terça-feira, novembro 25, 2008

Better

Melhor do que dormir desesperadamente depois de um trabalho estafante é vê-lo dormir desespeadamente depois de um trabalho estafante.

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E foi delicioso o tal trabalho. O cacique da empresa de telefones é SENSACIONAL, figura boa de se trabalhar, acessível demais, sem frescura.

Trabalhos assim é que pagam o cansaço, o desgaste, o pavor de as coisas não saírem como devem. Mamãe perguntou ontem se eu havia conseguido as autorizações. Com um sorriso amarrado atrás da orelha, respondi que nunca aceitei bem levar um "não" nas fuças.

Meu sim vem, pelo menos o sim de trabalho. Vem mascarado de não, vem escondido atrás de "resposta precária", de condições, de horas e regras. Mas meu sim sempre vem, nem que seja dos céus.

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E rever amigo de colégio, e ex-namorado amor da vida, e amiga querida que a cada dia se mostra melhor produtora, e diretor do bem, e enfim conhecer gringo gato da unha suja. E me preocupar, e tomar chuvar, e lá pelas tantas, porque eu mereço, levantar as mãos pra cima no meio da garoa; mãos e rosto, e silenciosamente, inconscientemente, agradecer pela água nossa que cai do céu e nos protege. Sacudir o pêlo como cachorro feliz, sorrir e voltar ao trabalho.

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Na mesma intensidade

Bom vê-lo dormir desesperadamente depois de um trabalho estafante; péssimo vê-lo se arrastar da minha cama duas horas depois de deitar, exausto, porque precisa ir pra casa por causa do trabalho do dia seguinte.

Mas ainda muito bom dormir desesperadamente depois de um dia como hoje. Mesmo que seja sem ele.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Estresse

Até que demorou. Faltam só 24 horas para rodar o VT, e finalmente estou com todos os sintomas de estresse pré-producional. A pálpebra treme, o coração está batendo na garganta, e à uma velocidade não-humana; a boca está seca, e pelo andar da carruagem, só vou conseguir dormir dentro de 12 dias.

Sim, tive problemas com o Tráfego.
Sim, tive problema com o Patrimônio Cultural.
Não, Glória a D*us nas alturas, ainda não tive nenhum problema com a Poícia Militar.

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Update das 22:30

A cabeça dói. Existe uma lei que diz que todo trabalho aceito com cachê menor que o habitual será mais trabalhoso que a média. Dito e certo. Esse cachê é quase a metade da minha diária de sempre, mas como o dono da empresa é o cara mais honesto e do bem de todo o mercado publicitário, topei, topo e toparei todas as vezes que for preciso.

Isso, somente, não blinda a produção de problemas, que aliás, nem passam pela seara dele. Meus problemas são de ordem BURROCRÁTICA, e acabam resolvidos por uma, duas, três almas de bom coração, que se insurgem contra o sistema idiota e cretinamente hierarquizado ao qual somos submetidos.

Resolvi meus pepinos todos, alguns nos 45 minutos do segundo tempo. Rodamos o VT amanhã até com alguma tranquilidade. Mas vou te dizer: o quanto isso me desgastou é impossível de ser quantificado.

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No meio dessa zona de "agora pode, agora não pode", precisava falar com um fornecedor.

Liguei uma, duas, na terceira, achei que tinha alguma coisa errada. Nada, tudo certinho, liguei mais uma vez. Aí achei que tinha número demais. Contei um por um dos dígitos. Nove. Oh-oh.

Olhei de novo, cantei os números, e enfim os olhos desviaram para o alto da coluna onde estava anotado o telefone dele.

Parabéns, Daniela, você tentou ligar para um número de RG.

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E vamos lá. Show time.

Se viva estiver, conto como foi o VT com o picão da empresa de telefones que podem ser levados para todos os lugares.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Honra

Antes de ser rabiscadora de blog, sou leitora. E leitora chata — o que não é novidade, em se tratando de mim. Eu sei que para eu ler todo o arquivo de um blog, tenho que estar completamente apaixonada pela história, pelo estilo.

E foi isso que aconteceu. A Ana chegou aqui num dia de insônia (oi? meu nome é Daniela, tenho 32 anos, e não tenho dormido antes das três e meia da manhã, todos os dias?), foi lendo, foi lendo, achou arquivos, e ainda descobriu algumas histórias sem final.

