sexta-feira, novembro 29, 2002

Rinite, febre, pesadelos, tremedeira... Digam olá para a minha noite!

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Eu preciso investigar. Na semana em que assumi aquele trabalho grande, tive uma febre monstruosa, um prenúncio de gripe que nunca se concretizou. E agora, na semana de show com meu artista, uma rinite absurda, uma febre sem motivo.

Já sei: Alergia ao trabalho!

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E até agora: 12:15, não temos a van para levar os músicos, a van dos instrumentos, nada. A produção do evento não me da um retorno, não me atualiza. E eu não estou com a menor dor na consciência. Vou assumir que estou só na produção do show, e não na pré-produção.

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O pior é que eu sei que daqui a uma hora, uma hora e meia, eu já vou estar agoniada, ligando pra meio mundo pra resolver o problema.

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Basta eu tirar a mão um minuto e a história já desanda. Dessa vez eu não interferi na escolha dos roadies, e olha o que me arranjam:

.um roadie desconhecido que nunca trabalhou como roadie
.um roadie desconhecido que, segundo o cara que o empurrou pra nós, "não tem iniciativa"
.um roadie bom (não excelente), mas que quase cochila no palco.

Lembremos sempre que é um show ENORME, com uma estrutura enorme, com duas interferências do artista no meio do público, em cima de um boi e de um cavalo, com 9 músicos, duas bailarinas e o artista no palco ao mesmo tempo. Em alguns blocos do show ele usa violão, que NUNCA funciona de primeira, o baterista sempre tem problemas com a caixa da bateria... E eu com essas três belezinhas no palco comigo.

Vou cobrar cachê de roadie também!

quinta-feira, novembro 28, 2002

Bizarrices telefônicas

— Dona Mamãe está, por favor?
— Ela não está.
— Ela está no trabalho?
— Quem está falando?
— Berenice, do cartão de crédito Credicard. A dona Mamãe...
— Ela não está.
— Ela saiu?
— Eu creio que sim... se ela não está...


Por que é que NINGUÉM mais nesta casa atende aos telefonemas bizarros?

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Show amanhã. A mesma ladainha: cavalo que me odeia, boi que pisa no meu pé, público enlouqecido, bêbados em todos os lugares, até onde não deveriam. Mas não estou me queixando, não, viu, Deus?


quarta-feira, novembro 27, 2002

Encontrei um vampiro energético hoje.

Eu sempre encontro pessoas que vampirizam a energia das outras, mas nunca de uma maneira tão absurda quanto esse ser humano de hoje.

Ele é amigo de uma amiga minha. Fomos ao encontro dele, que fazia um trabalho artístico e queria mostrar pra ela. Meu santo nunca cruzou de verdade com o dele. Não é flor que se cheire, e minha intuição diz que o caráter do mocinho não é lá essas coisas. Mas calo a minha boca pq nunca me foi perguntado o que é que eu achava do sujeito.

Quando saimos do lugar onde nos encontramos, depois de uma série de pequenas provas de que ele não vale lá o pão que degusta, comentei com essa minha amiga, sutilmente, que alguma coisa nele me incomodava. Ela perguntou o quê, disfarcei e aventei a possibilidade de nossas energias serem conflitantes.

Fiquei quietinha no carro até a metade do caminho. Um sono narcoléptico, uma vontade de pedir a ela pra rodar 525 quilômetros, para eu poder ficar na mesma posição, dormindo durante as 6 horas de viagem. Um peso nos braços, nas pernas. "Caracóis!!! esse cara me sugou toda a energia!!!" Como qualquer geminiano sabe, de vez em quando as palavras saltam da boca, e quando nos damos conta, não dá mais tempo de segurá-las.

Percebi que tinha dito o que tinha pensado. Olhei para a minha amiga meio de soslaio, esperando o desenrolar da rebordosa. "Era isso!!! Era isso mesmo que eu estava pensando e não sabia explicar!!"

