domingo, agosto 31, 2003

Amodeio porque ele me estragou para os outros. Depois dele, só ele.
E o vizinho preenche as lacunas da minha tarde me fazendo ouvir Diana.

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Rondó de uma mulher só

"Estou só, quer dizer, tenho ódio ao amor que terei pelo desconhecido que está a caminho, um homem cujo rosto e cuja voz desconheço.

Sempre estive duramente acorrentada a essa fatalidade, amor. Muito antes que o homem surja em nossa vida, sentimos fisicamente que somos servas de uma doação infinita de corpo e alma.

O homem é apenas o copo que recebe o nosso veneno, o nosso conteúdo de amor. Não é por isso que o homem me atemoriza, quando aqui estou outra vez, só, em meu quarto: o que me arrepia de temor é este amor invisível e brutal como um príncipe.

Quando se fala em mulher livre, estremeço. Livre como o bêbado que repete o mesmo caminho de sua fulgurante agonia.

(...)Que farei deste amor que me esvazia e vai remoendo a cor e o sentido das coisas como um ácido?"

Paulo Mendes Campos

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Amodeio.

sábado, agosto 30, 2003

O adolescente que fugiu de casa para juntar-se às FARC foi encontrado... numa lan house.

Rebeldes...

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Ele austríaco, ela brasileira. Casamento de 33 anos, ele doido pelo Brasil, vez em quando volta à Áustria.

— Levo 45 minutos para estar de saco cheio da minha cidade natal!

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— Dona Alice fala alemão?
— O suficiente para fazer fofoca com os parentes na Áustria! Conversa com todo mundo, fala fluentemente errado!




"Quando eu queria ver o sol nascer
Quando pensava que meu mundo desabava
Deixava acontecer, pois o melhor é viver pra sonhar
Pra que entender?
Mesmo que o meu tempo acabasse agora
Eu poderia ao menos me convencer
Que tudo tem sua hora
E não vai ser agora
Só o tempo vai dizer

Tudo pode acontecer!
"

Meu caminho, Adriano Pimentel - Geração Nômade

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Just touch me once


Eu sou a lagartinha...

Do Exploding Dog, um dos sites mais geniais da minha coleção.

Fala pra eles, Sam, como é!

"hi my name is sam, i draw pictures, from your titles. send me a title, or any thing else you want to talk to me about to: sambrown@explodingdog.com"

Desconcertante, de quando em quando.

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E sim, toque-me outra vez, Sam!

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O negócio é continuar uma ilha. Não preciso de ninguém, não conto com ninguém, não espero nada de ninguém. Assim não dói.

sexta-feira, agosto 29, 2003

Deus, obrigada pelos pequenos favores!

Eu tava triste, tristinha, rezando por um abraço sem ter coragem de pedir. Aí sento meu derrière na cadeira do computador, abro minha caixa de email, e está lá:

"Adoro você!"

Escrito pra mim, somente para os meus olhos, cópia um de (uma)
cópia(s).

Ah, homem que eu adoro também, você sempre leu meus pensamentos...

quinta-feira, agosto 28, 2003

Quero morrer. Morrer, começar de novo.

Decidido, pois: se não posso morrer hoje, vou mudar de nome? Qual?

Ah, vou ser Jackie. Como a Kennedy. É, como aquela mesma, que sofreu a maldição dos Kennedy, que perdeu o marido de um jeito trágico, que aturou as traições do mesmo com uma starlet hollywoodiana. Não, vou ser Indira, grande mulher, mas que tanto sofreu para chegar à Presidência da Índia (ou ela era Primeira-Ministra?).

Pronto, meu nome é Frida! Uh... Mas Frida não foi uma que sofreu demais, era manca, tinha bigode e era bissexual? Não me enquadro em nenhuma das categorias, fica difícil carregar um nome desses.


Certo, e não há uma Maria, tampouco uma Lúcia, ou Talita, ou nome algum que não traga em si uma carga de dor. Mas o que há de ser dito de Daniela? Da Daniela complicada, da geniosa, briguenta, passiva, compreensiva, intransigente, divertida, rabugenta?

E se essa Daniela ainda for triste, a alma da festa, a sociável, a condutora do sol, a Senhora do Lado Negro da Lua, misteriosa, escancarada, dona da da própria vida, dependente de um abraço?

Essas Danielas todas sou eu. E mais algumas. Multiface, sozinha, que tem um tanto enorme de amor sufocado, que derrete com um braço passado nos seus ombros, um carinho displicente, um elogio descompromissado.E essa sou eu, a que gargalha da vida, mas que se encolhe quando a rasteira é pequena. Que se apaixona, que sofre para matar um embrião de amor, que tem que fazer escolhas várias, caminhos trifurcados, condizentes com a sua multifuncionalidade.

É díficil de viver sendo Vera, Rita ou Ana. Mas para esta Daniela aqui, carregar estas sete letras vida afora é uma prova de fé.

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Descoberta a raiz da minha enxaqueca: uma infiltração no primeiro molar. Isso posto, estou com a boca toda anestesiada, três línguas onde só havia uma e um gostinho de cravo típico de dentistas...

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Como brigar contra, se cada dia mais me convenço de que não seria nada mau? Como entrar numa guerra de trincheira, se o oponente carinhosamente se posta ao meu lado para ajudar a cavar as minhas valas? Como matar, se os olhos do outro sorriem para mim, cúmplices do meu plano homicida?

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Um encontro num fim de tarde, horas de reminiscências, e o dia seguinte me obriga a um telefonema. Certos homem nunca morrem na vida da gente. E esse homem não sai da minha vida. Está colado na minha história como decalque de chiclete.

Liguei, liguei sim, e je ne regrette! A amiga que me trouxe as lembranças de volta jurou que éramos uma parceria perfeita. Ele e eu, o pensador, a realizadora. A criadora, o regulador. A menina e o jester.

Saudade deste que está na minha vida há quase 15 anos. Que ocupou várias faixas do meu CD, que foi o amigo, o bandido, o herói, o rockstar, o menino, o amante, o companheiro, o colega. Trilha sonora que ainda hoje ouço com certa nostalgia, rosto estampado nas fotos que guardo na gaveta, homem que escondo da luz para não envelhecer. Nem a foto, nem o amor. Amor cheirando a bolor, mas que uma espanadinha o coloca em forma.

Aquela voz me deixou alegre. Uma ilha no meio de um dia caos. Uma lufada fresca no meio do cárcere fétido. Uma nesga de sol no cinza do inverno.
O dia ainda não tinha terminado, e o outro já me atropelava.

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Médico daqui a pouco.
Deus, e só Deus e mais ninguém, sabe que tem sido um sofrimento.

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Deus, me faz instrumento do seu trabalho. Me faz canal para a sua benção. Me faz útil, me faz realizadora, me faz semeadora de paz. Me ensina o dom do amor incondicional, me ensina a passar pelos 40 dias do deserto de cabeça erguida.

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Por vezes eu tenho a mais absoluta certeza de que disse tudo o que gostaria de ter dito, sem ao menos abrir a boca. Mas acho realmente que não. Tenho medo de estar passando o texto errado. Pela primeira vez, só os olhos e a telepatia não bastaram.

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Sobrevivi ao inferno do éter. Mas não sei se passo de hoje. Última Neosaldina pra dentro.

