sexta-feira, fevereiro 28, 2003

"..prisioneiros de uma diáspora desgastante e por vezes auto-destrutiva"

Roubado de um artigo estupendo de Leila Míccolis, numa resenha de Terra Estrangeira (1995)

"...e todos sentem a água como condutor e/ou mortalha de anseios, vivenciando-a como símbolo das próprias emoções — frágeis garrafas de vidro com pedido de S.O.S. vagando na superfície de profundezas abissais. É o elemento água apresentado como metáfora poética do útero materno com seus líquidos amióticos e mares de lembranças, cuja perda se extravasa no primeiro choro. Oceanicamente salgado. Diz Madruga, em República dos Sonhos: "O mar é minha memória. Sempre lancei no Atlântico as minhas lembranças. Mesmo aquelas de que hoje me envergonho. Onde estaríamos nós, se o homem europeu não tivesse ultrapassado Gibraltar, enfrentando e vencido o Atlântico? Unicamente o oceano é capaz de nos roubar e igualmente nos devolver a visão descomunal da realidade".

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Lua minguando, um sorriso pendurado no céu. Alguém ri da minha fortuna, alguém compartilha das minhas alegrias. Dentes enfileirados como pérolas num cordão, Gato-que-Ri comigo, não de mim. Risada que me conforta, porque na minguante durmo, durmo como que embalada pelo ronronar desse Gato de Alice. Sono uterino, morno, pontilhado de sonhos estranhos, realização de desejos inconscientes — ou nem tanto.

Lua que rege meu humor, minha cabeça, chave da minha tranquilidade. Resposta para os meus pedidos de serenidade. Lua que me tira energia, mas devolve em estrelas. Várias. Cacos de sonhos espalhados pelo negrume do céu, pequenos olhinhos que piscam e piscam e piscam pra mim, cúmplices de uma dor muda que não se identifica.

Jogo sujo. O escuro potencializa os sentimentos. Do ocaso à aurora, doze horas onde a única certeza é a incerteza. Incertezas que vêm com a primeira estrela no céu. Estrela-criança, dona de uma curiosidade ímpar, estrela que nunca se cansa de ver o sol se pondo.

Estrela que convida a um passeio pelas outras, mais e menos brilhantes. Estrelinha que nos intima a fazer um pedido diário: "Que seja doce, que seja doce, que seja doce!", "Que a noite me traga o amor que eu preciso, a paz que eu não quero seguir, a felicidade na medida exata."
Fazer o pedido de olhos fechados. E acreditar, e acreditar, mesmo sem ver a prova. Ou mesmo que a prova demore um pouquinho.

E finalmente poder sorrir para o Sorriso-do-Gato-que-Ri. Dançar sob as estrelas gargalhando na cara da dor, com os pés descalços na areia úmida, cheiro de maresia que envolve num abraço apertado. E esvoaçar os cabelos no vento do mar, tentar abraçar os pontinhos que brilham no céu, mantendo os braços abertos até que consiga agarrar uma ou duas. Ou até que canse de girar loucamente sobre o próprio eixo, peão de mim mesma, e deixe o corpo encontrar o aconchego da areia, ainda rindo. Bêbada-sóbria, palhaça sem lona, circo a céu aberto, em paz.

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Pelas barbas do profeta!!!

Estou escrevendo sobre Terra Estrangeira, procurando as fotos do filme, e acabou de virar "Vapor Barato" (track do filme) na rádio online!

Valei-me, São Pancrácio!

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Ainda Terra Estrangeira

"Um instante filosófico, repleto de poesia, paira na cena do velho navio encalhado no mar, impossibilitado de seguir ou retroceder, tal como os dois personagens que permaneceram estáticos dentro do contexto da marginalidade, numa vida reticente, envelhecida, como uma matéria bruta, ou como o velho navio enferrujado que não alcançou o seu destino. No entanto, o amor que surge entre ambos recompõe a possibilidade do sonho, é o condutor da libertação. No momento em que se amam, parecem perder a condição de estrangeiros, de estranhos, é o resgate de identidade, da própria vida (digna)."

Arthur Prado Netto


Post arrevezado, feito na máquina do quarto, em WordPad.

Escrever em WordPad é um exercício de fé. E ainda mais: o mouse morreu. Deus, obrigada pelo conhecimento mínimo de teclas de atalho, que me permitem fazer o que quiser na máquina... Menos gravar meus CDs de backup e os "D-Files"

Gravei um Cd bom como há muito tempo não gravava. Sem nenhuma vinheta de desenhos animados, já que as vinhetas estão na outra máquina, e elas se recusam a entrar em rede de novo. Mas era um CD que eu estava na espreita para tirar da prensa desde janeiro.

. Iris, do Goo Goo Dolls. City of Angels, e A música, pelo conjunto da obra.
. De música ligeira, dos Paralamas. Várias baladas no final de novembro...
. Complicated, da Avril Lavigne. "Why U have to go and make things so complicated?"
. Amor pra recomeçar, com o Frejat. Acústico. Bárbaro. Sucinto e singelo.
. Spiderwebs, do No Doubt. Ernesto, eu só penso em você com essa música!!!
. Ela disse adeus, ao vivaço (Rá, e quem fala assim?), dos Paralamas. Serginho, Serginho...
. Iris, Goo Goo Dolls, dessa vez acústico.
. One Headlight, com o gostoso Jakob Dylan... Uh, tá, os Wallflowers fazem uma participação
. Bigmouth Strikes Again, dos Smiths. Música para levantar o astral.
. Livin' la vida loca, com os Toy Dolls. Creiam, Rick Martin merece um beijo por ter feito essa música!
. Adagio for Strings, do Samuel Barber. Alguém viu Platoon? A música do monólogo final?
. São Paulo, do 365. Meu hino de luta, atualmente.
. James Bond, com os Toy Dolls. Uma boa dica de banda gera curiosidade sobre as outras músicas...
. Maybe, da Janis Joplin. Incrivelmente uma música que me devolve uma pessoa de quem quero distância...
. Mais Feliz, da Calcanhoto. Alguém sabia que foi escrita pelo Cazuza. Talvez uma das poucas coisas que eu gosto dele... "Fura o dedo, faz um pacto comigo, por um segundo teu no meu. Por um segundo mais feliz"
. Marina no ar, Guilherme Arantes. Há anos na lista top 20. "Meus silêncios, minhas noites vãs, minhas manhãs desertas de paixão, meu coração se sol, meu sonho de amor, desejo de quere tudo o q vc quiser"
. King of Swing, Big Bad Voodoo Daddy. "Foi um gol de anjo, verdadeiro gol de placa!"
. Mr. Pinstripe Suit, do BBVD. Outro golaço, no meio do segundo tempo.

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Pausa rápida. Fanfarra descendo a Ladeira, subi correndo com a câmera. Ora, eu disse que não gostava de carnaval, mas eu AMO fanfarras! Poucas coisas me emocionam tanto quanto uma delicada banda de sopros. Era uma pequenininha, estou sem flash para a cam, e era de de um bloco de travestidos.

Eu fico imaginado... Se eu estou casada, e surpreendo o desinfeliz na sexta-feira de carnaval, vestido de top e saia preta, com uma peruca loura abaixo da bunda, bêbado que nem um peru no natal, chamando o taxista de "Meu neguinho, meu bofão", não dá divórcio?

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O apartamento de cima virou gringolândia. Aliás, esse prédio parece sede da ONU. Há uns anos, foram uns israelitas (ou "enses"?). Acho que já tivemos franceses, tem um americano que mora aqui. Esses eu ainda não consegui descobrir de onde são... Mas vou me empenhar fortemente para descobrir até o final do carnaval. Nenhum troféu "Oh, Lord, Thanx!", nenhum selo "Oh-yeah, babe". Mas dá pra incluir como guarnição no prato do dia...

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COMPREI MEU PIERCING DO NARIZ!!

Uma bolinha de prata linda, linda, linda, mínima, fofa, charmosa. Até a mamãe concordou que vai ficar linda!!! Só que preciso esperar a rinite passar, ou mudar de cidade para não ter mais afecções nasais. Uh... Alguém falou em SP? A cidade onde espantosamente não tive um problema com o focinho?

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Estava relendo um diário antigo, ainda em papel, que eu mantinha ano passado. Considerações com um ano de delay:

1. Deixei passar o aniversário do Nando (04.02) e do Rô (05.02). Do Nando ele entende, mas DO RÔ??? Segundo ano consecutivo? Que porra de ex-date que eu sou?
2. Quanta mágoa guardada... Tracei um paralelo entre os dias de janeiro do ano passado e os desse ano, e que diferença brutal! Que guria amarga, quanto ranço do passado... Mas era passado mesmo! A banda, o ex-namorado. Eu passava horas ouvindo a demo feita pela banda do ex, elucubrando sobre "Onde vai essa noite, nem vou perguntar...".
3. Eu ainda tinha bem-traçados planos profissionais. Hoje em dia eu "malmente" tenho metas...
4. Bem ou mal, minha vida não estava esse banzé no Velho Oeste que está agora. A cabeça nas nuvens, mas os pés no chão. Não o contrário.
5. Meu investimento no "efsher" (possibilidade) da temporada daria superávit. Não faturei nem grana nem o carinha.

