segunda-feira, março 31, 2003

Você é ator/atriz? Modelo? Tem entre 25 e 40 anos?

Beleza! Estarei dirigindo um teste de casting na próxima quarta feira, de nove da manhã às 21, para uma excelente produtora do Sudeste.

Entre em contato!

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Isso tudo pra dizer que eu volto pros estúdios essa semana! E fazendo o que mais amo: dirigindo!

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Father and Daugther Football League

Papai entra em casa, vindo do supermercado. Dou uma olhada rápida, continuo trabalhando, mas comento:

— Por isso que eu não ouvi o barulho do carro...
— Hã?


E aí ele se toca: trouxe, junto com as compras, uma vassoura nova.

Touchdown!

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Minha irmã de alma está viva! Consegui falar, depois de um final de semana agoniada, achando que qualquer coisa podia ter acontecido. Rimos na última meia hora como não riamos há tempos. Vou ver se dá pra viajar dia 23.

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Checking list pronto. Agendão indexado. Sims instalado. Opa, esquece os Sims. Falta o assistente. Faltam as fichas de inscrição. Mas está tudo OK. Bons ventos sopram, e ainda está tocando "Man, I feel like a woman!", que me dá vontade de sair saltitando. Ser feliz não é difícil: quatro amigos para todas as horas, um freelancer de sonhos, um dia de sol, uma música legal e um maço de cigarros. E não lembrar de um amor perdido.

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"Quer ver Deus rir? Conte pra ele os seus planos!"

De um personagem de "Amores Brutos"
Nós somos
Do Clube Atlético Mineiro
Jogamos com muita raça e amor
Vibramos com alegria nas vitórias
Clube Atlético Mineiro
Galo Forte Vingador.


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Desculpaê! 3 gols em cima do Timão (sic), viu?

Tomou?

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Vencer, vencer, vencer
Este é o nosso ideal
Honramos o nome de Minas
No cenário esportivo mundial


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Uma buzinada, barulho de freio, batida. A curiosidade às vezes é mais forte que a minha preguiça. Quando chego na sala, Miriam Lane já estava sumindo em porta afora.

Anticlímax: o vizinho sempre sai como se o único carro inventado no mundo fosse aquele Mitsubishi dele. Detalhe é que moramos na avenida mais movimentada desses lados de cá. Não deu outra: desceu um carro e entupiu na frente dele, que estava inteirinho na contra-mão.

Nesse episódio não houve feridos. Só o orgulho do vizinho.

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Lutar, lutar, lutar
pelos gramados do mundo pra vencer
Clube Atlético Mineiro
Uma vez, até morrer


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Bateu, pulei da cama, fui até a garagem ver o banzé. A polícia já estava lá! Certo, a delegacia é exatamente em frente, mas... hoje é domingo... domingo à tarde dá sono...

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Nós somos campeões do gelo
O nosso time é imortal
Nós somos campeões dos Campeões
Somos o orgulho do Esporte Nacional


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Azeda que nem um picles. E nem deveria: quarta-feira faço um trabalho delicioso. Mas estou azeda sem deprê. É um azedume quase bem humorado.

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Lutar, lutar, lutar
Com toda nossa raça pra vencer
Clube Atlético Mineiro
Uma vez até morrer


Hino do Clube Atlético Mineiro - Vicente Motta

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E olha que a gente só está começando...

domingo, março 30, 2003

Para eu aprender a não me vangloriar.

Item 15, Esperando a geladeira:
15. A vantagem de ter mandado o provável date às favas é que não tenho que passar roupa pra sair hoje.

Aié?

00:50. Toca o celular. Mamãe berra a clássica piada: "Olha o pernoitão!" (eles dizem que me celular só toca a noite)

Felipe. Dispensa apresentações. Meu amor de toda a vida.

— Estou saindo de casa agora. Em 20 minutos estou aí.

Boa amiga que sou... 1:20 saímos. Aquele bar... Sim, fomos para aquele antro do bolor humano, perto da casa do Foca. Em estando lá... Foca... analista de sistemas que devia ter sido publicitário...

— Foca, vem pra cá!

Ele foi. Lá pelas tantas, voltando para casa, passa Fubá, professor de tênis, editor e produtor nas horas vagas.

— Fica aí, Fubá!

Deu no que deu: um litro e duzentos de Coca Light pra mim, horas de discussão sobre política, cinema, cotas universitárias e besteirol, uma noite ganha e risadas que ainda ecoam pelos ouvidos.

E o melhor de tudo: NÃO PRECISEI PASSAR O VESTIDO!

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OK, eu desencarno a Hello Kitty e o Querido Diário de manhã...

sábado, março 29, 2003

Wake up, Neo.

The Matrix has you...

Follow the white rabbit.... by Jeferson Airplane!

Esperando a geladeira, digo, o projeto (ou "Pérolas do mau-humor")

1. Não consigo achar um CODEC que descompacte as porras dos Animatrix que baixei.
2. Não consigo achar um Livin' Large, um Hot Date e um Vacations que preste pors Sims.
3. O programa de Flash é só essa porrinha de mil e poucos k?
4. Meu estômago está um lixo.
5. Eu não sou nem obrigada a ouvir o viziho tocando "deixa eu perguntar pro coração, pra ver se eu ainda gosto de você".
6. Estou fumando Free. Cigarro de criança.
7. Rá, "tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar", no Top 5 do vizinho.
8. O alemão tarado acaba de entrar na minha lista de ICQ. Sexo virtual em inglês nem pensar.
9. Para que porras me serve uma conexão banda larga se as porras dos downloads não tem passado de 3.0 kbps?
10. Baixei o livro das mutações, vulgo I Ching, pelo Kazaa. Em inglês, e até que palatável. Só que são 131 páginas. Imprimir nem pensar.
11. Faltam 211 k pra terminar de receber "God Give me Strenght" com (acho) o Elvis Costello. Mas tem 5 dias que faltam 211 k!!
12. Gilberto Gil tocando forró devia ser expulso da galáxia.
13. O vizinho devia ir junto.
14. Time Remaining (Sims Hot Date): 3262 horas, 4 minutos e 27 segundos.
15. A vantagem de ter mandado o provável date às favas é que não tenho que passar roupa pra sair hoje.
16. Eu detesto essas crises de Pollyana.
17. Minhas clown paints estão LINDAS!!!
18. Idem meu vestido de lagarta.
19. Alguém me ouviu falando em São Paulo de 15 a... a... sei lá quando de abril?
20. Produtoras de São Paulo, desuni-vos: apenas UMA (ou duas, ou várias se for freela) poderá comprar o meu passe!
21. Saco...
Reclamo de tédio... e na mesma hora toca o telefone:

— Estou mandando agora o projeto para você revisar.

Rá! Estou morrendo de rir, Deus...

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Agora estou mesmo...

Tédio...



Swimming in a fishbowl

Adeus. Pra sempre.

Como um dia quis que o nosso "pra sempre" fosse pra sempre, quero que esse adeus também dure. Pra sempre. Não precisa me levar até a porta. Já me expulsou tantas vezes da sua vida que conheço bem o caminho de saída da sua alma. Estou levando as malas. As minhas. Só.

Não quero nada que tenha (des)construído ao seu lado. Os "nossos" planos já não me servem mais. Ser feliz com você nunca foi viável. Será que fomos? Será que não tomamos a pílula azul, e temporariamente nos deixamos voltar para a Matrix?

Vou derrubar as paredes que erguemos juntos para guardar nossos sonhos surrados, já meio gastos, malas rodadas. Vou arrancar o piso aveludado que escondia a podridão do assoalho velho, de madeira enegrecida pelo tempo e pelos pés que nos pisaram o coração. Vou arrancar os papéis de parede e deixar ver as ranhuras de vasos atirados contra nossas cabeças, furos de pregos que sustentaram quadros de outrora. Vou exibir as chagas que as unhas de outra deixaram no concreto da sua alma, vou deixar que o mundo veja as marcas das minhas mãos na tinta descascada, mãos que tentavam se agarrar a qualquer fragmento, para que eu não me afogasse nas águas do meu próprio desespero.

Todos vão ver a marca da bala que me trespassou a alma, vinda de trás, e os fragmentos de memória olfativa, táctil e auditiva que saíram pelo buraco feito pelo tiro. Os novos habitantes das nossas almas vão encontrar o sulco do meu corpo encolhido de dor no chão duro. Dos seus pés ruminantes, cavando um pequeno buraco para jogar o que restasse de mim. Os nossos novos hóspedes verão pequenos furos no colchão, no parapeito da janela, na mesa da cozinha, nas suas mãos, nas minhas.

Lágrimas. Todas elas que derramei quando ainda acreditava. Vou regar todos os nossos vasos de planta com as minhas lágrimas ácidas, e ver morrendo uma por uma. Flor por flor, que tanto trabalho tivemos para convencer que o mundo aqui fora não é cruel. Uma gargalhada amarga. Mentimos, florezinhas! O mundo pode não ser cruel, mas as pessoas são. Ele é. Eu sou.

Vou derrubar a lápide de um amor natimorto, que embalamos nos braços, criança no sono, na esperança de que aquele arremedo de cuidado o ressucitasse. Vou arrancar as cortinas primaveris e deixar bem à mostra as marcas que fiz com a minha testa no vidro da janela, esperando que o inverno se fosse, que você viesse, que parasse de doer. Esperando que tudo fosse de verdade. E pra sempre. Como foi o amor. Como será esse adeus.

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Escrever é a maneira que tenho de vomitar minha dor, ao invés de só assimilar, calada. Alguns gritam, outros esperneiam. Eu não. A minha válvula de escape é escrever.

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Kanjicho, Ensemble Nipponia
What´s my age again, Blink 182
Wicked Games, Chris Isaaks
Exercício de meditação

"O exercício propõe que você se imagine como uma ave. Se não puder ficar nua, coloque uma roupa com as cores da ave que você vai "incorporar". Imagine-se como a tal ave e alce vôo".

OK, vamos lá. Olhos fechados, um friozinho bom demais, esticada na cama, relaxada. Nua não dava mesmo, senão eu seria um cadáver congelado em meditação eterna.

Todos os preâmbulos da meditação foram feitos. "Imagine-se um pássaro... Ai, meu Deus, que roupa eu estou?"

O short verde com a camisa branca? Não, isso foi ontem. A blusa cinza com o short azul florido? Não... Bingo! A camiseta vermelha com o short preto e branco! Vamos continuar, então!

Imagine-se um pássaro... "Mas um pássaro vermelho?"

"Curió... Periquito... Canário... Arara... ARARA!!! Arara e vermelha! Imagine-se uma arara... Imagine-se uma arara... Mas arara voa?"

Na ignorância desse dado, resolvi pensar em outro.

"Gavião, águia, urubu, uirapuru... UIRAPURU VOA E É VERMELHO (telha, mas é)! Imagine-se um uirapuru, imagine-se um uirapuru, imagine-se um uirapuru..."

Problema 1: Pense repetidas vezes na frase "Imagine-se um uirapuru." Conseguiu? É mais fácil "Três tigelas de trigo para três tigres tristes."

Problema 2: OK, o uirapuru é vermelho e voa. Mas usa short com listras pretas e brancas?

Uma risadinha discreta atrapalhou minha concentração. Ai, meu Deus, lá vou eu começar tudo de novo... "Imagine-se um uirapuru, imagine-se um uirapuru, imagine-se um uirapuru..." Mas e o short? Uirapuru não serve! Outra ave, então!

Uma ave listrada de preto e branco, uma ave listrada de preto e branco...

"ZEBRA!!! Imagine-se uma zebra, imagine-se uma zebra, imagine-se uma... ZEBRA???"

Desisti da meditação ali mesmo, às gargalhadas...

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Qualquer um lê. Reler é para os sábios.

Eu admito a minha insapiência. Não consigo reler algumas coisas. Não, não são os livros. Não consigo reler bilhetes antigos. Não consigo reler alguns trechos do meu diário no caderno. Não consigo reler meus contos de uma determinada época.

