quinta-feira, junho 06, 2013
Dia #4 sem fumar
Muito cedo para me chamar de ex fumante. Tinha combinado comigo mesma (ok, ok, com Helena, Helga, Gleice e Dimitri) que meu dead line de cigarros era no dia da assinatura do contrato da Petrobras.
Combinado não é caro. Parei (pelo menos por enquanto). Há quase uma semana sem fumar — ensaio —, CLARO que o primeiro dia oficial ia ser tenso. Persegui fumantes na rua atrás do cheiro do cigarro. Pensei em cigarros dançando comigo pelos campos da Áustria, e cantando Edelweiss. Saltamos nas piscinas em acrobacias, Esther Williams (RIP) da indústria tabagística e eu.
Tirando o exagero que me é habitual, vamos lá: não vou morrer. Treinei bem para a nova vida de sem cigarro, fiquei sem levantar da mesa para fumar em locais proibidos... Mas nada prepara para a triste hora do fim. Dói, dói perder o único objeto que esteve em cena na minha vida de 1989 pra cá. Dói não ter a muleta amiga, dói não ter o tempo entre abrir o maço de cigarros, tirar um indivíduo, acender, soprar, para depois de tudo responder. Dói não ouvir minha mãe perguntando se eu não queria uma gotinha de colírio, quando pedia uma tragada do cigarro.
É meu hábito mais longevo, minha companhia mais constante, meu amigo mais próximo ao longo desses anos todos. Foi quem esteve comigo em absolutamente todos os momentos de necessidade. Foi quem me amparou quando precisei... e foi quem motivou minha dor tão grande.
Era pra ser um texto mais felizinho, e ainda o será, mas não dá pra deixar de dizer que eu deixei de fumar porque tenho pai e mãe com história de câncer. Papai tá todo bonitão, vivinho, curado, e vai enterrar muita gente nova. Mamãe... Bom, knockout.
É isso. Hoje estou fazendo quatro dias sem fumar, não me chamo de ex fumante, mas é a primeira vez em 24 anos que eu paro por vontade própria. Conto depois como parei de fumar (e voltei meses depois) na primeira vez.
Teste de fogo: o dia #5 sem cigarro vai começar emendando no dia #1 no trabalho novo. Sem medo, mas não vou levar o maço de cigarros. Vai que...
sábado, janeiro 26, 2013
— Vamos?
Namorada cá é sedentária. Mais ou menos, porque meu trabalho me dá um puta condicionamento físico. Corro, subo e desço dunas, ladeiras, retões, uma delícia. Volta e meia ele vem pra minha casa, traz tênis, short, playlist, o escambau.
— Vamos?
Minhas respostas são variadas: “vai chover”, “preciso trabalhar”, “a lua está em gêmeos”, mas ir que é bom... Até ontem. Veio ele pra cá ontem à noite cheio de alegria, roupa de correria, digo, corrida, disposição pra três pessoas. Uma delas era eu.
— Vamos?
ão dava. Filha estava voltando de quatro dias na casa do pai, ia chegar naquele meio tempo... Vou esperar, né? Já tinha separado 3 episódios de Six Feet Under, ventilador ligado, caminha esperando... E filha chegou.
— Por que ela não vai também?
Olhos da filha brilharam. Se convidá-la pra andar descalça sobre brasas, ela topa, porque é sinônimo de sair. Suspirei. Suspirei de novo. — Vamos.
Calça (folgada, obrigada Deus pelos quilos perdidos, MESMO SEM CAMINHAR!), tênis (velho e furado, confortável demais, mas que vença pelos talentos, porque pela beleza...), camiseta. Outro suspiro.
— Vou te odiar amanhã?
Namorado ri e diz que não.
Oremos. Chave de casa na mão, filha na outra, vamos lá. Por que, Senhor, por quê?
Se eu estiver mentindo, que me caia uma chuva de tênis com amortecedor para corrida em terreno acidentado na cabeça: CEM METROS depois de ter saído de casa, pisei de mau jeito e senti uma fisgada na virilha. Trinquei os dentes, sorri e fui arrastando a perna pela vida afora. Lembrem-me de NUNCA MAIS criticar um jogador de futebol que “sente a coxa” depois de um treino, ou que não joga porque doeu a virilha. Toda a minha solidariedade.
Porto da Barra. Praia, noite de sexta-feira, gente jovem reunida. E eu lá, contando cada metro da caminhada. Filha tagarelando, perna doendo, calor. Delícia.
Namorado para pro alongamento, “vou acelerar um pouco o ritmo, tá?”. Claro, meu amor, vai na frente, me encontre aqui mesmo na volta, sendo atendida pelo SAMU.
Anda, anda, anda, anda.
(Pausa para uma explicação: acho andar uma cretinice sem fim. Você anda, anda, anda, chega num ponto e... VOLTA! Anda pra lugar nenhum sem objetivo, e VOLTA! É pior que andar na esteira! )
Anda mais, se pergunta como Namorado e Sogra SENTEM FALTA disso, chega no Farol da Barra. Vento, muito vento. Não fui de óculos porque quebraram (os novos estão chegando!), e claro, entrou um cisco do tamanho do mundo no olho. Direito. O pior dos dois.
Cisco. Filha puxando pela mão. Perna doendo. Opa, olha a unha encravada aí, que há dez anos não dava o ar da graça! Namorado foi lá longe, e já estava voltando.
Voltamos todos. Calça colada começa a coçar. Parei pra arranhar com as super unhas quinhentas vezes, como odeio calça de exercícios! Falei que estava grande? Então... Passei o caminho todo levantado o cós. Patético. Farol da Barra de novo, outro cisco.
— Não vou esperar amanhã pra te odiar.
Voltamos. Sobrevivi.
Nota triste: logo depois de chegar, me armei de uma coragem desconhecida e fui lavar a louça e fazer suco de melancia, de uma fruta que comprei INTEIRA (cadê o juízo, que me deixa comprar uma melancia inteira?).
Ou seja: funciona. Exercício realmente aumenta a disposição, renova o ânimo, é um show de endorfina. Hoje, dia seguinte, estou moída, não levanto o braço (não sei o motivo, já que andei, não fui de bananeira), e a perna direita já avisou que só faz o essencial hoje (cozinha – banheiro – quarto).
Fim da carreira de atleta? Não sei. Poderia dizer que tenho trabalho louco e acumulado na próxima semana, que vou estar cansada, que não dá pra caminhar com a filha... Continuo odiando exercício, me perdoem os amigos atletas , mas acho que não dá mais pra viver sem, tampouco adiar. Que o digam Namorado e Sogra.
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