Como, como começar?
— Eu te amo, mas...
Não, acho que fica meio sujo... Mas peraí... Sujo por quê? Eu amo mesmo!
— Eu te amo, mas não só a você...
Ele tem um troço. Uma síncope. Uma apoplexia. Ele não admite que não é o único. E juro: está longe de ser...
— Eu te amei.
Ele morre. Porque "amei" pressupõe passado. "Amei" é pretérito perfeito. Terminado. Não amo mais. E vou amar. Até o último dos meus dias vou amar, e talvez nunca como hoje. Mas sabe o que é que matou?
É estar num momento que não permitia interrupções mentais, e ter deixado a cabeça vagar por paragens outras, lembrar de beijos outros, de pegadas outras, de peles outras. O que matou foi aspirar o perfume esperando uma coisa e ter recebido outra. Foi esperar por um conjunto de dedos, e achar outros; foi comparar, e achar que finalmente eu não o encaro como perfeito.
O que vou fazer agora sem um amor default?
O que vou fazer agora com...
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