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Dói a cabeça ou dói a alma?

quarta-feira, agosto 27, 2003

Hospital

O que era uma grande pressão nos malares por causa da sinusite se transformou numa enxaqueca de proporções hercúleas. Resultado, fui parar num lugar onde não piso, como paciente, há mais de dez anos: PS do Hospital Português.

Pela cara com que cheguei, eles devia estar indecisos entre medicação e extrema-unção. Respirei, gemi de dor, e eles optaram por medicação. Numa boa, se eu morrer esta semana não precisa nem embalsamar, de tanta química.

.uma ampola de Decadron
.uma maxi ampola de Tilatil
.uma ampolona de Dramin
.duas mega ampolas de Diporona (que doeram horrores!)
.um frasco de soro cxom um analgésico cujo nome não me recordo
.um frasco de soro com Sylador

Antes disso, a presidente do Centro de Medicina Popular Daniela Henning havia ministrado dois comprimidos de Paracetamol e meio comprimido de Lexotan. Um luxo!

Uma e muito pouco da matina eles começaram a furar a minha veia. Quase 4 da manhã eu ainda estava andando que nem uma leoa doente, de um lado pro outro do ambulatório, de tanta dor.

— Senta!
— Huuuumpf
— O que?
— EM PÉ PIORA!!!!!!!


Droga, porque as pessoas insistem em conversar quando tudo o que você quer na vida é morrer?

O médico

Rápida é uma consulta onde o Doutor consegue dizer pelo menos o nome. Abaixo desse tempo, só se ele estiver treinando para pit stop de Fórmula 1. O que deve ser, aliás, o caso desse médico. Sério, meio azedo, sem amor nenhum no coração. Acho que a culpa era do sapato, que além de muito, muito feio, devia estar apertado até a medula.

Lá pelas tantas, consegui arrancar um sorrisinho dele:

— Bom, Daniela, com essa medicação a dor deve passar por completo. Você tem alergia a algum dos componentes, ou não quer tomar algum dos medicamentos?
— Dr. Ricardo, estou aceitando até murro na cara pra apagar e não sentir mais dor!
(som de risadinha, ele estava de costas)— Mas fica tranquila porque vai passar. Boa noite!


Não passou.

— Enfermeira, peça ao médico para voltar até aqui, preciso que ele reforce meu analgésico, eu vou enlouquecer de dor!
— Senhora Daniela, eu nunca vi o Dr. Ricardo passar o Sylador logo na primeira tentativa. Você já está sob risco de intoxicação, tem muito remédio circulando no seu organismo.


Bom, e o que eu faço se o médico já usou todos os recursos da medicina ocidental dele? Apelo pra um pajé?

— Então pede a ele pra me dopar!

Ela não pediu, ele não voltou. Mas lá pelas quatro a dor começou a melhorar. Quero ir pra casa!

Quinze minutos depois vem a mocinha com a conta fechada, conta esta que não me interessa porque o plano de saúde que se vire. Saí, muito dopada por causa do coquetel, e, surreal dos surreais, encontro a Algas e o Papai discutindo se iam ou não ao supermercado comprar margarina. Eu devia estar muito, muito chapada mesmo. Vou averiguar hoje se eles realmente iam ou se era mais um delírio da saga da Daniela

terça-feira, agosto 26, 2003

Safari, e lá vamos nós, Luna e eu pra mares já dantes navegados. Avenida Suburbana, meca das peças de carro, point da feira do rolo. Nossos safáris urbanos sempre terminam em sorvete e brechó, é impressionante!

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Numa boa, o Kadu Moliterno está dando um show de bola em Kubanacan, viu? Ele tem sido responsável por boa parte das minhas muitas gargalhadas entre sete e oito da noite...

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Deus, eu sei que você lê o meu blog: eu queria muito, muito ser aprendiz do Carlos Lombardi (Lauro César Muniz ou Silvio de Abreu também estão valendo!)! Bom, um namorado também, Deus!

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Sinusite. Tenho certeza de que o primeiro caso de sinusite surgiu no inferno. Fato é que se eu sorrir, cuspo os dentes, tamanha pressão. Fora de combate numa noite que prometia... Droooooooga, Antônia, festa para a imprensa inaugurando o Tango Lo Mango, do Reinofy, e eu com uma rebelião extra-terrena na caixa craniana!

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Mas paixão mesmo só o Bruno Garcia... Ô, homem!

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Falando em novela...

Um produtor de novelas, uma produtora local e eu, ontem, cervejando num bar no Pelourinho. Esse produtor, que trabalha numa grande empresa do Rio, veio escolher lugares para uma próxima novela. Bom. Papo vem ("Esse menino... Wagner Moura, é bom demais! Ele é daqui da Bahia, né?"), papo vai ("Como anda o Rio, aquela terra que me dá saudades?"), "aceita um queijo na brasa, Dani"?

— Não, meu bem estou comendo com mais parcimônia de uns dias pra cá!
— "Par" o quê? Vem cá, essa menina é de época?


Tum, dum, pshiiiiiiii (onomatopéia para aquele solinho de bateria que conota fim de esquete. Entendeu ou quer que eu desenhe?). Ó, bela e inculta língua, por que as pessoas acham que sou do elenco de Chocolate com Pimenta só por causa do meu vocabulário erudito?

segunda-feira, agosto 25, 2003

Minha vida é surreal.

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Espero que os dias que nascem e morrem tragam uma resposta para a pergunta que faço e não faço ao mesmo tempo. Três dias de tormenta, que vão-se somando aos outros mais de mil dias de questionamentos. Dias de chuva, dias de sol, dias de lágrimas; dias de cabeça enfiada embaixo dos travesseiros, para matar sufocado o pensamento recorrente.

Acho que depois que passar essa tempestade, nunca mas serei capaz de me sentir apaixonada. Estou fazendo um esforço tão louco para impedir que chegue o que vem vindo que vou acabar matando tudo o que anteriormente eu associava ao amor. Não vai sobrar nem para a semente.

Porque é difícil, viu? É complicado matar uma coisa que é tão inerente ao meu existir. Já pensou em matar um braço? Uma perna? O coração?

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Há coisinha de pouco mais de um mês, fiz o palco do meu artista num conjunto de hotéis que tem aqui na Bahia. Eu acho que (não) sou paga só pra dar foras, só para divertir a audiência.

Levaram um anão. Bom, minha sócia foi contratada para fazer a cenografia e o receptivo. Eu continuei com a produção de campo e palco, mas sem me meter na parte decorativa e promocional. Lá pelas tantas, vejo um anão no meio da galera que ia viajar. Whatta hell is that?

Primeira parada, vamos pegar o artista.

— Dani, você já viu enterro de anão?
— Nunca.
— Pois vai ver amanhã, porque o anão foi contratado para montar no boi e nunca subiu nem num cavalo...


Ai, minha Nossa Senhora das Produtoras... Não aguentei, né?

— Isso virou GR e banda Nossa Juventude (pra quem não conhece, Nossa Juventude é uma banda de pagode onde um anão é vocalista e atração principal)!
— Com vocês: GR na Ilha da Fantasia (o avião, patrão, o avião!)!


Voltamos pro ônibus, pé na estrada. No primeiro banco, eu, minha sócia e o percussionista lindo. O assunto? Homens pequenos são chamados agora de verticalmente desfavorecidos. Empolguei-me, e danei a falar do anão que fez o Mini Me, do Austin Powers, que tem 86 cm e namora uma modelo com um metro mais que ele.

