu doppelgänger.

Foi um choque saber que existia vida do lado de fora. Fiquei severamente abalada, acinzentou o tempo, toldou os olhos. Eu senti uma saudade tão amarga, tão pungente, tão dolorida.

E a saudade que deu hoje foi parecida com a de antes. Não nos vemos desde o carnaval do ano passado, e não nos falávamos por tempo igual. Aí ele me liga, indica eu nome para um trabalho. Ligação ruim, chiada, era quase como se fosse outra pessoa. Hoje não. Hoje estava 55505. Limpa, clara, com todas as entonações meio nasais que ele tem. Por um segundo louco, quase o convido para um chopp cubano no aeroclube, hoje à noite. Pés no chão, Daniela. A verdade dele agora não é Varadero. É Dado Bier.

E a minha, qual é?

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Todo mês eu me pergunto como foi que a conta de celular chegou a esse patamar exorbitante. Looking back...

.60 minutos de celular para celular
.11 minutos de celular para celular, algumas vezes por semana.
.48 minutos para São Paulo
.20 minutos para Belém
.Brigas sustentadas ponto a ponto via mensagem de texto.

Achei a resposta.

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Surto de SMS!

Marcando boliche com aquele amigo estouradinho, Borges e Woody Allen... Via mensagem de texto.
É estranho acordar e não saber em que parte do dia você se encontra.

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Minha:

"Por você eu dançaria tango no teto, eu iria a pé do Rio a Salvador. Saudade, beijo louco."

Dele:

"Amaria todo dia a mesma mulher. Que bom te-la de volta. Bj."

Via mensagem de texto. Ele seria o sonho de toda mulher...

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Eu vou acabar decidindo a programação de Semana Santa na terça-feira antes do feriado. A grana que seria paga não veio, ordenei que o pagante retornasse à forma de repolho, tenho olheiras enormes e não estou com vontade de passar calor. Morro do Chapéu? Maracás? Ou Salvador mesmo, e aí eu armo a barraca na garagem de casa para ter um mínimo de aventura.

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Show!

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Ando vasculhando minhas gavetas atrás de folhas antigas do calendário. Vou colar uma por uma no meu quarto, e viver novamente alguns dias. Talvez isso evite que eu faça as merdas que fiz, ou que eu me meta nas enrascadas em que me meti. Magicamente, alguns números jamais ocupariam espaço na minha agenda telefônica. E jamais teria tirado alguns que já sumiram com o tempo.
Que tal?

Enquanto travalhava, brigava por mensagem de texto com um ser que aparece e desaparece ao sabor do vento. O tema? Roberto Pires (eu) vs Glauber Rocha (ele). São as minhas melhores discussões, as com ele, oponente inteligentíssimo, que perde a paciência fácil... Saudade dos almoços com ele, Borges e Woody Allen.

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Fechei o livro faltando 12 minutos para as quatro da manhã. Seis e meia eu já estava acordada, fazendo meditação. Em jejum. Vou caminhar em direção à luz...

(côro grego)

— Volte, Daniela, não se entregue, há muita vida pela frente! Não caminhe para a luz!

Não fui, né. Vou tomar café da manhã...
Por que é que tudo vale a pena?

Essa é de sexta, no Solar do Unhão.

E terminar o dia assim é um presente.
A Lei Áurea foi promulgada em 1888. Caducou em 1988, e não foi reeditada. Logo, a escravidão ainda existe.

A minha coordenadora está-se aproveitando dessa brecha na legislação para me colocar no tronco...

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Porque metade de mim é o grito, mas a outra metade é o silêncio.

Carlos Drummond de Andrade

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Nunca reaja aos assaltos. Mas o que fazer se o cérebro entra em pane, e a primeira reação que eu tenho é a de agarrar a mão do filho da puta? Pois sim, reagi.

Estava dentro do carro, saindo de uma locação para outra, e o carro da minha coordenadora foi abordado por aqueles guardadores. Um pedia dinheiro, chegou outro pelo meu lado. Dois segundos, e ele tinha enfiado a mão para roubar o celular que estava preso na minha blusa. Deus sabe de onde eu tirei a rapidez suficiente para agarrar a mão dele, mas o fato é que ficamos atracados, o ladrão e eu. Ele só saia dali se 1) largasse o meu celular ou 2) largasse a mão ali E o meu celular.

Lá pelas tantas, ele berra DENTRO da minha cabeça:

— Me larga, porra, eu já soltei o celular!

Ainda fiscalizei antes de deixar o sacana sair caminhando calmamente. Celular ali, joguei para o banco de trás, bati a mão no cinto, soltei e parti para abrir a porta. Deus existe e fez com que a Rê fosse mais sensata que eu, e arrancasse o carro para impedir que eu saísse.

— Então a gente vai voltar.

Ela topou, porque afinal de contas íamos procurar um policial. Nesse meio tempo, eu revirei a mochila atrás do raio do canivete que sempre me acompanha. Sim, Fiel Leitor, eu ia realmente futucar as costelinhas dele com a lâmina maior da minha faquinha paraguaia. Esqueci o canivete em algum lugar, porque na bolsa não está.

Procuramos um policial, devia ser hora do recreio, porque não tinha nenhum fazendo ronda. Passamos devagar pelo local onde estavam os pivetões, paramos o carro, e — olha só, sanidade tem um limite! — chamamos os caras pra brigar. Eu e a Rê. Mais ninguém. Eles saíram de mansinho, eenquanto a gente provocava, ameaçava... Uma cena!

Saldo: a antena do meu celular está solta, e o meu dedo anular direito está machucado, com uma mancha roxa na unha. Essa história de colocar gelo é invenção de algum sádico... E uma tremedeira que apareceu horas depois, quando encerramos a parte hard do trabalho. Delay de reação é o fim da picada.

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Continuo viciada nessa música. Enquanto estou em casa, a ouço. Quando estou na rua, só consigo cantar a maldita "Años", num espanhol aprendido na marra, another time, another place.

segunda-feira, março 29, 2004

Quase assaltada. Machucada. Exausta. E ainda trabalhando.

As aventuras de Daniela voltam já!
Trabalhar.

Eu queria ser Guinle, e não precisar trabalhar nunca. Estourar dinheiro rodando o mundo.

*sigh*

Mas depois tem boliche com a minha irmã casadoira. Quase uma despedida de solteira.
Garrafa com pedido de socorro lançada ao cybermar à 20:40. Socorro que chega exatamente 01:00, de uma pessoa que eu aprendi a gostar de graça. De uma pessoa que se dispôs a me ouvir irrestritamente. Pacientemente. Amorosamente.

O mundo não está perdido. Só está longe. Obrigada, meu amor. A Polly voltou ontem.

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Que tipo de pessoa tem como primeiro pensamento do dia:

"Estou com vontade de arrumar as gavetas..."?

Sai, esse corpo não te pertence!

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Vamos ver quantos dragões eu vou deixar de matar hoje pra fazer gazeta e me fazer feliz...

domingo, março 28, 2004

E tem duas horas e pouco que não consigo tirar essa música do repeat!

Tentei, mas tenho tremedeira a cada vez que tento outra.
Meu baixista querido, você tinha razão!

Por esse outro baixista eu largaria tudo e aprenderia a cerzir as meias dele.

Mas esse baterista aqui... Minha Virgenzinha do Guadalupe, ele é quase um fetiche... Fora que se eu fosse montar uma banda com músicos brasileiros, ele estaria entre os três finalistas. Ele é MUITO fera!

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Em que planeta eu estava que só descobri o CPM 22 hoje?

1º de julho, minha Valentina, arranja um colchãozinho aí na sua terra pra mim? Desembarco no melhor estilo groupie para o show deles.

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É a lua em câncer que me deixa tão exposta, tão passional, tão sensível. Já fui usada de maneiras até que bem piores. Mas dessa vez não deu. Acho que minha tolerância foi abalada pelo terremoto dos últimos dias. 8 pontos na escala Richter.

E o pior é que eu sei que ele me ama como eu o amo. Eu sei disso. Ele sabe disso. Ele só não sabe lidar com seres humanos do sexo feminino. Na cabeça dele, toda mulher vai ser escrota, vai ser um problema, vai sacanear com ele. E é a queixa que nunca ninguém vai poder fazer de mim.

Não é um rompimento, mesmo. Eu só rompo uma vez, e amor é pra sempre, seja qual for o formato dele. Esse é um amor pra sempre. Mudaram as bases. Mudou o procedimento. Não permito mais que ELE sapateie pelas minhas costas.

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O menino ficava sozinho, brincando com seus soldadinhos, com seus índios, guerreiros e cavalinhos de cores pouco naturais. Ele tinha um mundo só dele, indivisível. Ele achava que ninguém queria participar do mundinho dele, e se condicionou a achar que os melhores companheiros seriam os bonequinhos.

A mãe nunca o entendeu, o pai tinha tão pouco tempo para se esforçar e entrar naquele planetinha... A irmã era uma chata, com seus discos de músicas românticas, e seu namorado não era melhor.

Os cachorros o entendiam perfeitamente, e foram incorporados como parte do patrimônio do menino. Amor, pra ele, era o que a mãe tinha pela irmã, o pai pela mãe. Ele não participava dessa comunhão de amores e afetos explícitos. Até tentou escalar o colo a mãe, mas era tão antinatural que ela se espantou. Ele entendeu como rejeição, e nunca mais tentou.

Os cachorros vieram suprir essa lacuna que ele tinha. Amor. Ele também amava seus soldados, seus tanques de guerra, seus canhões. Gostava muito dos índios, mas não era certo torcer pelo lado do "mal".