Por quê?

Porque são de um amargor que não cabe numa guria novinha. Porque machucam pela melancolia daquela que não consigo imaginar como sendo uma versão Daniela 3.0.

Não consigo reler cartas do Solano. Não consigo reler as minhas respostas. Não consigo reler crônicas de um certo período. Não consigo ler meu diário desse mesmo período. Não consigo reler alguns emails.

Por quê?

Porque são de uma felicidade que não cabe no que conheço de mim mesma. Porque machucam pela alegria daquela que não consigo imaginar como sendo uma versão Daniela Pentium V.

sexta-feira, março 28, 2003

O instinto nada mais é que a memória genética ancestral.

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Abre parênteses

Ele não veio essa noite...

Mas em compensação sonhei com o Rô, paixão antiga, que bagunçou meu emocional por uns bons meses. Mas foi uma bagunça boa. Serviu para acordar com um sorriso no rosto, e lembrar que quando Ele não vem, é porque o meu corpo precisa descansar, idem o Dele. Serviu para sentir saudades do Rô. Serviu para mostrar que Ele não é o único homem do mundo (apesar de o meu Winamp não concordar.-------->

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Pessoinha ruim, viu?

Por isso eu amo esse homem... Porque eu sacaneio com o rancho dele, e ele nem responde!

Torin Tyr (11:51 AM) :
eu sou alterar, não tive saco ainda

Fada Primavera (11:52 AM) :
:o) Lindinho da Dani!

Vou aproveitar esses dias de convalescença e baixar o flash... Já pensou se aprendo a usar aquela porra??/
Torin Tyr (11:52 AM) :
vou almoçaR!

Fada Primavera (11:52 AM) :
boa sorte ou meus pêsames?

Fada Primavera (11:52 AM) :
:o)

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Estou com roupa de festa, com alma colorida, com aura brilhante. Ninguém nunca morreu de amor, com exceção honrosa para o Romeu. A Julieta morreu de burrice, mesmo. Não sou a única pessoa fodida de grana no mundo.

* Adendo * Aliás... Ontem, na hora em que me perguntava como é que eu ia pagar aquele telefonema, folheava minha agenda e conversava com a minha irmã de alma, lá longe. 20 reais. Pessoas, vocês têm noção do que é achar 20 reais quando estamos pedindo dinheiro emprestado para atravessar a rua? Eu cheguei a pensar em furar o nariz hoje, mas... Deus me fez ver essa grana porque eu preciso dela para pagar a ligação de ontem. Se sobrar, eu furo o fuço. Se não, quando receber os atrasados... *Fim do adendo*

Estou ouvindo minhas músicas preferidas, e só elas; estou indexando textos para trabalhar em cima. Estou com o bloco do lado, para que nenhum idéia me escpae. Estou com o menor peso em dois anos. Rumo ao menor em dez. A gripe melhorou, meu coração não dói, fiz a meditação da manhã e acho que consegui instalar Sims na outra máquina.

Quem consegue ficar rabugento com essa confluência de coisas boas?

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Relações familiares resistem à libido quelônia?

— A tartaruga da sua irmã tirou todas as coisas da minha mesinha de cabeceira e fez sexo com alguma coisa lá que eu não sei o que é!
— Hahahaha, mãe, deve ter sido com o Nuno Leal Maia, na capa de alguma revista Amiga de 1985!


Passou. Dia seguinte.

— Mãe, a tartaruga da minha irmã passou a noite embaixo da minha cama, fazendo sexo com alguma coisa lá que eu não sei o que é!
— Hahahaha, deve ter sido com um dos seus sapatos!


Nem quis ir lá ver.

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Winamp

Primeira: The Ballad of Chasey Lane, Bloodhound Gang
Agora: Livin' La vida Loca, na super hard versão dos Toy Dolls
Próxima:Josephine, do Chris Rea

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Fecha parênteses

<-------- nem o meu coração.)

quinta-feira, março 27, 2003



Os sonhos trouxeram de volta o tempo da delicadeza.

O sono tem sido o umbral para os desejos realizados. De um lado, o plano físico, cruel, chatinho, hipócrita. Do outro, o plano etéreo, elevado, onde somos a essência. E temos nos encontrado no mundo dos sonhos.

De alguma maneira, nossos horários desconexos se uniram na tarefa de converger, por um minuto que seja, para um mesmo ponto. Eu, que durmo muito, muito tarde; ele, que dorme muito, muito cedo. Em alguma hora mágica e por mim desconhecida, nossas paralelas têm se encontrado. O infinito chegou.

E nos tocamos, nos vemos, conversamos, nos aconselhamos. Casal com anos de vida em comum, as miscelas diárias vêm à tona. "Você continua muito áspera!", num tom carinhoso. "Você não está feliz!", retruco, com mais carinho ainda. "Por que você não tem vindo?". "Porque é difícil ficar sem você.". "Mas eu ainda te amo!". "O meu corpo acordado não sabe disso!"." Idiotas, você e o seu corpo!".

Promessas. Promessas muitas, de amor que nunca vai morrer, de que sempre seremos um do outro, que vamos dar um jeito de resgatar na vigília o que o plano onírico têm nos dado diariamente. Abraço o seu espectro, tão consistente e tão imaterial quanto o meu.

Meu. Meu amor. Devolve o meu abraço. "Quero ficar!", "A gente volta amanhã.", "Mas eu quero você pra sempre!", "Eu sou seu pra sempre. Só que a gente precisa primeiro caminhar mais uns passos antes de realizar esse amor. Mas não esqueça de que eu sou seu pra sempre."

Tira uma estrela do bolso, coloca na minha mão, pede pra eu fechar os olhos e fazer um pedido. Peço pra que seja doce, que seja doce, que seja doce; abro os olhos. Ele se foi. Ou eu é que fui embora? Sonhei? Não nos encontramos de novo?

Dia claro. Olho pras mãos. Sulcos na pele, formato de uma estrela.

"Você vai voltar mesmo, né?". "Vou. Sem você está muito difícil...".

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Winamp

Primeira: Rokudan, Ethnic Music Compilations (Músicas da Tradição Nipônica)
Agora: Bransle de Chevaux, Renaissence Street Music (13th-16th Century)
Próxima: Corcovado, com a DIVINA Itamara Koorax e Os Cariocas!

Rá! Tomei um antitérmico...

E estou toda gelada agora!

Hipotermia, pressão baixa ou sacanagem?

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Me dá colo? Só um pouquinho, só até a loucura da temperatura acabar e eu me sentir bem de novo... Por favorzinho... Se eu disser que amo você, não leve em consideração: não amo, não, é só carência — e/ou a febre, qualquer uma das desculpas tá valendo. E juro, juro que nego tudo amanhã, quando o sol te mostrar quem era a dama nos seus braços.

E além do mais, se eu disser que te amo, fico mais refém do que nunca; fica mais fácil de você continuar a me machucar. E você não precisa mais disso, né? Você não precisa mais me bater para me (se) flagelar.

Só por hoje, então, coloca a minha cabeça no seu peito, deixa eu ouvir seu coração, deixa eu sentir o cheiro da sua pele. Conversa comigo a noite toda, deixe a janela aberta, me faz feliz. Liga a televisão num canal chato, tira o som, fique com um olho em mim, outro nas imagens. Me conta qual o seu bicho preferido, se você gosta de comida mexicana, me prometa um suco de clorofila sem igual numa casa natural que só você conhece. Pelo menos dessa vez, me deixa dormir no seu ombro, com o nariz escondido no seu pescoço? Apanha o meu sonho com cuidado, me dá em troca uma estrela; mente, diz que me ama também.

Mente.
Só hoje.
Mente, diz que me ama também.

"E na belíiiiiiiiiiissima capital baiana, neste momento: 24 graus!"

E na capital da Daniland, 38 graus e mais uns quebrados...

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Possíveis motivos para a dor de cabeça

.os aliens estão amotinados no meu cérebro, reivindicando melhorias nas instalações.
.a guerra! Os aliens do cérebro estão sendo invadidos pelo povo da Terra Média, vulgo estômago, que subiram em busca de comida.
.no auge da febre, os humanos dessa casa mediram a minha temperatura pela cavidade ocular.
.fofoletes do mal 3: ultimate fight
.abandono
.saudade

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Descobri que a febre promove a elevação espiritual. Um dia zen, onde meditei várias vezes, fiz doação de energia, mentalizações de melhora... pros outros, porque esqueci de mim. Mas estava com o humor excelente, apesar do desconforto físico. Tenho a impressão forte — já há uma semana e meia, duas — que a minha vida está voltando pro eixo.

Ou é isso, ou é delírio febril...

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Chegaram Photoshop 7, Sim 1 e 4. Faltam Livin' Large e Hot Dates.

É alguma ironia do destino?

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Brincar um tanto antes de voltar pra cama e continuar a febre...

quarta-feira, março 26, 2003

A impressão que tenho é a de que todos os dentes da arcada superior vão ser metralhados boca afora. Ou que vão sair dançando salsa com os dois globos oculares pelo salão craniano. Por cima do cérebro.

Do nariz pra cima dói tudo. Cabeça, dentro do olho, fora do olho, as cavidades laterais do nariz. Peguei a gripe da qual fugi por semanas. Primeiro a Rê, depois o papai, e eu sempre desdenhando. Oh-yeah, baby, um dia ela vem. Mas tinha um tempão que eu não gripava: desde janeiro, se não me engano.

É janeiro, sim, quando quase tomei uma overdose de vitamina C. A gente se apega fácil aos hábitos...

— Estou morrendo de gripe!
— Ah, eu tomo duas pastilhas de vitamina C de 4 em 4 horas.


Isso não é conselho que se dê para um ser humano que AMA efervescente de laranja. Por mim tomava um, de hora em hora!

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Quiroga tá azedo, hoje...

Reagir não é o mesmo do que agir. Quando você reage, o princípio de seu destino não está em você, mas no mundo e nas pessoas ante as quais você reage. Isso não é digno de sua alma, você pode e deve agir em vez de reagir.

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E as pessoas dessa casa não tem o menor respeito pelos estertores dos outros. O papai, um ser humano quase curado, acordou com o Caboclo Carequinha (Carequinha já morreu???). Encontrou na Algas o Caboclo Arrelia, e os dois me fizeram quase engasgar de rir. Caboclo Arrelia, digo, Algas, não contente com o banzé no velho oeste, ainda ligou o liquidificador dentro da minha cabeça. Tá, dentro não, mas estava muito perto.

Resultado: quando os dois cansaram e saíram para o supermercado, fui fazer um inventário dos dentes e dos globos oculares. Tinha certeza de que tinha expelido uns dois, três dentes, e pelo menos um globo estava pendurado para fora, seguro só pelo nervo ótico, que nem farol quebrado de fusca. Tudo OK, posso morrer em paz.

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Combinadíssimos assim, então: se eu não voltar é porque morri. Se morri, por favor, balões de gás coloridos no féretro. Felipe, Léo, Metade e Mel tocando de novo, mas com outro nome para banda (Kenny in Hell): Dani, Kenny, muito parecido, não pode é dar idéia... Litros de martiní doce com vodka, bolinhas de queijo e todo mundo lembrando só passagens boas. Amarrem um balão com a carinha do Mr. Smiley no meu dedão do pé, e chamem uns dois drag queens para cantar "Parabéns pra você".

Pronto. Mais feliz, impossível!

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Winamp

Primeira: High Hopes, do Pink Floyd (o Division Bell é um puta álbum!)
Agora: Crash into me, do homem mais MAIS do mundo, Dave Matthews
A próxima: Iris, Goo Goo Dolls

terça-feira, março 25, 2003

A vingança é doce... e faz espirrar!

— Alguém vem pra máquina da sala?