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Alguém tem uma placa mãe e um processador de pentium 3 para vender?

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H.m.Q., mil perdões, mas pro Rio não vou, não. Cidade sitiada, Av. Brasil fechada, zona sul num pandemônio, D. Rosângela Matheus governadora... Eu não mereço isso! Quem votou nela merece, mas eu? Meu voto continua bem dado aqui na Boa Terra.

quinta-feira, fevereiro 27, 2003

Sinais - A vida está querendo te dizer alguma coisa quando parece que todos estão errados e apenas você tem razão.

Pescado lá, nos Piores...


Doar sangue. E isso não faz de mim um ser humano melhor. Isso só faz de mim um ser humano.

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E nem dei o showzinho habitual. só parecia a irmã com problemas mentais da Algas.

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Comprei as mídias!!! Capitão Gancho Records ataca de novo!

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Recebi da Band. Ponto. Humpf. Não dá nem pra pagar as contas. Mas pelo menos recebi. Só falta o outro, lá...

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Salvador já está parada. Não se anda mais de ônibus por essa cidade, e o tráfego na minha rua vai ser interrompido hoje, às 18:00. Cinco da matina e eu estava acordada, com a asa da águia sobre os olhos, os travesseiros tapando os ouvidos e nada... Uma barulheira dos infernos de trios descendo a Ladeira. E estou ouvindo outro agora... Deus, faz com que eu tenha uma boa surpresa no Carnaval deste ano, por favor!

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Tenho medo de ser reprovada no quesito "Cara e Coragem". Não sei se vai valer a pena, mesmo, sair daqui para um risco desses. Principalmente agora, que estou tão fragilizada, tão sozinha, tão confusa...

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NÃO CONSIGO MAIS ALTERAR UM TEMPLATE!!!

Vou ter que começar um novo...

Deus estava num dia especialmente bom quando fez esse tal de Edgar Piccoli... Selo "Oh-yeah, babe" pra ele!!!

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Futilidade 2: (pausadamente)

— O que é Dashboard Confessional? Onde eu estive nos últimos tempos que só os conheci há três dias???
— O que é "Nothing Else Matters" com Apocalyptica e Metallica???
— Outro selo "Oh-yeah, babe": Tomati, do Sexteto do Jô. Isso não é um homem, é um sonho realizado!
— Quer dizer que além de bonito ele ainda fala??? E canta como o Benjor??? Ai, Edgar, paulista com molejo carioca, malandro de ocasião...

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O projeto "Monte o seu próprio cafajeste" está de vento em popa. No último domingo, o modelo de cafa foi o F., que parece ter sido talhado para esse papel. Gola por cima da lapela do blazer, peito exposto por três botões abertos da camisa, óculos escuros, corte de cabelo adequadíssimo... Sucesso de público e crítica!

Hoje o protocafa foi o J., mas foi uma montagem por telefone... Só daqui a duas semanas, quando estiver em solo sagrado, para transformar o bonitinho num cafa de marca maior... E assim o mundo vai ficando mais colorido, mais divertido. Mesmo porque TODO homem é cafajeste. Cedo ou tarde aflora...

quarta-feira, fevereiro 26, 2003

Eu preciso aprender a controlar a língua, e nunca mais dizer que não me meto em certas situações novamente. E basta um único contato para que a determinação vá ao chão.

Mas esse era um crime anunciado. Há anos um crime anunciado, e nunca foi falado tão abertamente entre nós como está sendo agora. Me assusta porque não estou reagindo da maneira adequada, não estou exultante, não estou sapateando de alegria. E deveria estar. Eu quis. Eu provoquei. Eu deixei brechas.

Mas será que eu tenho direito de refugar quando chegar a hora?

(Tem, porque as regras quem faz é você e ninguém melhor para quebrá-las!)

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Eu queria poder voltar a sapatear de alegria numa ocasião dessas. Seca, Atacama humano, árida, mais pra bitter do que pra sweet, anecúmena.

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Horóscopo para Gêmeos, Árvore do Bem

"O céu está dando sinal verde para amor. Os que começarem agora podem durar por muito tempo e os que já existem podem ganhar uma nova profundidade. Não tenha medo de assumir um compromisso."

Aié? E em qual categoria eu coloco esse imbróglio? Antigo ou novo? Medo de assumir um compromisso? Uh... Veja bem, não é medo... É respeito...

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Há uma semana estava vendo um bar alemão na Dr. César, Z. Norte de São Paulo. Eles vendem Vagens ao Molho de Mostarda (e a boca está enchendo d'água só de pensar), e mais several coisinhas legais da culinária germânica. Jurei que ia lá na primeira semana de volta à São Paulo.

E agora, maravilha das maravilhas, acabo de receber uma batelada de sugestões de apartamentos para alugar lá na minha terra, com endereços, descrições e tudo o mais. O que eu mais gostei fica... Adivinha onde? Rua Alfredo Pujol com a Dr. César!!!!! Jesus piedoso, vou passar a assinar Fraulein Henning!!! Passar a me comportar como um ser recém-chegado do tirol... Uh... Mostarda Escurrrra, Frrritada do Tirol, toneladas de würst!

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Tudo o que eu queria, hoje, é que eu tivesse dinheiro suficiente para embarcar para uma cidade escolhida a dedo, sozinha, para encontrar amigos queridos, zoar, tomar vários pilequinhos leves de maria mole, batidinha de coco, andar a esmo, fotografar, rir, ouvir música, opinar em novas composições, pensar seriamente em comprar ferromodelos, discutir noites a fio sobre planos mirabolantes de ocupação militar de espaços civis. Depois disso, embarcar de novo para Salvador, e resolver o restinho que falta antes de me mudar de vez.

Fugi de um livro pro outro por causa da descrição de um personagem. Fantasmagórica.

Caí em "Bag of Bones", do King máximo, o Stephen. Quem já leu aí? Alguém se lembra do nome de DOIS dos personagens principais?

Vou ler só revista em quadrinhos, agora, e Julia, Bianca e Sabrina.

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Highlander (ou "Cenas do Linha Direta")

Ele já foi cuspido, espancado, molhado, espremido, rechaçado, humilhado, posto de lado, melado, roubado duas vezes, devolvido incólume, ameaçado, derrubado. Saiu de todas os incidentes quase sem marcas; conservou somente aquelas que o tornariam mais charmoso.

É considerado velho, obsoleto. Ia ser aposentado há 50 dias. Forças ocultas impediram que isso acontecesse. Deus sabe o que faz. Meu celular. Ele suportou todas as ofensas calado. Quer dizer, só falava quando eu mandava (ou apertava o botão send).

Domingo, 23 de fevereiro de 2003.

A menina está na janela, fofocando com um amigo pelo celular. Noite estrelada, gosto de dia bom na boca. Ela não sabe, mas em dez minutos o telefone terá voado para o primeiro andar.

E assim se deu. Num desequilibrio, o celular dançou recortado contra as estrelas e mergulhou no desconhecido. A conversa gostosa afundou junto, levando as esperanças de que ainda desse para esperar mais uns dois meses para trocar o celular. Morto.

Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003.

Dia cinza, como convém. Posso até discorrer sobre outro dia 24 de fevereiro, sábado de Carnaval de dois anos atrás. Sonolenta, escorro da cama como mercúrio líquido. Cambaleio até a sala, sento no computador, emails a checar.

Algas, sorridente:

— Dani, seu celular voltou!
— Como?!? (Bateu na porta e entrou, Pedro Bó...)
— A vizinha veio trazer aqui depois que o papai ligou.
— E como está o paciente?!
— Falando, bem, consciente! Eu só desliguei porque você estava dormindo.
— Meu filho, meu filhinho, seremos inseparáveis, agora! Não me importo que você não mande mensagens de texto, que você não seja WAP, nada! Me importa o nosso amor!


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Oitavo.
Quarto.
Segundo.

Acho que a progressão geométrica acabou. Cada um com seu dano correspondente. Acho que a maldição se foi de vez.

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Uh... 24 de fevereiro de dois anos atrás? Dia de quase luto; dia em que os fogos de artifício coloriram as minhas lágrimas de dor. Fale agora ou cale-se para sempre. E eu calei. Calei até novembro do ano passado. Quieta, muda, na espreita, curando o coração. Procurando uma explicação somewhere in my broken heart.

Eu nunca achei. Amor só não justificaria os últimos cinco anos. E tive que engolir flores, babados, convites bregas, festas, bolos, vestidos de noiva. Tudo branco e incômodo, era como estar comendo giz em quantidades obscenas. Branco e incômodo como giz. E os fogos de artíficio do Camarote da Daniela Mercury, que eu vejo confortavelmente instalada na minha cama, só faziam tingir de um vermelho macabro a fazenda de um absurdo pensamento em branco.

Vermelho no céu, vermelho na alma, vermelho nos olhos, olhos que cansaram de deixar cair as lágrimas do amor perdido. Tem dois anos, e naquele dia eu achei que todo pranto tinha cessado.