Cresceu o menino, virou homem. Um dia ele abriu um postigo do seu mundo para o mundo aqui fora. E gostou do que viu. Olhou pra mãe com um quase carinho. Afagou o cabelo da irmã, que já fora mais alta que ele um dia. Esperou o jornal da televisão acabar para entabular uma descompromissada conversa com o pai.

Aquele foi um dia especial. Sorriu para os colegas do trabalho, respirou ar de mar, sentiu sol queimando a pele. Subiu pro quarto quase levitando. Feliz.

Fechou a porta do quarto, adaptou os fones de ouvido, volume no máximo, rock and roll. Sentou em frente ao computador, fazer o que jamais saberemos. Levantou os olhos para a estante. Soldados, índios, cavalos verdes, tanques de guerra. Amores primeiros. E sem pudor algum, colocou todos os seus melhores amigos no chão, e por aquela noite, só, voltou para o mundinho que só ele via. Agora sim, realmente feliz.

E eu, apaixonada, a espiar todos os dias para ver aquele menino que era o meu amor. Eu, escondida atrás da janela escura, vi o meninohomem cavalgando por planícies do velho oeste americano, travando e ganhando uma guerra por dia.

Não eram as bonecas, não os ursos. Era ele o meu mundinho. Era ele o meu amor.
Vivendo um caso de amor arrebatador, fulminante, com o CPM 22.

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E uma daschund deitada na minha posição de lótus, rosanando para a outra que entrou na sala.

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Você não merece um grama do meu amor. Você é relapso, no seu mundo só existem você e os seus problemas. Não há espaço para uma conversa que não seja umbiguista. Eu cansei do seu egoísmo. Você nunca me deixou falar sobre as minhas razões. Você nunca soube o quanto doeu engolir calada tudo o que eu sentia, esperando uma brecha na sua vida para mendigar sua atenção. Ficava sentada, abanando o rabo, ciscando migalhas que caíam no chão, resto que ninguém quis.

Eu fiquei com a sua pior parte. O egoísta, o que nunca podia, "Faz silêncio um minuto pra eu atender ao telefone". Eu nunca tive o cara que todo mundo tem, que se desdobra pra ajudar um amigo. Eu sempre tive que me sujeitar à variação da sua maré. Era a sua lua que regia a minha vida. Eu sabia, e sei, de tanta coisa sobre você, coisas que nem os seus amigos mais próximos sabiam. Eu te conheço tão bem, sei o que te incomoda, o que te deixa puto, sei como são suas crises de mau humor e raiva.

Só que tudo na vida tem um limite, meu amor. Não é um rompimento, porque amor a gente não apaga nunca. É um basta. Nunca mais a idiota vai estar de plantão para você. Nunca mais me deixar magoar porque o telefone não tocou, porque a farra foi boa e eu, excluída dela. Você agora volta para a vala comum. Porque só as poucas pessoas especiais da minha vida me fazem de besta. Mas que aproveitem bem, porque um dia, sem o menor indício de tempestade, eu enfureço, esfrio, tiro a estrelinha dourada da frente do nome.

E é muito melhor não me enfrentar. Eu sou má. Sou ruim. E você bem sabe...
Going to do something...

RUIVA!

Madeira escura, com lampejos de cobre. Eis o meu novo — e LINDO — cabelo.

E não preciso de piedade. Fiquei uma delícia...

sábado, março 27, 2004

Daniela aos pedaços






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Another time
The same place
[and it's not a rock and roll fable]


Eu amo Carmina Burana. Só ouço quando a alma está mais atormentada que a ópera. É um choque de tormentas, normalmente me acalma. É como encontrar alguém muito parecido comigo mesma. Intensa, num crescendo, altos e baixo, tonal. Vai, mas sempre volta.

O Pelourinho é o lugar mais óbvio para fazer locação. E a gente tem que fazer. Voltando, caminhando com vagar pela Praça da Sé, dei uma boa espiada na fonte. Tumultuada, mar de alma que bate na pedra e machuca, terremotos que me iam por dentro. E a música que começou a tocar para as águas bailarinas foi O Fortuna, a peça mais intensa de Carmina Burana.

Acho que o choro começou o ensaio aí. Parei, respirei, afastei as nuvens que insistiam em rondar a minha memória, deletei tempos outros, lugares mesmos. Hoje não eram exatos 30 dias antes; o dia estava claro, ao invés da noite de raios que ganhei, e a pessoa com quem hoje tentei compartilhar a MINHA fonte nem parou para olhar. Fiquei sozinha, criança perdida dos pais, olhos ameaçando marejar. Eu, a minha angústia e a tempestade de Burana.

Valia a fotografia. Valia, para nunca esquecer. Valia, para jogar a lápide por cima.

Fiz a foto, virei as costas e fui embora.

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Estou absurdamente sensível. Cansaço. Tenho certeza. Não sou de rocha, mas nem tão vulnerável assim...

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E a culpa — se existe culpa — da minha tormenta interna é minha. Única e exclusivamente minha. Não deveria ter remexido em emails velhos, em saudades poeirentas; em amores muito velhos, em sépia, que nunca se explicaram. Nem se realizaram.

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Borderline. Ou falo, vomito, conto tudo, ou vou pelos ares.
Porque pressinto mínimas alegrias, comecei a série de penitências.

Publicado por Holden Caulfield em 11:57 AM

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Eu sou uma puta fotógrafa, viu?

Mês. 1.

*sigh*

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Pergunte pra qualquer criança que você conheça sobre o que ela quer ser quando crescer. Dou as pontas de todos os dedos se um, um só petiz disser que quer ser produtor.

E por que eu resolvi fazer isso da minha vida, Minha Nossa Senhora das Locações Repetidas? Por que eu não pude seguir minha carreira de juíza? Por que não médica? E se eu tinha que queimar o karma no audiovisual, por que não só direção de Criação?

Sobe, desce, faz plano, contraplano, anda, ouve piadinha do cara que convida para tomar uma cerveja. Um dia em que eu estiver mais azeda (mais que hoje?), eu sento mesmo e quero ver o que o idiotinha faz. Eu tenho escrito na testa: AVULSA? RETALHO?

Calor, água mineral meio quente, a lembrança da última locação no Pelourinho, que terminou com um chopp gelado no ponto e bem tirado, num bar árabe numa das transversais.

— Sem-Noção, não briga com o guardador!
— Sem-Noção, a gente vai subir essa ladeira mesmo?
— Me segura, caramba! Você está demitida do cargo de assistente de camêra! Não, volta!!! Eu vou cair, chefe!


Não, não caí. Mas é uma regra básica da cinegrafia: o câmera se pendura, o assistente que se vire para segurar. E eu estava pendurada numa mureta, precária, para pegar o melho ângulo. Já fiz a mesma coisa com uma câmera profissional, aqueles trens de 15 quilos. Pelo menos dessa vez era uma maquininha digital.

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— Tem um lugar aqui que eu adoro, e vou ficar muito puta no dia em que a Vigilância Sanitária fechar!
— ???
— É feio, mas tem a melhor esfiha que eu já comi.


E lá fui eu, seguindo a minha coordenadora Joselita, para um boteco na Rua Chile, para comer a dita cuja. Jesus, me abraça forte e não me larga! Quando me dei conta, estávamos confortavelmente instaladas naquelas mesas cascudas de sujeira, comendo a tal esfiha.

Engraçado... Não vi um único gato ou cachorro pelas redondezas...

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Dique. Não dá. Volta. Shopping. Desova material. Volta pro carro, agora pra casa. E eu chorei. Acho que a minha mentora nunca tinha-me visto verter uma única lágrima. E foi por causa de uma conversa inocente que tudo voltou. E me questionei sobre tudo, mais uma vez. E me perguntei o porquê. E não entendi. Não entendo, não tenho respostas, estou à deriva num mar onde eu não queria cair. Doeu. E ela, desarvorada, a fazer piadas para me fazer rir, sem saber lidar com aquela Daniela que ela não conhecia. Aquele trapinho choroso, encolhida em si mesma, aquele refugo dos dias melhores.

Era prevísivel que isso fosse terminar assim. Dia estranho, especial, elétrico, pesado das lembranças que vão-se avolumando como nuvens antes de tempestade. O dia de ontem foi atipicamente feliz. Uma felicidade que beirava a histeria. Dava pra desconfiar.

Eu não sei porque as pessoas me acham tão forte. Acaba que eu carrego responsabilidades que não são minhas, dores que não me dizem respeito; compro brigas que não me interessam, viro alicerce dos outros quando não aguento nem comigo mesma. E sempre, sempre sorrindo:

— Claro que sim, você pode contar comigo! Eu seguro essa barra contigo!

Idiota. Estúpida. Burra. Cansada. Mas passa.

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Ou arranjo uma atividade lúdica e absorvente, ou tomo dois sossega-leão e vou dormir até segunda-feira.

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Mas o saldo dos trabalhos com essa amiga é sempre positivo.

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— Quando, Dani, quando você vai voltar a ser feliz?

Não sei, minha amiga. No dia em que eu aprender a dizer não, a não ser tão flexível, no dia em que as porradas vierem e forem devolvidas. Mesmo que não me dê satisfação em rebater — porque eu invariavelmente me arrependo da revanche — mas que respeite a básica lei de Ação e Reação.
Por que é que eu faço isso comigo?

Indo trabalhar.

Parafraseando aquele moço novamente,

por favor alguém aí, dê um sentido pra minha vida. qualquer um serve. o que realmente não pode é continuar assim. eu tou cansado de coisas terminando antes de começar, começando no momento de sair e acabando no momento de transformar.

eu preciso de um sentido pra minha vida. de verdade.