Assim que chegamos ao destino, a casa de uma terceira amiga, escapuli um minutinho e recarreguei na primeira parede, num ritual bobo, bobo, mas tão poderoso.

A notícia boa é que continuo tradutora oficial de amigas que não conseguem se expressar!

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A rinite continua. O corpo está molinho, estou ligeiramente enjoada, a cabeça está anunciando uma dorzinha. Dorzinha mesmo, pq nunca dói demais, é sempre muito tolerável a headache dessas enfermidades do focinho. Será q se eu jogar fora o chiclete melhora?

Estou seguindo todos os conselhos da Medicina Popular: tenho uma garrafa d'água do meu lado (gelada, é claro, pq tudo na vida tem um limite!), diminuí os cigarros, me protegi do vento fresquinho da noite, pq a temperatura caiu pra caramba. E até ia dormir, mas descobri que uma alma-irmã vai virar a noite trabalhando, e estou fazendo plantão esperando por ela. Mas não agüento ficar acordada muito mais tempo...

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Engraçado é que quando eu mais precisava de um alento espiritual, meu pai chega em casa com um livro de presente pra mim. O livro fala sobre os caboclos no espiritismo, sobre as semelhanças e diferenças do umbandismo e do kardecismo, sempre valorizando a tão surrada doutrina afro-brasileira.

Sou espírita com um lado tendendo o kardecismo, e o outro, que tem me puxado com mais força, voltado para o candomblé. Quartas e quintas eu uso minhas guias, faço a minha obrigação anual com os orixás, uso vermelho na quarta-feira e trago a marca da entidade que comanda os raios e tempestades.

Mas ando meio desconectada. Desconectada do kardecismo, do candomblé, da magia, de tudo. Em algum lugar o meu caminho ficou um tanto estreito. E hoje, dia de encontro com um raro vampiro que me derrubou, meu pai vem como um angelo e me dá um livro que responderá, decerto, a várias questões sobre os possíveis pontos de contato entre o kardecismo e o candomblé.

E o melhor: o livro veio com uma gravura psicografada por Matisse. FEITA PRA MIM, com aquelas cores fortes que o Matisse realmente usava!

Isso, sim, é uma benção!

terça-feira, novembro 26, 2002

Tenho rinite alérgica. Não é uma rinite qualquer, cujas crises vão de leves a moderadas. É uma rinite brutal, que me leva pra lona. Não que eu deixe de fazer as coisas do quotidiano. Mas é um pouco menos sedutor encarar o dia com o focinho entupido.

Há tempos não tinha uma única crise de rinite. Da mesma maneira que as pessoas prevêem a mudança do tempo naquele osso quebrado na batalha de Montecastelo, eu costumava sentir que ia chover, ou ia esfriar, pelo nariz.

Desta vez, a rinite veio como um raio. Cabrum!, e no minuto seguinte eu já era o ser humano mais próximo do Rodolfo, a Rena do Nariz Vermelho. E assim tenho estado desde domingo.

Só que os meus lencinhos de papel acabaram e o meu suprimento vitalício das farmácias Doente Feliz ainda não chegou. O que me restou? Papel higiênico. Seria lindo se... SE O PAPEL HIGIÊNICO NÃO FOSSE PERFUMADO!!! Tenho a impressão de que vou morrer de espirrar se o socorro não chegar com Kleenex suficiente para forrar um estádio de futebol!

Quem foi que teve a brilhante idéia de perfumar o papel higiênico? Era o quê? Falta do que mexer nesse artigo já tão perfeitinho? Pusessem a cara do Garfield impressa no rolo inteiro, então. Colocassem babados nas bordas, passassem fitas de seda, qualquer coisa, menos um delicioso aroma de "flores dos campos suíços quando a primavera chegou depois de um rigoroso inverno".

Pior do que isso, entretanto, é saber que na minha casa moram os inimigos. Como é que os meus pais, em pleno domínio das — parcas — faculdades mentais, compram algo com esse cheiro tão agressivo? Eles me odeiam? Eles querem a minha fortuna? Eles querem me separar do amor da minha vida? Eles querem que eu desapareça?