—... e vocês precisam ver que bizarro que é ela ajoelhada no chão da boate pra beijar o baixinho feioso!

Um cutucão na costela e um sussurrar me trazem de volta ao ônibus:

— Olha pra sua frente!

Olhei. E Deus, por que não me levastes nesse minuto? Na poltrona de trás, o anão sentadinho, balançando as pernas no ar e encarando esses olhos que a Terra não há de comer tão cedo! Sorri, mais pra dispersar o nervosismo do que à guisa de desculpas. Por que, Deus, por que as pessoas transportam anões para eventos?

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Pensa num evento que dá problemas. Não num problema simples. Vamos lá a situação:

.Gravação do DVD do meu artista
.Roadies que nunca fizeram palco na vida
.Músicos estressados, e com razão

Fora isso, eu lime um roadie na segunda música por pura insubordinação. Fiquei com um só, e de médio pra baixo. O palco deu todos os perrengues que podiam dar. Lá pelas tantas vem uma alma, cutuca o meu braço e aponta o anão.

Veja bem... é um show de country music. E o que raios o anão estava fazendo vestindo um poncho colorido e um sombrero? Ato contínuo, o ser humano me pergunta:

— O que é pra fazer com o anão?

Juro, juro que na mesma hora eu me imaginei passando vaselina na cabeça do anão, com sombrero e tudo, para...

— Por Deus, não me pergunta outra vez! Não pergunta, ou te respondo!

Sim, o anão subiu no boi. Empurrado pelos fundos por um cara tão baixo quanto ele, mas subiu. E não, não foi dessa vez que vi um enterro de anão.

Droga.

domingo, agosto 24, 2003

Jean Reno em Missão Impossível!!!!!!!!!

Meus sais, por favor!

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Sim, e eu ainda pago o maior pau pro Vin Diesel, também.

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Você não acha o Adam Sandler bizarro, acha? Sou fissurada nele...
No supermercado

11:58 da manhã, fila de entrada no estacionamento do supermercado. Papai, para o apontador de placas de carro:

— Bom dia, ou boa tarde!

O apontador:

— Bom dia porque eu ainda não almocei.

Papai:

— Nem eu... Mas já tomei uma!

O apontador, sentido:

— Eu ainda não...

Comentário dentro do carro:

— Pai, você fez um homem fardado chorar!

sábado, agosto 23, 2003

Artur Xexéo

"Acrescente-se a este festival de equívocos (festa de encerramento do Pan em Santo Domingo, n.b.) uma apoteose com Alexandre Pires cantando boleros em espanhol e o Rio conquistou alguns milhares de turistas para a idéia de que carnaval carioca é programa de índio."

"E o flash mob chegou ao Rio. Trinta (só 30?) internautas reuniram-se na Avenida Rio Branco na última segunda-feira para decretar em 30 segundos que o vermelho será a cor do próximo verão. Vem cá, já experimentaram cortar cana? "

"Daniela Sarahyba estava dia desses no “Sem censura”. Não, não é verdade que Daniela não tenha se mudado para Nova York. Mudou-se, sim. Mas isso já faz dois meses. Então, ela está tirando umas férias no Rio. Daniela contou que a experiência de morar sozinha está sendo muito enriquecedora. Outro dia mesmo, ela comeu brócolis!"

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Que tôco o de ontem, hein, bons companheiros?

sexta-feira, agosto 22, 2003

Pra galera do Rio



Show de lançamento no Ballroom — Rua Humaitá, 110, Rio de Janeiro, RJ — no dia 26 de agosto, terça-feira. A casa abre as 22:00hs, show time as 23:30hs.

Com a participação dos convidados:

Tony Platão (Hojerizah)
Marcelo Hayena (Uns&Outros)
Eduardo Moraes (Finis Africae). Imperdível!

Clique aqui para visitar o site do "Ballroom"

O Cd "ZERØ - OBRA COMPLETA" estará nas lojas a partir de 1° de Setembro!

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> Deixa de lado esse baixo astral
> Erga a cabeça, espante o mal
> Que agindo assim será vital
> Para o seu coração
> Porque em cada experiência
> Se aprende uma lição
> Eu já sofri por amar assim
> Me dediquei mas foi tudo em vão
> Pra que se lamentar
> Se em sua vida
> Pode encontrar
> Quem te ame
> Com toda a força e amor
> Assim sucumbirá a dor
> Tem que lutar
> Não se abater
> Só se entregar
> Pra quem te merecer
> Não estou dando nem vendendo
> Como o ditado diz:
> O meu conselho é pra te ver feliz

Conselho, Almir Guineto
Está mais dolorido do que poderia ser na verdade.

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— ... então não toma Prozac. Vou precisar das suas lágrimas...

Minhas lágrimas são suas, homem que eu amo. Minhas lágrimas são suas, meus sinos dobram por você. O meu remedinho só está potencializando o que me é custoso de sentir. Minhas lágrimas insistem em se agrupar na borda do meu olho desde ontem, minuto congelado no dia.

— É só uma questão de tempo. Vou embora.

E como vou ser sem você? Ser, do verbo mesmo. Existir. Como? Como é que se se vive sem um pedaço do coração? Como serei sem minha melhor parte, sem um dos dois homens que têm o melhor de mim? E as fotos que ainda faltam ser tiradas? E as risadas que ainda faltam ecoar pelas noites? E o que eu vou dizer pros discos voadores quando eles vierem chorar no nosso ombro? Quem vai me beijar embaixo da chuva, sob uma luz de mercúrio, sentados entre terra e mar?

O roteiro da história era feliz. Tinha você, tinha eu, uma história que corria em paralelo ao mundo cruel e chatinho. Eu tinha tanto do meu mundinho pra te mostrar. Com que sinal gráfico eu termino esse capítulo? Ponto final? Ponto, e um parágrafo seguinte? Exclamação, mas seguida de que? Interrogação? Prefiro terminar com reticências, três lagriminhas no papel que deixam subentendido que a história não tem fim...

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E quem vai secar as minhas lágrimas que despencam? Quem vai me abraçar e dizer que está tudo bem? Quem vai cuidar de mim até que os soluços do choro parem de sacudir o meu corpo?
Gostar de cultura pop, gosto não... Mas que eu tenho que me render desta vez, ah, isso é fato!

"As pessoas se preocupam com o fato das crianças bricarem com armas e dos adolescentes assitirem vídeos violentos; temos medo de que assimilem um certo tipo de culto à violência. Ninguém se preocupa com fato das crianças ouvirem milhares - literalmente milhares - de canções sobre amores perdidos
e rejeição e dor e infelicidade e perda. As pessoas afetivamente mais infelizes que conheço são as que mais gostam de música pop; e não sei se foi
a música pop que causou tal infelicidade, mas sei que elas vêm ouvindo as canções tristes há mais tempo do que vêm vivendo suas vidas infelizes"


Alta Fidelidade, Nick Hornby



E eu nem sabia que podia doer tanto.

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E doeu. Ele disse adeus, e nem foi a última vez. Ainda vai haver a última vez, e eu nem sei como vai ser. Hoje, Prozac na veia, e mesmo assim os olhos marejaram.