De verdade.

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Eu vim de fábrica com um componente de autodestruição.
PUTAMENTE cansada.

Mas o sono escapa como água entre os dedos. Ou como sonhos. Como os planos. Como esperanças. Escapam. Somem. Esperanças e sono. Não sonho. Sono.
I don't wanna play anymore.

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Esse não é o meu jogo. Não é o meu time. Não é a minha praia. Cansei do ritual nosso de cada dia: "Oi, eu sou a Dani, e você? Ah, que legal que você gosta de colecionar postais da Tasmânia. Eu? Coleciono fracassos. É, isso mesmo. Eu não emplaco um relacionamento. Por quê? Ora, ninguém me atura"!

Chega! Quero beijo com gosto conhecido, saliva doce, braço que eu conheça a curva exata onde cabe o meu rosto. Quero braços meus, onde eu possa, depois de tantos anos (com uma única raríssima exceção nesse interregno), confiar de olhos fechados. Mesmo. Dormir. Trocar a minha energia exausta da satisfação com outra igual.

Essas noites não foram feitas pra mim.

"Se foi feita pra mim
Por que vai partir assim
Sem pensar em voltar?
[Com tanto pra falar]
Você bem sabe"


Quero a paz do depois, quero a ânsia do antes, quero o fogo do durante. Quero a mão de posse na perna, quero pertencer. Sou uma, de um só. Nunca me adequei a ser de vários de uma tacada só. Desgasta, faz mal, não aprendi a fingir, a mentir, a enganar. Quero o beijo de boa noite no portão de casa, quero o homem bordado na pele como tatuagem.

Quero música partilhada, quero foto na carteira, carinho inconsciente durante a conversa com outros. Quero massagem nas costas, cumplicidade, dormir entrelaçada, acordar rindo, café da manhã frugal e jornais na cama.Quero segredo no olhar, piada interna, confissões na hora mais escura da madrugada.

Cansei. Essas noites de sexta, tampouco de sábado, nunca foram minhas. Minhas são as noites de domingo, de quarta-feira, de dia de ser feliz.

O B S C E N A M E N T E

F E L I Z !


Porque eu não tenho pudores de ser indecentemente feliz.

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"The Big Blue", do Eric Serra, me destrói. E eu roubei o cd do Emerson.

Justo. Ele me roubou o cd do Zero.

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Exílio. Rio ou Barra do Itariri. Com um dos irmãos (que eu amo, amo, amo, e não me é fácil admitir amor) ou com a irmã (que eu gosto muito). Ou fujo, ou não esqueço.

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Acho que você sempre teve razão. Ele sempre foi o meu amor. Sempre.

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O que não me impede de estar a beira de enlouquecer.

sexta-feira, março 26, 2004

Metade da mulher

Eu não esperava. Jewel me arrebentou.

"You were meant for me"

Vou pedir pro meu doppelgänger colocar White Stripes para ver se resolve...

Ecos do almoço


Eu e o Alê


E ele ainda nem tinha me feito chorar de rir...

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Acho que vou dar "no show" no resto da noite de hoje. Fatigé.

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MALDITO!

Estou ouvindo White Stripes. E eu O D E I O White Stripes!

Quer dizer... Odiava, né...

Seven Nation Army. Full Album. Elephante.

Mierda.

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"No show" uma porra!!! Minha carruagem está vindo!
Saio pra almoçar, acabo na produtora. Até aí, tudo bem.

Mas da produtora já emendo num trabalho pra uma PUTA produtora de filmes de SP? E termino a "tarde" enchendo a cara de Bohemia carésima com a minha mentora, minha coordenadora, fazendo fotos absurdas de lindas no pier do Solar do Unhão? E um comercial NACIONAL??? DE NOVO??

*risadinha safada*

Alguém me dá parabéns, por favor? Se não aguento micareta, que seja filme publicitário...

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Sim, tem VÁRIAS fotos, mas só depois. Banho e rua de novo, porque sexta-feira é dia de paz.



A porra do almoço de ontem é agora!!!

Meus meninos crescem mas nem tanto...

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Lub,

Vou acompanhar este jovem executivo ao almoço e depois vou pra produtora, tá?
Bastou falar nele agorinha...

CHRIS ISAAKS EM WICKED GAME!

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A lua está crescente, é? Só lua crescente, ou no pleniluni, é que deixa assim...

Boas companheiras

A menina de vestidinho florido de azul e branco, a rodar na sala, cantando "Crash into me" para a daschund doppelgänger, que está aninhada nos seus braços.



I tried so hard and got so far
But in the end, it doesn't even matter
I had to fall to lose it all
But in the end, it doesn't even matter


In the end

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Vou aproveitar que o terreno está neutro e ajustar o volume entre o médio e o máximo...

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Eu queria ter um quintal.

Eu tiraria a alma para lavar, esfregaria com esse sabão em pó que a vizinha do andar de baixo usa. Ia deixar quarando numa bacia de metal meio amassada, enquanto esperaria esticada na grama, escurecendo ao invés de branquear.

Nada de máquina de lavar: hoje minha alma ia ser esfregada no velho tanque, com as mãos, para eu sentir a textura, para eu saber onde está precisando cerzir, onde está esgarçado, onde desbotou. Cabelos numa festa de cobre, vermelho e castanho, presos num coque desfiado, suor escorrendo pelo vale entre os seios, alma na mão, tratada sem piedade. Esfrega, bate, deixa de molho, enxágüa com hectolitros de água fresquinha, clara, com cheiro de pedra antiga. Só barulho d'água correndo, da alma contra a pedra do tanque, de alma contra alma.

Um varal cairia bem. Um varal enooooorme, para deixar a alma toda esticadinha, com vários pregadores para não sair voando por aí. Se a alma fugir, tenho que pegar carona num dente-de-leão para ir atrás. Sempre diminuindo a velocidade quando me aproximar, para aproveitar mais tempo a brincadeira de pique pega.

E deixa o vento secar, levar o resto dos medos que ficaram presos na trama. Os braços da alma se abrem para facilitar o correr da brisa, e tudo que deu errado inverte. Sem temor, cabeça erguida, rindo da cara da vida.

Do varal de volta pro corpo. Passar a ferro porra nenhuma, minha alma sempre foi amassadinha, eu gosto dela assim. Eu gosto desse restinho de sol que ficou e que me esquenta, esses pedacinhos de brilho que fazem cócegas por dentro. E que fazem rir.

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Se isso te ofende, mude de blog, de canal, de Daniela: estou ouvindo SONATA ARTICA!

"I'm still loving you"
It's repetion
I'm comming back to U

Eu escrevi isso aqui ano passado, logo depois de voltar de Sampa. A conversa foi com o David, paulistano de olhos azuis, recém-chegado na Bahia.


[Cut]

— O que te faria ficar em Salvador?
— Um amor.
— E o que mais?
— Uma efetivação na TV B ou nas produtoras X, S ou M.
— O que você tem aqui?
— Amigos.
— E o que você tem em São Paulo?
— Amigos.
— Alguma certeza?
— Alguns projetos...
— O que você tem em São Paulo, você tem aqui, então. Por que não esgota as possibilidades daqui primeiro? Tenta esses empregos que você quer... E um amor? Isso aparece quando você menos esperar...

[fade out]

Lúcido. Prático. Ponderado. Equilibrado. Grazie, "Pale Blue Eyes". Welcome to my life.

***

Só que eu esgotei todas as possibilidades acima, Pale Blue Eyes. ABSOLUTAMENTE todas as possibilidades. Acho que é hora...
Marlboro não me apetece mais.

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Que bom que você está melhor. Meu colo ainda é seu.

Ass.

Polly

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Falta um certo "in der welt zein"

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Eu não vou fazer mais merda do que já fiz. Uma vez ainda vai, agora a partir da segunda ou é burrice ou é crueldade.

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Sempre é assim

Quando eu estou a beira de sufocar, porque não aguento mais viver desse jeito, surge uma proposta para trabalhar fora. Amanhã é que é a conversa oficial, é o que vai decidir se volto ou não pra casa.

Comemorem, organismos, façam figa, novena, porque se entrarmos num acordo de custos e benefícios, estão todos livres de mim por um bom tempo! Ah, isso não é válido pra turma de São Paulo/Santos. Caldeirão alvinegro, tô aí pra Integrarex!

Runaway!

quinta-feira, março 25, 2004

Preciso tomar um porre para poder falar tudo.

Uma noite, umas oito doses de James Bond, alguém que me ouça e que não brigue comigo no dia seguinte por causa do pifão.
De vez em quando bate um vento sudoeste tão estranho, tão melancólico...

Vou pra cama me defender dele. Nem adianta pedir carinho, socorro, essas coisas né?
Alexandre é o ser mais sem-noção da história.

Acho que temos onze anos de amizade, daquelas sólidas, resistentes ao tempo. Estudamos juntos, farreamos juntos, tomamos porres homéricos juntos. Ele NUNCA tinha cigarros, e seis meses mais novo que eu, virou caçula. É o único homem no mundo com quem falo as maiores sacanagens e não fico vermelha.

Ele entrou pra Economia, ninguém acreditou, se formou e para pagar a língua de todo mundo, o sacana é Gerente de Relacionamento Jurídico de um banco de investimento. Casou, e sua mulher me odeia, como à todas as amigas que ele tinha antes de conhece-la. Barata, que ainda derrama catchup no moletom branco no meio do vôo para uma reunião. O mesmo que nunca pensou pra falar. Alexandre, dono das palavras que saltam da boca sem que ele ponha freios.