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Vou espirrar lá no sofá, que é lugar quente... E a Nana está lá e não reclama da constante movimentação. Ela me ama desse jeitinho torto, mesmo.

Eu adoro a maneira como ele brinca com as palavras. E estou com saudades absurdas das conversas noite adentro.
A magia da TV

12:40. Daniela sentada em frente à TV assistindo Discovery Health. Ei, uma aula de Tai Chi Chuan! Levantei numa empolgação infantil e comecei a acompanhar a aula. Dê um passo pra trás agora e veja a imagem: um ser humano de vestidinho fresquinho, em pé na frente da televisão, no meio da sala, se contorcendo ao som de música oriental.

Não ia dar coisa que prestasse: meu braço direito está doloridinho...

segunda-feira, novembro 25, 2002

Mamãe quer trocar o carro.

— Eu quero um fusca vermelho para fazer umas bolinhas pretas, colocar duas antenas e chamar de joaninha.

Eu às vezes nem acredito que somos todos da mesma família...

E nesse momento a Mabel, cão estranho que habita este lar, está em frente à televisão, com aquele chorinho sentido dos cachorros, porque os Teletubbies foram embora. JURO!

Ela é completamente apaixonada pelos Teletubbies. O mais engraçado é que a cada vez que entra aquele filmetezinho com crianças, ela vira as costas e vai embora. Há pouco ela estava confortavelmente sentada no pufe da sala, vidrada na televisão... Ela gane, vira a cabeça, estende a patinha...

Bom. A coisa se dá em menor intensidade quando o canal é Discovery e o programa, de bichinhos, mas ela fica quase tão ligada quanto nos Teletubbies.

O pior de tudo é a família inteira assistindo à Mabel assistir aos Teletubbies...

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E a tartaruga da minha irmã, a.k.a. cágado, que vai pro banho de sol com as cachorras? Nana, Mabel e a Tartaruga rumando para uma nesga de sol no chão da sala... Se ela latir, está valendo!

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Rá, cachorro que vê Teletubbies, tartaruga que acha que é cachorro, daschund que acha que é pitbull... Isso não é um lar: é uma casa de repouso para animais mentalmente perturbados!

Deus, eu sei que vc lê o blog! Faz com que esta segunda acelere até as 18:30 e se arraste até as 8 e meia?

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Ressaca futebolística é dose! Além dos gols da rodada, que TODAS as emissoras exibem à exaustão, ainda me aparece uma amiga traídora que me conta, com o sorriso batendo nas orelhas, que torceu HORRORES pro Corinthians! Damnit!

Tem o jogo de volta, e aí vcs vão ver!

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Eu sei que eu disse nesse post aí embaixo que não se fala mais em futebol. Mas o blog é meu e eu falo — e sofro — quanto eu quiser!

The Oscar goes to...

Imagina um filme com Dolph Lundgren, Steven Seagal, Francisco Cuoco e Bambam?

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Legal. A luz acaba de voltar. As noites estão cada dia mais animadinhas...

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Neste blog não se fala de futebol!

domingo, novembro 24, 2002

4x2 pro Corinthians???? Quanto é que o time paulista pagou pro juiz no intervalo?

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31 minutos dos 2º Tempo.

Depressed.

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6x2 pro Corinthians?????? Aos 41' do 2º tempo???????

Este blog está de luto.
STEADY CAM NO MINEIRÃO ! ! !
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40 min » GOOOOOOLLLLLLLLLL do Atlético!!!! Mancine cobra falta a bola desvia em Ânderson e engana Doni.41 minutos: Michel.
41 min » GOOOOOOOOOLLLLLLLLLLL do Galo!!!!!!!!! Michel recebe na esquerda e chuta forte, no canto esquerdo de Doni. Em dois minutos o Atlético empata a partida.

