quarta-feira, agosto 27, 2003

Hospital

O que era uma grande pressão nos malares por causa da sinusite se transformou numa enxaqueca de proporções hercúleas. Resultado, fui parar num lugar onde não piso, como paciente, há mais de dez anos: PS do Hospital Português.

Pela cara com que cheguei, eles devia estar indecisos entre medicação e extrema-unção. Respirei, gemi de dor, e eles optaram por medicação. Numa boa, se eu morrer esta semana não precisa nem embalsamar, de tanta química.

.uma ampola de Decadron
.uma maxi ampola de Tilatil
.uma ampolona de Dramin
.duas mega ampolas de Diporona (que doeram horrores!)
.um frasco de soro cxom um analgésico cujo nome não me recordo
.um frasco de soro com Sylador

Antes disso, a presidente do Centro de Medicina Popular Daniela Henning havia ministrado dois comprimidos de Paracetamol e meio comprimido de Lexotan. Um luxo!

Uma e muito pouco da matina eles começaram a furar a minha veia. Quase 4 da manhã eu ainda estava andando que nem uma leoa doente, de um lado pro outro do ambulatório, de tanta dor.

— Senta!
— Huuuumpf
— O que?
— EM PÉ PIORA!!!!!!!


Droga, porque as pessoas insistem em conversar quando tudo o que você quer na vida é morrer?

O médico

Rápida é uma consulta onde o Doutor consegue dizer pelo menos o nome. Abaixo desse tempo, só se ele estiver treinando para pit stop de Fórmula 1. O que deve ser, aliás, o caso desse médico. Sério, meio azedo, sem amor nenhum no coração. Acho que a culpa era do sapato, que além de muito, muito feio, devia estar apertado até a medula.

Lá pelas tantas, consegui arrancar um sorrisinho dele:

— Bom, Daniela, com essa medicação a dor deve passar por completo. Você tem alergia a algum dos componentes, ou não quer tomar algum dos medicamentos?
— Dr. Ricardo, estou aceitando até murro na cara pra apagar e não sentir mais dor!
(som de risadinha, ele estava de costas)— Mas fica tranquila porque vai passar. Boa noite!


Não passou.

— Enfermeira, peça ao médico para voltar até aqui, preciso que ele reforce meu analgésico, eu vou enlouquecer de dor!
— Senhora Daniela, eu nunca vi o Dr. Ricardo passar o Sylador logo na primeira tentativa. Você já está sob risco de intoxicação, tem muito remédio circulando no seu organismo.


Bom, e o que eu faço se o médico já usou todos os recursos da medicina ocidental dele? Apelo pra um pajé?

— Então pede a ele pra me dopar!

Ela não pediu, ele não voltou. Mas lá pelas quatro a dor começou a melhorar. Quero ir pra casa!

Quinze minutos depois vem a mocinha com a conta fechada, conta esta que não me interessa porque o plano de saúde que se vire. Saí, muito dopada por causa do coquetel, e, surreal dos surreais, encontro a Algas e o Papai discutindo se iam ou não ao supermercado comprar margarina. Eu devia estar muito, muito chapada mesmo. Vou averiguar hoje se eles realmente iam ou se era mais um delírio da saga da Daniela

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