E hoje, depois de uns três meses sem nos encontrar:

— Estou passando aí pra te pegar pra almoçar.
— Barata, você está aonde?
— Tô aqui perto.

Levanto, me espreguiço, rumo pro chuveiro, e toca o celular de novo.

— Dani, minha avó fez chantagem emocional e eu vou almoçar com ela. Mas venha pro playground AGORA que eu vou passar aí pra te ver.

E uma hora depois eu descobri que ele está mais desnorteado que nunca, que o casamento finalmente vai bem, que ele desistiu da namorada da adolescência... E QUE AGORA COMPRA CIGARROS!

Meus meninos estão crescendo...

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— Alê, foi enterro de fulana anteontem... — e narrei o encontro social no funeral.
— Ah, me avisa do próximo! Quem vai ser? A mãe do Fulano tá "vai, não vai", né?

Ele é pior que eu!
P

DR Rei,

Do jeito que as coisas vão, só deixo de ser YL para ser XTAL no dia de São Nunca. Só encontro QRP ou me meto em QRM, e aí... QRT no fuço! Preciso de QRV total, sem QSB.

88 FER URS XTAL e CRPP

-AR

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QSL?

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O silêncio é a prova de que você está bem. Mas manda notícias... Quero saber se a indicação pro chopp de ontem fez efeito.

Ass.

Polly
Quando a mamãe tiver alta, eu me interno. Louquinha.

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Essas noites pela metade ainda vão me fazer levitar. Uma decisão: não posso escurecer os cabelos. As olheiras vão me transformar numa agente funerária.

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Falando nisso...

— Fulano estava no enterro, perguntou por você. Aquele outro mandou um beijo enorme. Dani, como o Sicrano enfeiou! Está esquisito, nem a sombra do quanto foi bonito na época do colégio!

— Arrependi de não ter ido. No próximo eu vou!


Cai o pano, próximo ato.
Daqui, do alto do meu reino, ouço o apito lamentoso de um navio.

Eu deveria ir até o playground do prédio para saber porque ele está apitando, mas brigar me tira a energia. Me descompensa. Principalmente se for com um irmão.

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Eu não quero me meter nessa tempestade que está armando. Eu vou tirar meu cavalinho da chuva, colocar as barbas de molho, jogar MUITO limpo e deixar o campo pra não dar merda.

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Sem novidades suas...

Ass.

Polly

quarta-feira, março 24, 2004

Estou num surto saudosista inexplicável. Há dois dias venho lendo todos os meus arquivos de blog aleatoriamente. Um tal de um Vox, que deve ser o meu Mais Fiel Leitor, resmungou que desde 2002 que eu venho me queixando da mesma coisa. E é verdade.

É quase uma receita:

1. Nego
2. Me envolvo
3. Sou chutada
4. Sofro
5. Faço planos de ir embora
6. Me apaixono por outro
7. Ibdem 2 em diante.

A parte legal é que realmente não tenho amarras. Posso engatar no primeiro programa de au pair que encontrar e correr mundo. Londres, Monopoli, Halifax, Auckland, Dublin. O mundo é realmente enorme, as possibilidades vastas. Mas eu tenho cá pra mim que eu só vou transferir a nacionalidade dos meus problemas.

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E desse surto de releitura, vieram os emails antigos. Desses emails antigos é que sobreveio a história da culpa. Foi num relato minuscioso para um amigo de longe que eu senti doer tudo de novo. Claro, não tão forte porque eu sei que 1) Não tive culpa mesmo e 2) Ele está bem, agora. Mas dói.

É fácil olhar pra trás hoje e imaginar que "se..." qualquer coisa, eu estaria de outra maneira, minha vida teria tomado um rumo diferente, eu seria zilhões de vezes mais feliz. Eu sei que é confortável jogar a culpa dos insucessos numa situação hipotética, como se toda a minha vida estivesse orientada para um único desfecho... que não aconteceu.

Mea culpa. Eu falhei. Se não estou feliz hoje, é porque aprendi tarde demais a me virar sozinha. Se eu tiver filhos, vou ensiná-los desde cedo a achar alegria dentro deles mesmos, nunca em absolutamente nenhum fator exterior.

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"O amor é a condição que ocorre no meio das oscilações, dúvidas, contradições, paradoxos, adversidades e mistérios. O amor é indecifrável para quem busca segurança, pois ele requer uma coragem do tamanho do universo".

Quiroga, o Oscar
AVISO

Convidamos o Sr. Estômago da Daniela a retornar à empres sob pena de caracterização de abandono de emprego.

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Muita coisa pra um dia só. Passado e presente que andaram embolando as tintas, e eu não quero mais essa zona aqui.
Hoje era um dia em que, se perguntada sobre isso, teria muito, muito mesmo para contar...
===CENSURADO===


Porque parte da minha evolução espiritual é não pisar mais em quem já está esmagado.
Burra. Estúpida. Idiota.

Dois dedos trincados. Ferro e gesso. Um mês depois, BOLICHE!

Daniela, seu destemor ainda vai te transformar em pó.
Quero carta escrita à mão.

Quero ver as variações de emoção em cada trecho em que a letra muda, quero marcas de suor do braço que fez o suporte para o papel não voar. Eu não conheço a letra de alguns dos meus melhores amigos, de alguns dos homens que passaram pela minha vida, de algumas das pessoas mais importantes que tive. Não sei como o "A" se floreia, nem se o "E" tem as curvas gregas, se a letra "J" se parece com a letra"I". De alguns, só conheço a preferência por Verdana 10, ou Times 12.

Quero sentir uma reminiscência de perfume no papel, quero gota de lágrima borrando a tinta da caneta de pena, quero letra tremida do não saber como continuar. Quero cartas prolixas, detalhadas, que venham em envelopes gordos, com muitas páginas, como uma conversa em azul e branco. Quero ver o fluxo de pensamentos em borrões, rasuras, setinhas, desenhos aleatórios na borda do papel.

E as marquinhas? "Orelha" no canto direito inferior, onde o cotovelo insiste em passar e deixar dobrada aquela pontinha pautada. Marca de café que respingou, do catchup que caiu, da cinza dos cigarros contumazmente consumidos para dar força de continuar. Quero sentir a gramatura do papel, quero ouvir barulho de folhas manuseadas, quero o eco da música que tocava na hora exata do pingo no i.

Quero flores secas dentro do envelope, cartinhas dos filhos adicionadas às pressas, com desenhos que só eu e os pequenos entendemos. Cansei da imaterialidade duplo-clique. Quero o aviso do correio gritado, ao invés daquele som sintetizado e daquele envelopinho icônico espetado na barra de tarefas.

terça-feira, março 23, 2004

As notícias não era ruins.

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Eu queria saber como você está.

Ass.

Polly
Eu devo ser a única idiota no mundo que chora com o que escreveu há um ano.

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Não importa de que matéria são feitas as almas; a minha e a dele são uma só.
Emily Brontè

É necessário correr o máximo possível para ficar no mesmo lugar. Se você quer chegar a algum lugar, deve correr pelo menos duas vezes mais.
Coelho Branco

Pelos fios

— Dani, vamos jogar sinuca? Estou sentindo uma falta daquele monte de testosterona...

E tem quem ache telefone sacal...
Pré-produção

Estão abertas as inscrições para o JOB 003.

Cliente: 5pontas Produções
Veiculação: Semana Santa/regional
Atendimento:
Criação:
Roteiro:
Equipe:

Falta preencher esses espaços em branco. Quem se escala? Mon, preciso te apresentar pra Ti pra montar um GT de meninas. Minha Valentina linda, vamos achar um ponto entre as duas cidades para você poder se juntar a nós? Algum dos meninos quer vir? Têm sugestão?

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Saudades do Canal Brasil.
Terça-freak, e não estou com a menor vontade de movimentar o povo para sair. Alguém que não seja eu tem que ter pulso forte, de quando em quando...

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Mas eu continuo "firmeza" no boliche. É só me ligar para combinar a hora.

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Eu não li horóscopos hoje. Nem o meu nem o seu. E estou com receio de dar um telefonema e ouvir o que sonhei durante a madrugada.

"Temo que as notícias não sejam boas".

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Quer saber de uma? Foda-se se as notícias não forem boas. Vou ligar e acabar com isso. Qualquer coisa eu durmo para esquecer.
Eu odeio ser rude. Me faz mal.

Vou pra cama amuar. Preciso de carinho.
Preciso de uma revanche!

Nenhuma parte do corpo dói! Alguém topa perder pra mim no boliche hoje? Estou convidando!

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We're strange allies
With warring hearts
What a wild-eyed beast you be

The space between
The wicked lies we tell
And hope to keep us safe from the pain


Matthews

Porque eu sou má.

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Sobre o post abaixo

Foi estranho te saber de volta. A gente desafiou muita coisa quando resolveu que bastava. Interpretações erradas dos desafios, reações que não deveriam ter acontecido. Milhares de vezes eu me perguntei o que faria quando isso acontecesse. Eu sabia que a maré ia te fazer voltar. Eu não sabia se ia largar tudo e cair nos seus braços, idiota que tudo flexiona, tudo perdoa. Eu não sabia se primeiro teríamos uma conversa definitiva.

E nada. Só o que sobrou foi um leve rancor pela sua falta de pulso. Você sabia que não ia ser feliz sem mim. Pagou pra ver. Perdeu. Poker é um bom jogo para se aprender a viver. Sem saber, você blefou, mas blefou com a pessoa errada. Eu queria poder ter visto seu rosto no minuto seguinte em que nos deixamos. Arrependimento com certeza. Seu. Eu nunca me arrependi. Fiz tudo, absolutamente tudo o que pude para sustentar aquele amor. E você sabe disso.