Fonte: Terra

Será que o Arthur Xexéo acha justo tirar férias e me deixar meio órfã?
O que é isso? Uma junta de pais e mães de santo fazendo despacho de encomenda para o Cacá Bueno? A formatura da nova turma de baiana(o)s do acarajé? Ou todos da Fat Family vestidos de branco, cantando o Hino Nacional na final de Stock Car?

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Hit Parade do Vizinho (ou "sua música está alta para caramba!")

1. Baby can I hold you? - Tracy Chapman
Um clássico do final dos anos 80. Todo mundo que teve um amor lá por 88, 89, sofreu ouvindo essa música. Menos eu. Eu D E T E S T O ! "Baby can I hold you". Sempre gostei mais da quase inocência de "Behind the Wall", da mesma Chapman.

2. You gotta love someone - Elton John
Tenho a impressão de que o Elton John "saiu do armário" para a minha geração com essa música. Duh! Menos pra mim. Descobri Elton pouquinho antes, com "Blue Eyes", e depois dela, só voltei a dar alguma atenção ao Mr. John com "Blessed".

3. Still loving you - Scorpions
Gotcha! Depois de várias musiquinhas inócuas para mim, finalmente uma que me faz levantar os olhos do teclado. Idos de 83, e esta que vos fala ainda uma guria, ligeiramente agastada pelo primeiro amor perdido. Um dos irmãos Barros, não me lembro bem... Cláudio ou... Não me lembro mesmo.

4. If - Bread
Francamente! O vizinho deve ter tomado um senhor pé-na-bunda da namorada! Como estamos lamentosos, hoje! "If" eu ouvia em 1991, no escuro do quarto, nas looooooongas noites de insônia em que eu passava pensando no namorado que tanto me dava dor de cabeça. O namorado se foi, e junto com ele, minha disposição para Bread.

5. I´m lost in your eyes - Debbie Gibson
Tudo na vida tem um limite! Debbie Gibson NÃO! Que o vizinho sofra, tudo bem! Mas me fazer sofrer com a Gibson errada é sacanagem! Vou aumentar o som do fone de ouvido...

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Que isso permaneça no mundo dos sonhos!

Esta noite fui visitada por uma pessoa a quem já desejei a própria morte. Desejei inconscientemente, mas eu realmente acreditava que a minha sensação desconfortável terminaria junto com a vida dessa pessoa. Pois é.

Sonhei que essa pessoa tinha morrido. Não vi sua morte, mas coube a mim a missão de avisar a todos. Acordei agoniada, e por um instante eu realmente acreditei na morte.

Se eu precisava pagar um preço, a dívida foi quitada hoje.

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Meu blog é um somatório de todas as pessoas da minha vida. Obrigada.

sábado, novembro 23, 2002

Horóscopo é uma coisa gaiata, né? Veja isso aí embaixo, roubado do Estado de hoje.

Mesmo à distância, e sem telefones nem computadores, as pessoas se comunicam. A distância é uma ilusão do espaço, e o tempo sincroniza e aproxima os corações que pensam juntos, sem importar quão longe estejam.

Puts... Eu não preciso dizer mais nada, né?

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Contrariando as dicas do Cosmo, estou com nada menos que QUATRO telefones do meu lado, agora. Não, nenhuma expectativa... Acaso...

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Alguma coisa na minha forma de utilizar a internet se perdeu. Estou com 8 janelas de navegação abertas, e nenhuma delas me atrai o suficiente para justificar minha estada aqui. Aliás, a idéia de sair de casa é pouco ou nada sedutora. Aliás, a idéia de ficar de molho na banheira também não me apetece. What´s wrong?

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Estou mais desinteressante que o habitual, hoje...

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Miguel Falabella me sensibiliza além do que posso explicar. Talvez seja um bom indício de que estou aprendendo as lições que tão amorosamente tenho recebido. Sentimento não se explica. Basta aprender a sentir mais que racionalizar, sentir, sentir, sentir.