Ele vai embora, e eu que pensei que sabia tudo, mas se é você eu não sei nada. Impotente, insana, indócil, coloque o in que você quiser. Sou eu. Eu sem ele. Ele que vai, ele que oferece a casa pra errantes; para mim, que ofereço a vida em sacrifício, vestal virgemgêmeos. Para mim, que amo.

Amo, mas não vivo para. Amo, mas não somente. Amo, coração errado, amor que não veio só. Viciada, que treme só de pensar na vida sem. Na vida sem ele. Vida sem vida. Vida que vive de outra boca. Vida que vive embebedada noutro cheiro. Vida, que não é vida sem. Que nunca foi vida com. Que nunca será vida de novo.

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Achando, além de tudo, que a dor vinha só de um lado...

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E é claro que não vem. Vem de um lado conhecido, aceitável, e de outro que brigo para não existir. Dói mais por ter que extirpar do que pela dor que deveras sinto. Dói para extinguir porque amo demais, e viver sem não posso. Prefiro escolher a forma mais arriscada para perdurar. Porque sem ele não passo.

Briguei pra não me apaixonar. Não que ele fosse indigno; tampouco eu. Não quero blefar num jogo de royal flush com a mão de um par simples. Ou pior: uma combinação errada. Valete de paus com dama de copas... E cortem a cabeça!

quinta-feira, agosto 21, 2003

Realizadas 60 audiências trabalhistas em tribo indígena no Mato Grosso do Sul

As queixas são contra Tupã?

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Homem vai fazer exame de ouvido e sofre vasectomia

Numa boa, mas numa boa mesmo, se você vai ao médico se queixando de dor de ouvido e te mandam baixar as calças, você retira as rancheiras assim mesmo? Sorrindo? Ah, os portadores de desvios sexuais estão isentos da resposta!

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Mamãe coleciona joaninhas. Todas as formas de joaninhas a atraem: porta-foto, imã de geladeira, de pelúcia, de biscuit...

Bom. Saímos domingo para rosetar, Miriam Lane, mamãe e eu, e fomos parar no Aeroclube. Loja de bugigangas, e é claro que ela achou uma infinidade de bichinhos em várias apresentações. Corta para

ALMOÇO DE DOMINGO/INT/DIA

Mamãe abre os pacotes para mostrar para os comensais. Lá pelas tantas, vejo o papai quietinho, olhando em direção à cozinha. Não demora:

— Se a gente pegar a tartaruga da sua irmã, pintar de preto e vermelho e colocar antenas, vira uma joaninha pra coleção da sua mãe...

A tartaruga encontra-se foragida...

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Chovem cães e gatos, e tenho que sair pra encontrar o dono da empres de som. Ônibus nada, vou de Arca de Noé! Ou ferry boat, linha Comércio-Aeroporto.

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Estou tãaaaaaaao fresquinha hoje!

quarta-feira, agosto 20, 2003

Atenção senhor visitante de número 9.000: favor identificar-se no balcão de check in.

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E o dia começa.
Vou dormir sem nenhum auxílio!

Ué, cadê as palmas? Sem Neosaldina, sem sossega-leão, sem nada, vou dormir eu e Deus!

Fácil? Pra você, cara-páilda, que não precisa matar um dragão por dia, que não tem que fingir que sente sem sentir, que não tem que fingir um sorriso sem sorrir. A vida não tem sido simples assim, e eu sei bem disso.

Nãao é todo dia que me sinto indigna de uma amizade. Não é todo dia que tenho que mentir deslavadamente. Não é todo dia que tenho que forjar um bom humor que não tenho. Não é sempre que tenho que inventar um amor que não sinto. Ou mascarar um amor que é todo meu.

E sim, todo dia tenho que viver uma Daniela que não sou eu.

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"Eu nem sei se eu existo mesmo ou sou o pesadelo de alguém..."

Via ICQ, agora, agora...

terça-feira, agosto 19, 2003

Vou descansar a alma. Tomei mais uma Neosaldina, mais para mitigar a dor que voltava do que como medida preventiva. Lembrei de um amigo lindo que tem enxaqueca, também, e sabe-lo tão sofredor quanto eu faz com que ele fique ainda mais interessante.

Vou dar uma trégua ao mau humor. Tenho uma reunião com o cliente hoje, apresentação da planilha de custos, orçamentos e everything else. Tenho que ligar para um amigo querido para que ele resgate um maledetto dum cheque meu no Bistrô. Tenho que pendurar as minhas roupas, lavar os cabelos, lixar as unhas, polir o espírito. Mas aí já não interessa a nenhum de vocês não é?

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Enquete Badulaque
A pior música que você ouviu durante o sexo


Ah, não resta dúvida: "Amor de rapariga não vinga, não/ Não tem sentimento, não tem coração/ Eu sei que um dia ele vai perceber!"

Coisas que só Daniela e seu partner para aventuras bizarras conseguem...


Eu juro que achei que ia cuspir todos os dentes, de tanta enxaqueca. Lá pelas tantas, cuspir os dentes seria o mínimo: se eu abrisse a boca, eu metralharia com os meus marfins o primeiro vivente que aparecesse.

Dois comprimidos de Neosaldina, e me lembrei de uma overdose de Ponstan que tomei certa feita. No meio das estrelinhas coloridas que a enxaqueca brutal me fazia ver, eu consegui forças para uma risadinha: fiquei grogue, grogue com aquelas cápsulas, daquela vez. Será que a Neosaldna também me tiraria do ar?

O humor acabou com mais uma pontada de dor forte. Só o lado direito doia, será que tem algum significado místico? Quanto tempo leva para fazer efeito o remédio? Levantei da cama, encostei a testa no canto mais escuro do quarto, e lá fiquei. Em pé dói menos, mas ainda assim eu estava perto de enlouquecer. Voltei pra cama, cobri os olhos com o travesseiro, e fiquei ordenando à dor que fosse embora.

Volta e meia tinha espasmos musculares de dor absoluta. A mão contraía sem que eu pudesse conter, e parecia que alguém que cutucava com bastões de teste de energia elétrica. Autopunição? Mas por quê? Por não ter paciência com aqueles a quem amo? Por não exercitar o amor incondicional? Ah, vou tomar um sossega-leão para dormir! Vou nada, lembrei que ele leva uma hora inteira pra fazer efeito, e misturado no outro podia dar uma ziquizira invertida...

Whatever... Duas horas depois, o remédio começou a fazer efeito. Duas horas de inferno, e a noite acabou nem tão tranquila assim. Por outro lado, dor purifica. só me chateio porque não teve sangue. Pela catarse promovida num amigo meu, muito recentemente, sangue realmente faria com que eu purgasse os meus fantasmas mais mesquinhos...

segunda-feira, agosto 18, 2003

Cadê as porras dos orçamentos que não vêm?

Vou é me mandar pro Centro pra fazer meditação e colocar a cabeçavida em ordem. E meditar, mandar muita luz para clarear os ressentimentos, as dores...
Respondendo pra ela o comment para o post do Portishead:

Eu passei um tempo que só de ver o CD do Portishead (o CD mesmo, não era nem a capa) eu já perdia o foco dos olhos, entreabria a boca, lembrava de váaaarias coisinhas legais sobre um certo fã da banda, ficava vermelha, dava uma risadinha de canto de boca, olhava em volta pra ver se alguém tnha reparado e fazia minha cara de gata satisfeita.