Eu, um ex-humano (Ex-Men, a mutant... Rá!), com o corpo invadido pelos vírus da gripe intergaláctica, estava na cama desde nove da noite. Livro bom, cobertor quente. "Opa, trabalhar mais um pouco..." PAsso em direção à sala. No caminho, o quarto do papai, a família reunida, um espirro. O meu.

— Dani, volta aqui pra gente poder colocar o termomêtro em você!
— Eu esdou ódiba! É só uba ridite alérgica!
— Ah, quando é com os outros pode, né?


Por que é que as pessoas não respeitam os convalescentes?

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Minha amiga sem-noção, meu amigo gostosinho e nada ordinário. A tradução do storyboard foi um sucesso, levando-se em conta os meus parcos conhecimentos linguísticos.

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A Shaggadelic Press volta a qualquer momento com o Plantão de Notícias! Atchim! A redatora volta ao trabalho.

Achei que dava pra criar, sim... E deu.

Criei até agora:

.vários vírus de gripe
.4 downloads lentos do The Sims (algo na minha versão antiga se desentendeu com a máquina)
.2 downloads mais lentos ainda de Photoshop 7 (mais rápido viria se fosse ditado)
.um email-mail-esporro (rá!, piada infâme, ativar!)
.um email redigido entre lágrimas de gargalhadas, retificando uma mancada freudiana
.um lanche para a tarde, já que a minha amiga "Sem-Noção" está trazendo um storyboard para eu traduzir

Os textos da coluna, o layout? Ah, que desagradável, você! Depois desse dia exaustivo você ainda me cobra isso?

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Tá bom, tá bom, tô indo agora...

Papai doente.

— 39 de febre, pai. Vamos combinar uma coisa? Se chegar em 39,5, a gente vai ao médico, tá?
— Tá.


Baixou. Xarope das 21:00 dado, coloco a minha agenda eletrônica para despertar nas próximas duas doses. Meia noite e três da manhã. Volto pro quarto pra trabalhar com uma sensação de impotência. Ouço a tosse que vem do outro quarto. Um pouquinho de mel? Levo a colher de servir arroz para brincar, a colher de sopa escondida atrás. 22:30. A tosse aliviou, acho que o sono veio.

Veio. Com pesadelos. Ele fala com um tom genuíno de pavor. "Pai, você está tendo um pesadelo!". ele não acorda, mas parece que o pesadelo foi embora. Quarto de novo, abro uma janela de Word para escrever. O quê? Pra quem? Volto para o Photoshop. O trabalho tão bem cuidado agora me deixa agastada. Como é que vou usar isso de maneira prática?

Olho de novo para a tela. Cadê a criatividade? Mil idéias passam correndo pela minha cabeça. Correndo mesmo, tão rápido que eu só vi os vultos. Uma das minhas melhores coletâneas tocando: Several 3, com Kiss the Rain, Lucky Denver Mint, Follow you Down. Essa última me faz saltitar. A tosse do quarto do lado cessou. O sono do papai parece tranquilo. A febre cedeu. Trocar a camisa encharcada de suor dele. Melhor.

Trabalho que não rende! Desligo a máquina, confiro o relógio, falta pouco pro próximo xarope. Deito, procuro abrigo sob as asas da minha águia. Livro bom, meio imersa na leitura, meio imersa nos barulhos e mudanças do quarto ao lado. Resolvo dormir de luz acesa: assim não escorrego pro sono profundo. Como se fosse capaz.

Mamãe deu o remédio da meia noite, o remédio das três. Eu acordei faltando quinze minutos para cada dose.

— Pode dormir que eu dou o remédio.

E resvalei para um sono agitado. Ele veio de novo. Ou eu fui? Tenho me programado tanto para encontrá-lo... Estivemos próximos, ele disse que me amava, disse que estava orgulhoso de mim por causa da estréia como colunista. Disse que não estava feliz, disse que me amava, que me ama, que me amará. Dançamos numa melodia que só tocava nos nossos ouvidos, só nossa. Fomos felizes como há muito não somos.

Voltei. Ou ele voltou. E acordei moída. Agora sei quantos músculos têm no corpo humano: doem todos. Tanto a noite agitada quanto o prenúncio de gripe fizeram com que o corpo reagisse.

Gripe, segundo a minha amiga querida de óculos, é uma mudança que o corpo ainda está assimilando.

So... Welcome sweet days!

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Medi a temperatura do papai agora. 37,9.

— Pai, pro banho!
— Que banho, o quê! Vou acabar virando patinho...


Dei um antitérmico, mesmo...

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Trabalhando... Acho que dá pra criar hoje...

Winamp:

A primeira: I´ll be missing you, com Puff Daddy
Agora: Impression that I get, do Mighty Mighty Bosstones. Eles são A banda
A próxima: The world is not enough, com o Garbage. James Bond...

segunda-feira, março 24, 2003

Mea culpa. Mea culpa. Mea maxima culpa.

Mas não estou com o menor poder criativo hoje. De que adianta sentar para trabalhar com criação se estou oca que nem um santo contrabandista? só daqui a pouco, quando a lua voltar pro curso, é que eu vou me endieitar na cadeira e produzir.

Agora, pra ser muito franca, estou morrendo de vontade de me espichar na cama, terminar de ler a minha revista, abraçar minha águia, cochilar, acordar, falar no telefone, cochilar de novo. Ou de sair para fazer a fotossíntese (sim, eu sei que fotossíntese é para os verdes... Mas você já viu minha cor? Não, né?), jogar charme na rua, paquerar todo mundo, balançar os cabelos ao vento, óculos escuros para não entregar a alma de bandeja pra o primeiro estranho sedutor.

Ou sentar na balaustrada da praia, pernas cruzadas, e ficar vendo aquele desfile de Johnnies Bravos, lindos e acéfalos, musculosos, morenos e burros. E depois tomar um sorvete de crocante com crocante de verdade. Vontade de passar hoooooooras no telefone com a minha irmã de alma lá longe, vontade de gravar o cd perfeito, com todas as músicas que eu mais amo. Vontade de rodar até o aeroporto, pedir um chopp, desfrutar do silêncio da sala de espera, da hermerticidade dos vidros que separam o desejo de viajar da realização.

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Silêncio? E essa colônia de extraterrestres barulhentos que eu abriguei na cabeça? Que ora me manda embora, ora me mandam ficar, ora sintonizam com os meus queridos e me mandam recados deles:

— Olha, sua desalmada, seu amigo Fulano não está bem...
— Sua louca varrida, como foi deixar aquela sua amiga em desamparo emocional?
— Xi, que energia estranha que está vindo no vento de boreste...



Ok, Ok, seus porres, eu não quero mais sentir a dor de um, o desamparo do outro, a agonia do terceiro. Estou aqui. É fácil chegar até mim: telefone, email, gritos pela janela, batidinha na porta... Braços abertos, mas não quero mais adivinhar. Acabo superlativando as alegrias de uns e minimizando as dores dos outros...


Quer dizer que o Cage, meu único amor verdadeiro (desta semana), não ficou com o Oscar de melhor ator?

Essa festa é um engodo...

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Belíssimo o novo site oficial do ZERØ! Bem feito, bem trabalhado, caprichoso... Vale a pena dar um pulo lá! Espiem também o release, que tá bonzinho que só, assinado por esta missivista que vos fala...

E aproveita para ouvir umas músicas que vão te devolver uns 18, 20 anos...

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Eu acredito em rocas. Acredito em fidelidade. Acredito na fada-do-dente. Acredito em santos. Acredito em poder da mente. Em algumas noites eu acredito em monstros. Acredito no pedido para a primeira estrela do céu, acredito em simpatias infantis, acredito em oração de criança. De adulto também. Acredito em vida após a morte. Acredito em karma.

Acredito em perdão de coração. Acredito que os eletrodomésticos têm ouvidos. E vontade própria. Acredito que estamos resguardados do perigo se não sabemos dele. Acredito em sinais. Acredito em intuição. Acredito em elementais. Acredito em linhas cruzadas no telefone. Acredito em linhas cruzadas na vida. Acredito em Deuses Gregos. Acredito no pégasus. Acredito em disco voador.

Só não consigo acreditar que em nenhum lugar do mundo exista um homem capaz de me fazer feliz.

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Acaba que não fui na filial do 42. Amanhã é um bom dia pra ir... Levo o tarot, confirmo tudo o que tenho visto, rio um bocado, trabalho, lavo a alma e ainda ganho carinho...

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Sinto uma falta brutal do Falabella e suas colunas no O Globo...

Um caso de repostagem mais que oportuna, mais que atual...

domingo, março 23, 2003

Quando entram os comments, não entra o counter.


Entrou o counter, êeeeeeeeeeeeee!

Mas...

CADÊ A PORRA DO SISTEMA DE COMENTÁRIOS??????

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Isso porque foi só um ajustezinho...
Quase três horas brigando com essa porra!

Pudding é salgado e feito de rins de carneiro.

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Vou até deixar a frase de teste.
Consegui fazer as mínimas alterações que há quase um mês o blogger não me permitia.

Olha lá!!! Meus arquivos, meu ano inteiro de blog a disposição! Todos os arquivinhos estão ali do seu ladinho esquerdo!!!
Tô nem acreditando...

God gave me strenght and peace.

Se eu me concentrar, é capaz de sentir as asinhas etéreas coladas nas costas... Borboleta, voando livre, feliz ano novo. Ué, astrológico, porque acho que o chinês já foi.

Pedaço multicor de textura mágica, celofane vivo, pintalgado de pó de pirlimpimpim. Atchim! Sou alérgica a "Pim Dust": ... Mas nem meus espirros por causa das miscelas douradinhas vão me impedir de juntar os sonhos na mochila do Gato Feliz, que roubei entre um desenho do Vira-Lata e outro do Supermouse.

Juntar os sonhos, alçar vôo. Estou indo para a filial do 42. E isso é GARANTIA de risos, de amor, de reequilibrar os chakras, de produção criativa. Parecem duas casas mágicas, duas pessoas de luz, que não têm o menor respeito pelo mau-humor dos outros. Cheguei azeda, e antes de cruzar o umbral da port de entrada, já estava rindo:

— Porra, dava pra vocês me deixarem ficar rabugenta só mais um pouquinho?

Não, não dava, e litros de Coca Light, gargalhadas e corpo estendido naquela cama que me entende mais que muita gente. Em casa. Em paz.

Era pra ser postado no 42, mas a conexão caiu e eu já estava indo embora.

Sábado, 22 de março de 2003. 22:37 minutos

PostandoNo 42

Eles não têm o menor respeito pelo mau-humor alheio. Eu até tentei escapar, mas não deu: a cama do 42 foi um apelo mais forte que a minha forte rabugice...

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Radical e nada chique

- Vou te apresentar pro Fulano! Você vai adorar, ele tem as pernas bacanas, musculosas, ele é bonito e cafajeste...
- Ele pode ser muito bacana... Mas eu não quero ficar com ninguém por um bom tempo!
- Mas ele...
- eu vou acabar interessada, ele também, depois a gente vai ficar, eu vou ficar interessada, ele também, vou ficar angustiada esperando ele ligar, vamos até namorar. Um, dois dias; um dois meses... E ele vai terminar comigo. E eu vou sofrer tanto. Não aguento mais sofrer. Tá vendo, a gente nem se conhece e eu já estou sofrendo porque acabou!
- Dani... Eram só uns beijinhos...
- Nem beijinhos!


Desse jeito, acabo voltando para a clausura, onde certamente passei muito tempo na última vida.

sábado, março 22, 2003



Pingando os is (ou a sinceridade como exercício de choque)

Gosto de cor-de-rosa e vermelho. Gosto de iscas de fígado. Tenho o clip Cachorrinho porque sou apaixonada pelo modelo que trabalha nele. Estou lendo uma podreira chama "A Saga dos Foxworth". Acho as músicas da Norah Jones um saco. Não sei mentir. Nunca fui suspensa no colégio. Odeio filme de arte. Lido com os intrincados caminhos do computador. Discuto futebol. Leio manual de instruções. Entendo manual de instruções. Não tenho a menor intimidade com pipocas. Nunca saí do país, mas discuto com você, viajado Leitor Fiel, sobre cidades que só conheço de livros. Só gosto de uma música dos Tribalistas. Gosto do cinema nacional desde o final da década de 80, quando só eram exibidas aquelas porqueiras de baixo orçamento. Acho Carnaval uma idiotice. Não acho que eletrônica possa receber o nome de música. Choro de rir com Tom e Jerry, Pernalonga e Pantera Cor-de-Rosa. E não vejo a menor graça no DragonBall Z. Tenho horror às Meninas Super Poderosas. Jenipapo não é fruta: é uma piada.