"O que nos deixa com um gosto amargo na boca é muito mais aquilo que não se pode dizer do que a palavra que brota dos lábios e voa pelo ar, enfim nascida, inventada e recriada. O que nos maltrata o peito é muito mais o sentimento não realizado do que o amor consumado que um dia vai embora, pois dele restam nomes, apelidos e a ilusão de que a solidão pode-se derrotar. O que nos assusta é muito mais a imagem no espelho que vai ganhando um desenho desconhecido do que a necessidade de se acostumar com a nova pessoa que nos olha intrigada, como a adivinhar o que nos passa no coração. São as perguntas não respondidas que terminam por esfumaçar os corações, como aqueles afrescos descobertos, subitamente expostos à luz do sol (...)"

Roubado deste blog genial:

"Um sábio amigo meu diz que do segundo ao vigésimo chopp a função da bebida é só de se esquecer a emoção do primeiro copo."

sexta-feira, novembro 22, 2002

Deus existe!

O que é o Alejandro Sanz declamando Poema XV, do Neruda?

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Alien Ant Farm tem uma música chamada Good for Woman que tem uma introdução I-DÊN-TI-CA á de Crazy Train, do Ozzy Osbourne.

Certo, não é idêntica, é muito parecida... e eu ADOREI!

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Rá! Sua vida mudou depois dessa informação, né?

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Se vocês quiserem me abandonar, tudo bem. Sei que meus posts andam fúteis, vazios... Mas é só fase, viu?


(Chuif)


Ah, não me deixem, não! Eu me apeguei, já...

14 horas exatas sem tomar nem água. Até pensei em desmaiar diante da agulha que tirou uns doze litros do meu sangue, mas lembrei que estava sozinha, e resolvi guardar o número para quando minha irmã estivesse por perto.

O cara que tirou meu liquido precioso (ué, não era cerveja?) devia estar contando os minutos para o expediente acabar. Enfiou a agulha meu braço que eu nem vi, como quem enfia um punhal no coração do desafeto. Enquanto sugava meu sangue, vampiro de profissão, me interrogava sobre datas, períodos e ocasiões.

— Lembrou?
— O senhor acha realmente que vou conseguir pensar em alguma coisa olhando pra essa agulha enorme?
— Olha para o outro lado, então!


Cai o pano. Próximo ato.

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Esses doces dias de vadiagem estão terminando. Não que eu considere a atividade acadêmica um empecilho para as outras instâncias da minha vida. Mas é que agora vou ter que renovar meu estoque de desculpas para quase cochilar nas aulas, nenhuma delas que me interesse o suficiente para me mover espontaneamente da cama.

Eu queria era estar novamente às voltas com kenofloos, sangans, bruts, fresnéis, toda a traquitana de um set de filmagem. Ou on the road again, fazendo shows. Deixa lá. vou considerar esta 5ª tentativa como sendo a definitiva.

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Quando saí da agência de notícias e fui pra TV, a minha ex-chefe me disse que era uma bobagem, pq eu nunca mais ia ser estudante. Anos depois eu concordo, mas que profissional seria eu se tivesse ficado nos bancos universitários? Ainda bem que apanhei tanto, que vivi tantos momentos felizes, que comecei a me fazer respeitar, que pude passar por tudo o que vivi. Nunca, em momento algum, o diploma me daria tudo o que conquistei.

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Vocês sabiam que vou estudar coral neste semestre? Daniela, o caranguejo gripado, um ser sem noção de ritmo, harmonia, alegorias e adereços, vai estuar canto? Rá, essa vai ser uma temporada divertidíssima!

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Eu adoro o ar malandro dessa música!

Conversa de botequim
Vadico e Noel Rosa

Seu garçom, faça o favor
De me trazer depressa uma boa média
Que não seja requentada
Um pão bem quente
Com manteiga à beça, um guardanapo
Um copo d’água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto e nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro
Um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro que me empreste umas revistas
Um isqueiro e um cinzeiro
Telefone ao menos uma vez para 34-4333
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçon me empresta algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa no cabide ali em frente



quinta-feira, novembro 21, 2002

Conspiração dos céus
Copiei a mensagem! Câmbio!