Ele tinha olhos felinos, minha Valentina, pequenos, castanhos-meio-verdes-meio-amarelos. Felinos olhos do felino que não gostava de gatos. E ele é que me ensinou toda a conotação sexual de Only You... Fosse o Descendente dos Vikings me apresentando a banda, eu pensaria em meias cerzidas, panelas de alumínio, pentes de plático... coisas bem sexies...
Coisas que sei

.não adianta querer fazer orçamento sem tomar Prozac. Não funciono.
.não adianta trabalhar caindo de sono. Não rendo.
.não adianta estar com a cabeça num assunto para resolver outro. Não concentro.

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Quero que saia, quero que fique. Quero que me cuide, quero que me esqueça. Quero que me ligue, quero que desapareça. Quero que me ame, quero que me odeie. Quero você, não quero quero você.

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Sou geminiana, eu posso.

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"Quando eu amo eu devoro
Todo o meu coração
Eu odeio, eu adoro numa mesma oração"


Chico Buarque, Baioque

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Chico é geminiano. Ele pode. Aliás, Chico pode tudo.

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8 salgados por pessoa? É quase um jantar!

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Bolo de aniversário do Fantástico? Até aí tudo bem... Mas ninguém me tira da cabeça que comer alguma coisa com a foto do Cid Moreira em cima não faz bem pra digestão...

Em tempo: o site deles é MUITO bom!

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Charlies Browns Anônimos

— Boa noite. Meu nome é Scarlett O'Hara e só por hoje eu não vou ser uma loser.

A idéia veio daqui.


O que um café da manhã não fizer por uma forte dor de cabeça, nada mais faz nesta vida...

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Trabalhar, né? Orçamentos, planilhas...

Mas primeiro ler horóscopos, claro! Links aí do lado, em "Grua".

Esse é para todos os signos:

Viver o novo amor ou requentar o velho amor?

O vigoroso e espiritual Sol e a amorosa e dengosa Vênus estão em conjunção, praticamente ao mesmo tempo em que se colocam na exata quadratura com a Cabeça e a Cauda do Dragão. Um momento de suspensão, de impasse, entre avançar para o futuro na vida amorosa ou se contentar em requentar um velho amor (que talvez nem seja mais amor, apenas sua casca vazia). Naturalmente, o tempo é para avançar a uma vida nova (mesmo porque águas passadas não movem moinhos...). Não tema ser espoliado pelo novo amor nem ache que precisa de mais provas confirmatórias antes de se entregar a ele. Use positivamente a auto-confiança: dê mais de você ao que está vivendo.


Daqui...

Eu ia tomar meu café da manhã... Mas está adiado para depois do desenho da "Turma do Pato Bill"!

Sorvete de chocolate com flocos de girino não é o que há?
Central de enxaqueca

— Esse dispositivo se autodestruirá em 40 minutos.

Esse "dispositivo" é a minha cabeça...

domingo, agosto 17, 2003

Pelas barbas do camarão!

Minha Valentina, você também foi abduzida pelo Portishead? Você também tem pensamentos lúbricos só de olhar pro CD? Minha amiga querida, você não tem noção do quanto perto da ninfomania eu cheguei por causa (e ouvindo) Portishead... Tente Only You e você vai entender (se é que já não é mestra, como eu, no assunto Portishead e suas implicações sexuais)
Um certo azedume que me ronda, e ontem até pensei que ia conseguir dormir cedo. Como um Scrooge fora de hora, rabugentei na cama à partir das sete e quinze da noite.

Reunião com o cliente, com os envolvdos, conversa que varou a tarde, planejamento feito, fecha a agenda, ônibus pra casa.

— Vamos até a Concha?

Não, caro caríssimo, vou pra casa destilar meu veneno em cima do colchão. Juro, pensar até pensei no Vem Que Eu Tô Facinho, que lá estaria com a mais absoluta das certezas. Mas aqueles cabelos cor de palha e aqueles olhos que grudam em mim não foram suficientes para me fazer enfrentar a turba para o show da Margareth e do Cidade Negra.

Ah, vamos ser muito justos? Eu estava, sim, com vontade de ir, antes de ser sumariamente deletada por um amigo a quem eu já vinha pedindo UM (uma unidade) convite desde segunda feira. Ele fez questão de não lembrar que comigo esteve na terça, quando refiz a súplica, e deu o convite para outra pessoa.

É bobagem? É, é sim, mesmo porque eu poderia ter entrado pelo portão de serviço, ou poderia ter aceito o convite que surgiu depois. Mas o que realmente dói é o descaso. E — mesmo sabendo que ele não lê mais isso aqui — meu amigo, isso não é só você que pratica, não. O descaso, a falta de zelo vem de TODOS os lados.

O descaso é usar somente a Dani-estepe, a Dani-estava-aí-por que-não?, a Dani útil, a Dani que ouve, que cuida, que se preocupa. Usar só essas versões é sacanagem. Vamos lá, então, "amigo", por acaso sabe que faço origamis? O cavalheiro ali ao centro, sabe por quem estou apaixonada? E a mocinha aí no canto, encolhidinha de vergonha, por acaso sabe que eu me magôo muito fácil, que eu sou detalhista, e que o fato de me doar por inteiro faz com que eu esteja sempre muito vulnerável?

Um dia, Deus, um dia eu aprendo...

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E não dormi cedo. Li DOIS livros (Guadalcanal e 79th Park Avenue) até a uma e meia da matina. Livros inteiros, grandes, e "Canal" é um tantinho técnico...

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Mais uma vez? De novo!

Pois é, Daniela idiota, perdeu de encontrar o Vem Que Eu Tô Facinho ontem por pura birra... Ah, se não tiro aquela aliança da mão direita dele...

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Do papai:

— Nana é jungiana, Dani. Ela já conseguiu conectar o consciente com o inconsciente, já resolveu todos recalques, é individuada. O problema de pele dela? Ah, resgate espiritual, tenha certeza!

Nana é a cachorra daschund...

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Bacana é a Bibia, que não pode ouvir ninguém dizer que está com sono:

— Você vai descansar a alma?

Sim, a mãe só a convence a dormir quando usar a expressão "descansar a alma". Mas não parece eufemismo para morte?

sexta-feira, agosto 15, 2003

Uma imagem



***

E o clima estava péssimo desde o início. Péssimo, denso, meu humor estava regulado entre zero e um. O Dani sentiu a noite estranha, também, e, puts, antes a gente tivesse ido para o posto BR mesmo.

Um movimento brusco, e lá estava um braço ensangüentado, um pára-brisa traseiro arrebentado, uma dose extra de adrenalina correndo veias afora. Foi sangue demais para uma noite que não me deixou confortável hora alguma. Foram estilhaços demais para uma noite de minguante sem brilho. Mas teve amor suficiente para uma noite tensa. Apesar dos pesares, das dores e ressentimentos, nunca ficou tão claro que o que está acma de tudo é o amor.

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Ah, e os feridos, de corpo e de coração, passam bem. De um jeito ou de outro, tudo foi desinfetado pelas poucas cervejas que entornamos depois.

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"Junte um bico com dez unhas, quatro patas, trinta dentes, e o valente dos valentes ainda vai te respeitar... Todos juntos somos fortes, não há nada pra temer!"