Eu nunca vou esquecer a frustração dos seus olhos. E a dor dos meus. Sim, eu podia ter sido menos dura, mais humana, menos perversa, mais compreensiva. Não se chuta cachorro morto. Mas não fui.

Sinto muito, mas o jogo acabou. Mesmo.

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Bom, deixa eu abrir a agenda e ver quantos dragões tenho para matar hoje... Que vontade de fazer gazeta, pegar meus patins e sair por aí, ventinho no rosto, sem fazer alarde... E a leve impressão de que já vou tarde.
Nota suíte

O auto-flagelo continua: uma hora de boliche.

A terça-feira promete ser das mais divertidas...

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Lição de hoje

Nunca cante vitória antes de derrubar os pinos. Mais uma hora de jogo e eu teria passado o placar.

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Os fantasmas se divertem...

Você voltou, caro Caríssimo? Que prazer enorme em recebe-lo na minha casinha... Como vão as coisas por aí? E o tempo? Chove tanto, né? Você não está feliz, né? Eu sabia... Ser feliz sem mim era um plano fadado a dar errado. E deu. Eu, bem ou mal, estou conseguindo ser feliz sem você. Achei que não ia conseguir, já que estou estragada para tipos inferiores a você. Meu patamar agora é de você pra cima.

E olha: nem fiquei tanto tempo sozinha! Só homens de você pra cima, fiquei exigente. Foi bem tranquilo conseguir alguém melhor. Muito melhor? Ah, não vou ser deselegante. Basta dizer que estou feliz. Você nunca conseguiu fazer isso comigo, né?

Ah... Boa sorte, continue vindo para brindar comigo os meus amores, os meus sucessos, e por que não?, os meus tropeços. Porque estar por baixo já não é mais o meu departamento. Queria que não fosse o seu, mas... Cada um escolhe o seu caminho.

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"CHICO - Eu avisei que não era uma comédia. Se você achou que era, o problema é seu. "

Anchietanos - Gerbase, Furtado, Assis Brasil

segunda-feira, março 22, 2004

Exausta.

Esse email foi doceamargo de responder. Um exercício de pensamento. Um benefício que me veio de bônus. Ainda estou toda arrepiada.

Obrigada, meu anjo. Ainda estou ali, no canto da sua sala.
Um passeio , e abro as janelas, deixo o sol entrar, varro a casa e prego as cortinas na janela. Esse homem sopra os ventos que dissipam as nuvens carregadas e o cheiro de bolor que a minha alma andava. Vou ali sentir brisa no rosto e volto.
Objeto de desejo

Esse cara, do filme da Peugeot.

Clica aí, demora mas vale a pena...
Segunda-freak

Na mailbox:

"Greetings from Mr. Estrada"

DEUSES, O ERIC ME DESCOBRIU!

Eric Estrada foi o primeiro amor da minha vida. Sim, Fiel Leitor Novinho, você não tem como se lembrar do CHIPs, seriado do final dos anos 70, início dos anos 80. Moreno, braços fortes, caráter sólido, e eu com os primeiros sintomas da doença que ia me arrasar vida afora: paixão.

Hoje abro minha caixa e está lá o tal do email. Coração disparou! "Deus sabe o que faz! Esperei tantos anos e agora o Eric Estrada descobriu que me ama desde que eu nasci". Tá certo que ele já está beirando os 60, mas e daí? O que são 34 anos de diferença para o amor verdadeiro?

Anticlimax: Mr. Joseph Estrada quer me vender Viagra.

Não deixa de ter coerência: o próprio Eric já não deve estar com essa bola toda, mesmo...

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Nós temos muito em comum.

Além de todos os itens subjetivos, um ponto de convergência é muito claro e prático: a necessidade da dor física quando a alma dói. Não, não somos masoquistas. Somos racionais. É mais fácil lidar com a dor física do que com uma dor que a gente não entende o início, e não acredita no fim. E o tempo que levamos supervalorizando a dor física é o tempo necessário para calar a boca dessa outra dor intrusa.

Nós fazemos tatuagens. Eu coloco pierciengs numa data simbólica e o filho da puta leva dois anos até cicatrizar totalmente. E ainda dói. Ele esmurra paredes. E eu, dessa vez, fui mais sutil: dormi no sofá da sala.

Absolutamente tudo no meu corpo dói. Não só a orelha, não só a área da tatuagem. Tudo. Os braços, o pescoço, as costas, as pernas. A cabeça vai ser arrancada. Antes disso os olhos saem pulando da órbita. Cada vez que quis mudar de posição, tive que acordar. Uma doçura de noite.

Para hoje, ainda estou programanado mais alguma coisa. Vou refazer o olho de Thundera. Melhor: vou me matricular numa academia.

domingo, março 21, 2004

Essa era a hora de tocar o telefone, de ser o meu diretor querido do outro lado da linha, perguntando:

— Minha florzinha, quer passar seis meses fora fazendo o longa metragem?

Essa era a hora de me entupir de trabalho, como no final do ano passado, para não ter tempo de pensar, só de sentir. Agora era a hora de me ligarem lá de longe e dizerem:

— Seu PTA é X. Está fazendo frio, traga roupas para reuniões com o cliente, mas não esqueça que aqui é a capital da Dado Bier.

Essa era a hora de estar longe. Porque só fugindo fisicamente eu consigo esquecer. Só estando longe eu consigo dissolver as mágoas. Porque tem coisas que eu não aprendi a fazer. Porque eu sinto que nem criança. Porque ninguém sabe se a água está fria colocando só um pé. Tem que cair de cabeça. Qualquer coisa é só sair, ficar tiritando de frio um pouco, esperar o sol sair e esquentar o corpo.

E só fugindo atrás do sol é que a gente vai se encontrar, e eu vou matar esse frio que me faz ficar enrolada no edredon de flores azuis, roubando o calor do cachorro que me ama. Porque ficar aqui é demais pra mim, porque eu deveria tirar alguma lição da repetição e não consigo. Porque um dia eu cresço.

Um dia eu aprendo que confiança cega é coisa de criança, que o gráfico de Movimento Uniforme é completamente diferente do gráfico da reação de catálise. Um dia eu aprendo que:

conversa dura e finalmente honesta+
quase sete noites sem dormir+
música em espanhol
-----------------------------------------------
L Á G R I M A S

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Inscrições reabertas para o cargo de "Alguém"

Eu me pergunto, de quando em quando, se eu tenho esse poder todo que me atribuem. Estou cansada de ser forte. Falta-me ainda alguém que não me dê esporro quando eu preciso de carinho, alguém que deixe para ser minha consciência quando minhas lágrimas estiverem secas. Alguém que saiba que o meu emocional não funciona sob pressão, que entenda quando eu quero chorar e não levar bronca. Alguém que me machuque menos, que me faça mais afagos, que durma abraçado comigo, que espalhe os jornais na cama domingo de manhã. E que me traga, de quando em quando, para a realidade.

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É mentira. Não quero saber de ninguém por mais uma boa temporada. Absolutamente ninguém. Ora é muito lento, e o fogo apaga. Ora é muito rápido, e o fogo consome. Quero água, agora. Quero refresco. Quero minha paz de volta. Quero entender como funciona o mecanismo do tempo. Quero dormir durante o próximo mês.

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Wishlist

.Uma lobotomia
.Um amnésico que apague o último mês
Eu tenho um email pronto para mandar, com destinatário e tudo. Entre o send e o delete existe uma linha fina.

Deixa ele lá mais um pouco. Vou dar um telefonema de aconselhamento antes de explodir tudo ou engolir e sentir azia.
Difícil de engolir.

Pior ainda para digerir.

Vou ali almoçar. E pensar. E volto.

Reticências.

sábado, março 20, 2004

É sacanagem...

Todas as conversas importantes e decisivas que tive nas últimas duas semanas foram via Messenger!

E ainda fui acusada de não saber me comunicar via MSN. Verdade, não devo saber mesmo. Se soubesse, já tinha resolvido minha vida em três linhas.

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Durante muitos anos eu carreguei uma culpa que nunca foi minha. A culpa pesava mais que todos os maus pensamentos do mundo, e por longos dez anos eu me puni porque achava que podia ter evitado tudo.

Eu nunca poderia ter evitado nada. Se eu tivesse entrado na história, teria morrido. De verdade. Ou estaria morta ou louca. Maltratei o meu corpo, maltratei meu espírito, me flagelei. Dez anos e em nenhum dia eu deixei de ponderar o maldito "Se...".

Nunca tive culpa de nada do que aconteceu. Nunca. Mas era muito nova para saber disso, estava sozinha demais para que alguém se desse ao trabalho de me dizer isso e repetir, repetir, repetir até fazer entra na minha cabeça.

Hoje eu não preciso mais que ninguém me diga isso. Hoje eu sei que nunca tive a menor responsabilidade sobre o que aconteceu. E vou continuar assim. Nem quero que ninguém sinta culpa pelas MINHAS decisões, nem vou assumir a culpa das decisões de ninguém. Cada um faz o que quer. Se quiser conversar, estou sempre pronta para isso. Mas eu não vou fingir que não estou magoada. Eu não vou me sentir culpada pela dor alheia. Eu não vou olhar pra trás se bater a porta.

Carregar uma vida nas costas por dez anos deformou o meu relacionamento com o mundo.
Que porra!

Lei seca desde não-sei-quando para doar sangue e acabo de descobrir que só posso fazer a coleta da bolsa segunda-feira!