Hoje envolva seu coração em cada ato, se for necessário abandone os planos meticulosamente elaborados, pois eles se baseiam na lógica e não nos sentimentos. Faça tudo com sentimento, abandone o que estiver desprovido deles.

Horóscopo do Estado de São Paulo - Gêmeos

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Médico. De novo. E não acabou.

Em Brasília, 2:33.
Deus lê o meu blog!!!

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Dormi cedo, lá pelas oito e meia. Dormi com as lentes de contato, de jeans, luz acesa e livro aberto. Acordei há mais de uma hora. Acendi a luz do abajur. Nada. Droga, queimou a lâmpada. Levantei meio bêbada de sono, fui ao interruptor. Nada. Pô, a luz do quarto queimou também?

Peguei uma reta pelo corredor. Futuquei o botão da luz. Nada de novo. Será que...? Ah, não, sem luz, não!!!!! Vaguei pela casa, sentei na sala, olhando para as estrelas, fumando. Experimentei o telefone. Mudo. Cortaram o telefone, também? Não, ó, idiota perguntante! Telefone sem fio não funciona sem luz. Ilhada, ilhada.

Resolvi voltar pra cama e ler com a lanterninha de shows que guardo na bolsa. E onde está a bolsa? Search Engine pelo método braile: saí tateando a cadeira do quarto, a bicicleta-cabideiro, os cantos. Nada. Na cama. Yes!!!! Virei a bolsa de qulaquer jeito, achei a ponta do porta-credencial onde agora penduro minha lanterna.

Subi na cama, ajeitei os travesseiros, abri o livro. Duas linhas lidas e... A LUZ VOLTOU!!!! Pô, isso é sacanagem?

A lanterna agora está na minha frente, aqui no computador. E eu tenho certeza de que ela acaba de mostrar a língua pra mim...

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Coisas estranhas dos subjects na minha caixa de email

."Daniela, você me falou e eu te ajudarei." (Spam de um portal de prêmios. Algum mensageiro?)
."Want a BIG Penis?" (YES!)
."Decifra-me ou te mato!" (Isso poderia ser uma declaração de amor linda... Perderam o timing)
."Don't wonder any longer, do something" (what?)
."The Bird, Ducks and a Good Woman" (qual a relação, pelos Deuses?)
."Sandra, maybe you should read this" (Pobre Sandra. Ficou sem ler..)
."Looking for love?" ("Oh, where, oh, where can my baby be?")

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Processos Mentais

Chamada para a "Sessão de Sábado". Um filme de ação, legal. "Mas, meu Deus, que ator gorducho e mal acabado que eles acharam." "Ah, deve ser um orçamento baixo." "Nossa, mas o cara é a cara de um vizinho folgado que eu tenho..."

"Não perca: O Qualquer-Coisa, com Charlie Sheen"

O QUE FIZERAM COM O CHARLIE SHEEN?


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O que é Paulo Betti fazendo papel de cafajeste, hein? Tripudiem, homens: adoro um tipinho malandro!

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Aquilo não é acupuntura. É uma sessão psiquiatrica. Voltei levitando pra casa...

quarta-feira, novembro 20, 2002

Aviso: Se não quiser ler este post, não leia!
Você não vai agregar nada à sua fortuna conceitual. Está QUASE todo fútil.

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A alma está levinha, limpinha, como um lençol que fica flutuando em propaganda de sabão em pó.

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E a madrugada foi um bálsamo para esta alma lacerada. A cada vez que falo com ELE, agradeço aos céus pelo presente que recebi. Agradeço por este homem ser tão especial quanto é.

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Mas confesso que as flautinhas andinas que estou ouvindo agora não condizem com o meu espírito "lençol ao vento". Edelweiss, como em "A Noviça Rebelde", quando a família Von Trapp sai saracoteando pelos campos austríacos? DE JEITO NENHUM. Vamos ver a próxima... "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo, e todo mundo me quer bem (...) tô te querendo, como eu te quero! Tô te querendo como Deus quiser"... Tribalistas... Estamos perto, pelo menos ouvi a música inteira.