Como um pensamento que não cala, passei o dia voltando àquele compatirmento do pensamento, tão habilmente escondido por sorrisos, laços e alegria. Até as oito e meia da noite. Fogos, fogos no céu, cinza no coração. Cinzas de rosas trocadas, cinzas dos olhos verdes que um dia foram meus, e que naquela hora fitavam amorosamente um duvidoso arranjo de branco, flores de laranjeira, maquiagem cafona e pouco cérebro.

Mais do que nele, que escolheu o cardápio da própria vida, doeu em mim. Eu, sempre ciosa da minha alimentação, cuidadosa, caprichosa, ao ponto de passar fome em algumas épocas para não baixar o padrão, tendo que digerir quilômetros de tule vagabundo, fitas de cetim, arranjos de papel nacarado. Tudo branco e incômodo, como engolir giz.

segunda-feira, fevereiro 24, 2003

Longa carta pra ninguém

"Ilma. Senhora:

Informamos que as medidas cabíveis já foram tomadas, com relação ao episódio de ontem. Os Senhores seus Joelhos já foram advertidos para que reduzam as atividades até o indispensável. As bolhas d'água já foram convocadas para tornar a sola dos meus clientes um inferno, evitando que a Senhora faça uso indevido das habilidades profissionais destes a quem representamos. As atividades flexionais patelares serão executadas em "Operação Tartaruga" pelas próximas 48 horas, prorrogáveis por tempo indeterminado.

Tendo em vista o seu excelente comportamento diante do buffet e dos garçons de bebidas, resolvemos ignorar a montanha absurda de quindins que V.Sa. degustou. Havemos de concordar: aqueles quindins estavam de qualquer lugar do outro lado da vida! E vamos arquivar também o processo que o seu estômago movia contra a Senhora. Pelo menos nesse evento, consideremos que o consumo de Frangelico era justificado. "Álcool para fins meramente medicinais". E que não se repita. Foi formada uma junta multidisciplinar de membros do Conselho Tutelar do Estômago da Dani, e em face das decisões tomadas, resolvemos pôr fim a uma insurreição de ordem digestiva.

Entendemos a necessidade dos saltos altos. Mas 12 horas, Daniela? Não havia motivos para ficar 12 horas em cima de saltos altíssimos como a própria vida! Também não foi encontrada uma explicação para que V.Sa. ficasse mais da metade do tempo em pé, na rodinha dos amigos, torrando a carcaça ao sol. não de saltos altíssimos e toda paramentada de negro, perigosa e altaneira como uma mafiosa.

Mas a piece de resistence se foi quando a Ilma. Senhora resolveu resgatar a juventude perdida e saiu aos rodopios pelo gramado, dançando aquela música do Roberto Carlos com o amigo Reurê. Isso foi ofensivo, injustificável. Imperdoável.

Esperamos que as medidas surtam os efeitos desejados. Informamos também que a reincidência nas faltas serão punidas com sanções rigorosas, de caráter punitivo. Será acionada a Senhora Dor de Coluna, os Senhores Seus Joelhos serão instruídos a cessarem o atendimento à V. Sa. até que regularize a utilização dos meios de locomoção que lhe foram ofertados. Passarão anos até que o episódio da "Daniela bailando pela GRAMA ao som daquela música do Roberto Carlos" seja esmaecido da nossa memória. Lamentável.

Atenciosamente,

Artelho e Aquiles, o Tendão
Departamento Jurídico
PÉS INC."

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Besteira demais pra um dia de chuva, né?

E a versão country de Needles and Pins, hein?
Deja vu

— Vamos embora?
— Quando
— Mês que vem.
— Pode ser julho?
— Negócio fechado!


E das sombras fizeram a luz. Da dor, tirou-se a lição. Da aflição, a solução. E os olhos brilharam, de novo. Vórtice, loop do tempo, que faz com que estejamos sempre vivendo as mesmas coisas. Às vezes, até mesmo com a mesma pessoa.

Pode ser que não dê certo. Mas o que realmente importa é a renovação dos planos de sucesso.

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Daniela versão Eminem: elástico da calcinha-cueca pra fora da saia. Por que raios ninguém gostou?

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Uma bela, bela declaração de amor... Esse Gil, o Gilberto, é um mago.

"Vamos fugir
Deste lugar
Vamos fugir
Pra onde quer que você vá
Que você me carregue"


domingo, fevereiro 23, 2003

Por quatro segundos eu não apertei o botão "Colocar na cesta de compras" para o box do Godfather e o Back to the Future. Sejamos práticos: eu não quero nem levar a televisão agora, que dirá comprar um DVD...

E na minha top five list, ainda faltam:

1. Platoon
2. Best Men
3. Streets of Fire
4. O mágico de Oz
5. The Thin Red Line


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Preciso terminar de saborear a noite de hoje para poder jogar na roda. Noite que vai de caminhões da TV Tarobá até um banho mágico de mar.

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Uh... Não sei se quero de verdade, mas pode ser que eu tenha que adiar obrigatoriamente a minha ida pra Pasárgada.

No pain, no gain...

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Sejamos práticos de novo: querer é o de menos. As vantagens, financeiras e de network, é que são elas...

sábado, fevereiro 22, 2003

E daí que esteja chovendo? Praia com chuva nunca foi um problema...
Estou procurando as serpentes que o Mumm-rá usa no peito para me tatuar. Lembrei com mais de um mês de delay: por que raios eu sempre me apaixono pelas serpentes do mal? A última foi achada por um amigo que mandou pra mim, lindinha, em forma de oitos empilhados. A bomba: são demônios!

E ontem, depois de assistir pela enésima vez os Thundercats, apaixonei pelas serpentes que o Mumm-rá usa como escudo no peito. Alguém, por favor, se souber de alguma coisa que redima o Mumm-rá de todo o mal que ele fez, ou se souber de alguma passagem boa da vida dele, poderia mandar a história para esse email?

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Se tiver alguma imagem de serpente bacaninha, também tá valendo!

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Uh... Praia? Agora? Primeira chamada!

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E daí que é de noite? Brincar de pique-pega (eu ia dizer pega-pega, mas ia ficar feeeeeio...), rir, lavar a alma, a aura, divertir o soma, virar criança. Eu ia levar a águia, mas não sei qual a relação dos seres de penapelúcia com o mar. E a areia... mas lá tem roedores. Uh... Acho que ela vai!
Fractais*

- Foca, Braga, Rômulo, eu.
- Fritada do Tirol, Heinhart, Maria Alice, Jackie, Coca Light.
- Neto ensinando alemão e francês pelo telefone (ele em Minas, nós na Bahia), Braga nos matando de inveja (do bem) pela lua de mel que vai passar na Polinésia Francesa (embarca segunda).
- Discussões acaloradas sobre a bossa nova, trilhas de novelas, porres na Europa, porres em Alagoas, porres na Bahia.
- Braga é o elo entre mim, o Rômulo, o meu ex-namorado, Realengo e Natal.
- Noite boa, lendo mensagens antigas de texto no celular. Bateu saudade que dói.
- Pouco mais de cinco cigarros a noite toda! Oito (Rá!), a bem da verdade...
- "Filhos: melhor não tê-los!
(Mas se não tê-los, como sabe-los?)" Os times se dividem. Eu de um lado, eles do outro. Duas abstenções.
- Planos para ser feliz: vários.
- Confirmação de que o amor entre nós nunca morre.
- Casamento do Braga domingo. Planos. Relatos.
- Felizes. Todos.
- Todos.
- Amém.

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Onde? Uh... Bistrô?

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* Nota de Rodapé

"A ciência dos fractais apresenta estruturas geométricas de grande complexidade e beleza infinita, ligadas às formas da natureza, ao desenvolvimento da vida e à própria compreensão do universo. São imagens de objetos abstratos que possuem o caráter de onipresença por terem as características do todo infinitamente multiplicadas dentro de cada parte, escapando assim, da compreensão em sua totalidade pela mente humana."

Fractais: Arte e Ciência

Explicado, né?

sexta-feira, fevereiro 21, 2003

Babado também é cultura!

Robbie Williams, que não estava em Londres, agradeceu o prêmio por meio de uma mensagem gravada — e aproveitou para dizer às fãs que estava solteiro.

— Gostaria de agradecer ao Brit por me deixar passar essa mensagem de coração solitário, disse.

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Se a voz meio rouca dele no meu ouvido não fosse suficiente, ainda assim teria as tatuagens, os olhos, as orelhas de elfo doméstico... Sem esquecer sua risada um tanto lazy, meio safada... sua expressão meio ofídia, meio felina... Chris O'Donnel mais rebelde, tão bonito quanto...

Parafraseando Juliana "Gato Roxo": "Selo 'Oh-Yeah, Babe!' de qualidade pra ele!"



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Alguém já tinha visto a pantera do símbolo dos Thundercats sair da logomarca? Oh, yeah, baby, estou vendo nesse exato momento...

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O que um banho de mar noturno não fizer, nada mais faz...

Lua minguante apresenta suas armas:

Rinite alérgica brutal, rins dançando lambanda e o ouvido começa a dar sinais de que não aguenta mais nehum espirro.

