terça-feira, junho 06, 2006
Eu nunca sei o que falar quando acaba. Principalmente com ele. Só quem faz produção entende que a intensidade dos dias faz parceiros para toda a vida. E que a separação dói. Dói porque ainda tem amor.
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São dias inteiros em que a gente vê mais a equipe do que os filhos, que a gente faz mais carinho no colega de trabalho do que no namorado/marido. A gente divide a intimidade de uma van, a gente fala ao telefone em conjunto, ri de piadas que a família não entenderia, fala uma língua toda própria. A gente reza junto para não chover, para chegar na hora, para voltar mais rápido. Acumulamos histórias que serão contadas outras vezes, em outros trabalhos, para amigos em comum.
Somos uma raça de fofoqueiros, ávidos por uma notícia picante sobre casamentos, traições, casos e separações, quem deixou a câmera cair, quem fez merda em qual filme. Mas não nos leve a mal. Assim como a sua profissão, a nossa é como um feudo, com a diferença que existem mais administradores de empresa do que produtores. E muito mais advogados do que diretores. É natural que todo mundo se conheça e... bom, fofoca é fofoca em qualquer área.
E assim vamos, vivendo cinquenta anos em cinco anos-meses-dias. Vamos, juscelínicos seres, construíndo amores até que a morte nos separe. Ou até que o diretor grite "corta!".
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Desde aquele colega de trabalho, não me apaixono. Coloque aí um ano e 9 meses sem friozinho na barriga, sem coração pulando. E não, não me apaixonei de novo por este moço que me afaga a alma. Não sou burra a esse ponto, mas... A vida com ele é muito boa! Que delícia essa profusão de abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim. Que delícia essa abundância de elogios, de beijos roubados, de promessas e risadas. A não-obrigatoriedade e o não-compromisso do nosso relacionamento quase garantem a obrigatoriedade e o compromisso das próximas vezes. Ele tem o dom de me fazer tão especial a ponto de nunca sentir ciúmes.
Talvez seja um tipo de amor. Amor de quem tem insights iguais, de quem invade os pensamentos um do outro. Amor de quem tinha que se reencontrar nesta vida para que as coisas ficassem mais coloridas de vez em quando. Quase como um amuleto, um casa de praia para passar um final de semana, uma paleta de cores vivas quando tudo está chato. É esse amor que temos. É lúdico. É em cores. É isso mesmo: sou uma pessoa muito melhor quando estamos juntos.
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No meu caso, a prosperidade se mede pela quantidade de cadernos de notas de trabalho. Vou começar o segundo caderno do ano, quando ano passado usei umas vinte folhas e nada mais.
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