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"Já saquei. Encontrei um denominador comum na série de coincidências (boas e nefastas) que me trouxe de maio até agora neste "rollercoaster": é a falta de um "r" nestes meses. Igual a certos mariscos, tenho certeza de que em setembro, tudo volta a melhorar."

"Alguém aí afim de um roomate divertido, gente boa, companheiro, um tantinho desorganizado, cozinheiro de mão cheia e que ainda se esforça prá ser bonitinho? Lavo, passo, prego botão, tenho uma biblioteca ambulante que anda comigo, mais de 100 cds numa mala, uma receita secreta de batida de maracujá, ponho cartas, leio mãos, assobio, instalo chuveiro elétrico, faço chapinha, recito Shakespeare no original, viajo um bocado a trabalho, sei ficar no meu canto, sei ser amigo até o fim."

Ah, Holden...

quarta-feira, agosto 13, 2003

Publicidade Trash



Rainbow Bathrobe
Para terminar aquellas noches gloriosas con un baño de inmersión y una bata que abrigue nuestros recuerdos.









Let's Hear It for the Boy Vol. 1
Dos CD que contienen música sexy para ambientar una noche muy prolongada.






On the go Travel Kit
Si piensas en viajar, no te olvides el kit de viaje de Kenneth Cole, de cuero genuino y con compartimentos para llevar todas tus ilusiones.

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PQP Futebol Clube! Espanhol gay é pior que roteirista de Maria do Bairro!

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Rá! "Una bata que abrigue nuestros recuerdos".

Isso é MUITO, muito brega!
O post abaixo foi LEVEMENTE censurado.

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Coisa mais esnobe: me peguei ouvindo Chopin enquanto lia Maquiavel.

Se começar a rolar Wagner enquanto folheio Mein Kampf, mereço aa morte...

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Estou procurando uma receita de molho de peixe para a Algas. Na boa, o Babelfish deveria ter um tradutor de Português (PT) para Português (BR)...

O que é 3 dl de leite, por Jaga?
Que raio é chalota?
O lume brando eu sei, até por dedução...
"Deixe arrefecer" (sim, eu sei o que é arrefecer)???

E o bacana são as medidas:

Um pouco de maionese
1/8 de litro de nata
Um pouco de rábano
Sumo de limão q.b.

No que resulta? Algas vai comer peixe grelhado mesmo, porque eu vou continuar a investigar a gastronomia lusa...
Não precisa se justificar. Não temos a mesma origem, e eu quase agradeço a Deus por isso. Porque só assim é possível te amar desse jeito.

Sou ciumenta. Pt. Ciumenta de não fazer escândalo, de engolir calada, de assimilar o golpe. Isso dói. Dói e não é pouco. Dói porque eu não tenho o menor direito de me manifestar. Nunca reivindiquei para mim essa possibilidade. Sempre fiz, a bem da verdade. Sempre dei minhas estriladas de ciúme.

Engraçado. Certa feita ouvi isso do amigo-irmão:

— Você é ciumenta!

E irmão, as reticências não querem dizer uma cantada.... Reticências só falam de amor.

Ciúmes. E estou espetada disso. Cheguei há pouco, deixei minha bolsa no banco do prédio, atravessei a rua e fui "bater cabeça" pras minhas orixás. Sentei na caixa de telefone do outro lado da rua, balancei as patinhas, saudei:

— Eparrei, Oyá! Odo, Oyá!

Salve, mãe vermelha, Yansã! Salve mãe de todos, Yemanjá! Se for meu, que venha. Se não for, que vá esse amor absurdo, e que me reste o que sempre foi meu. Se for do meu direito.

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Quer saber?

Morram! Morram de cirrose hepática, de cancro mole, de sífilis, de whatever. Morram!!!

Porque piedade de cu é rola!

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Post sujeito à censura...

terça-feira, agosto 12, 2003

Daniela, o Prozac e a memória

Descupem-me os antiquados, os preconceituosos, os limitados: sou outra pessoa depois do Prozac. Aliás, sou uma PESSOA. Não tenho o menor problema em admitir minha farta utilização deste medicamento, pretendo usá-lo até o fim da vida, se nada de melhor for lançado.

Tenho, sim, problemas graves com depressão. Tenho, sim, crises de síndrome do pânico. Tenho, sim, traços de bipolaridade. E sim, só os MUITO próximos sabiam disso.

Tive a sorte de ter minhas crises de síndrome do pânico na presença de um amigo-irmão-alma companheira. E depois, no meio da pior crise de toda a vida, tive a sorte de ser amparada por um homem a quem pouco conhecia, mas que é dono de um senso de humanidade, de caridade, de carinho...

Foi uma noite inteira dividindo o quarto com esse homem, suando frio, de olhos arregalados, tremendo. E ele — que coração enorme! — me ouviu, acendeu incenso pra mim, ajeitou almofadas nas minhas costas, encheu canecas de água gelada para que eu pudesse continuar falando...

E não bastando isso, de manhãzinha, antes de sair pro trabalho, foi apanhar mais água pra mim, e veio com um comprimido de calmante natural, Valeriana. Foi a última vez que vi esse homem, que antes só aparecia na minha vida nos anos bissextos intercalados.

Por que das memórias? Porque agora, no pico do efeito da fluoxetina matinal eu sinto que nunca disse o quanto ele foi importante pra mim. Sim, vamos nos encontrar, ele continua vivinho da silva, e eu vou poder consertar. Mas tenho amigos mais próximos a quem nunca disse o que realmente significam pra mim.

Nunca disse pro Ernesto o quanto ele agrega na minha vida, mesmo que sumido eventual. Nunca disse pro Holden o quanto a ternura dele me faz uma pessoa melhor. Nunca disse pra Ju o quanto a acho brilhante, bonita. Já disse algumas vezes pro Felipe o quanto o amo, mas nunca o suficiente. Já deixei transparecer algumas vezes pro Zeba o quanto dependo dele, o quanto a vida fica sem graça sem ele, mas acho que nunca me fiz entender.

E por aí sigo, deixando de dizer tudo isso — e mais — porque o dia não estava azul, porque a umidade relatva do ar não estava adequada, porque Júpiter não estava num bom aspecto com Marte, porque o efeito do Prozac passou. Mas sigo. Sigo, singro, chego.

segunda-feira, agosto 11, 2003

Indignação

Sabe uma coisa que eu adoro? Adoro mesmo? De coração?

Fazer um trabalho e não ser devidamente creditada. Como as fotos que eu fiz, que pelo jeito espoucaram sozinhas da MINHA câmera, porque não vi meu nome em lugar algum.

Por isso, Deus, por isso que neguim não vai pra frente, e se depender de mim, só vai caranguejar...
Três fotos novas, roubadas do Espiando...
Eu quase digo. Cheguei a respirar para engatar a primera e soltar o verbo, mas achei que a temperatura ambiente não era adequada. Achei que o ar estava tenso. E denso.

Mas eu ia dizer. Ah, e daí que não era apropriado? E daí que não se mudam as regras do jogo com ele no meio? E daí?

Eu ainda (não) pago as minhas contas, e se eu sou responsável por isso, não devo satisfação da minha vida pra ninguém mais.