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Acho que vou dar um pulo na praia para descarregar esse vodu. Pode ser que eu volte de UTI no ar...

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Rá! É um dos meios de transporte que faltam para eu andar.

Pelas minhas contas, de veículos bacanas e diferentes, só me falta passear de ambulância. É, porque já andei de carro de bombeiros, reboque de carro (prancha e guincho), e — pasme! — eu pegava carona pra escola com o pai de uma amiga que tinha uma... FUNERÁRIA!!! Logo, eu passei parte do colegial indo assistir aulas sentada num pranchão de carregar caixão. Inútil dizer que isso me conferia um certo status, né?

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Gente, EU PRECISO QUE ALGUÉM ME PAGUE!!!

Eu tenho um apartamento pra alugar, tenho uma motherboard para adicionar à máquina finada, um contrato de Speedy mais provedor (pensei na Net, mas a relação custo x benefício não vale), mais telefones, novo aparelho de celular e minhas passagens para fugir desse lugar úmido e pagão. Ou vocês acham realmente que eu vou passar o Carnaval em Salvador?

Uh... colchão, chuveiro quente e outros apetrechos? Quem foi que teve a má idéia de lembrar disso? Eu ainda estava na parte lúdica...

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Crianças com dicionário

Algas:

— Dani, você é uma orbícula!
— Algas... Qualquer referência à minha forma ou conteúdo vai te deixar mal. Quer continuar?
— Vixi, que mau humor!
— Humpf...
— Orbícula: aquele que pode morar em qualquer lugar do mundo...


Parabéns, Daniela. Mais um exercício de futilidade!

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Como será que a X. consegue fazer aquelas crianças abanarem a mão daquele jeito quase histérico na vinheta de passagem? O que será que vai na mamadeira dos petizes?

quinta-feira, fevereiro 20, 2003

Há tempos recebi (ou achei) um link para os ganhadores do Festival do Minuto do UOL. Poucas coisas me falaram tanto à alma quanto a animação feita pelo Alex B. No site, é o Prêmio UOL, Reticências.

No último quadrinho, eu alterei o personagem. Cortei o menino de cabelo azul e coloquei a menina de cabelo vermelho sozinha. No original, quem fica sozinho é ele. Ah, tem que ir lá pra ver o quanto é lindo...










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ELE tem razão... Essa minguante está muito, muito estranha...

quarta-feira, fevereiro 19, 2003

Olha, as pessoas tem um ótimo juízo de mim:

"Cruzeiros de Carnaval: de $ 1099 por apenas $ 599!"

Uh... Será que eles têm troco para $ 20.000?

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Míope, burra.

Acho que a fome não me permite raciocinar.

*Trabalhando numa imagem de base preta (Preta não: R: 32, G: 31, B: 0) e vendo os olhos saltando das órbitas*

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Acho que vou ouvir o que ouvi em meados de novembro:

— Daniela Henning, você está muito fragmentada!

Estou sim, Torin... Discípula de Baudellaire, que flanava, flanava... Um dia eu volto... melhor assim do que densa daquele jeito "I´m a loser"... "We´re living an yellow submarine"...

Postando bobagens, editorando imagens delicadinhas, respondendo emails, pendurada no telefone, ouvindo música, com a televisão ligada... E fazendo isso tudo MUITO BEM!

Desculpa se a minha multiplicidade te encanta: sou geminiana. Eu POSSO!

*sorrisinho de Gata de Alice*

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E o estômago ainda pulsa...
[pulso, pulso, pulso]

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Editorar imagens... definitivamente eu acho que vou querer dedicar mais tempo a isso... Pelo menos não tenho que interagir com os outros seres humanos... Posso trabalhar em casa, com meu vestidinho pretinho básico, meu coque desfiado, meus cigarros.

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Bing, Bing, Bing, coelho Ricochete!!! 5 dias, um maço e meio de cigarros só!

Por que, Daniela? Por que insistes na porra da mostarda escura, essa estranha que arrebenta o seu estômago? Por que aceitas a incumbência de mastigar o poço gorduroso que é a porra da würst montanhesa?

E agora? O que farás com esse estômago revoltado? Com esse vulcão de ácido gástrico que te queima as entranhas? Achas que a Coca Light foi um bom remédio para a sua ira digestiva?

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Uh... Bistrô? De novo?

terça-feira, fevereiro 18, 2003

— Você tem certeza de quer voltar?

Meu amor, isso é lá pergunta que se faça?

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Decidido: eu não arredo meu pé daqui enquanto minhas 120 cápsulas de Prozac não forem aviadas.

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Falando em aviar... minha irmã não sabia o que era aviar!!!
Gente, nascemos do mesmo ventre?

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Será que estou fadada a só viajar depois do Carnaval? Será que é mais uma piada desse manipulador de títeres que me impulsiona? Seria esse o ano do "Vamos limpar o karma da Daniela"? Será que entrei no meu inferno astral com 5 meses de antecedência? Será que a tão incensada mudança aos 27 anos vai atingir realmente esta que humildemente vos escreve? Será que a Maria ficou com o Toni no final de esperança? Oh, yeah, baby, não vi o último capítulo...

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Mas será, Deus? Só depois do Carnaval?!

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Continuando a busca por apartamentos...

Daniela, do Paraíso?
Daniela, da Luz?
Daniela, do Jd. Paulista?
Daniela, do Tucuruvi?
Daniela, da Mooca?

Até agora, foram os lugares que mais me trataram bem na relação custo x benefício. Pessoas que conhecem: são lugares ruins?

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Você confiaria numa pessoa que ouve, na seqüência:

.Bonnie Tyler, Total Eclipse of a Heart
.Goo Goo Dolls, Iris
.Jay-Jay Johanson, Suffering
.Fábio Jr, O que é que há?
.Vinheta, Armação Ilimitada
.Goo Goo Dolls e Limp Bizkit, Wish you were here
.Márcio Melo, Tonelada de Amor
.Carlos Gardel, Por una cabeza
.Brenner Bianco, Sete e Meia
.Dave Matthews Band, Crash into me
.Vaya con dios, What's a woman
.Sandy e Jr, Love Never Fails
.Mighty Mighty Bosstones, Impression that I get
.Whitesnake, Is this love?
.Yahoo, Mordida de Amor

?

Não, né? Nem eu... Mas foram exatamente essas 15 músicas que tocaram até agora no meu Winamp...

E ainda tem Roberto Carlos, 365, Zero, Jeferson Airplane, Peter, Paul and Mary, Janis Joplin, Cidade Negra, Mastruz com Leite, No Doubt, Venus... Ecletismo, teu nome é Daniela!

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Humorzim tá melhor, né?


segunda-feira, fevereiro 17, 2003

A história da noite do sábado está contada sob outra ótica no Pagan Poetry. Uma bruxa tomando contato com preceitos afro-brasileiros... Ah, Kendra, só você para entender a minha encruzilhada pessoal...

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A menina desconhecida? Uh... Qual delas? Meu voto vai para a Jessica Rabbit dos Trópicos. Eu bem que falei pro Ernie que aquela menina era uma boa bisca... Nem dei beijinho quando fomos embora... tá louca, misturar minha energia já tão sapateada naquela guria estranha?

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O que as janelas querem dizer?

Eu vejo da minha janela do quarto um terreno, algo perto de 30 gatos de várias cores. Vejo dois ou três coqueiros, dois cães, vários vizinhos, eventualmente o dia nascendo. Algumas estrelas aparecem por aqui, não muitas, mas o suficiente para que eu me enrodilhe na janela e fique a imaginar quantas mais existirão. Estrelas são pessoas legais que foram embora?

O que os outros vêem das janelas? Talvez pq eu esteja no segundo andar, a minha janela não tem o menor apelo. Mas e nas progressões geométricas? 4o., 8o. andar? O que há de tão mítico no chão desses andares?

Por que dói tanto? Será que esse carma nunca, nunca vai acabar? Será que essa dor está sempre se renovando para que eu nunca me esqueça dela? Será que essa bala nas costas nunca vai cicatrizar? Será que o sal das lágrimas que derramo(ei) não serve como antisseptico?

O que, Deus, eu preciso aprender? O que falta pra eu poder dar mais esse passo para o alto? Uma nova incursão ao topo do edifício mais alto de Salvador, para rir da própria vida, para gargalhar na cara da dor? E onde fica o prédio mais alto de São Paulo? Não adianta, o que é feito na Bahia só se desfaz na Bahia. Mas para aprender o quê? Por Deus, aprender mais o quê com tanta dor? Por que, Deus, tu me permites ver um pedaço de luz se me destinas à sombra logo depois?

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E de onde, Deus, de onde eu continuo tirando forças para tocar meu barco? De onde me vem essa calma quando a dor me purga a alma? De onde vem essa aceitação serena, quando o minuto anterior me lançava à beira do desespero?

Eu quero parar. Quero que o vento pare de soprar nestas velas, quero ficar á deriva, não aguento mais essa certeza incerta de que dias melhores virão. Quero dormir sem sonhos, quero fugir. Pintar os cabelos de preto, assumir nova identidade, mudar pra uma terra fria, criar huskies siberianos onde eles tenha temperatura adequada, virar esquimó. Ermitã. Ser a tia estranha dos meus sobrinhos que virão, "aquela tia que está em Anchorage, no Alaska... febre do ouro?... não, ela já tem o suficiente, nunca quis ser biliardária..."