Ana, me sinto honrada pela leitura dos arquivos, pelas visitas constantes, por me relembrar uma história que hoje é engraçada (e depois conto o final: é saborosíssimo). A questão do "indecent obsession" é por causa de uma figura de outros carnavais, e que jurou achar meu blog (como se fosse dificílimo).

Volte, volte mesmo, comente, opine, esculacha, e manda email, também. Escriba de blog escreve para dar a cara a tapa, para ser julgado, e quando alguém nos admira, acredite, dá um quentinho na alma.

Beijão!

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Maratona Daniela de Estranhos e Apaixonantes Trabalhos. Equipe que amo, num lugar onde jurei só gravar uma vez por ano (e é esta), com a mais honesta empresa realizadora. Rodo terça-feira, com ou sem chuva. E aí caio no segundo ponto. Chuva.

É a minha primeira chuva na casa nova, e se só o barulho não é suficiente, vou me pendurar na janela daqui a pouco para ficar vendo a dança das gotas no chão de asfalto. E tenho que acordar cedo amanhã. E não posso dormir horrores, como adoro fazer depois que Dona Lourinha é devidamente despachada pro colégio. Tenho que organizar meus documentos de trabalho, ofícios, telefones, agendas e checking lists, para ir cedo para a produtora.

Como manter a insônia nessas bases? Como terminarei o dia de amanhã? De onde eu vim? É bonito aqui? Onde está Wallie?

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Sorvete de raspas de laranja com chocolate faz feliz.

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Tem insônias que vem para o bem...

terça-feira, novembro 18, 2008

Com tanto pra falar...

... você bem sabe.

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Tinha, realmente, muito pra falar. Esqueci, claro, porque ando com a cabeça longe, ando morrendo de calor, ando de saco cheio dessa entressafra, ando olhando mais detidamente para o céu que nos protege. Ando apaixonada pelas minhas plantas, ando pensando em mudinhas e torrões e adubos o dia todo, ando pensando em como pagar as contas, ando querendo dois dias sem celular. Ando querendo fazer as pazes com quem briguei, ando querendo dizer que amo, ando querendo matar as saudades de uns — ou aproveitar o tempo curto que tenho com outro.

Então eu esqueci tudo o que queria dizer, e disse tudo o que não estava planejado. Por um motivo ou por outro, e creia-me, nem todos bons, tem sido bem bacana viver.

domingo, novembro 16, 2008

Indecent Obsession

Prezado(a) Usuário(a) de WinNT, que passou exatos 100 minutos lendo meus arquivos, favor se identificar. Tenho mais historinhas para contar, dessas impublicáveis num blog de família (hã?).

sexta-feira, novembro 07, 2008

Nota mental

Nunca mais ir à "quinta na feira" sem meu pai.

Meia dúzia de frutinhas; um, dois legumes, e o peso total disso é quase uma tonelada. Certo, certo, mais uma garrafa de espumante espanhol, um Keep Cooler, iogurtes e um vaso de flor. E esses últimos itens pesam desde quando? Bom, desde que resolvi voltar andando o curto trajeto entre mercado e minha casa. Curto?

Enfim: voltei qual Atlas, mundo inteiro nas costas, expurgando pelo suor as toxinas que o corpo retinha por puro capricho. Ainda absorvendo o coleguinha de compras semanais, moreno de sol, barba descuidada, quase um cover do Primo Basílio. Sol de cravadas doze horas, Vedder no ouvido, cabeça lá longe, mas prestes a voltar.

Não posso mais viver tão distante assim da minha base de operações. Da minha realidade. Não dá mais pra idealizer o par perfeito, a hora certa, o dia D. Ele existe, sim, mas batalha perdida é aquela onde entra somente um exército . Não vou brigar só. Game over.

A hora é essa, qualquer que seja ela. A minha hora quem vai fazer sou eu.

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MALDIÇãO

Instalei The Sims. Adeus, mundo cruel.

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Mas ainda ouço Vedder.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Histórias trocadas

E ela começa assim:

Aos 3 eu tinha medo de trator. Aos 4 joguei uma pedrinha em um carro. Aos 5 , quis comprar jornal sozinha lá na Praça da República. Aos 6, queria ser modelo, me chamar Débora e ser professora. O desejo de lecionar já não existia aos 7. Brinquei como um moleque, era apaixonada por barbies. Isso até os 14...