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Bom, quem puder doar sangue segunda-feira, a paciente é Fabiane Simas Ferreira, no Hospital São Rafael. Há alguns anos ela teve a coluna destroçada, e foi toda reconstruída com cabos de aço. Dois desses cabos arrebentaram e ela precisa refazer a cirurgia. A Fabiane é prima de um dos grandes amigos que eu tenho, o Luciano, precisa de 25 bolsas de sangue, já que a cirurgia está prevista para durar mais de 30 horas.

É longe? É, a depender do referencial, mas vale a pena. Ela é enfermeira, ativa, nova, e essa operação não pode mais ser adiada.

Qualquer tipo de sangue está valendo!

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ANIVERSÁRIO DO FABINHO!

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1190.3

Perdeu a graça.
White Zoombie.

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Geeeeeeeeeek!

Mais um recorde.

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Aventuras da Dani na Ilha Quadrada

Da próxima vez eu vou mesmo para um bingo de igreja. Ou fico em casa, jogando arremesso de cabeça de pinguim. Ou imprimo váaaarias folhas de pontinho e fico jogando com a Nana.

Não, eu não sou mal humorada, sou seletiva. Mas sou educadinha. Em nenhum momento eu bocejei, tirei meu livro da bolsa ou fiquei jogando no celular. Sorri nas piadas certas, apesar de odiar piadas e não conseguir rir, elogiei a decoração, a comida, as pessoas, a porta de saída. E como estava longe a hora de transpor aqueles umbrais, como custou para chegar no carro, arrancar os sapatos e falar meia dúzia de palavrões.

E o pior: a Lei Seca está vigorando desde terça-feira, já que vamos todos doar sangue para a prima do Luciano. Eu podia ter encharcado a cara de whisky, teria me divertido à grande, e teria ressaca moral no dia seguinte.

Mas eu quero ver como se saíram os outros participantes da Lei Seca...

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Posto de conveniência, compra, vamos. Já dentro do carro:

— Meu croissant está gelado!
— Quanto tempo um produtor costuma ter para resolver um problema?
— Ah, é clássico a gente pedir: "Me dá cinco minutos que eu vou tentar"... Mas por quê?
— Me dá cinco minutos que eu vou tentar.


Conversão perigosa, estamos voltando, Gil! Quando percebi o que ele ia fazer, ri durante o tempo que faltava para fechar os cinco minutos. Já longe pacas, ele voltou para a conveniência para esquentar meu croissant no microondas!

Homem feito à moda antiga...

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— Moço, põe um litro e meio de gasolina?
— Um litro e meio?
— É, porque se me der na telha, ao invés de rodar 15 km, eu rodo 17, estouro o motor e volto a pé.
— Mas... A senhora não levou uma bronca ontem por causa disso?
— Meu bom amigo frentista, quem teve que aturar esta noite insuportável? Eu ou você?
— A senhora foi porque quis...
— Porque quis nada! Fui porque não se nega favor a amigo.
— Acho que a senhora está um pouco irritada...
— EU NÃO ESTOU IRRITADA! Estou de saco cheio, só, só isso! MInha paciência tem limite!
— Certo, senhora, um litro e meio. Obrigado, volte sempre.
— Ei, espera aí! Não vai embora, não!


Não adiantou. Até o frentista eu perdi...

sexta-feira, março 19, 2004

Tá ficando chato...

Novo recorde!

Alguém me desafia?

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Por que ninguém mais fala comigo?

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PAREM AS ROTATIVAS!

Eu dou uma trégua para os desafiantes.

Novo recorde!
Na próxima vida eu venho artista. Produtora, jornalista, redatora, repórter? NUNCA MAIS!

Entrevistar é delicioso, desde que você se afine com o cliente. Desde que o cliente apareça. Se o cliente não aparecer e mandar a assistente dar a entrevista, o que a gente deve fazer?

(a) Mandar o assistente da gente entrevistar a assistente do cliente?
(b) Bater o pé e exigir que o cliente é que responda às perguntas?
(c) Mandar assistente e cliente para a porra, porque afinal de contas é uma cortesia?
(d) Sorrir, fazer o melhor ar blasé, entrevistar lindamente o assistente do cliente, fazer um trabalho espetacular e jurar que nunca mais se mete numa furada dessas... até a próxima vez?

Pois é, Leitor Fiel, se você marcou a alternativa d está absolutamente correto. Eu aprendi que os trabalhos de cortesia devem ser duas vezes melhores do que aqueles remunerados. Desde sempre eu faço trabalhos de cortesia, desde sempre eu trabalho na brodagem, eu dou uma força, eu crio meios. Quando eu me ofereço pra ajudar, tenha certeza de que é na camaradagem, nem invente essa história de "vamos acertar a sua parte". Não tenho parte.

Quer me pagar? Peça o meu orçamento, me contrate, me pague. E me trate bem, viu, que eu sou uma prima donna.

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A sexta está indo embora, levei uma bronca, acho que vou parar para abastecer. Nada de tanque cheio, porque tudo na vida tem um limite. Mas algum combustível que me faça rodar por mais uns dias...
Arremesso de cabeça de pinguim!

Bati meu recorde!!!!

Clica aqui pra ver!
Pior que Portishead

Chris Isaaks cantando "Wicked Game". Para quem sabe do que estou falando, Isaaks tem um efeito 10 vezes mais poderoso que "Only You" do Portishead... Aquela guitarra sonolenta me revira as entranhas... E o clip? Minha Nossa Senhora da Compostura, afasta de mim esse cálice...

Ninguém merece isso numa sexta-feira que promete ser animada como bingo de igreja...
Ah, Holden...

Isso não se faz... Se eu fosse fixa eu seria demitida por causa disso, também...

Noite de plantão.

Eu sabia que não ia dormir direito mesmo, e o moço estava com sono, ameaçando acordar o meu genro para criar um anúncio. Fiquei pra fazer companhia, ele criou o anúncio e meu genrinho dormiu candidamente. Acordar daschunds não é legal, eles dormem tão bonitinho...

Boa noite, boa noite, estiquei o corpo moído no sofá, abri o livro e cadê o sono? Mamãe levantou, voltou, levantou de novo, dormiu mais, e eu lá, mais agoniada e insône do que nas noites anteriores. Cochilo, acordo, leio, cochilo, acordo assustada, recoloco os olhos e espero o dia clarear. O azul claro rasga o azul escuro, que briga pra não sumir. Não houve guerra de cores, céu nublado, o pretume trocado primeiro pelo azul claro, depois pelo cinza chumbo.

Algas acordou, agora posso ir pra cama. Mal tombei a cabeça no travesseiro e o despertador vibra no meu pé — sim, eu sou estranha —, já ouço a mamãe saindo para a revisão. Aí não dava mais pra dormir. Nana foi lançada na minha cama e ficamos enroscadas uma na outra, eu carente, ela sonada.

Cansaço me dá umas reações estranhas...

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E veio a sexta-feira e eu ainda não sei o que vou fazer.

Meu tanque está na reserva. Ou páro e abasteço, ou deixo dar pane seca, fundir o motor, e fim de papo.

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Nota suíte

ANIVERSÁRIO DO FABINHO?

Claro que vou! Onde? Ah, mesmo que fosse no inf...

TANGOLOMANGO???

E agora o problema: o que dar de presente?

quinta-feira, março 18, 2004

Fomos cinco de novo, e desta vez a fraca fui eu. Dois ligaram, me tiraram de casa; duas ficaram comigo na clínica durante a cirurgia da mamãe. Mon, Cau, Lu, Mina, não existe maneira de agradecer. Não há palavra adequada a ser dita. Vou para a mais próxima, mas muito inferior em termos de gratidão:
MUITO OBRIGADA!

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Sabe aquele dia que você não merecia? Esse foi um desses dias pra mim. Tensa, insône, grosseira, direta, com a franqueza cortando como navalha. Segurando a onda do meu jeito, muda num canto, tentando de dia o que não consegui de noite. Olhos ardendo, não sei se por não chorar, não sei se por falta de sono. Muita coisa pra digerir em praticamente um mês. Diabetes da mamãe, e quando a gente estava começando a aceitar, eis que surge uma cirurgia de emergência para descolamento de retina.

E esse dia que eu não merecia se estendeu até agora. Agora porque nada mais de errado pode acontecer. A cirurgia foi um sucesso, apesar de mais demorada do que o previsto, mamãe está em casa e bem, sua glicemia foi controlada minuciosamente.

Já tive o meu quinhão de angústia, de alegria, de alívio, de cuidado, de preocupação; fui lembrada, ignorada, levei brinca justa — e outra injusta também —, marquei porre e não fui. Já cometi todos os excessos que eu podia. Mais, e eu relmente pifo.

********

Eu tenho DIREITO de ter um pedido atendido. Por favor, leia essa música até o fim.

Años

Mercedes Sosa & Paco Milanês

El tiempo pasa
Nos vamos poniendo viejos
Yo el amor
No lo reflejo como ayer
En cada conversación
Cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo
De razón

Vamos viviendo
Viendo las horas
Que van pasando
Las viejas discusiones
Se van perdiendo
Entre las razones
Porque años atrás
Tomar tú mano
Robarte un beso
Sin forzar el momento
Hacía parte de una verdad


Porque el tiempo pasa
Nos vamos poniendo viejos
Yo el amor
No lo reflejo como ayer
En cada conversación
Cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo
De razón

A todo dices que sí
A nada digo que no
Para poder construir
Esta tremenda armonía
Que pone viejo los corazones

Porque el tiempo pasa
Nos vamos poniendo viejos
Yo el amor
No lo reflejo como ayer
En cada conversación
Cada beso cada abrazo
Se impone siempre un pedazo
De temor


********

Porque eu não entendo seu método.
Porque eu não sei se há método.
Porque nada é dito.
Porque eu não sei o que vai na sua cabeça.
Porque eu só queria entender.
Porque você me deu muito e tirou tudo de repente.
Porque isso sim magoa.
Porque silêncio deliberado dói.
Porque não é assim que se finaliza nada.
Porque NUNCA há tempo.
Going there.
Waiting for.