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Roubando um trechinho de um email-desabafo para a minha irmã-estrela-da-sorte:

Não é uma culpa que vou carregar. Não mais uma. É só uma dor. Somos todos muito jovens para esse tipo de evento. Nossa geração não foi preparada para mortes de heróis, mesmo porque não tivemos heróis. Não tivemos uma causa que nos preparasse para perdas de gente nova.

Não é culpa. É só mais uma dor. Mais uma vez queria que tudo acabasse. Sumir. Desaparecer. Virar pó. Evaporar. Desintegrar. Mas me lançaram a maldição da vida longa. Não quero, não quero, não tenho estrutura para perder e perder e perder e ver os meus indo embora, e eu ficando.

Passa. Quando passar o choque, diminui a dor, diminui a sandice. Vou vestir uma roupa levinha, colocar um par de tênis e sair pra rodar sob o sol. Tentar ver o F., tentar fazer a fotossintese, reordenar a vida. Reordenar o que eu tenho agora. Ver o que vou fazer com esse resíduo. Mas é vida, e é minha, e vou tentar cuidar com o maior zelo possível.

Mas tem horas que não dá. Definitivamente não dá.

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H. M. Q., hoje era um dia em que eu precisava muito do seu colo, da sua lucidez, da luz da sua alma.

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Desanuviando um pouquinho: nesse estado de espírito, e tendo que ouvir "D'Yer Mak'er", do Led Zeppelin, em RITMO DE AXÉ???

Diria o meu acupunturista: "Você tem dois caminhos: rir ou se desesperar."

U ´in.

Estou rindo.

domingo, fevereiro 16, 2003

*Ouvindo Adágio for Strings*

Peça para cordas, de uma depressão absurda. Adágio, né?

Cada ida e vinda do arco do violino fere a minha pele. Cada volta das notas para o centro, atração que caracteriza a música tonal, altera o meu centro de gravidade. Desequilibro, torno a erguer, para rodar numa vertigem no próximo compasso.

Meu coração dança, marcando o tempo, metrônomo. Cada crescente da música leva junto meu ânimo. Dura pouco. A decrescência da composição empurra minha alma para cada vez mais longe.

Sigo deslizando pelas partituras, pendurada numa clave de sol, encapsulada num sinal gráfico de sustenido. Jogo da Velha. Game Over. You Win.

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558 músicas. Modo de seleção randômico.

...

E por que raios celestiais a porra da música 415 é aquela maldita que não me dá paz para a alma??? E por que raios celestiais ela foi a terceira das 10 que vou ter tempo de ouvir nos próximos 30 minutos?

O que fazer quando a triha sonora do dia é só e somente Roberto Carlos?

Na boa, RC é o Rei, mesmo. Minha irmã tem razão: o cara É uma declaração de amor. Chico Buarque entende de alma feminina, mas Roberto Carlos entende de amor. Isso ninguém tira. E para entender não precisa obrigatoriamente escrever as letras. Basta imprimir a carga de sentimento que o Rei imprime.

Poucas coisas são mais belas, poucas declarações de amor são mais contundentes do que

Proposta

Eu te proponho nós nos amarmos, nos entregarmos
neste momento tudo lá fora deixar ficar


Eu te proponho te dar meu corpo
depois do amor, o meu conforto
e além de tudo, depois de tudo
te dar a minha paz


Eu te proponho na madrugada, você cansada
te dar meu braço no meu abraço fazer você dormir


Eu te proponho não dizer nada
seguirmos juntos a mesma estrada
que continua depois do amor
no amanhecer


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— Estou enjoada, sonolenta...
— ESTÁ GRÁVIDA?


Engraçado como nenhuma mulher entre 14 e 53 anos pode ter enjôo. Chega a ser chato.
O meu médico acha que sou a encarnação da Messalina do ínicio do século XXI. Os meus amigos acham que eu sou uma ninfomaníaca. Minha família pensa que o meu diário serviu de inspiração para "The Ballad of Chasey Lane". Sigh... e a verdade, zente, e a verdade???

E para a pergunta não ficar em suspenso:

— Grávida?? Só se for o novo Messias! Do Divino, e mesmo assim acho que ele tinha opções melhores do ponto de vista do marketing.

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Ah, é uma baita sinusite galopante que me deixa enjoada e sonolenta...

Coisa boa de ver: Catapulta no Altas Horas. Moisés, amigo querido de longa data, companheiro de cervejadas, carinho puro, foi, lá pelas tantas, também um colega de trabalho, na minha época de TV Salvador. Nos encontramos no Aeroporto de Salvador no dia em que eles embarcaram para fazer o programa.

Acompanhei a briga deles com a gravadora escrota. Estou insuspeitamente feliz por ver o CD deles bonito na fita.

De arrepiar esse encontro do Olodum, potência de notas graves, tambores que imitam o coração, com o rock roots do Catapulta. Há tempos não sentia tamanho orgulho de ser baiana.

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Hã? Baiana? Me entusiasmei...

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Se esse Ary Vidal me dá bola... Caso, vou cuidar das crianças, levar Menina e Menino pra escola, passar as roupas dele...
Êeee, lá em casa!

Louco.

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O que esperar de uma noite clara como o dia nascendo, véspera de pleniluni?

A energia estava péssima. Uma dor de cabeça violenta, só no lado direito. Totalmente fora da sintonia da mesa. Minha amiga que usaVA óculos tentou uma doação de energia. Bloqueei. Exercício de hiperventilação. Fiquei tonta, tonta, tonta. O estômago pediu arrego. O vulcão que me vai na alma veio pro esôfago.

Uma molezinha, uma impaciência, e horas depois puxei um incenso que trouxe do Rio. Instantâneo. Carol acendeu, e fiquei com ele na mão. Evocar o ar para limpar aquilo ali fez um efeito absurdo. A dor de cabeça aliviou, a energia também. Segunda meia noite, e encosta um bêbado. Me pede um cigarro, fala algumas coisas, e quando o Dani acende, ele traga, segura a fumaça, estende a mão para cima da minha cabeça e começa a falar em yorubá. Não era, de maneira alguma, uma energia ruim.

Débora do Zeba, na outra ponta, lança um olhar mais atento, olhar que carrega uma sabedoria infinita. O bêbado segue em frente, rumo a um sambão. Atabaques, pandeiros, palmas. Débora mata a charada:

— Meia noite, olha onde a gente está: numa encruzilhada. Olha como o cara saiu (com o braço direito dobrado para trás)... Exu. Dani, você está devendo alguma coisa?

— Uh... o bori está atrasado para caramba...

— Bom, quem quer que seja, veio, limpou, e sumiu. Era um Exu.

E tenho certeza de que posso procurar por Salvador inteira que nunca mais acho esse cara... Mas que limpou o que estava MUITO, MUITO carregado, ah, isso limpou...

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— Quem tá aí?
Sorriso pouco ébrio. Silêncio.
— Como é o seu nome?
— Antônio Não-Sei-o-Quê da Bahia.
— É Baiano?

Sorriso TOTALMENTE lúcido. Breve assentir da cabeça.
Arrepio desta que vos fala.

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O estômago continua um lixo, mas é pura somatização. Sempre foi assim.

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Estou morrendo para comer um acarajé! Aliás, meu problema hoje é fritura... Ai, bolinho de queijo... coxinha... pastel...

sábado, fevereiro 15, 2003

Quatro anos esperando. Quão doce pode ser?

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Gripe? Sinusite? Stuffs. As órbitas doíam na noite que antecedeu o sábado. Tentei congelar o nervo ótico, não deu. "Olha pra lua, você gosta dela crescente!". E depois disso todos os problemas acabaram. Doce, na mais completa acepção da palavra. A dor de cabeça passou, e nem por um minuto lembrei que algumas partes do corpo ainda doiam.

Se eu tivesse feito um prognóstico, jamais teria chegado nem perto. Foi melhor. Foi doce. Gosto doce, abraço doce, olhos doces, mãos doces. Pimenta na boca, pimenta na alma, ácido insuspeito, camuflado por um verniz de base. Turbulento lago de águas azuis, mergulho tépido. Tépido, cego, confortável. Doce. Doce no sabor. Doce nas mãos. Doce na alma.

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Guardem esse nome: Brenner Bianco. Ele me fez erguer as sobrancelhas bem feitas e abrir um pouquinho mais os olhos. Um bom clip, independente, uma boa música, uma boa voz. "Sete e meia".

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Falando em clip... Se alguém conseguir capturar uma imagem de clip, por favor, me mande o trechinho de "Segredos" em que o bonequinho alcança as estrelas??? Já tentei de todas as maneiras e não consigo.

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Voltar dia 24 ou dia 28? Dia 28 é meio do Carnaval. Mas é aniversário de duas almas companheiras. Guilherme e Guilherme. Um Frederico, outro Luis. Um quer que eu me forme em Direito pra ser sua sócia. Planos antigos, desde a época do colégio, quando eu fazia os trabalhos de biologia dele. "Vamos ter freezers horizontais ao invés de mesas. Cerveja dentro."

