terça-feira, maio 05, 2009

De volta, e outras coisas

De volta à produção de Náufragos, que tive que deixar de lado em fevereiro, por motivo de força maior. De volta à mais querida equipe de trabalho, ao roteiro que adoro, ao lugar de onde eu nunca quero sair.

Não, não propriamente o cinema, e que me desculpem os puristas, acho até meio porre de fazer. Eu nunca deveria ter saído era dos sets de gravação e filmagem. Nunca, em tempo algum. Meu lugar é atrás das câmeras, dos fresnéis, dos kinos. Meu lugar é mofando enquanto repete-se a mesma cena duzentas vezes; meu lugar é escondida atrás da luz-mosquitinho da câmera. É rindo em silêncio para não vazar no áudio. É parando trânsito, é atrasando trens, é trabalhando 15, 16, 18 horas por dia, e ainda sorrir disso.

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Por que essa declaração de amor toda?

Porque tive um dia de cão, estou com a labirintite atacada, porque sabendo disso tudo, fiz a gentileza de assistir a Grey's Anatomy. Claro que não ia terminar bem, claro que chorei aos haustos, anotei pedaço do texto num envelope roto, tudo para poder discutir com minha terapeuta amanhã.

No meio disso tudo, dona Pequena resolve gripar, e eu perco o sono e choro, sei que quase desespero, e sei bem porquê. Aí, insône, com todas as decisões do mundo tomadas, volto para o computador. E quem está no MSN? Luna, que me faz gargalhar, que levanta minha bola, que me joga pra cima. Luna, o assistente de direção de Náufragos, protagonista de meia dúzia de boas histórias minhas ao longo de... uh... 11 anos, acho, e que comemorou de verdade a minha volta à equipe.

No final, descendo da montanha-russa que foi meu dia — que é a minha vida —, ainda rindo de uma confissão que ele me obrigou a fazer, resgato do fundo da bolsa o mesmo envelope amassado com o texto recém copiado. No verso dele, rabisco o trecho do diálogo-confissão que ainda ecoa na minha mente — e cujo resultado se reflete no meio sorriso que ainda carrego.

E não é que o mundo tomou cores mais suaves?

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Só quando chove é que o mundo lá fora e o mundo aqui dentro se igualam. Só quando chove é que as coisas voltam a fazer sentido. E eu fico mais feliz.

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Na verdade, eu vim pra sala para preparar um email para a Doce M., a quem vou encontrar dentro de menos de 12 horas. Se a conversa com o Luna foi o arremate para a minha noite, o que acendeu a luzinha lá no fim do túnel foi um livro de cabeceira, aberto aleatoriamente por mim, na hora mais louca de escuridão.

Evangelho segundo o Espiritismo.

Daí veio o conselho que eu tanto precisei hoje.

PERDOA.

E era isso que eu queria dividir com ela.

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Tão zureta de labirintite, que se largada for na esquina de casa, sento, estendo a mão e vivo da mendicância, até que alguém me mostre o caminho para o meu prédio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só para dividir a aflição.
São 4h25 da Segunda-feira, trabalho daqui a pouco, estou em meio a uma crise alergica e estou completamente deformada, olhos inchados ao ponto de me assustar quando olhei no espelho.
O namorado vai embora as 8h, e a última noite foi com uma mulher feia de doer, pq tomou Buscopan para cólica, ahhh, e também menstruada...
Quer mais??
Hehehehehehehe!!!
Não estou em Salvador e se por acaso piorar, aqui Não tem médico.

Agora vou ficar mais um pouquinho desesperada e te ligo depois para contar, ou não.

bjocas
Lua