Mas eu não dsse. Nada do planejado saiu desta boquinha. E eu tnha tanta coisa legal para dizer, tantas coisas para contar, tantas descobertas feitas a serem partilhadas. Foi bom passar por essa trip sozinha, mas eu queria contar que a memória táctil foi mais forte que o hábito. Que estou com as impressões digitais gravadas nas costas, que ainda tenho a pressão da mão na minha nuca.

Eu queria contar que me libertei tardiamente de um vício, e que só percebi que o antídoto tinha feito efeito quando usei o narcótico de novo e não tive nenhum barato. Sou geminiana, sou insistente, persistente, chata, recorrente: não deixo o osso assim tão fácil. Vou me intoxicar de novo, vou encher a cara da substância proibida, mas acho que a partir de agora estou imunizada.

E eu tinha que contar. Tinha que dividir. Louros a César: se não dependo mais "do" droga, não foi sozinha que cheguei lá. Foi um trabalho de equipe: uma equipe de beijos, abraços, risadas, mãos, suor e carinho. Mãos nossas, risadas suas, lágrimas minhas. E tenho dito.

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Ouvindo CDs de amigos. Bons músicos, bons amigos, bons CDs. Enquanto o seu lobo não vem..., cuja primeira faixa já deve estar gasta. Enquanto isso..., Léo, Metade e Dinha, na voz grave e bem modulada do Metade...

E agora é Pedro Luís e a Parede... Meus CDs preferidos, esses três, daqueles que andam pra todos os lugares comigo. Faltam os dos Los Hermanos, imprescindíveis.

domingo, agosto 10, 2003

Como, como começar?

— Eu te amo, mas...

Não, acho que fica meio sujo... Mas peraí... Sujo por quê? Eu amo mesmo!

— Eu te amo, mas não só a você...

Ele tem um troço. Uma síncope. Uma apoplexia. Ele não admite que não é o único. E juro: está longe de ser...

— Eu te amei.

Ele morre. Porque "amei" pressupõe passado. "Amei" é pretérito perfeito. Terminado. Não amo mais. E vou amar. Até o último dos meus dias vou amar, e talvez nunca como hoje. Mas sabe o que é que matou?

É estar num momento que não permitia interrupções mentais, e ter deixado a cabeça vagar por paragens outras, lembrar de beijos outros, de pegadas outras, de peles outras. O que matou foi aspirar o perfume esperando uma coisa e ter recebido outra. Foi esperar por um conjunto de dedos, e achar outros; foi comparar, e achar que finalmente eu não o encaro como perfeito.

O que vou fazer agora sem um amor default?

O que vou fazer agora com...

sexta-feira, agosto 08, 2003

Copy & Paste

"Any man's death diminishes me because I am involved in mankind; and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for you".

MEDITATION XVII: John Donne (1572-1631) Abbreviated version

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"Nenhum homem é uma ilha, contido em si mesmo. Cada homem é um pedaço do continente, uma parte do todo. Se um cabo for levado pelo mar, a Europa ficará menor, como também se um de seus amigos, ou você próprio, o forem.

A morte de qualquer homem me diminui porque eu integro a Humanidade. Por isso nunca pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por você. "


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"Este será, para muitos, um apelo a botar a mão na consciência e assumir a própria responsabilidade. Pois 'nenhum homem é uma ilha - Nunca mande perguntar por quem os sinos dobram: eles dobram por você' ''.

Umberto Eco

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Há anos, muitos anos eu procurava esse texto do Donne, que abre o livro "Por quem os sinos dobram", do Hemingway. No início deste ano, vadiando por Copacabana, parei num sebo e dei a vasculhar por livros. No susto, achei o tal, mas já tinha comprado "Rebecca" de manhã e estava sem dinheiro. E hoje estou sentindo como se os sinos dobrassem por mim. Vou ali tomar um Prozac e volto.

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Linda, linda a percepção da vida que essa menina tem! Esse texto foi roubado aqui.

Take 1: Andando lah pelas bandas da Trompowski, vi umas rosas lindas, arrumadas em bolhas. Eram daquelas rosas importadas, grandonas. Adorei. Comprei uma em tons de cor-de-rosa para deixar sobre a minha mesa no trabalho.

Take 2: Chegou a Neide, uma das faxineiras da empresa terceirizada que limpa o predio onde eu trabalho. Meio triste, ela disse que era o seu ultimo dia ali. Eu perguntei: entao vais para outro orgao publico? Nao, nao... vou ser demitida. Eh que a empresa perdeu a nova licitaçao. Fiquei triste e dei a rosa para ela. Ela saiu da sala feliz da vida. Acho que foi a primeira rosa que ela ganhou.

Take 3: A minha mesa ficou muito mais bonita sem a rosa.




Did I really kiss him??
Deus, que história foi essa?

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Bistrô, Arno. Como esse homem me faz bem... Como o meu dia ganha em encontrá-lo...

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Deus, eu tento mudar de assunto, mas a memória é maior do que a dos goldfishes...

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Vamos por partes?

Unblogged: Zeba é o irmão que não tive, o amigo que me supre INTEGRALMENTE, o namorado fake, a alma companheira. Parou com o blog, estou devendo um lay out novo pra ele, mas acho que um dia ele volta. Me deu de presente excelentes momentos de textos, de risadas, de cumplicidade, de gargalhadas, de vida...

Toluca: Marina é fofa até onde cabe o adjetivo. Ela não sabe, mas meu santo foi com o dela desde a primeira vez que nos vimos, num longínquo Chapa D'oro, onde entabulamos uma conversa deliciosa, de horas.

I fought in a war: Holden... Eu sabia, sim, que a gente tinha estagiado juntos na agência... Só não sabia que você era dono de um texto acre, de um temperamento doce, dono de uma índole tão boa, de um coração tão suave. Foi uma das mais gratas surpresas...

Gitana: Minha, minha Valentina. Mulher com M em caps, que eu admiro, me espelho, me oriento, me norteio. Espírito equilibrado, alma mansa, gênio indomado.

Nordestino Subdesenvolvido: "Lefê", se eu pudesse escolher um homem pra casar, seria você. Adoro o senso de humor dele, adoro o texto, adoro as tiradas, e o diabo do cara ainda é bonito que nem um pecado!

Posso continuar amanhã, né? Tenho tanta coisa de amor pra falar dos próximos...

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OK, continuei a noite. Uma taça de Porto, um maço de cigarros quase zero, estado de novos. Acho que ao final do Porto estarei com Marrakesh pra lá... Whatever.

Tomara que o dia nasça (nascer é um verbo defectivo?) clarinho, sob a égide do esquecimento.

quinta-feira, agosto 07, 2003

Vamos ver agora?

É difícil ficar inventando texto quando se precisa postar para ver as alterações do lay out...
Vixi, ainda tem defeito!

Peraê!
Blog consertadinho!

.Duas novas fotos lá embaixo!
.Endereço novo na Reunião de Pauta!
.Espero que todas as fotinhos alinhadas!
.Novo estado civil em Expediente!
Daniela, uma manhã de webdesigner

Como, Deus, como fazer uma geminiana manter a atenção num único assunto?

terça-feira, agosto 05, 2003

Sem as lentes de contato, visão regulada entre um e dois. Um prato vazio do petit gateau meia boca que comi, um maço de cigarros que olha pra mim com sua boca de dentes brancos rosnando. 30 seconds to Mars tocando, mas ouço com espírito de Piaf. Vou tomar um Prozac e volto...