O outro é meu futuro roomate em Sampa City. Eu vou na frente para arrumar o bunker. Ele se forma e segue mais tarde. Amigo lindo, dos lindos olhos azuis...

Eu queria poder levar todo mundo comigo. "Tudo, nunca terás." O melhor dos dois mundos? Meus amigos, minha cidade, todos juntos? Poder promover os jantares de sempre com a minha irmã estrela da sorte, meu amigo lindo, dos lindos olhos azuis, meu clown preferido, meu valete querido, minha amiga de óculos, meu elfo querido, minha águia, meu panda, meu pato e meu dragão?

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Saudade de casa, saudade da minha irmã, saudade de uma noite que sucedeu um dia Ally McBeal. Vida louca!

— Uma dose de conhaque e uma dose de martini doce. Gelo, por favor

Uma voz ao fundo:

— Maria Mole?????

E eu nem estava na minha Pasárgada. Esse diálogo improvável aconteceu na Bahia, mesmo. O carinha tinha morado oito anos em SP e me acompanhou na Maria Mole.

Eu adoro esses recadinhos que recebo do Cosmo. Don't give up!

sexta-feira, fevereiro 14, 2003

Coisa mais sensual que o clipe de "Feel", do Robbie Williams? Uh... "Wicked Game", do Chris Isaaks...

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Ele pode ser gay o quanto for, pode ser o namoradinho do Kelly Slater, mas eu eu O AMO mesmo assim: Eddie Vedder!

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Alguém tem um apartamento quarto e sala pra alugar em SP? E no Rio? E em Yargo?

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O bom de ser livre é poder levar a cabo a conjugação do lema "Eu posso!". Eu posso voar para onde eu quiser, eu posso estar onde eu quiser, eu posso estar com quem eu quiser. Eu vim a Salvador porque eu posso, eu volto para São Paulo porque eu posso. Eu posso escolher a cidade que vai receber esse espírito cigano. E tem clássico no Mineirão! Ir ou não ir?

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Numa conversa com a Carol, descobri que tanto eu quanto ela cantarolamos "It´s my party", da Brenda Lee, quando as coisas não davam muito certo. Loucas, loucas e parecidas, loucas e divertidas.

Pra quem não lembra, é a música que toca no filme "O Pestinha", na festa de aniversário à fantasia, quando ele está enfiando bombinhas no bolo, jogando os presentes da aniversariante-margarida na piscina.

Cantarolar os versos de "It´s my party" sempre evitou que uma ou duas gotas d'água escorregassem olho abaixo, talvez pq a cena da margaridinha que pula e chora no filme seja por demais patética.

Outro recurso que sempre estancou a enxurrada de lágrimas: "Se isso fosse um filme...". Usado prodigamente em foras monumentais, de preferência em cais de atracação. Porque é CLA-RO que esse ser humano chique já tomou um pé na bunda na beira do mar, num cais. Mais Ally McBeal, impossível. Faltou Vonda Shepard cantando "I've been searching my soul".

"Se isso fosse um filme, ele não me deixaria ir embora. Na hora em que o navio (no caso, um ferry, mas pensar em navio é mais glamouroso) apitasse anunciando a partida, ele viria correndo (Rá, e o fôlego?) e me pediria pra ficar. Ou estaria sofrendo tanto quanto eu. Corte rápido para o rosto dele no portão, entre as grades, iluminado pela luz de mercúrio, me vendo caminhar em direção à prancha de embarque. Uma grua sobe pelas minhas costas, enquanto me misturo na multidão, entra o BG (na época da criação desse plugin anti sofrimento público, era a adequadíssima "Bittersweet Simphony", do Verve), e a imagem alterna entre um plano fechado no meu rosto e no dele."

Pronto! Já no comando da minha vida (que nada mais é que um seriado da Fox), esqueço do percalço e me envolvo na direção de fotografia do episódio que marca a nova temporada.

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Escolhendo endereços:

Daniela, do Tucuruvi?
Daniela, da Sta. Cecília?
Daniela, da República?
Daniela, da Liberdade?
Daniela, do Limão?
Daniela, da Vila Mariana?
Daniela, da Vila Madalena?
Daniela, da Lapa?


Ou Daniela, de Copacabana?
Daniela, do Leme?
Daniela, da Urca?
Daniela, de Botafogo?

Votem, organismos, no bairro que mais combina com o meu nome...

Ouço Closing Time, do Semisonic, e desde 17 de abril de 2000 eu não a ouvia. Desde que parti da belíssima cidade sul-baiana, quando o Junior gravou pra mim essa música. Repassamos a fita cassete duas horas antes do meu embarque. Nunca mais tive coragem de ouvir o material gravado naqueles dois dias em que estive acampada na base, esperando ordens para me desligar.

Saudade boa que deu. Equipe boa, amigos não de toda a vida, mas tão intensos naquele período curto de vida que fez valer. Poucos ficaram, estranhamente. Um foi pra onde eu tinha que ter ido há dois anos (mas não Miami, por Deus! Maine, e "eu não desisto assim tão fácil, meu amor, das coisas que eu quero fazer e ainda não fiz. Na vida tudo tem seu preço, seu valor, e o que eu mais quero nessa vida é ser feliz!"), três voltaram pra terra do "Mar de Montanhas", a maioria ficou.

E eu toquei meu dragão adiante, vamos continuar a voar, meu bichinho nada doce, alter ego escamado. Segundo Caio Fernando Abreu, "Os dragões não conhecem o paraíso".

Errado, apesar do texto lindo. Eu, dragão que sou, tão bem caracterizada, conheci o inferno. Ora, se fui a um extremo, inevitavelmente conheci o outro. Isso é fato! Não sombra se não houver luz. A parte boa de ser tão intensa é essa: deixo vir a dor inteira, deixo que ela se vá na íntegra, me deixo ser feliz por completo, absorvo cada gota de felicidade que me é permitida pelo caminho. E logo adiante estou pronta de novo para uma chacoalhada, um tranco, um freio de arrumação. E pra ser feliz de novo.

"Tenho por princípios nunca bater portas, mas como mante-las abertas o tempo todo, se em certos dias o vento quer derrubar tudo?"

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E deixei o meu dragão esticar as asas sob o sol. Voamos, eu agarrada em seu pescoço numa confiança cega, num amor incondicional. Olhos fechados, deixei que ele me conduzisse para onde éramos necessários. Alguns dois, três anos parados na mesma cidade, e partimos de novo. A quest. A big quest. We won!

Indiana Jones e seu chapéu, inseparáveis, o dragão e eu cruzamos os ares em busca de respostas. Vôo turbulento, mas eu estava abraçada ao seu pescoço, e com o meu dragão por perto, nada pode me ferir. "Eu estou vestida com as roupas e as armas de Jorge", mas desta vez o dragão era parte do arsenal de proteção.

Pairamos, pousamos, pairamos de novo, nos perdemos, nos achamos. Nos achamos e achamos a nós mesmos. Achamos também muitas das respostas que precisávamos. Vôo de reconhecimento; não do terreno, mas de autoconhecimento. Todos as nossas verdades mudaram. Família, amor, carinho, anjos, companheiros, tudo isso foi revisto e posto sob nova direção. Uma boa direção.

Nós, o dragão e eu, e os bons companheiros. Muitos, todos, todos os que cruzaram o nosso caminho nesses últimos quinze dias. Excelentes peregrinos como nós, cujos caminhos se tocaram por alguns instantes de luz.

A volta foi mais suave. Eu, mais leve, corpo e mente. Ele, mais maduro, asas maiores, com uma impressionante autonomia de vôo. E na bagagem — e no coração — mais um membro para essa troupe saltimbanca: a águia, que ainda não sabe voar com as próprias asas, mas que afivela o cinto e plana sem medo algum. Mais um membro para o clã das Almas sem Âncora, mais um pra ensinar e aprender.

Somos três agora.

"Junte um bico com dez unhas, quatro patas, 32 dentes e o valente dos valentes ainda vai nos respeitar. Todos juntos somos forte, não há nada pra temer. "

*Ouvindo Everlasting Love, com o U2*

Noite boa, de luz. Zeba, Felipe, Carol, Daniel, Danúbia. Carinho irrestrito da Dona Alice e do Reinhart. Notícias cobradas, a garantia de que orações são feitas por mim todos os dias.

Eu sei, Dona Alice, não fossem orações, carinhos e força desses que tanto me amam eu jamais teria voltado do meu deserto pessoal. Não fosse a garantia dos abraços que recebi hoje, jamais teria arriscado ir. Não fosse a certeza desse amor, jamais correria o risco de voar para outras paragens...

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Imagina o Richard Clayderman, terninho branco, em My Brazilian Collections, volume 136, tocando a Ragatanga no piano? E a Jessica Rabbit em cima do dito instrumento, dançando no ritmo? Não alcançou? Oh, yeah, baby, too late, tonight...

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Pessoa 1:
— Rá, estou de amarelo, visto a camisa do Banco que trabalho!