Me faço de forte. Sei usar próclise, enclise e mesóclise, mas nem sempre respeito. Gosto de comédia italiana. Acredito em Deus, mas não estou muito certa dos anjos da guarda. Lembro do hino do colégio em que estudei em 1983. Choro com o Teatro de Marionetes do Adrian. Não me lembro do primeiro beijo. Não tenho profissão regulamentada. Não corro de baratas. Não dirijo. Tomo remédio para depressão. Meu maior orgulho acadêmico veio por causa dos Racionais MC's. Nunca ninguém quis casar comigo. Detesto os radicais do Greenpeace. Adoro punk rock. Nunca nem experimentei cocaína. Não acho que mulheres e homens seja iguais. Bandas de sopro me fazem chorar. Sei matar um amor. Sei matar uma amizade. Aparento ser boazinha, mas sou má. Meu celular é velho e remendado com fita isolante. Não tenho um único patrimônio. Ando de patins melhor que você. Surfo muito mal. Adoro as minhas sogras e sogros. Sou capaz de ouvir a mesma música por horas a fio. Não faço o que não quero. Já tive piolho. Sei fazer origami. Não sei se ainda acredito em amor.


On the road

Consegui terminar a crítica de Carandiru, e minha alma parecia esgotada.

Apaguei as luzes, deixei só o meu abajur aceso. A águia aninhada nos meus braços, um livro ligeiramente chato. Eu tinha tudo para estar apagada agora. E por que será que não consigo fechar os olhos? Será que o livro tornou-se interessante depois da página 40 (estou na 200 e poucos)?

Apaguei o abajur um pouco, escuro total. Lembrei de um motorista que tive, o que mais rodou comigo. Viajando a noite, eventualmente ele apagava os faróis. Era para enxergar melhor, já que não tinho o próprio clarão para ofuscar as lanternas de carros que eventualmente viessem no sentido contrário.

A pouca manha que tenho de estrada aprendi com ele. Era uma média de dois mil quilômetros por semana. Acabamos nos tornando confidentes. Ele sabia do meu problema maior, eu sabia dos dele. Descarreguei o meu ódio em estradas vazias, com temperaturas que chegavam facilmente aos 45 graus. Passamos por maus bocados juntos, mas nos divertimos à grande naquele ano. Tivemos um toca-fitas no carro. Foi usado uma única vez. Nunca conseguimos chegar num acordo em relação às minhas fitas de rock and roll e as dele do Milionário e José Rico. O silêncio da estrada tornou-se mais camarada.

Briguei pela promoção dele, ensinei o pouco que sabia de produção, de enquadramento, de direção, para ele. Se a minha direção do VT do PG-SP foi tão elogiada, devo a assistência de direção à ele. Consegui, enfim, que ele fosse ao cargo de supervisor de mercado, a maior ascensão que um funcionário lotado naquela base teve.

Sempre que me referia ao Ricardo, salientava que o mais impressionante de tudo é que ele tinha apenas 21 anos, e ninguém costuma contratar um motorista tão novo.

Hoje, sentada na frente do computador, quase cinco da manhã, olho pra trás e vejo que DUPLA espantosa formávamos. Ele, 21 anos, o melhor motorista que conheci. Mas e eu, que aos 23 era responsável pela implantação da comunicação na nova base? Que espécie de loucos contrataram esses dois guris para atividades de risco? Aqueles dois COMPETENTES guris, que trabalharam duas vezes mais que qualquer funcionário da empresa ali.

Que eu saiba, nunca se arrependeram. Pelo contrário: recebi o convite mais lisonjeiro que podia ter recebido, vindo do todo-poderoso da empresa.

— Quer ser sócia do meu filho na regional Bauru?

Neguei. Nunca me arrependi. Competente, sim, mas fragilizada demais para arriscar o pescoço num empreendimento que mostrou-se um naufrágio um, dois meses depois. Mas o convite aconteceu, e não por causa dos meus belos e expressivos e míopes olhos castanhos. Fui convidada porque sou boa. Fui convidada porque sou competente.

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Por que a historinha gratuita? Para eu nunca esquecer disso. Nunca mais. Para eu me apoiar quando achar que o resto está afundando. E porque apagar as luzes novamente serviu para fazer enxergar melhor.

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God, you gave me strenght. Thanx.

sexta-feira, março 21, 2003

Por que raios esses tipinhos descolados enchem meu campo visual, se a massa cinzenta deles não me apetece?

Na fila do cinema, uma biodiversidade: pavões de todos os credos e cores, exibicionistas de uma estética que só funciona conosco, os outros descoladinhos. Cabelos de todos os formatos, cortes e penteados. Piercings nas pessoas mais insuspeitas. Não, não é inveja. Pessoas se maltratando na fila, desfile de estilos, narizes empinados, cargos e títulos.

Meu Deus, em qual planeta eu vivi até hoje para achar isso tudo estranho? "Olha, aquele bonitinho do Festival ali! Xi, mas ele é pouco mais que um anão, né? E aquele menino agora é produtor, é? Gente, ele não sabia fazer um release para asilo de velhinhos na época da faculdade. Hein? Fulano, repórter? Ele já lava o cabelo???"

E como fofoca esse povinho do show biz... Tá, faço parte dessa fauna, mas tudo na vida tem um limite, como bem diz o ser humano que me roubou a malha de lã nos 146 minutos de Carandiru.

Excelente filme. Em se tratando de Walter Carvalho na direção de fotografia, podia ser um documentário sobre as lagartinhas gripadas nas ilhas Maurício que eu ia achar fantástico. Mas sejamos bem imparciais: nunca vi interpretaçoões tão dignas quanto a do Wagner Moura e a do Rodrigo Santoro. O primeiro reproduz com apuro as variações de humor de um viciado em drogas sangue bom. Desde a vida na cela, passando pelo carinho com o quase-irmão, até chegar na paranóia e seus tiques, que tão bem caracterizam o junkie.

O Santoro transformou um travesti ralé num ser humano, de cujos dissabores é impossível rir. Bom, ou sou fisicamente programada para algum juízo estético, ou sou retardada e só vou conseguir rir de tudo o que o povo ria na próxima vez que vir o filme. Delay de piadas, pode ser isso...

O saldo final é positivo. Desentoquei, encontrei a quase jornalista Gata Roxa, que estava linda mesmo; o apresentador do programa de cinema da TV SSA, meu amigo desde o primeiro dia de aula da faculdade; a diretora dele, com quem dividi o pão que o diabo amassou com os cascos na época do primeiro estágio na TV; cinegrafistas de duas ou três TVs, com quem já trabalhei ou já dividi o set de filmagem. Uma radialista com quem tomei um porre hercúleo nos idos de 98; produtores diversos, repórteres... Ah, gosto mesmo dessa tribo que tanto renego, mas à qual pertenço...

Rendeu uma boa crítica do filme para um novo projeto literário, e acho que publico amanhã. Em publicando, divulgo o endereço. Não é porque sou eu que estou escrevendo, não, mas está um show...

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E calha que desde cedo estou dando à luz o texto sobre Carandiru. Roupinha bonitinha, pq detesto trabalhar esfarrapada, e cascos no teclado. Pesquisa, pesquisa, pesquisa, onde raios acho a ficha técnica do filme, onde acho fotos de divulgação do filme, qual das quatro empresas produtoras está encarregada da imprensa, será que a Marcelinha me passa o release que recebeu? Ufa! Vou mesmo mudar o curso para Webdesign, ou Análise de Sistemas. Amo essa correria, mas nem sempre os seres humanos são digeriveis...

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Amigo sem-noção

Ligo pro meu editor no meio da tarde.

— Sua redatora é prolixa! Parei na segunda lauda e ainda falta coisa!
— Eu confio em você, você é que não confia em você mesma...
— Mas ainda falta tanto! Tem um tempinho pra discutir comigo a coluna?
— Estou saindo em cinco minutos para a Praia do Forte, mas te ligo de lá a noite, OK?
— ... (Silêncio para não dar um piti de inveja...)
— Beijo!


Há meia hora:

— Oi, meu amor, como anda a coluna/
— Parada na terceira lauda e ainda faltam uns arremates...

(Rápida discussão sobre a coluna e seus aspectos)
— Vai ficar ótimo! Te dou mais meia página e não se fala mais nisso...
— Meia página? O que eu vou fazer com meia página só?
— Ah, você consegue. Volto amanhã de manhã daqui e a tarde a gente se reúne. Você já viu a lua?
— Não, vi ontem só, subindo, amarelona, enoooorme, saindo do mar...
— Pois é... Ela está mais linda hoje, e está um friozinho... Friozinho úmido, sabe?
— Filho da puta, e eu aqui, na clausura, ouvindo Avril Lavigne, cozinhando em vida e SEM LUA!
— Ninguém merece Avril Lavigne, Daniela! Um beijo, até amanhã!


Ah, seu rato, eu mereço mesmo é ficar trancada em casa enquanto a lua sobe sem rédeas na praia do Forte, com um friozinho úmido?

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Mas a Avril Lavigne eu só tolero com Complicated, viu?

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No CD Player

At first: Adágio for Strings, do Samuel Barber. Depressiiiiiiiiiiiva...
Right now: By Myself, com Yin Yang Twins
Comming soon:Soviet National, com Leningrad Cowboys and Russian Red Army Choir. Juro, juro que não faço de propósito.

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E "Segredos", e seu refrão grudento, continua ecoando pela minha oca caixa craniana.

"Procuro um amor
Que seja bom pra mim
Vou procurar
Eu vou até o fim..."


Estação: Carandiru

Puta filme. Coquetel chato...

Ufff, preciso reaprender a conviver com os seres humanos...

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Continuar a trabalhar. Queria ser a primeira a publicar a crítica de Carandiru, mas a cabeça ainda está a milhão. Nasce amanhã de manhã o primeiro "Impressões Vagabundas"...

Hã?

Ah, aguarde...

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Ouvindo

O barulho do vento na janela. Um jato passando por cima do meu prédio. Os próprios pensamentos. Nem winamp, nem rádio online, nem sambinha de caixa de fósforo.

quinta-feira, março 20, 2003

Eu quero um namorado.

Não um namorado qualquer. Eu quero um namorado que saiba rir. Que coloque minha cabeça no seu colo e passe horas conversando comigo e fazendo carinho nos meus cabelos. Que confie em mim o suficiente para cochilar durante o filme da TV. Que me permita velar pelo seu sono. Que transite com igual facilidade entre o luxo, o lixo e o alternativo. Que não seja esnobe, mas que não seja simplório. Que goste de vídeo e cinema.

Eu tenho que encontrar sobretudo a serenidade no lago dos seus olhos. Tem que ser um homem que tome as rédeas, que tire das minhas costas a responsabilidade de decidir sempre. Tem que gostar de crianças, gatos, cachorros, avestruzes e pandas. Meu namorado tem que ser aceito pela minha águia de penapelúcia, pelo meu pato, pela minha daschund sem humor, pelo meu coração azedo. O gosto pelo pagode e plo axé não deve ser predominante: não é fator de eliminação, mas de atritos garantidos. Que se entusiasme com o dia tingido de todas as cores de manhã cedo. Que goste de filme de pancadaria, de terror, de tiros, bombas e mentiras explícitas. Mas essas serão as únicas mentiras toleráveis: gostaria que ele fosse fiel. Na impossibilidade, exijo apenas que ele seja leal.