Easy.

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For everyone

Say a little pray for her.

Call me to drink something tonight.
Uma ruiva na minha cama



Chuva. Vou levar minha Nana para a minha cama, nos esconder embaixo do edredon de florezinhas e esquecer do mundo até uma e meia.
Põe as lentes, tira as lentes, põe as lentes, tira as lentes... Olá pra você também, quinta-feira.

********

Os olhos ardem. A primeira coisa que o sol fez hoje foi esticar os dedos sujos e abrir minhas pálpebras. Estou pagando o preço das noites insônes...

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Conversa pré-cirúrgica

— Eu não quero mais operar!
— Mãe, você não tem que querer. Você vai!
— Eu não!
— Ótimo, mas também vai ver Ana Maria Braga pro resto da vida, porque a gente não te deixa levantar da cama. Já pensou aquele papagaio toooodo branquinho, fazendo as mesmas piadas, e você aí, entediadíssima?
— É, eu vou operar, mesmo


********

Somente para os seus olhos.

Eu consegui ler. E respondi. Bonne chance, metro. Eu mato você.
Ou a elevação espiritual completa, ou alucinações terríveis. Tirem esse anão albino daqui! Ele sabe que eu odeio cócegas!

O jejum absoluto ainda vai me matar...

********

(Olhos esbugalhados, olhar rápido em todas as direções)

Olha como estou calminha!

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12 passos

— Meu nome é Micaela (Rá! Alguém lembra por quê?), e só por hoje eu não tomei Coca Light.

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Duas horas e pouco de uma boa história, dessas em que uma pessoa entra limpinha por um lado e sai imunda do outro. E alguns tipos de sujeira nunca mais saem, infelizmente...

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Cabelos ruivos, louros ou mais escuros?

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Será que não dá pra confiar em ninguém? Será que cedo ou tarde todo mundo puxa o seu tapete?

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"Vou te contar meus segredos
Você vai rir e chorar
Vou te mostrar o meu mundo
Vou te tirar pra dançar"


Alguns lugares são bem específicos na minha predileção: descendo a rua do Forte de São Pedro, a primeira visão que se tem do mar sempre me engasga. O trecho que vai do Cristo da Barra até o Espanhol me faz agradecer todos os dias por algo ter mudado a minha rota e eu ter continuado na Bahia. O Porto da Barra, da pontinha perto do Forte das raves, na entrada da rua do Iate. O largo dos Aflitos. A região do cais. A escadinha para a Vila Brandão.

Mas eu divido isso com poucos, tão poucos que cabem numa das mãos e sobram dedos. São meus lugares, são pontos que EU escolhi ao longo de 15 anos transitando, me escondendo, e só quem é realmente especial já esteve comigo num desses cantos.

— Onde você quer ir?
— Ah, vamos até Ondina tomar água de coco.


Hoje eu tive a exata noção de quem me é importante. Valeu pelo apoio, por ter-me feito rir quando eu tinha certeza da insanidade se aproximando, mas não, nunca vai chegar a ser uma pessoa tão especial assim. Ondina foi de bom tamanho.

quarta-feira, março 17, 2004

E você, vai?



Clica no flyer para ver o mapa do evento!
Sabatinada por um militar

Rei diz:
ma responda uma coisinha !
Rei diz:
Nimitz é um nome de um navio , não é ?
Nimitz diz:
do maior porta aviões do mundo
Nimitz diz:
NA nuclear
Rei diz:
isso !
Nimitz diz:
330 metros
Rei diz:
é vero !
Nimitz diz:
36 aeronaves embarcadas
Rei diz:
q +?
Rei diz:
tripulação ?!?
Nimitz diz:
capacidade de 5000 homens
Rei diz:
autonomia ?
Nimitz diz:
com navio tanque do lado, amigo, ele roda o mundo o quanto quiser
Nimitz diz:
bota um g 33

Uh... acho que passei!

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Mas eu preciso parar de me comunicar como se fosse um marujo. Quando eu vi, já lancei GTs, QSLs, FTs...

O legal foi há umas três semanas, dentro da van, voltando do trabalho, passando meu email pra um dos modelos:

— Delta, hotel, echo, november, november, india, november, golf, arroba, blá blá blá.

Me dei conta da mancada, olhei com cara de pedido de desculpas, e ele estava terminando de anotar, rindo:

— Eu fui das Agulhas Negras, mas... E VOCÊ?
Eu desisto de entender humanos. De qualquer gênero. Desisto.

Tomar uma geral porque não vou "dar uma segunda chance àquele cara"? Tomar esporro porque "depois você vai se arrepender"? "Se ele quer, por que não?".

PORQUE EU NÃO QUERO

Porque eu estou de saco cheio de gente escrota na minha vida, porque eu não sou tão idiota a ponto de PEDIR pra ser sacaneada, porque está na hora mesmo de limar metade da minha contact list do messenger. Apagar a minha lista telefônica, rasgar o álbum de figurinha e começar outro, faxinar as gavetas com guardados. Tirar da memória do celular o telefone que eu nunca decorei, mesmo.

Porque eu sou DONA da minha vida, só entra quem eu quero e ultimamente quero muito poucos. Porque eu faço o que eu quiser, porque eu não presto contas da minha vida a ninguém. Eu sou a soberna do meu castelo, do meu reino.

Tem graça...

********

Rosto formigando de novo. Não posso mais nem ficar puta?

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Nem adianta porque nada vai me irritar.

********

Será que só eu sinto saudade?

********

Cansei. Deu, deu. Não deu, a casa paga.
Mamãe confortavelmente instalada assistindo ao Exército de Brancaleone. Usar a mãe de cobaia é feio, né?

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Molinha. Aquele relaxamento que dá depois do susto? Pois só depois de uma boa conversa com a minha outra mãe, de uma tricotada interurbana com a minha Valentina linda, é que parece que eu aliviei um pouco.

Mas que uma massagem nas costas por uma hora e meia não me faria mal algum, ah, isso é verdade! Todos os meus músculos do ombro e das costas estão como que de concreto.

É díficil não ter uma válvula de escape.

********

Se eu te mandar para a porra, te pedir em casamento, te pedir ou emprestar dinheiro, por favor, desconsidere.

********

A coca light vai ser aonde mesmo?
Ela não é a quinta ponta da estrela.

Ela É a estrela.

Brigada, miga.
Não deu.

Socorro.
Como fazer uma Dani boba encher os olhos d'água?

É só mandar um email desses:

Boas noticias da Alemanha

E' com muita alegria que lhes conto
que o documentario "Acerca de la
Vida", em que fiz a direcao de
fotografia e que alguns de voces
puederam ver, esta' dentro da
competicao internacional do festival
de curtas de Oberhausen, que acontece
no final de abril.
Para quem nao sabe do que se trata, e'
um festival muito importante na Europa
e entrar na competicao e' algo
extraordinario.
Abracos
Matheus

Ah, guri, que orgulho de você!
A cafeína apresenta suas armas!

Insônia, dor de cabeça, inquietação e a determinação de explodir a minha cabeça em três estágios: ignição, desacoplar, para o alto e avante.

Como os foguetes.

********

Será que fica feio chegar num bar e pedir chá? Ou água quente para preparar os que eu trago dentro da bolsa? Eu preciso diminuir a quantidade de coca light que o meu organismo recebe...

********

Que dia dá errado quando a primeira coisa que se ouve — filtrado por uma camada de travesseiro tapando olhos e ouvidos, arranhado de vassoura no piso do vizinho, risos e vozes outras — é o dono dos olhos azuis ardósia cantando: "Apesar de você, amanhã há de ser outro dia!"? E quando você descobre que acordou e ouve:

Quem é você?
Diga logo
Que eu quero saber o seu jogo
Que eu quero morrer no seu bloco
Que eu quero me arder no seu fogo


O dia não fica mais perfeito?

*********

Mamãe opera amanhã.

E estou totalmente tranquila. E estou totalmente tranquila. E estou totalmente tranquila. E estou totalmente tranquila. E estou totalmente tranquila. E estou totalmente tranquila. E estou totalmente tranquila. E estou totalmente tranquila.

Repita isso em seqüências de oito, respire fundo e comece de novo. Só pare quando chegar em mil. Toda mentira repetida...


Seqüelada.

********

Não adianta: ou sou eu pra fazer a roda girar, ou ninguém se reúne mais. E sim, seus bestões, eu sei que vocês estão lendo isso. Há quanto tempo a gente não conseguia sair juntos? "Ah, sinuca", "Ah, cancela", "Ah, não sei o quê", "Ah, cancela". E nem OUSEM falar mal do meu celular, entendido?

********

Gente, valeu por hoje. Faltou a quinta ponta da estrela, mas foi por uma causa nobre. Alguém tem que pegar esse raio desse canudo, né?

terça-feira, março 16, 2004

Hein? Hein? Aniversário do Fab...

ANIVERSÁRIO DO FABINHO?????

Se eu vou?

ELEMENTAR, MINHA CARA WATSON!