Pessoa 2:
— Rá, estou de amarelo mais fechado, trabalho na Helmann's, divisão de mostarda!

Pessoa sem noção 3, confabulando sozinha:
— E eu estou de listradinho... Trabalho na Close Up?

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A Nana, que não degenerou pq saiu aos seus, ADOROU a águia... Inseparáveis durante o dia, águia e cachorra. Cabecinha ruiva, como a minha, apoiada no corpo castanho do meu bicho de pêlospenas...



quinta-feira, fevereiro 13, 2003

Não sei se o meu problema são as decolagens ou se Guarulhos me faz chorar mesmo. Fato é que mais uma vez escondi meus olhos molhados embaixo da asa da minha águia. A confluência de fatores foi fundamental para esse derrame de lágrimas: 3 noites sem dormir, alimentação precária, problemas enfim resolvidos, e a música que ouço como segundo pensamento que não cala, repetida não só duas, mas três vezes. "Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui...".

E vitoriosa. Passei pelo meu deserto. Agora estou pronta.

Bem ao gosto do Jânio Quadros, "forças ocultas" me obrigaram a uma retirada estratégica. Eis-me em Salvador de novo! OK, OK, é o tempo de resolver a pendura de grana, a passagem de volta já compro amanhã, e os classificados são o meu pastor e nada me faltará.

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Daniela em números

24 horas, 3 Estados, um cafezinho que me custou a bagatela de R$ 3,00 (e eu ainda sorri com o ar mais blasé para o caixa da Black Coffee: "é o melhor café de São Paulo. Por isso vale a pena pagar o preço dele..."), terceira noite virada (o projeto, viu, CL?), Rio 2 vezes no mesmo dia.

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A menina (d)a águia

O que fazer quando o seu alter ego passa a significar mais que você? Pois é... Ninguém ao meu lado no vôo GRU/RIO/SSA, coloquei a águia sentada na poltrona e fiz com que ela obedecesse o aviso de apertar os cintos. Minha águia, que tão prodigamente secou as minhas lágrimas, voou pela primeira vez amarrada num cinto de segurança. Ela só declinou do lanche: águias não comem croissant.

O resultado? Bom, na segunda escala eu já era a "Menina da Águia". Os meninos da Petrobrás ofereceram lanche pra ela, zoaram, brincaram. Pudera... Aquela mulher ruiva, enigmática, toda de preto, fazendo carinho na cabeça de uma águia de pelúcia como se filho fosse? Surreal, né?

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Resolvido o problema de Daniela vs Computador em SP (ou RJ). Vou comprar um novo cooler e uma nova motherboard pro falecido Pentium 3 da mamãe... E um Speedy em SP... ai, ai... se tiver NET no apartamento que vou alugar eu nunca mais saio de casa...

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Laivos da insensatez (monólogo para uma alma sem âncora)

"Ai, que calor que tá no Rio. Mas eu não estou no Rio. Se eu abrir os olhos, vou saber onde estou? Mas esse calor... Que dia da semana é hoje? Eu estou indo pra onde? Será que entrei no vórtice e estou indo pro Rio de novo? Mas eu viajei de manhã, não de noite... Ih, esse cara da frente ronca horrores! Vou me cobrir com o casaco. Ah, dormir abraçada na águia é tão bom... Mas onde eu estou mesmo que esfriou tanto? Ah, no ônibus... mas pra onde? Ah, tem jogo do Galo no Mineirão, estava mesmo indo pra lá... Mas... O jogo é só dia 15 (ou 16)... E que dia é hoje? Se eu acender a luz, será que eu perco o sono? Ah, o ar condicionado está fraco agora... Mas ar condicionado de onde, se no meu quarto não tem ar condicionado? Ih, Acho bom tirar as lentes e dormir de novo, pq tenho que acordar daqui a pouco... Mas pq mesmo???"

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Ganhei dois presentes da Cidade Maravilhosa. Dois amigos sem par, duas almas elevadas, dois dias diferentes no mesmo bar, dois homens sensacionais, com uma visão de mundo e de vida que dá inveja (branca!!!!). Dois companheiros de caminho, duas mãos com as quais eu posso contar... E vcs dois sabem exatamente quem são...

sábado, fevereiro 08, 2003

PQPFC!!!

Como eu odeio esse sotaque carioca!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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Rá, e pq o meu próprio sotaque é arrrrraxxxtaaaaado desse jeito?

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Surreal é ver bolsas Louis Vuitton vendidas pela cidade a módicos 300 reais.
Surreal é não tentar se roubada por causa do sotaque estranho numa cidade que não é a minha.

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Diágolo

— Vamos entrar num chat de São Paulo e sacanear os paulistas?

Uh, acho que vou embora...

Num totem de ponto de ônibus

Precisamos conversar!
- Deus


Agora, né? Fala que eu te escuto!

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E não é que a louca da Dani está procurando empregos por aqui? Master of poker face! Rá, eles têm minas terrestres! E tem KR, tb!

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Ah, esqueci de contar: a águia tem cuidado tanto, tanto, tanto de mim... U got a good point again! Grazie!

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How to be double in Rio de Janeiro

.blusas tomara que caia funcionam.
.5 quilos menos numa semana também fazem milagres.
.um ar ligeiramente blasé
.óculos escuros mas não tão escuros
.um certo charme para o carinha da lan house
.sorrisos. Muitos.

Eu tenho usado todos esses expedientes, menos um: eu não tenho empenhado esforços nessa árdua tarefa de be double in Rio. I wanna be alone, single, everywhere.

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Daniela em números

5 kg menos, 4 dias de confusão, 3 noites de sono que viraram fumaça, 2 unidades alcoólicas (ah, esse choppinho de 200 ml...), 1 caminho de tijolos vermelhos. 0 companhia.

sexta-feira, fevereiro 07, 2003

Ah, Holden, separados no nascimento?

"Post de quase dois anos atrás, que eu deveria gravar com ferro em brasa na minha cabeça tonta:


Três da tarde

Agora eu só quero paz. Já passou para mim o tempo em que paixão efervescente me causava tonturas, me deixava acordado uma semana, enfeitando minha alma, organizando festas incríveis aqui dentro do meu peito, te recebendo com faixa e banda de música e tapete vermelho. Eu abro mão daquela agonia lancinante e, sim, devo admitir, extasiante, de te demonstrar através de minha performance que eu valho a pena, que eu sou especial e que eu não mereço ser ferido.
A partir de agora só quero amor cream cracker. Amor três da tarde. Amor edredom.


HOLDEN CAULFIELD 3:53 PM 2 Shout Outs"

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Daniela em Números

3 refrigerantes, 2 horas, 1 amigo querido conquistado.

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Buenas... Here I am, na Cidade Maravilhosa, cujos encantos mil estão escondidos pelos motoristas de ônibus, pelo calor diário de 43 graus. O que estou fazendo aquî? Bom, seria idiota se eu dissesse que só uma viagem de seis horas, 500 km poderiam me dar a paz de espírito tão ambicionada? Seria estúpido se eu dissesse que São Paulo é uma cidade pequena demais para acolher a mim e ao meu desconforto?

Resposta 1 para a pergunta não feita: não, não estou fugindo. Estou reciclando. Recarregando, como o Ultraman fazia perto do sol. Minha luzinha vermelha estava disparada, precisava voltar para perto do sol para que ela voltasse a ficar azul. Voltei a assumir minha condição de Sundance Girl.

Resposta 2 para a pergunta não feita: eu sou dona da minha vida. Dia 15 tem clássico no Mineirão. Se me der na telha (e na conta bancária) eu vou. Ah, é em BêAgá, mesmo.

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Ao contrário do que eu acreditei, minha fé em Deus continua inabalável. Não entendo a sua letra, não entendo o idioma, mas a mim não cabe questionar. É acreditar, e acreditar, mesmo sem ver a prova. Vou me deixando ser instrumento, mero instrumento de Deus. Vou pra onde seu hálito me soprar, faço o que sua mão firme e amorosa conduzir. E vou sendo feliz dia após dia, sem pressa, sem arroubos.

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A menina, a águia e o gato

Era uma vez uma menina. Era uma vez uma águia. Era uma vez um gato.
A menina não sabia amar. A águia tinha as asas presas. O gato...
A menina morava longe da águia. A águia morava perto do gato. O gato...
Um dia a menina voou para perto da águia. A águia teve a asa solta pelo gato. O gato...
A menina se apaixonou. A águia também. O gato...
A menina ensinou a águia a voar. A águia ensinou a menina a amar. O gato...
A menina voou com a águia. A águia cuidou da menina no vôo. O gato...
A menina dorme abraçada com a águia. A águia vela o sono da menina. O gato...
A menina seca as lágrimas nas penas da águia. A águia protege os olhos da menina contra a luz. O gato...
A menina está aprendendo a ser feliz. A águia está aprendendo a voar. O gato...

E o gato, gente???

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Voltei para a casa que tantas vezes me viu correndo, em boa parte dos doze anos em que sapateei pelos corredores do 726 da avenida com nome estranho. Quase consegui enxergar alguma marquinha que eu porventura tivesse feito nas paredes. Senti o cheiro que me acompanhou em eventuais sonhos. Um cheiro de portaria, algo entre a creolina e o desinfetante de pinho. Rodei pelos aposentos da casa, revi as plantas que um dia me foram proibidas. Vi as pequenas xícaras de porcelana, pelas quais minhas mãos sofreram ano após ano, num desejar constante.