E daí por diante minha irmã desfia uma Helga que, se eu conhecia, há muito não encontrava tão de perto.

É, a Algas tem um blog agora, e tenho muito orgulho em saber que ela já é alfabetizada! Sério: alguém admite que a irmã mais nova cresceu, formou-se no colégio, na faculdade e ainda abandonou a pós-graduação?

Então vai lá, e se ela não atualizar, fala comigo. Vou usar meus poderes de primogênita e baixar o sarrafo nela.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Para fechar

Claro que além da depressão-mãe, que atingiu os 8.7 pontos da escala Richter, eu ia ter mais alguma coisinha para me queixar: saí de casa ao meio-dia de ontem e ESQUECI uma panela com água no fogo. Voltei às dez da noite para apanhar um documento e sapatos para a Loura, e qual não foi minha surpresa?

O saldo: um botijão de gás pelo meio, uma panela que está perdendo a cor e o coração disparado.

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Se cheguei aos trancos nesta segunda-feira com mais sol do que desejei, entrego a grade para a terça-feira com alguma suavidade, um tanto de alívio, 49 minutos de Skype com o Moço, e a retomada do projeto "Corra e Morra". Sim, voltei a correr, e depois de parar de fumar, gostaria de dizer que sair destrambelhada pela rua ficou muito mais fácil do o foi há uns... 15 anos.

Se a solução me parece ainda distante, os paliativos têm-se mostrado eficientíssimos. Sorri, saí com a Doce M., deixamos as meninas com a babá dela, tomamos água de côco, depois fui à praia com a Lourinha, e assim, devagar, a vida continua.

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Into the wild


Ele me apresentou a trilha, e era mais uma das nossas saborosas convergências de gostos. Eddie Vedder. Eu amo Vedder, amo o tanto de emoção que ele imprime no que canta, no que escreve.

Aí eu achei o filme, a trilha, li a sinopse e os reviews, e sendo baseado num livro do Jon Krakauer, não há chance de não gostar. Vou me dedicar a ele amanhã, num momento em que a Lourinha estiver dormindo, para poder fruir com a devida atenção.

E é isso que ouço agora: Vedder para Into the Wild. Se bem não faz, mal não faz de jeito nenhum.

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Ainda sobre saborosas convergências, ele gosta do Midnight Oil. Midnight Oil, caramba!

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Estraga-prazeres

Pode ir desfazendo a decoração, tirando chapéuzinho da cabeça e apito da boca: a daqui não morreu, não pretende (num futuro próximo), e caminha em direção ao luxo e à riqueza.

domingo, novembro 02, 2008

Daniela playing Chico, de Anchietanos

(ou "Eu avisei que não era uma comédia. Se você achou que era, o problema é seu."
Gerbase, Furtado, Assis Brasil)


Lágrimas. Litros de lágrimas, uma tristeza sem fim, e a vontade de não existir. Não, não a vontade de morrer, nem a vontade de estar noutro lugar. Era a vontade de não existir mesmo.

A crise de labirintite — e um susto de proporções diluvianas — trouxe um episódio pequeno de pânico, mas ainda assim pânico. E mais lágrimas, mais um reforço no sentimento de inadequação.

Não tem explicação. Poderia colocar na conta da inseguraça, da frustração, da sensação apavorante de que nada tem solução, de que a depressão nunca vai acabar. Poderia ser um misto da raiva que não deságua com a dor da repetição, e o inferno é a repetição, creiam-me. Mas não pode ser só isso.

Talvez seja o medo absoluto da solidão, a certeza de que somos finitos, a responsabilidade, a pasmaceira da maré de trabalho, a incompreensão absoluta do que é o ser humano, talez, talvez, talvez.

Mas não é nada disso. Ou é tudo isso, e me sinto tão náufraga dentro do meu próprio desespero que não percebo que para não sufocar é só colocar os pés no chão: o lago é uma poça, e estou afogando num copo d'água.

Não sei, e o não saber também angustia. Preciso justificar essa tristeza sem fim, preciso de um nome para cada lágrima que desce dos olhos, desenhando grades no meu rosto. E não tem. Meu Deus, não tem explicação.

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Mas amanhã passa, ou pelo menos melhora. Não é o primeiro episódio, e embora torça muito para que seja o último, sei que não é.

Peço desculpas se você veio em busca de algum humor. Hoje não deu.