Ele tem que gostar de alguma coisa excêntrica — mais excêntrica que eu, entenda-se. Preferência pelos tatuados, mas se não for, que adore as minhas tatuagens e o piercing que está vindo. Fumante querendo parar é o ideal, porque nem implica com os meus cigarros e nem estamos os dois condenados eternamente ao vício. Querer parar é uma possibilidade. Quero um homem que me inclua nos seus planos futuros. Se gostar de futebol, ótimo. Se for um time adversário ao meu, tanto melhor: diversão garantida, ou seu dinheiro, e o meu amor, de volta.

Que o amor dure. Cronologicamente mesmo, porque não aguento mais essa busca. Não que seja eterno enquanto existir, mas que exista eternamente. E que eu veja estrelas pra sempre. Que eu tenha a sorte de amar esse homem de todas as maneiras que um ser humano pode amar o outro. Nem careta, nem junkie; nem direita, nem esquerda; nem rude, nem sensível demais; nem hippie nem yuppie.

Que domine um, dois, dez assuntos dos quais eu não entenda patavinas. Que conheça os meus humores pelo passar de olhos, ou pelo "Alô", ao telefone. Que seja, nos momentos respectivos, meu amante, meu amigo, meu confessor, meu pai, meu filho, meu censor, meu editor, meu carrasco, meu salvador. Meu amor.

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A insônia voltou para esta alma sem âncora. Noite em branco. Branco mesmo, nada produtiva, nada compensadora. A águia abraçada a mim, numa tentativa vã de me fazer dormir sob suas penaspelôs; travesseiro sobre os olhos, e mesmo assim as imagens continuavam a desfilar na minha frente. Passado, presente e um futuro — envolto pelas brumas — embolados, embotados, giravam num redemoinho, arrancando sangue da minha camada de proteção. Descascando minha couraça. Antes das quatro da manhã, eu já estava nua de novo, sem minha carapaça galvanizada, sem minha armadura.

Despida de mim mesma, escorreguei qual mercúrio líquido para um sono sem sonhos. Agitado. Exaustivo. O dia já ia longe, e o corpo se recusava a voltar de onde quer que tivesse se refugiado. Dessa incursão noturna, a lembrança sensorial do aconchego, do calor, dos braços. Quem quer que seja "ELE", em algum momento sentiu minha aflição insône, e de alguma maneira me deu abrigo, me protegeu, me cuidou, me achou, me amou. Me amou... Estava com saudade disso...

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O dia está com uma eletricidade estranha, né? Nem boa nem ruim. Dia estranho, elétrico... Com cara de definições...

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Não vou dizer nada... Dê uma olhada por si só no signo de Gêmeos do Guruweb de hoje...

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No Winamp

At First: Olhos de Guerra, da Golpe de Estado
Right Now: Birdhouse in your soul, do They Might be Giants
Comming Soon: God Give me Strenght, levada pela Kristen Vigard, Grace of my Heart' s track. Mais um presente daquele clown querido, presente que levou uma vida e meia para eu achar...

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ICE, ICE, BABY??? Quem é que anda baixando músicas para a MINHA lista?

quarta-feira, março 19, 2003

Esse tal de Horóscopo do Estadão é ASSOMBROSO!!!
"A troca de idéias com certas pessoas levam a momentos de encanto e fascínio. Aceite mudar seus pontos de vista, ainda mais se estes influírem no trabalho."

Para Gêmeos, né?


O peso do mundo saiu, mas continuo ostentando um belíssimo ponto de interrogação nas costas.

Um falta de "In der welt zein". Ser no mundo. No mundo, ser.

Nada grave. Um certo questionamento, uma certa incerteza, uma sensação de estar no meio da calmaria... e todo mundo sabe que calmaria significa que só a metade da borrasca passou. Pois que venha o touro!

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Há anos eu tinha um rolo com um cara, e nossas brigas sempre eram via internet. Brigas feias, mesmo, dois gênios ruins, mas acho que os melhores momentos entre nós também foram via rede. Passamos do virtual para o real, somos amigos ao cubo hoje em dia, mas deu uma saudade do bem dele agora, ouvindo Midnight Oil na rádio online.

No cd Diesel and Dust, essencial em qualquer prateleira, a música 8 paga por todas as outras do album. Bullroarer. Na época, tanto eu quanto ele tinhamos essa música como nossa favorita. Uma noite, rara porque não brigamos, ouviamos os dois o CD, ele na casa dele, eu na minha.

— Vamos ouvir Bullroarer juntos?

Dito e feito. "Quando eu disser já, você solta!"

Bobo, mas nesse dia me senti numa sintonia tão grande com ele, nesse dia estive mais perto dele do que em qualquer outro que passamos. Desde desse tempo, e isso é outra história, percebo que as notas graves de músicas me afetam particularmente...

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— Você tem que desenvolver o seu lado espiritual...
— Mas pai, eu não sei qual o caminho que vou escolher. Aliás, vamos começar do início: eu não sei nem em que cidade vou morar!
— E uma coisa impede a outra?


Uh... Não? Mas o que fazer quando tnho 3 caminhos luminosos na frente, e não tenho noção de qual deles trilhar?

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Estou apaixonada pelo esboço do novo template deste blog! Estou apaixonada pela idéia de viajar! Estou apaixonada pelo livro que estou lendo. Estou apaixonada por tudo e todos!

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Daniela em números

3 refeições (o habitual é uma, com esforço)
1 unidade de açúcar (mas pé de moleque de chocolate é abuso!)
6 horas direto na frente da outra máquina, trabalhando imagens
Quase com certeza, 0,5 kg adicionado ao peso X de hoje de manhã, que era de 300 gr menos que o de ontem.
1 pleniluni (lua escondida pelas nuvens. Vamos ter raios de novo!!!!)

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E o cheiro do incenso de baunilha, uma das melhores memórias alfativas que tenho, continua ricocheteando pelas paredes da casa. Acabei de voltar da lavanderia, e por lá ainda está forte. Propício para abrir o tarot, consultar o I Ching...

segunda-feira, março 17, 2003



He's leaving on a jet plane

Um certo desfrutar sem culpa.

Há quanto tempo? Há quanto tempo não tenho a sensação de "caso encerrado"?

Uma longa conversa em três idiomas. Quatro, se contar que nenhum dos dois falava espanhol, mas arriscavam horrores. Nenhum porquê foi respondido. Não precisava mais. O sonho era só sonho mesmo. Como eu própria já havia vaticinado.

Ficou um gosto bom na boca, uma textura boa do cabelo dele nas mãos. O som das risadas ainda ecoa nos meus ouvidos, e mesmo sendo esse acerto poliglota, acho que ele não entendeu direito. Pra mim, não restam dúvidas: o amor acabou.

Whatever... Ele que aprenda a ouvir o próprio coração. Ele que aprenda a falar inglês o suficiente para entender o meu atropelo linguístico. Ele que aprenda português para entender a profundidade do meu alívio, e o quão raso é o meu amor. E o quão intenso é o meu carinho pela história que acabou, pelo homem que ele foi. Ele que aprenda a desenhar para me explicar porque ainda me quis. Ele que componha novas músicas que falem de amor para me convencer de que um dia ele existiu.

19 de março, quarta-feira, 18:50. TAM, com conexão em São Paulo. De lá, as 22:40, Frankfurt, Paris e mais dois aeroportos antes de chegar em casa. E that's all, folks.

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Esperar tanto para se descobrir traída por si mesma... Nessa versão quase desatualizada de "Daniela 2.6", quantas vezes mais vou descobrir que o passado passou mesmo? Será que Atlas ainda carrega o mundo nas costas? Se não, qual teria sido a sensação dele ao se desfazer daquela crga inútil?

1. Pronto para carregar o sistema solar?
2. Aliviado, com uma expressão meio bêbada?
3. Passou um bom tempo decidindo entre as duas alternativas, sem saber que já tinha optado pelas duas ao mesmo tempo?]

Essa sou eu. Sem um peso nas costas, ainda meio bêbada. Pronta para carregar mais nove vezes o peso anterior. Porque eu POSSO!

No more artistic letters to him...

Acho que não vou conseguir passar a enormidade do alívio que estou sentindo.

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Como é bom terminar (se é que merece esse nome) assim: sem dor, sem culpa, sem náuseas verídicas, sem insônia, sem peso na consciência. Sem deixar vestígios...

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Vagabundagem é um estado de espírito. Trabalhando no template novo, e correndo contra o tempo para aprontar um projeto delicioso. E VTzim no início do mês... Male, male, um mês de aluguel pago. Por menos, no way.

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Winamp:

At First: Stand by Me, com Pennywise
Right Now: Boss of Me, do They Might be Giants (Não conhece também? Tsc, tsc, tsc, tema do Malcom in the Middle..)
Comming soon: Tema de violinos do filme Terra Estrangeira

sábado, março 15, 2003

O tempo passa, os meios mudam.. não mudam os hábitos

Mamãe na sala, Ernesto na casa dele, eu no meu quarto.
Mamãe no Messenger, Ernie no ICQ, eu no Messenger e no ICQ.
Mamãe não está no ICQ. Ernie não está no Messenger.
Os dois estão conversando.
Como?


A idiota aqui recebe a mensagem de um pelo ICQ, copia e cola pro outro no Messenger. Espera a resposta do outro no Messenger, copia e cola no ICQ. Moleque de recado hi-tech...

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Eu AMO esse homem. Se eu pudesse, daria dez anos da minha vida para ter a oportunidade de ser a reles estagiária do Walter Carvalho. Sem direito a abrir a boca. só ouvir, até os 80 anos.

— A capacidade de síntese de João Cabral me remete à imagem — diz Carvalho, citando o poema “Uma faca só lâmina” (“Porque nenhum indica/ essa ausência tão ávida/ como a imagem da faca/ que só tivesse a lâmina”). — O poeta, para falar da faca, tira o cabo, tira o excesso. O que é isso senão síntese? O que é a fotografia senão síntese? — pergunta, para ele mesmo responder:

Bom, inútil dizer que o Walter Carvalho é O MELHOR DIRETOR DE FOTOGRAFIA que já caminhou por estas terras brasilianas, né? Certo, o Charlone também é um bruxo, mas o Waltinho... Quem mais teria a sensibilidade para citar João Cabral para traçar um paralelo à fotografia?

Vale a pena ler a íntegra no O Globo de hoje.


Então ficamos combinadíssimos assim: quando você achar que falta alguma explicação aqui neste blog que vos fala, vá correndo no blog dele. Ele certamente escreveu o que eu queria ter escrito. Ou complementou a minha linha de raciocínio... E de sentimento.

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E se um dia se sentir como eu e ele nos sentimos, corra para o blog desse outro. Aliás, quem assina esses dois ctrl+c, ctrl+v daí de baixo é ele.

Não foi pra mim, mas poderia ter sido... Roubado do Super Id, que sempre escrevo junto pq recuso a idéia de um id enorme!

enviado por: benjamin

Aprenda a falar o que te aflijes...

até os animais choram.


enviado por: benjamin
Poxa N. sei que não devo,mas não consigo ficar calado, ainda mais quando vejo alguém inteligente e com potencial perder-se em dúvidas. Digo isso, não para encher-te de vaidade ou para fazer algo tipo social, não preciso desses artifícios, graças, mas por que es meu amigo (certeza unilateral, minha "generosidade" não dá tréguas...) e porque eu também sofro e muito com todas as minhas dúvidas e não gostaria de ve-lo assim.
Se há tanta coisa que gostarias de ter, mas ainda não as possui, por que não contentar-se com o que tem, aproveitar, ainda que pouco ou temporário, o que te é permitido ter? Pelo menos por enquanto. Se não usufrui do que tem agora, como poderá saber que o amanhã é melhor se nem a realidade (e com elas as suas aspirações possíveis) em que vives agora a rejeita?
Parece livro de auto-ajuda, mas as suas aspirações devem estar compatíveis com suas aptidões, e elas são muitas, mas tu ainda não sabes utilizá-las...Amplie-se, aprenda. Sei que sabes muito e talvez seja este o seu problema, paciência Ernie, somos pequenos e eu sinto muito, também sofro, mas é preciso falar e isso e arte...


