segunda-feira, março 24, 2003

Mea culpa. Mea culpa. Mea maxima culpa.

Mas não estou com o menor poder criativo hoje. De que adianta sentar para trabalhar com criação se estou oca que nem um santo contrabandista? só daqui a pouco, quando a lua voltar pro curso, é que eu vou me endieitar na cadeira e produzir.

Agora, pra ser muito franca, estou morrendo de vontade de me espichar na cama, terminar de ler a minha revista, abraçar minha águia, cochilar, acordar, falar no telefone, cochilar de novo. Ou de sair para fazer a fotossíntese (sim, eu sei que fotossíntese é para os verdes... Mas você já viu minha cor? Não, né?), jogar charme na rua, paquerar todo mundo, balançar os cabelos ao vento, óculos escuros para não entregar a alma de bandeja pra o primeiro estranho sedutor.

Ou sentar na balaustrada da praia, pernas cruzadas, e ficar vendo aquele desfile de Johnnies Bravos, lindos e acéfalos, musculosos, morenos e burros. E depois tomar um sorvete de crocante com crocante de verdade. Vontade de passar hoooooooras no telefone com a minha irmã de alma lá longe, vontade de gravar o cd perfeito, com todas as músicas que eu mais amo. Vontade de rodar até o aeroporto, pedir um chopp, desfrutar do silêncio da sala de espera, da hermerticidade dos vidros que separam o desejo de viajar da realização.

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Silêncio? E essa colônia de extraterrestres barulhentos que eu abriguei na cabeça? Que ora me manda embora, ora me mandam ficar, ora sintonizam com os meus queridos e me mandam recados deles:

— Olha, sua desalmada, seu amigo Fulano não está bem...
— Sua louca varrida, como foi deixar aquela sua amiga em desamparo emocional?
— Xi, que energia estranha que está vindo no vento de boreste...



Ok, Ok, seus porres, eu não quero mais sentir a dor de um, o desamparo do outro, a agonia do terceiro. Estou aqui. É fácil chegar até mim: telefone, email, gritos pela janela, batidinha na porta... Braços abertos, mas não quero mais adivinhar. Acabo superlativando as alegrias de uns e minimizando as dores dos outros...


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