Pode chover canivete aberto, que eu não perco por nada no mundo!
Que me importa a mula manca? Foda-se o mundo, o meu nome não é Raimundo!

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Capuccino intomável, e ainda assim fiz o esforço hercúleo de não deixar nadinha. Saudades do chocolate quente da TV...

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Leia meus lábios:

EU PRECISO SAIR DE CASA !!

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Se não sou eu na produtora, ninguém se movimenta para reeditar nossas terças freak, né?

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Puta que os pariu, finalmente o Estado de São Paulo descobriu que o site em pdf era a pior coisa já inventada! Eles tentaram fazer a leitura na web nos mesmos padrões da leitura impressa. Ficou um banzé no velho oeste, não se entendia nada, as páginas eram PÉSSIMAS para ler. Saca jornal escaneado? Exatamente isso.

Eles ainda têm a versão em pdf, mas disponibilizaram a versão em txt, agora. Volto a ser leitora do meu jornal preferido. Claro que eles bloquearam boa parte do conteúdo, mas pelo menos os colunistas eles deixaram.

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Alguém percebeu que não estou com o menor saco para trabalhar?

(côro grego)

— Termine esta porra, Daniela, você não perdeu um dia inteiro para amolecer no final!

Tá bom, tá bom!
Aqueles putinhos nunca me avisam dos shows, mas eu, groupie, continuo andando com o CD da banda dentro do meu case de favoritos.

Tem banda nova aí em Sino de Bordo. Enquanto Isso... é Léo, Metade e Dinha, além dos Strokes, com influências dos Beatles e deles mesmos. Boa paracaralho, e olha que tem tempo que eu não vejo!
O surrealismo é uma realidade!

Recebi isso por email!



As pessoas perderam a noção de target!
Acabo de descobrir que o Wolverine tem 1,65 m e 88 kg!

É uma barrica!

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Numa boa, me desculpem os puristas, mas o Hugh Jackman é MUITO melhor...
Eu primeiro alerto — e não me desculpo, note bem — para o inglês péssimo que utilizarei. Diria aquele meu lindo amigo franco-brasileiro: sou uma ágrafa. Em segundo, please, don't translate for my mom.

My mom will pass for a surgery next thuersday. It'll not be simple 'cause she's diabetic. I'm really stressed, I'm tired, I'm almost out of order. She's like a child, she reads when it's forbidden, she goes to PC when the Doc said the oposite.

This week I made for the first time the control of her blood. Simple, a needle in the finger, a blood drop and put that on machine. "Verify the levels of sugar". But that was very hard for me. That fucking simple process left me down! And now she'll pass for a surgery...

*sigh*

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Voltamos com a programação normal.
Mais uma noite daquelas. Eu nunca devia ter descoberto o remédio para dormir.

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Ei, meu Amo e Senhor, sonhei com você na tarde passada, te contei?

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Parente pouco próximo devia vir com botão "mute" de fábrica... Esse ser humano Peter Pan fala paracaralho!

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Em definitivo: estou MOR-REN-DO de saudades de casa! Tenho medo de ir e nunca mais voltar.

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É impressão ou... o Ben Afleck se leva MUITO a sério?

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5 x 3,3 m de livros enfileirados, uma parede inteira, e eu não tenho nada para ler.

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Desde "The Thin Red Line" que sou completamente apaixonada por ele... Como ter pensamentos impuros com Jim Caviezel no papel de Jesus Cristo, Holden?

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"Formigamento pelo corpo é o mais expressivo sintoma de stress profundo".

Rá, que bacana! E a dor no braço esquerdo, então?

Stress, eu? Por quê? Tá tudo tão bom...

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Aviso aos navegantes:

Se eu tiver um troço, não coloquem colher na minha boca: eu prometo que não engulo a língua. Meu documento de identidade está aos cacos, mas mora dentro do primeiro compartimento da carteira. Favor não olhar a foto: nela eu tenho monocelhas ao invés de sobrancelhas. E o cartão do plano de saúde deve estar entre Santa Bárbara e São Jorge. Porque, sim, Leitor Fiel, eu coleciono santinhos.

E o hospital? Espanhol ou Português.

Drag Queens só na cremação, por favor. Reunam a Kenny in Hell para animar a festa, e fechem com mais umas duas bandas legais. Na tampa da urna com as cinzas:

"Daniela, Torrada e Moída na Hora".

segunda-feira, março 15, 2004

Pieces of mine







Se eu não chorar, eu realmente vou aos infernos. Ou eu arranjo uma vávula de escpae pra , ou eu infarto. De verdade.
Eu SÓ tenho cara de idiota, de boba, não se engane, não...

Eu demoro pra perder a paciência. Demoro mesmo. Meus amigos já deveriam saber, porque eu sempre sou tolerante, quase permissiva com as falhas deles. "Ah, Dani, não quero ir", "Ah, Dani, não tô com saco", "Ah, Dani, desculpa". E a história termina sempre assim: um abraço, a promessa feita com os olhos de nunca mais repetir a merda, a vida correndo normal... até a próxima merda.

Mas poucas vezes eu tolerei mentira e omissão. Acho covarde. Acho porco. Acho vil. Conversando com um elemento, tão anti-mentira quanto eu, ele chegou à conclusão de que mentira para proteger pode. Mentira pra não magoar pode. Eu não concordo.

Quem autorizou, quem deu esse poder a um ser que já tenha caminhado por esta terra, de decidir o que é melhor ou não pra mim? Quem, por todos os raios do Olimpo, quem é que determina o que me magoa?

Óbvio, meu Leitor Fiel, a resposta é só uma : EU!

Eu sei o que é melhor pra mim, eu sei até onde você pode ir sem me machucar, eu sei onde você vai parar — porque andando na minha estrada, você VAI parar onde eu quiser! —, eu sei até onde ser flexível. Ninguém me tira o poder da escolha, da decisão e da vontade. NINGUÉM!

Eu assumo todos os meus riscos. Eu não falo nada que não possa repetir na frente de quem quer que seja. Honra, honestidade, a gente aprende em casa. Quem não tiver colhão de assinar suas merdas, peça pra sair da brincadeira. Quer me sacanear? Sacaneia, sacaneia bastante. Só não me deixa descobrir. Eu não rompo duas vezes.
Mensagem de texto da minha mãe torta!!!

Minha filha desnaturada, estou morrendo de saudade!
Beijo, Denise


Ah, mãe torta, mãe ruiva, mãe louca, como o Rio é longe! Como você faz falta, como tenho saudade do meu quarto na sua casa, do ventinho fresco de manhã, dos jogos de carta nonsense... Isso não se faz, estou boba pra chorar...

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Ele tem medo de jogar boliche comigo, lá-lá-lá-lá-lá!

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Minha família (como nos tempos do primário)

A minha família é pequena. Além de nós cinco — papai, mamãe, Algas, Miriam Lane e eu —, ainda tem a Nana e a Mabel. Elas são as cachorras. Só. Fui criada longe de tios, de primos, avó só conheci uma. Passamos a minha infância e a da Algas inteira pulando de bairro para bairro, de cidade para cidade. Tá pensando que foi ruim? Foi nada! Foi diferente!

A gente tinha que começar tudo de novo em cada lugar que a gente ia morar. Colégio, vizinhos, normas, convivência, tudo de novo. Não tenho amigos de infância. O único amigo que eu consideraria de infância não lembra de mim. Mas eu lembro dele, e morro de saudade. Acho que ele deve ter ficado um homem lindo.

Crescer sem a intromissão da família não-nuclear acaba criando uma aura de proteção em torno daqueles que estão mais perto. A gente pode até se matar aqui, mas somos cinco contra o mundo. Sete, porque a Nana e a Mabel mordem também. E a proteção inclui rosnar para os parentes que volta e meia baixam nesse terreiro.

Eu não me sinto na obrigação de gostar de ninguém pelo fato de termos laços de sangue.

O irmão da minha mãe esclerosou mas ninguém sabe ainda. Ele cozinha uma vez por semana. Cozinha batata para sete dias, carne para sete dias e só come isso. Eu nem me atrevi a olhar na panela. Fora umas manias estranhas de imitar o Forrest Gump, só que em cima da bicicleta. "Run, Forrest, run"!

A irmã da mamãe nunca saiu de Neverland. Tem 61 anos, mas ela acha que 61 é a cintura dela. A idade? 18, claro! Atende o telefone gemendo, com a melhor voz de "venha a mim, meu doce estranho", não consegue dar bom dia sem arrematar com uma observação ferina: "Ai, só de olhar você dormindo com o travesseiro em cima dos olhos me dá agonia". Não olha, cacete! Aliás, tava fazendo o quê no meu quarto? Eu durmo com o travesseiro nos olhos, deixo o nariz de fora, faço colar cervical com o edredon... E daí? Ela tem o nariz vermelho que nem o do Rudolph — A Rena — e eu não abro a boca...

A irmã da minha avó é louquinha, trata os meus tios como se eles ainda fossem da casa dela para a Confeitaria Colombro tomar frapê. No último aniversário do meu tio, seu desafeto, ela deu 10 reais. Só faltou bater na cabeça dele e dizer : "Bom menino".

O irmão mais novo da minha avó sempre foi divertido, mas como não o vejo há anos... Ele tinha um cachorro chamado... Cachorro! A mulher dele tentava nos educar finamente à mesa, enquanto ele terminava de comer, batia na barriga e dizia "Tô com o satisfeito cheio"... Não sei como isso não deu em divórcio.

A neta deles foi minha amiguinha na infância. Era linda, voluntariosa e divertida. Agora está casada, tem dois filhos, é advogada e parece a Mortícia Adams.