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Voltei a dedicar a primeira hora do acordar à meditação. Funciona, mas o vizinho de baixo passou a hora inteira espancando alguma coisa com um martelo, ritmadamente, incessantemente. Se eu encontro com ele na escada antes do meio dia, juro que vou sugerir um uso melhor para o martelo àquela hora da madrugada.

A meditação é um carinho na alma. E carinho nos outros. Imagino uma bola de luz saindo do meu chakra coronário e entrando no chakra coronário de cada um dos que eu amo. E inundo de amor, amor purinho, a minha irmã de alma, o meu catclown preferido, a minha amiga de óculos, o meu urso interlocutor de Jung, o meu amigo de piercing, a minha Valentina, minha família, meus amores, meus inimigos. Eu gosto de jantar com os meus inimigos... Né, Carol?

Mas como um dia pode começar errado com um daschund dormindo na cama de baixo, com a cabeça apoiada no seu estojo de lápis em formato de... DASCHUND? Com um café da manhã de pizza de ontem queimada e meio copo de leite? E internet no quarto, sem brigas? E o ouvindo o CD gravado ontem com Spooky Madness, It's my party, Iris, Down Under em ritmo de punk rock e a voz do Frejat dizendo que "procuro um amor que seja bom pra mim", em Segredos?

Incenso e boas intenções. Alma leve, uma confiança extrema de que a hora do pesadelo está no fim. Vou trabalhar numas imagens...

Wait in vain

O vento fazia o meu vestido cor-de-rosa erguer suavemente a barra. Andando pelo Aeroclube, depois de resolver na última hora que ia, sim.

O mesmo vento trouxe umas notas bem tocadas de contrabaixo. Uma voz veio logo depois. Como cheiro de comida em desenho animado, que se transforma em mão e conduz o personagem pelo nariz até o prato, deixei que aquelas notas melancólicas me levassem até a fonte.

I don't wanna wait in vain for your love
I don't wanna wait in vain for your love


"Leve-me até o seu chefe", e cheguei no ponto 15 do Festival de Rua. Mariela, Gil e Ângelo Santiago, três irmãos, esse último meu amigo desde tempos outros.

From the very first time I blessed my eyes on you
My heart says, "Follow through."


Sorriso rápido pro Ângelo, que travava um diálogo com o contrabaixo. Beijo na Regina, beijo ba filha dela, apresentada à netinha dela. Cabeça longe, braços arrepiados. "É o vento".

But I know now that I'm way down on your line
But the waiting feel is fine
So don't treat me like a puppet on a string
'Cause I know how to do my thing


Fico em pé, cruzo os braços: proteção contra a avalanche emocional que eu sei que vem. Mariela é dona da voz mais poderosa e doce que a Bahia tem. Ela transformou a espera em vão num poema aveludado. Marley deve estar orgulhoso dessa seguidora, que usa dread locks tão mais bonitos que os dele. Ela honra a letra da música com a voz que tem, com a carga de sentimento que imprime.

Don't talk to me as if you think I'm dumb
I wanna know when you're gonna come


Meus olhos vagueiam pela multidão que pára pra ver/ouvir/sentir a pungência da Mariela, do Ângelo, do Gil, do Marley. Vejo como cada um responde ao doce lamento resignado de alguém que não quer esperar em vão por um amor. Nenhum de nós quer. Ver os outros faz com que eu ignore a minha própria reação.

See, I don't wanna wait in vain for your love
I don't wanna wait in vain for your love
I don't wanna wait in vain for your love
'Cause it's summer is here
I'm still waiting there
Winter is here and I'm still waiting there


Os rostos anônimos se reúnem em torno de três irmãos, dois intrumentos musicais, uma canção de amor. O lugar faz as vezes de palco, mas é uma fonte luminosa. Final do verão, e todos nós, de um jeito ou de outro, continuamos na busca infrutífera. Na espera inglória. Não fosse assim, não estaríamos todos parados em frente a um bica seca para professar a mesma fé. Se não estívessemos eternamente esperando em vão, a música seria mais uma, e vamos em frente que a Banda de Boca está no ponto 6.

Like I said,
It's been three years since I'm knocking on your door
And I still can knock some more
Is it feasible, I wanna know now
For I to knock some more?


Entregue a mim mesma, agora, deixo que Mariela me conduza por mares tão conhecidos. Sua voz alisa o mar escarpado por onde singra o meu barquinho. Boa companhia essa voz, que sossega o meu coração, me alenta, me acalenta, me acalma, me tranquiliza. O coração se dobra ante as notas tristonhas do contrabaixo, numa mesura exagerada porém respeitosa. "Me rendo: I´m your slave! Take care of me!". E tenho certeza de que fiquei mais leve, sem a responsabilidade de fazer feliz esse coração, agora numa entrega evidente àquela clave de sol que passou voando em direção a ele.

Ya see, in life I know there's lots of grief
But your love is my relief
Tears in my eyes burn
Tears in my eyes burn while I'm waiting
While I'm waiting for my turn.


E o vento seca os olhos e algumas lágrimas, que subiram até a "sacada" para espiar o espetáculo. There's no world outside me. O mar bate por dentro de mim, ecoa por entre as falésias emocionais que ergui para defender a minha ilha. Um barco sem porto, sem rumo, sem vela, a alma pede um descanso. Quer que a voz da Mariela continue por todo o infinito, para que o mar continue doce como agora.

See, I don't wanna wait in vain for your love
I don't wanna wait in vain for your love
I don't wanna wait in vain for your love
I don't wanna wait in vain for your love
I don't wanna wait in vain for your love
Oh, I don't wanna, I don't wanna
I don't wanna, I don't wanna
No, I don't wanna, I don't wanna
I don't wanna, I don't wanna
I don't wanna wait in vain.


Ninguém quer. Mas o querer não é maior que o fazer. Todos nós esperamos. Todos nós alimentamos esperanças vãs. Todos nós, adultos que somos, acionamos o acreditar pueril quando se trata de sentir. Nação de imaturos, todos nós. E seguimos... Wait in vain for you love....

It's your love that I'm waiting on
It's my love that you're running from.


Meus pés me levam para longe dali. Não quero nem saber qual seria a próxima música. Vou acalmar o coração num outro espetáculo...

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Adrian Bandiralli e suas marionetes... Ai, meu Deus, troquei seis por meia dúzia!

sexta-feira, março 14, 2003

Idéias de uma desocupada

.Furar o nariz sozinha
.Cortar uma franjinha... eu mesma
.Fugir
.Chorar
.Alugar uma pilha de DVDs e nunca mais sair de casa.
.Casar com o primeiro disponível na praça, ter um filho e finalmente uma diretriz na vida.
.Escrever uma dissertação enorme sobre Regan e seu movimento atípico do pescoço
.Escrever uma longa carta, sincera e definitiva. Não tenho pra quem mandar.
.Calar a boca dessa voz idiota que fica falando dentro de mim. Com requintes de crueldade.
.Desistir dessas falácias amorosas de uma vez por todas. Amor é uma reação química que dura 7 anos.
.Pintar o cabelo de louro, matar os neurônios e assim me tornar um bom partido.
.Cantar e executar Linkin Park: "I wanna run away, and never say goodbay!"
.Tomar uma pilula azul e voltar pra Matrix. Será por esse motivo que o Dormonid é azul?
.Ouvir a mesma música até terminar de enlouquecer, chorar ou ficar boa. E acredite: estou muito perto das três reações.
.Esquecer. Esquecer. Esquecer.

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Ouvindo Several #5

At first: Down Under, com Pennywise... "Hey, Georgie, do you wanna a balloon?" No masks, please!
Right now: "It´s my party", Brenda Lee. Nem meu aparelho de som me respeita... "You would cry to if it happen to you!"
Comming soon: "Everlasting Love", com o U2

quinta-feira, março 13, 2003

A partir de hoje, passo a assinar Ally McBeal

Por que, Deus, eu não continuei no interior de SP, não me casei aos 17, não tive filho aos 19, não virei dona de casa? Por que me fez cosmopolita, complexa, impulsiva, curiosa, empreendedora, workaholic, emocionalmente intensa? Por que me fez um ser com habilidades comunicacionais? Por que me fez uma auto-didata? Por que não me fez médica, contadora, advogada, administradora de empresa, analista de sistemas?

Por que é que eu escolhi uma profissão que faz com que eu conheça pessoas tão emocionalmente intensas quanto eu, mas faz com que elas vão embora, ou que eu me vá?

Por enquanto fica valendo: vou me dar mais 24 horas para decidir se enlouqueço de vez, faço as malas e run away to South Italy... Ou se vou tomar um Dormonid a cada 12 horas pelos próximos dez dias, e deixo que ele se vá sem ter dito novamente: "Per sempre tu, ti amo di piú, Daniela!". Sem pousar os belos olhos verde, que eu julgava congelando em algum lugar da Apuglia, na bella ragazza que tão intempestivamente entrou na sua vida há exatos 386 dias. Sem novamente piscar os olhos cúmplices per me. Deixar que se vá sem dar a ele a oportunidade de embarcar novamente com os olhos rasos.

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O que eu não entendo é o que exatamente Deus quer com isso tudo. Não entendo.

A última coisa que me resta é estar em casa, lindinha, com os cabelos deselegantemente arrumados no alto da caebça, caneta espetada no coque improvisado, meu pior vestido, de óculos, mal-humorada e trabalhando num roteiro louco... E o dono dos olhos cor de avelã-derretida-com-folhas e cabelos cor-de-ouro-velho tocar a campainha da minha casa, com aquela maldita calça xadrez que eu tanto amava, as sandálias indefectíveis e o sorriso de menino grande no rosto:

— Meu amorzim! Steadycam no Estádio-Cujo-Nome-Não-Vou-Dizer, e Steadycam no meu coração, que continua pulando por você!

E acreditem: ele é kitsch o suficiente para uma declaração dessas. E eu o amei desse jeito torto, mesmo. Jon Arckbucle (o dono do Garfield) brasileiro, e ainda assim, eu o quis.

Mas juro que se neste exato momento ele, a minha pièce de resisténce emocional, aparece e diz que "sem mim ele não vive, que foi apenas um deslize, que ele preza pelo meu amor", eu respondo "tenha dó, não mereces o afago nem de Deus nem do diabo, quanto mais da mão que um dia eu dei pra ti". Bato a porta na fuça dele e saio pela janela, rasgando a roupa e cantando "Sorry, I´m not home right now, I'm walking into spiderwebs. So leave a message and I'll call you back."

Oferecimento dos Los Hermanos, que contribuiram com "Tenha dó", e do No Doubt, que entrou com o refrão da deliciosa "Spiderwebs".

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There's no spoon. There's no love. There's an illusion. And all illusions that I've been seen are enough.
Welcome to real world, with no love, no dreams, no illusion, no sadness, no depression, no shaked emotions. I cannot still living this freak life. I wanna be strong, I wanna be happy.

I´m not sad. I´m confused. I wanna get out of this little and fucking world, and fall in a new place to live. With new hair, new ID, new name, no past. Nobody known around me. Me, my-self and my (small) ego. ------------> This is a joke!

And I had poker-face to "commit" a bad joke... Doh!

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Será que essa era a hora de pedir desculpas por um inglês tão ruim? Uh... Era? E se eu não quiser pedir? Fica feio? Tá bom, mas só porque você insistiu:

— Desculpa pelo inglês ruim. Eu prometo que nun... AH!, isso aqui eu não leio não! O blog é meu e eu posso escrever em aramaico antigo se me der na telha!