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Bem vindo, Vinícius Valentim! Que seja doce, que seja doce, que seja doce!

Estava escuro, o tempo esquentou um pouco... Hora de sair, né? Deve ter sido o que o Vini pensou ontem a noite, quando finalmente fez suspirar de alivio aquele pai agoniado e a mãe plena. Diz a lenda que o tio Zeba filmou o parto... Logo, a probabilidade dele desmaiar hoje é enorme! Efeito retardado....

Não, ainda não fui. Vou tomar um banho daqui a pouco, passo lá, sopro meus votos de felicidade naquele toquinho de orelha, dou um abraço apertado naquela mãe linda, outro no pai de primeira viagem, e sigo meu caminho em busa da reunião perdida.

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Ela vai embora... Vai voltar pra minha Pasárgada, dançar em nuvens mais consistentes, com salários mais generosos, contratantes idem. Vai deixar uma lacuna enorme...

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Onde eu estava com a cabeça quando baixei Marillion?

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Minha dupla assume uma conta nova segunda-feira. Droga, será que só eu não tenho emprego fixo?

segunda-feira, agosto 04, 2003

Vasculhando uns emails muito antigos, mas muito mesmo, achei esta pérola rabiscada por esta que vos fala. Sm, existem alguns errinhos, sim, algumas formas contractas, mas eu era sábia e não sabia (e ainda faço trocadilhos?)...

E Alice um dia acordou, e descobriu que o seu gato nunca sorriu, que o coelho nunca usou chapéu nem relógio. Se por um lado isso a entristecia, por outro era motivo de comemoração: a Rainha de Copas nunca existira, e se ela não era real, sua cabeça — a de Alice — nunca estivera em risco!

Alice in Wonderland, o sonho não acabou. Ainda temos, de quebra, beijinho de coco, pão doce e queijadinha. Deixar Wonderland é duro pra caramba, mas pensa que o mundo adulto é delicioso, e que vc sempre vai poder correr pra casa quando as coisas ficarem realmente negras... É divino vc ser dona da sua vida, dona do seu dinheiro, economizar dali, puxar daqui, para poder se dar ao luxo de jantar fora duas, tres vezes por semana. Aí vc descobre que faltou o dinheiro do pão, mas que valeu a pena. O mundo adulto é feito exclusivamente de concessões.As vezes a gente se estrepa, falta o dinheiro pra pagar a conta do celular, o cartão de credito e a luz. Mas e daí? Tem vezes, tb, que vc puxa o seu saldo e leva um susto... Não pq a conta está numa cor intermediaria entre o vermelho-entrei-no-cheque-especial e o preto-não-devia-ter-comprado-aquela-bolsa-de-110-reais, mas sim pq vc tem mais dinheiro do que esperava. E mesmo q nunca tenha mais do esperava, é MARAVILHOSA a sensação de não ter que pedir nada para poder jantar com as amigas naquele restaurante maneiro, ter a própria casa, de chegar na hora em que bem entendemos, de dormir até a hora q o sol quiser, acordar com o telefonema do seu amigo querido que não pede, mas convoca sua ida à praia mais distante do mundo com ele. Sair sem arrumar nada, encontrar aquele pé de meia exatamente do mesmo jeitinho que vc deixou antes... E saber q ele só depende de VC para sair dali.

Nossos pais saíram de Wonderland muito mais tarde que nós, e nunca adquiriram esse jogo de cintura pra dizer não quando nosso amigo querido, o mesmo q nos convocou para ir à praia, nos joga um saquinnho (paco, viu?) com cocaína dentro e diz q é presente. Nossos pais dificilmente foram amigos de bandidos, dificilmente tiveram conhecidos que praticaram pequenos delitos... Nosso poder de negociaçào, por consequencia, é bem maior que o deles.



Show dos 40 anos de carreira do Paulinho Boca de Cantor na Concha. Titaiah Carey fez a gentileza de se perder na segunda música, e daí pra quarta música, vaguei pelas escada atrás dos meninos da TV. Não os achei, mas topei com a minha paixonite da época da faculdade, que não se furtou a dar uma boa olhada para ver o que o severo regime tinha feito à minha silhueta.

Resumo da ópera: assisti ao show inteiro sentada com o Fabinho nas escadas da Concha Acústica, ouvindo ele contar que tinha tomado mamadeira ouvindo Sargent Peppers, rindo dele reclamando por causa do andamento da bateria, ouvindo uma lição (contestadíssima!) sobre não haver um melhor guitarrista. Divertido esse menino...

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Estou apaixonada. Rhett... Ah, Rhett Butler, por que tamanha distância nos separa? Charleston é tão longe de Salvador...

Sim, estive lendo Scarlett durante todo o final de semana, por quê?

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Estou começando a perder a paciência com o atraso no pagamento. Tenho medo da hora em que cair a última gota d'água no meu já transbordante copinho: ainda não tenho a medida exata do estrago que posso causar.

sexta-feira, agosto 01, 2003

Tiro os óculos, coloco as lentes, pisco. Testando vídeo, OK, faço o balance dos olhos, estou pronta para enxergar. Subo na balança, vamos ver o estrago da última quinzena... O QUÊ? Eu emagreci?

Saltitando qual a noviça rebelde pelos campos austríacos, vou pra cozinha quase cantando:

— Alguém tem subido na balança pra me dizer se ela está correta?

Algas, lá do quarto:

— Eu não! Eu quero é ser feliz!

Papai, na cozinha comigo:

— Eu não gosto dessa balança, Dani. A outra eu subia, descia, subia, descia, até que ela marcasse o peso que eu queria...

E ele ainda arremata:

— O mal dessa balança é que ela não aceita negociar!

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Menina linda, barriga redondinha, trinta e nove semanas de espera. Vinícius Valentim, 3 quilos e 100 gramas, leonino. Lá dentro ainda está quentinho, escurinho, sair que é bom ele não quer.

A mãe, dona de placidez invejável, altaneira como uma Virgem Maria, espera com paciência o dia em que seu sono não será mais initerrupto. O pai já sabe o que é não dormir uma noite inteira... Aliás, há duas semanas ele não sabe mais dormir.

— Você vai trançar os cabelos sábado que vem, Zeba? Me liga que eu vou com você!
— Clari, por Deus, você não vai a canto algum no próximo mês! Você vai é ficar se recuperando do parto!
— Recuperando do parto, Dani? Em dois dias estou liberada para sair! E nem vou trancar minha faculdade!
— Clari, só os índios se recuperam em dois dias, tenha juízo!


Segue ela, com hábitos silvícolas, achando que vai dar à luz Macunaíma. Segue o Dani, pai insône, e olha que o Vini nem nasceu; segue o tio, bipolar que ontem estava no dia de magnanimidade com os outros mortais, e sigo eu. Eu, tia atrasada e retardada, mãe de carreira frustrada, que tive que ser uma bem-sucedida profissional de comunicação para calar a vontade de criar uns cinco guris, que berrassem impropérios, que me fizessem perder noites de sono por causa de uma nota vermelha na caderneta.

Crianças minhas, minhas, com mãozinhas pequenas agarrando meus cabelos, quebrando meus bibelôs de vidro, meus controles remotos e meu coração. Filhos, pelo menos três, para eu poder olhar para todo mundo com o mesmo ar pleno, tendo a minha barriga como mira, minha criança como objetivo, nossa felicidade como meta.