domingo, agosto 31, 2003

E o vizinho preenche as lacunas da minha tarde me fazendo ouvir Diana.

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Rondó de uma mulher só

"Estou só, quer dizer, tenho ódio ao amor que terei pelo desconhecido que está a caminho, um homem cujo rosto e cuja voz desconheço.

Sempre estive duramente acorrentada a essa fatalidade, amor. Muito antes que o homem surja em nossa vida, sentimos fisicamente que somos servas de uma doação infinita de corpo e alma.

O homem é apenas o copo que recebe o nosso veneno, o nosso conteúdo de amor. Não é por isso que o homem me atemoriza, quando aqui estou outra vez, só, em meu quarto: o que me arrepia de temor é este amor invisível e brutal como um príncipe.

Quando se fala em mulher livre, estremeço. Livre como o bêbado que repete o mesmo caminho de sua fulgurante agonia.

(...)Que farei deste amor que me esvazia e vai remoendo a cor e o sentido das coisas como um ácido?"

Paulo Mendes Campos

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Amodeio.

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