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Interessante a maneira como consigo escarnecer de mim mesma. Mas ficamos combinadíssimos assim: não tenho a menor intenção de quebrar essa fina teia de equilibrio que consegui tecer pra mim nos últimos 30 dias. Não preciso de um dia como o de ontem de novo.

Ou vou morrer se não tiver?

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Ouvindo:

No meu quarto, right now: Spiderwebs, No Doubt
Ainda aqui, comming soon: One Headlight, do gostoso Jakob Dylan (Tá, Wallflowers)

No vizinho 1: uma música pré-histórica do Flashdance. Siiim, aquela mesma!
No vizinho 2: Cd do Fama. Inacreditável. Surreal.





Beds are Burning

Tenho pulado de uma cama pra outra. Camas que me abraçam, camas nas quais nunca estive, camas que me conhecem há anos. Camas refletem os donos delas e a relação que temos com eles. Na primeira cama de ontem, eu estava cofortável para passar horas conversando, rindo e debatendo problemas. A dona da cama é firme como o seu colchão, mas ela sempre me faz pisar no chão com os dois pés. E um colchão mais duro sempre faz bem para a postura. Os conselhos dela sempre me deixam mais confiante.

A segunda cama foi um caso de amor à primeira vista. O mesmo com o seu dono. Amor antigo, de uma, duas, três, vinte vidas atrás. mas nessa... Ah, foi um abraço apertado, uma cachoeira de sorrisos, e nunca tínhamos encostado os olhos um no outro. Sua cama me abraça, me conforta, me anima, me cuida. Macia, fofinha, mas a gente percebe que não cede fácil. É feita para durar uma, duas, três, vinte vidas, e continuar sem deformar. Nem a cama, nem o caráter. É como deitar num urso, é como abraçar um urso. Estirada na cama, consigo sentir uma paz que poucos conseguem me dar. Só o seu dono, a namorada dele e a cama dela.

Ah... a cama dessa amiga de óculos, bom senso e amor... Um dreamcatcher pertinho, e uma sensação de já-pertencer. E nunca tinhamos nos encontrado, a cama e eu. Cama que permite olhar o céu cinza, os olhos azuis e os raios que ganhei de presente naquela tarde. Altura ideal para encostar o queixo no parapeito e ficar vendo a lua nascendo e seus raios sendo filtrados pelos galhos da árvore.Cama boa pra me encostar e tão somente contemplar pensamentos desfilando pela frente dos olhos. Como a dona, que me mostra mais um pedaço de verdade todas as vezes em que nos vemos, a quem também pertenço desde sempre, desde antes do saber-pertencer. Mulher de pulso firme e mão amorosa, fortaleza medieval hi-tech que se transforma cabana ao som de estrondosos trovões.

Outras camas às quais pertenço me são muito caras. Uma cama é sólida e acolhedora, como o dono e os seus valores, feita para sonhos, afagos, carinhos, beijos, estrelas, cafés e conversas. Uma outra cama é macia, grande e feita para recuperar de porres e dores de cabeça. Já fiz muito disso nela, como o próprio dono já cuidou de mim em porres emocionais, trombas d'água fenomenais e ressacas avassaladoras. Morais ou físicas.

E a minha cama? Ah, descubra sozinho...

Decifra-te e devora-me...

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Essa foto daí de cima é do Disco Momentary Lapse of Reason, do Pink Floyd. Adequadíssimo...
Beds are Burning é uma música do Midnight Oil, link a lado.

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Random:

At First: Iris, dos Goo Goo Dolls
Right now: I´ll remember you, do Skid Row (e velha é a sua mãe!)
Comming soon: Rebel Dog Blues, Nasi e os Irmãos do Blues

Lord, did you understand "Give me confusion" when I said "Give me strenght"?

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ELE ESTÁ NO BRASIL !!!!

A história é longa. Aliás, vou te poupar: vai lá na primeira linha de arquivo, clica e leia o primeiro-primeiríssimo post deste blog. Eu espero.
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Já leu?

Pois é... MEU ITALIANO ESTÁ NO BRASIL!!!!!!!!!!!!!!!

Coração na boca, e a sensação de que Deus continua se divertindo horrores lá em cima. Continua, Deus, que aqui embaixo tá ficando bom!

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Um ano esperando. Um ano e treze dias. Um ano louco, em que "vou pra Itália, vou pra Suíça, vou pra Itália, vou pra Suíça, vou pra PORRA lugar nenhum!" O amor morreu, a saudade voltou, escancarando os dentes pra mim: "Parla italiano?".

Resolvido o mistério do 00: "Sto ritornando..." Per me?

Louco, louco, louco. Um ano e treze dias, metade desse tempo de longas cartas que me fizeram descobrir o dom da arte, rádios em italiano; eu ainda procurei saber se ele vinha, não achei nada... E ELE ESTÁ AQUI, a menos de 20 km de mim!!!

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No dia em que ele foi embora, o final do post foi esse:

"Faça planos. Veja seus lugares preferidos pensando no que vai me dizer quando estiver vendo com vc. Quando não tivermos um oceano inteiro entre nós. Quando nossa distância será coberta por um braço. E um abraço."

E hoje a noite nossa distância será menor que um braço. Será menor que um abraço. Será inversamente proporcional a distância que existiu entre nós durante todo esse tempo.

E eu vou fazer tudo certo, desta vez. Tudo, tudo certo.

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Eu roubei isso de um dos blogs mais geniais que conheço: Hz. Hbz.

Rise and Shine, Love

Get up now, it's time to start.
Time to stop suffering, stop worrying, stop being alone.
Time to get out of the dark place you've been for 1 month already.
Time to move forward, to take action.
It is time to draw the line.


quarta-feira, março 12, 2003

Going to play tarot with him...

Lord, give me strenght...
COMO SABOTAR UMA DEPRESSÃO

Starring:

Uma deprimida
Um rabugento
Uma feliz

ELEVADOR DO SHOPPING BARRA/INT/DIA

Entram os três personagens no elevador panorâmico. A Deprimida encosta a cabeça no vidro, o Rabugento repete o gesto. A Feliz fica de costas para o vidro, de frente para as pessoas.

DEPRIMIDA


I told about "Pale Blue Eyes"...


FELIZ


Lou Reed...


DEPRIMIDA


Mas eu prefiro "Blue Eyes, do Elton John".


FELIZ


Ela é muito paradona...


DEPRIMIDA


Mas pra curtir depressão é ótima...


RABUGENTO


Pô, depressão com o Elton John?????


DEPRIMIDA (meio puta)


Ah, estou tendo depressão até com a "Macarena!!!"


Rápido silêncio no elevador. Rápido: os três personagens começam a gargalhar.

Fim.

E break na depressão.

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Essas incursões a três quase quatro na cidade estão me deixando com outra alma.

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Irmã oligofrênica

Eu: "Preciso furar o nariz pra colocar o piercing..."
Ela: " Eu furo!!! Primeiro coloco gelo, depois enfio uma batata pra firmar!!!"

Uh... Alguém conhece alguém que lide com body piercing no nariz... SEM BATATAS E GELO?

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Ninguém com aqueles olhos azuis deveria passear pela cidade sem óculos escuros.

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Ouvindo...

First in: Beautiful, do Marillion
Right now: Adeus pra sempre, do também delicioso MMDC
Comming soon: Make Believe, antigona do Angra

Ernesto, que me traduz melhor do que eu...

Porque depois de uma boa conversa, de uma boa dedada no olho, uma palavra ríspida, mas verdadeira, a gente toma um choque. As espirais de caos que nos rodeiam isolam-se num redemoinho de poeira. Pare pra pensar: todos temos problemas, colecionáveis, de toda sorte e toda cor, gosto, cheiro, tamanho, contexto. Colecionamos todos com esmero, guardados, sortidos: "desamores", "vacilos", "frustrações", "financeiros", "não-sei". Todos com etiquetas brancas e escritas em tinta nanquim, negra, ou de sangue, letras enormes pra sinalizar. Por que tanto esmero numa coleção de âncoras enferrujadas que nos mantém calçados ao chão? que muitas vezes é fundo do poço pra uns. Meus cascos "sagitarianos" não pertencem ao chão pútrido de nenhum poço, nem meu arco é enfeite. Meu dragão que o diga. Agora eu levanto.

Hoje refaço meus votos, renovo meu eu, tomo uma café pra relaxar e provavelmente não comparecerei a aula na faculdade. A instituição não me merece hoje, nem minha sombra. Hoje quero só o gozo, mesmo que Aristóteles ache que isso leva à morte. Vamos morrer hoje? Continuo sonhando sem lembrar e os daydreams acontecendo em tempo real quase o tempo todo no decorrer do dia. Tantos planos, tantos sonhos, tanta incerteza. That's life, isn't it? Behold! The nightmare no more.

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É, meu amor... Nós, os dragões, conhecemos o paraíso!

Que seja doce, que seja doce, que seja doce!

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Ctrl+C, Ctrl+V

Fernanda Rena, essa sábia genial!

Ele: Eu te amo. Não se esqueça disso, OK?
Ela: Eu já ia dizer isso. Eu te amo também. Amo tanto que dói.



Às vezes ainda dói.

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Oh, yeah, baby, you better believe!

Caracolzinho em rota de fuga, coloquei minha casinha nas costas e deixei o vento me levar.

Uma garrafa d'água, para ter autonomia de vôo; um maço e meio de cigarro, pras horas em que eu estiver perdida e sozinha. Chicletes, para passar o tempo; óculos escuros, para quando o sol se cansar de me alentar e resolver me ferir. Celular, para me acharem; I Ching, para eu me achar.

***

— Onde é que conserta câmera?
— Carlos Gomes, ou na rua do sebo onde comprei aquele monte de livros daquela vez...
— Certo.


10 minutos.

— Se veste que em 20 minutos a gente ta aí.

E assim foi. A câmera mesmo ficou pra amanhã, mas a alma passou por uma recauchutagem. Acabei indo parar na franquia do 42. Paz e raios, chão e tarot, o Sacerdote ao lado do Imperador, 3 grandes viradas na vida ao longo desse meu ano 8. Trovões e bençãos, e uma cabecinha vermelha no meu colo:

— Tenho medo!

Carinho, cúmplice, dúvidas, dúvidas, dúvidas.

— Por que porras eu vou embora?!

Não sei. Acho que a boa filha à casa torna. Acho que falta raiz. Mas sempre fui bonsai de mim mesma: pezinhos plantados num vaso raso, pequeno, sem endereço certo, sem parada. Minhas raizes eu trago comigo, sempre.

O que quer que me faça viajar, não vai ter explicação. Tentei. Juro que tentei racionalizar o meu amor por uma cidade que me é totalmente desconhecida, por mais que tenha passado 45% da minha vida lá. Juro que tentei entender essa necessidade quase física de fazer lá o meu deserto.

***



[Cut]

— O que te faria ficar em Salvador?
— Um amor.
— E o que mais?
— Uma efetivação na TV B ou nas produtoras X, S ou M.
— O que você tem aqui?
— Amigos.
— E o que você tem em São Paulo?
— Amigos.
— Alguma certeza?
— Alguns projetos...
— O que você tem em São Paulo, você tem aqui, então. Por que não esgota as possibilidades daqui primeiro? Tenta esses empregos que você quer... E um amor? Isso aparece quando você menos esperar...


[fade out]

Lúcido. Prático. Ponderado. Equilibrado.

Grazie, "Pale Blue Eyes". Welcome to my life.

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Ou eu amadureci, ou vem bomba. Não fui convocada para um trabalho que tinha como certo, e passado o choque inicial, continuei o papo na mesa como se nada tivesse acontecido. Essa gatinha não tá fazendo coisa boa... Ou a carta da "Casa de Deus" realmente fez efeito...

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No Winamp agora: Paixão, da deliciosa Golpe de Estado
A próxima: Square Pegs, dos Vacant Andys (a ex-banda do carinha do Dashboard Confessional)

segunda-feira, março 10, 2003

Se eu continuar a ouvir Tonelada de Amor, do Márcio Mello, serro os pulsos. A guitarra dessa música é excelente, como toda a "cozinha", aliás... e a letra...