Revi o cantinho onde ficava aquela que me era tão querida, aquela que tão sabiamente me acolhia, numa paciência absurda, talvez sabedora da nossa afinidade. Fui ao banheiro, e senti o cheiro de sabonetes antigos, que tinham passeado pela minha pele em outros carnavais. Dor fez rima com amor. Senti falta dos dias do passado, dos dias em que a banheira quadrada era grande o suficiente para a Algas e eu e os nosso brinquedos.

Não há mais estante de livros naquele apartamento destroçado. De real e concreto, apenas um sorriso. O meu, mescla de saudade e lembranças. Sacudo a cabeça para empurrar as lembranças para o fundo da memória. Sento, abro a bolsa, puxo um cigarro, vasculho o isqueiro. Os olhos já brincam mais sossegadamente com o ambiente semi despido, prostituta guardada por pequenos véus mal aplicados.

Surge um cinzeiro na minha frente, solícito. O cigarro toma o caminho do depósito de cinzas. Os olhos acompanharam mecanicamente o trajeto da brasa até a mesinha de centro, e param arregalados. As lágrimas até então contidas não acharam freio. O corpo, convulsionado, escorregou para o chão, e a cabeça achou repouso no tampo de madeira da mesa. A mão continuou pendurada no cinzeiro. O cinzeiro que tinha um palhaço em pé, bêbado, agarrado num poste de rua. Bêbado, sem rumo. Como eu.
Deus deve ter faltado às lições de caligrafia... Ô, letrinha ruim de ler, viu...

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Daniela em números

4 dias, 3 Estados, 2 homens, 1 amiga estrela da sorte, 0 definições.

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Almoçar com Miriam Lane. Estou feliz. Volto depois.

quarta-feira, fevereiro 05, 2003

10 anos estudando.
33 dias de intensivão.
3 dias de prova.

Passei.

Agora, aprovada que fui, vitoriosa que sou, quero uma semana de sombra, água fresca e carinhos sem ter fim.

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Eu sou querida. Eu sou especial. Eu sou bonita. Eu sou importante. E sinto muito, esse blog é meu e eu posso ser o quanto especial eu quiser, e dizer isso quantas vezes me der vontade.

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Ê, menina sem-educação...

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O bom da vida é poder olhar pra trás e ver que aquele "Buuuuuuuuuu" que tanto assustava não faz mais medo. Hoje eu descobri que EU consegui expurgar os meus fantasmas. "Como é difícil viver carregando um cemitério na cabeça". Esse Bruno Gouveia é show, né?

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"Cristo Redentor
Braços abertos
Sobre a Guanabara

(...)

Esse samba é só porque
RIO, EU GOSTO DE VOCÊ!!!"

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"O Rio de Janeiro continua lindo
O Rio de Janeiro continua sendo
O Rio de Janeiro fevereiro e março..."

E abril, e maio, e junho...

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Hermético, né? Depois eu faço um diário de bordo decente...

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Atenção, senhores passageiros com destino ao Rio de Janeiro. Embarque quase imediato.





domingo, fevereiro 02, 2003

Ei, quem toma cocktails de martini com vodka é o James Bond!!! Daniela? Não, Daniela não repete mais isso...

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Foca, Mingau,Zeba e Debbie. No final, faltaram algumas pessoas importantíssimas, mas que por um motivo ou por outro não estava. Mas a minha "despedida" foi bem ao gosto dessa quase reclusa garotinha: poucos, queridos e excelentes amigos.

Obrigada, meus amores, meu "bunker" estará à disposição de vocês em Sampa... Mingau, amigo lindo dos lindos olhos azuis, assim que arranjar pra mim, procuro pra vc... Acredite: é mais fácil ser diretor de arte do que produtor...

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"Keep in mind
We´re under the same sky
And the night as empty for me as for you
If you´ll feel
You can´t wait till morning
Kiss the rain..."


Kiss the Rain - Billie Myers

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Dia 3.

sábado, fevereiro 01, 2003

Eu sabia que a dor deste meu amante uma hora vinha...

Salvador está embaixo d'água. Lágrimas de saudade desta que vai e não sabe quando e se volta. Água que tenta me segurar em casa, lágrimas que saltam dos olhos que olharam os meus e viram que era adeus. Água que tenta me ferir a pele, entranhar nos meus cabelos. "Se você vai, sai daqui marcada!"

Sua calma e placidez foram traídas pelas cores fortes. Salvador, meu amante, não faz silêncio da sua dor. Chora e esbraveja, e bate os pés e manda raios. Meio presente, meio castigo: ele sabe que as águas me recarregam, ao mesmo tempo que me freiam.

O pranto continua, passional, ruidoso, caudaloso. Agora ele manda os ventos cantarem sob a minha janela, serenata sem sereno, sem estrela, sem lua, sem sol. Serenata no cinza chumbo, canção de amor triste, canção triste de amor, soando como lamento sem resignação.

E ao contrário do poema que um dia me encantou, do lado de dentro da tempestade, um coração calmo, manso, quieto. Tranquilo. O meu. Minha alma está banhada do sol que o meu raivoso amante tão caprichosamente me nega.

Como amada sem alma, vou dormir. 6:33, e preciso ficar bela logo mais para ser recebida pelo meu amor primeiro. Bato o portão sem fazer alarde, levo a carteira de identidade, uma saideira, muita saudade. E a leve impressão de que...

Familia louca

Em definitivo: os Henning são dependentes químicos de tecnologia. Essa máquina parecia alça de caixão: um largava e o outro já vinha no vácuo...

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Buenas...

Daqui a exatas 29 horas eu estarei embarcada num vôo de Salvador para São Paulo. Passagem só de ida comprada. Na bagagem, sonhos, esperanças e crenças tão verdadeiras que beiram o infantil. Nada definitivo, bem ao gosto dessa múltipla geminiana.

A roleta já está correndo sobre os próprios trilhos. Na minha mesa de bacará, não existe duplo zero: não há a possibilidade de eu não ganhar.

Hora de fazer os sonhos darem certo, hora de zerar o odômetro e cometer erros diferentes, acertos diferentes.

Meu deadline para dar certo é curto: 20, no máximo 30 dias, e eu já tenho que ter uma estrutura mínima montada — a santíssima trindade: apartamento+colchãozão+chuveiro quente.

O lado bom das bifurações da vida é que existem apenas dois caminhos a escolher: sucesso ou fracasso. Não tenho a menor pretensão de escolher a segunda possibilidade, mas o meu bom senso e excesso de realismo me impedem de pensar que a vida será sempre cor-de-rosa na minha terra natal. Todo início é duro, toda mudança dói. Vou continuar trabalhando em produção, conhecendo pessoas novas, incrementando meu cardápio de mais pessoas queridas. Nada sério em vista, algumas possibilidades.

Mas resolvi que se vou sofrer de qualquer jeito — tentando ou desistindo —, prefiro sofrer aprendendo a ser feliz. Prefiro sofrer acreditando mais uma vez nos meus planos, acreditando que "no mais, a eterna certeza de que o nosso sucesso é inevitável", parafraseando eternamente um amigo querido.

Claro que toda mudança traz consigo os ares da esperança. A delícia tem andado de braços dados com o temor. Reaprendi a sonhar, prática tão em desuso na minha vida. Aprendi a acreditar, e acreditar, mesmo sem ver a prova. Estou aprendendo a ser feliz dia após dia, sem me angustiar com a tema da alegria do dia seguinte. Engraçado: parei de me preocupar em buscar a felicidade, e não me lembro de ter sido tão feliz em outra época da minha vida.

Cada um, cada um de vocês contribuiu para que eu começasse a caminhar mais segura. Cada um deu sua parcela de carinho, profissional ou não, cada um me deu um pouquinho mais de esperança para continuar a navegar. Na força de vocês eu me fiz, sou resultado dos tijolinhos colocado por cada um. A maneira como nos relacionamos no passado me é indiferente agora: amigos novos, antigos, colegas de trabalho, chefes, mas acima de tudo, pessoas que me são muito caras.

Pode ser que eu volte em 2 dias, duas semanas, dois meses, dois anos, duas vidas. Pode ser que eu migre para outras paragens, andorinha em busca de um sol morno onde eu possa estirar as minhas asinhas, deitar os olhos além da linha do horizonte e suspirar satisfeita: "Enfim em casa". Onde quer que seja essa casa.

Na pior das hipóteses, em no máximo 30 dias estou de volta a Salvador, com toneladas de boas histórias pra contar, férias merecidas na terra pela qual não caminho há tanto tempo. Mas confesso que vou brigar para que isso não aconteça.

Vou manter atualizações periódicas no meu blog, e operando com todos as contas de email, já que eu tenho certeza de que todos vão me mandar cartinhas, desejando boa sorte, fazendo torcida para que tudo dê certo. Estou contando com isso.

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E que seja doce, que seja doce, que seja doce!