ESCONDAM AS LÂMINAS!!!

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Eu tirei o post onde o Benjamin comentou... Desculpa, M., era só um post de teste de template, e pra variar, não surtiu efeito algum...

ola dani! Soube que você gostou dos meus comentários no blog do neto, claro que pode usa-los quando quiserdes no seu blog (são realmente legais assim?, heheh)

São, Benjamin! Aquele do dragão, brincadeira que mantenho há quase um ano, foi direto pro fundo da rede... Bom, o briefing: Ernesto escreveu algo sobre dragões, meus velhos conhecidos. O Benjamin comentou. Eu adorei, copiei. Na íntegra:

Oi mano! O seu dragão é lindo! Mas me parece tão cansado...

Talvez ele realmente busque outros aires, provável por já haver viajado, quiça por ser impaciente, dúvida quanto ao que fazer, incerteza do seu futuro, alguns dragões viram estrelas (é a lenda) outros, tristes dizem alguns, não chegam a morrer...talvez ele nem queira que vc voe junto com ele, talvez nem saiba mesmo o que fazer...nao sei.
Suas escamas podem estar ficando velhas ainda que com viço; sua chama , ainda que arda, já não queima tanto assim; suas garras seguram , mas podem não ter mais as mesmas forças; sua visão pode estar enenvoada, são tantas as nuvens, tantas as viagens...doces sonhos...
Quem sabe não precisasse ir tão longe...Muitas aves também não voam, são felizes com os seus pés no chão.


Até logo,
M


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Bravo Zulu, Benjamin...

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Insanidade pelo ICQ

Transcedemos os limites do olho no olho. Quando releio as minhas conversas com o Ernesto e a Carol, eu me pergunto de onde raios eu estava falando. De que planeta, de qual viagem lisérgica... Agora consegui bater o recorde de insanidades cibernéticas:

Torin Tyr 10/03/03 13:31 vc vai pra Sampa, Alemanha ou vai ficar por aqui?

Fada 10/03/03 13:33 sério. Ernesto, vc é sensacional!

Sei lá.. se o carinha da alemanha quiser, mato
vários coelhos de uma vez só. Tenho meu filho,
faço uns cursos de design, aprendo alemão, moro
fora do país e volto feliz, para ser uma picona
qualquer da direção de arte...

Uh... diretores de arte precisam saber desenhar?

Torin Tyr 10/03/03 13:33 hahahahahahhahahahaha!!!
saber desenhar ajuda!!

Fada 10/03/03 13:34 Mas não é obrigatório, né? Aí compro uma casinha
no interior de são paulo, tv a cabo, net no
computador, e vou criar o meu filho sozinha,
longe da civilização, feliz, sem nada nem ninguém
que me machuque...

Torin Tyr 10/03/03 13:35 hahahahahahah!!! vc é louca... bota o pé no chão
Daniela doida!

Fada 10/03/03 13:36 Mais no chão impossivel, Neto! Eu estaria
delirando se dissesse que:

"Vou me apaixonar pelo alemão, a gente vai pra
Munich, e moraremos numa casinha coberta de neve,
com chaminé. O amor vai durar pra sempre, teremos
dois ou três filhinhos lindos, que serão nossas
alegrias, e dia sim, dia não, mando umas fotos
das crianças pra vcs aqui no brasil. E viveremos
felizes para sempre."

Sonho, né? Amor nessas bases é uma falácia.

Torin Tyr 10/03/03 13:37 é sim... amor de verdade transcende e acontece...
não fica só nas falacias. *rs

Fada 10/03/03 13:37 Aié?

Em que livro?

Desculpa, fui acida.... vc e carol dividem esse
amor que transcende...

Torin Tyr 10/03/03 13:38 hahahahahhahahahahahahahha!!!!

Torin Tyr 10/03/03 13:38 o amor transcende ciúmes, egos, personalidades,
espinhos... tudo.

Torin Tyr 10/03/03 13:38 no final é o amor.

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Tirei Márcio Mello. Está rolando The Unforgiven II, do Metallica, e a próxima é uma que veio ontem, que há tempos não ouvia: The Passenger, com Siouxsie and the Banshees.

domingo, março 09, 2003

Engraçado como eu tnha esquecido da sensação boa que é deixar a maré da criação me carregar.

Estou trabalhando num conto, coisa que não fazia há anos. Dormi demais, mais uma vez, e acabei não tendo ânimo para sair. Apertei o play do CD player. As músicas são as mesmas por uma, duas, três, quatro horas seguidas. Por vezes levanto a cabeça do teclado, volto um pouquinho para esse mundo, cantarolo um pedacinho da música, enquanto vasculho na memória um sinônimo mais palatável para a palavra púlpito. Não acho nada que caiba na minha idéia. Deixo púlpito mesmo, com a anotação de procurar algo mais agradável e visualmente mais leve.

Mais uma vez, os personagens não têm nome. Ele e ela. A mãe dele. A mãe dela. As tias, os fornecedores e os personagens secundários têm nomes. Li um trechinho pra Algas. Ela riu bastante. Mas irmã é sempre suspeita. É a primeira vez que consigo escrever com diálogos. Sempre fiz contos sem uma linha falada por ninguém. Só sentimento e silêncio. Acho que é essa nova fase: cansei de ficar calada, cansei de assimilar as porradas. Meus personagens todos são parte de mim. Pequenas amostras de alter ego.

Eles tomaram um rumo inesperado. Vivem sozinhos, eu só escrevo o que eles me mostram, e não sei realmente como vai acabar. Outra novidade: eu sempre soube como terminavam as minhas histórias. Podia não saber como começar, mas as frases finais já estavam prontas. Dessa vez, eu não tenho idéia se a história termina na lua de mel, ou se eles terão filhos. Pode ser que ele se injurie e resolva não casar. Acho difícil. Ele sempre quis, ela é que relutava. E ele iria desistir só porque o local do casamento está todo decorado de balões coloridos?

Hummm... Balloons... "Hey, Georgie, do you wanna a balloon?" Parou, Daniela, parou por aí!

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Há anos, acho que em 92, comecei a escrever um longa. Do longa, mudei de idéia para um livro. Mas sempre foi uma narrativa muito mais imagética, muito mais voltada para planos, sequências e movimentos de câmeras do que para a literatura propriamente dita.

Era a história de um palhaço, Arnaldo, que era triste, triste de dar dó. Avancei por dentro da vida do Arnaldo, louro, olhos verdes, anjinho de um outro conto. Num determinado ponto, estanquei o fluxo contínuo de pensamentos, e poucas vezes nos últimos anos eu retomei o brainstorm.

Há coisinha de dois meses, menos um pouco, um amigo soube da história do palhaço, e me cobrou o desenvolvimento dela. Eu tinha parado poruqe achei muitas similaridades com a minha vida. Escritora autoreferencial, tudo bem. Mas autobiográfica? Arnaldo já tinha um final definido: ia se matar do Viaduto do Chá, caindo no Vale do Anhangabaú em obras (pessoas de São Paulo, em 92 o Anhangabaú estava em obras?). Deixaria duas mulheres.

O que eu não contava era que o meu sentimento em relação ao palhaço triste tivesse mudado tanto ao longo dos anos. Achei um brainstorm de 98, e segui a linha de raciocínio do que o havia levado a cometer os atos que cometeu. Descobri que eu só poderia odiá-lo. E foi certeiro: desenvolvi um nojo latente pelo Arnaldo. Já em 98 eu havia descoberto isso, e reli nas anotações que eu não queria odiar, mas que era inevitável. Perdi o carinho que sentia pelo sofrimento dele, curti descrever a sua morte. Não consegui justificar que ele tivesse trocado a mulher que o amava por outra, que valia pouco ou nada, e que cuspiu no seu cadáver quando chegou no local do acidente.

Ancorando a alma, flanando pelo Anhagabaú, último dia em São Paulo, véspera de embarcar para o Rio, parei e fiquei olhando, absorta numa história de amor que havia começado anos antes e que tinha acabado de terminar. Um palhaço morto no chão. Arnaldo. Quase vi um nariz vermelho rolando até os meus pés. Não, não cuspi no seu corpo. Não foi um ajuste de contas. Virei as costas, firme, olhos agora secos. Entrei na estação do metrõ, sumi na multidão. Rest in Peace, blonde and sweet guy.

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Ei... Alguém conhece Spooky Madness? Não? Sério? Big Bad Voodoo Daddy? Oh, yeah, baby, procure, então, porque é uma das grandes músicas que já tive a sorte de baixar... E é o que estou ouvindo agora... Spooky Madness, do Big Bad Voodoo Daddy, virando Return to me, do belíssimo e um dos meus primeiros amores, Dean Martin.




O sono tem sido minha válvula de escape.

A insônia também.

Alterno dias de chuva e dias de sol. Noites em branco, onde me falta o componente principal que faz com que eu conduza o meu corpo até a cama, componente que puxa as minhas pálpebras para baixo. Em outras noites, durmo como que narcotizada. Como ontem.

Minhas noites seriam mais tranquilas se minha cantiga de ninar fosse a sua respiração cadenciada. Se fosse a sua mão na minha cintura, perto do amanhecer. Se eu não precisasse acordar de todo para saber de quem era aquele corpo ao meu lado. Se fosse o seu suor misturado no meu. Se o meu travesseiro fosse o seu peito. Se fosse o seu gosto na boca. Se fosse com os seus pêlos a brincadeira do primeiro sol. Se a lua me encontrasse enrodilhada na janela, de costas para o céu, bebendo cada gota do seu sono. Se o seu cheiro estivesse nos lençóis. Se eu pudesse dormir mulher e acordar criança com você. Se fosse o seu corpo a esquentar o meu se um dia esfriar. Se eu tivesse a garantia de acordar com beijos, carinhos e risadas. Se eu tivesse a certeza serena de ter você na noite seguinte. E no dia seguinte. E no dia seguinte. e na noite... E no dia... Se eu pudesse esquecer tudo nos seus braços. Se fosse você.

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Ouvindo The Sharp Hint Of New Tears, do Dashboard Confessional, virando para Poema, do Ney Matogrosso.

Porque me ufano do Big Brother...

— A pergunta é: onde serão realizados os Jogos Panamericanos?

Equipe Azul, composta por mulheres do Big Brother 3, grita feliz:

ATENAS!!!

Aié?

sábado, março 08, 2003



Os motivos não importam. Teve estrela, teve risada, teve gente nova, teve conselhos, teve romaria pela cidade. Entender pra quê?

No início-final do dia, leia-se quase oito da manhã, a cabeça ainda não tinha compreendido a grandeza da noite. O coração ainda estava meio murchinho, sem entender direito.

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Acordei na cama dos meus pais, eu, a águia, meu livro e o meu travesseiro. Acordei e ao mesmo tempo voltei para o amanhecer. Nada, nada é mais lindo que o azul que o céu fica quando o sol começa a rasgar o negrume da noite com raios de coragem. Tarefa dura, um parto todo dia, recomeçar, nascer a cada madrugada.

Não, estou errada. Mais bonito que o tom royal do azul é o caleidoscópio de violetas, vermelhos, rosas, amarelos e toda a ciranda de cores que se forma na linha do horizonte. Pinceladas aleatórias num quadro que vai ficar pronto somente no final do dia, com o pôr do sol, quando as luzes principais se apagam. Ficam acesos somente os pequenos spots-estrelas, iluminando sonhos, amores, risadas, abraços e amigos. Até o novo parto. O novo quadro. O dia seguinte.

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Um novo trabalho? Oh, yes!!! Fazer o que mais amo, com uma chefe que é uma eterna lição, com um diretor cujo nome consta do panteão da glória. Viajando. Fugindo. De novo.

Mais um loop da vida...

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Uma mancha roxa na perna. Grande. Porrada não foi: ela não dói. Vou considera-la a tão esperada oitava tatuagem. Oitava passageira...