Acho que falta uma guitarra distorcida... Na minha coleção de "músicas para pular", "Follow U down", do Gin Blossoms, "What do you want from me", do Monaco, "Mr. Jones", do Couting Crows, "Bigmouth Strikes Again", dos Smiths. Nenhuma delas toca...

Pronto!!! Resolvido o problema:

"You can dance, you can jive
Having the time of your life
See that girl
Watch that scene
Diggin' the dancing queen"

Oh, yeah! "Dancing Queen", com o ABBA!!!

Tô indo saltitar pela casa e volto!

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Daniela saltitando...

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Estou me sentindo com 20 anos menos do que tenho na verdade. E 150 menos do que às vezes me obrigo a carregar...

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A partir de hoje, incorporo mais uma estrelinha à minha constelação bloguica! Ao invés de sete, oito no separador!

É um complô?

Com a entrada da Lua no seu signo, você perceberá os efeitos das muitas mudanças que estão acontecendo na sua maneira de interagir com as outras pessoas. Seu tradicional distanciamento pode ser substituído por uma postura mais doce e menos objetiva. Durante esse período, o autoconhecimento é difícil, mas é essencial.

(...) Impregnado pela energia de Sagitário, o senhor do pensamento lógico perde um pouco da sua capacidade de discriminação, mas ganha um entusiasmo que pode ser muito fascinante, embora também muito onipotente.


Árvore do bem - Horóscopo para gêmeos

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O que há de mal em ser lógica?

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O que é o Coffin Joe dizendo que "o Sepultura é um grupo que eu gosto muito"?

terça-feira, novembro 19, 2002

Eu devo ter a maior vocação para gueixa que o Ocidente já viu. Ao mesmo tempo em que estou com uma vontade louca de acompanhar o meu dragão nesse vôo cada vez mais alto, tenho uma necessidade quase física de ficar aqui e esperar pacientemente para que um ELE, que TEM que estar escrito em algum lugar na minha história, faça com que tudo dê certo.

Mas o meu dragão manda notícias do além-mar. Meu dragão manda dizer que o tempo é bom, que os campos são lindos, que as cidades são belas e que "como a paisagem é linda, pena que você não esteja aqui".

Tenho sentido falta do meu dragão de fogo. Era uma relação que eu pensava simbiótica, mas hoje percebo que eu parasitava nele. Eu dependia da sua força pra continuar no eixo. Certo, uma das lições saborosas que aprendi é que os geminianos deslizam entre os dois pólos do símbolo do infinito, o oito deitado. O centro do oito é o equilíbrio, e passamos, nós, os castorpoluxianos, a vida inteira migrando de um extremo ao outro, sempre passando pelo equilibrio.

Mas sem o meu dragão por perto eu tenho tido uma certa lentidão em fazer o caminho de volta ao centro...

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Por onde será que anda o meu dragão? Por quais reinos míticos ele tem voejado? Que eventos quiméricos ele tem visto e tem saboreado em segredo?

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Estúdio hoje a noite. Certo, um estúdio pequeno, mas com pessoas a quem eu amo. Há quanto tempo eu não tenho o prazer de entrar num estúdio para gravar com amores da minha vida?

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Tirar meu sinalzinho do colo quinta-feira. Lá vou eu ameaçar com Dormonid o meu médico cobiçado por dez entre dez mocinhas em idade de casar. Detesto qualquer coisa que me deixe sentindo cheiro de autochurrasco. E bisturis elétricos vão fritar minha pele.

Homem MUITO Querido, quando você ler o meu blog, estava MORRENDO DE SAUDADES!

, quando você ler o meu blog, OBRIGADA pela receita de sorvete de anta e cenourOs!

Felipe, se você lê o meu blog, OBRIGADA por hoje!!!

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Noite de Resenha. Fiz uma pré-resenha com o Felipe no Mercado do Peixe. Felipe e sua coleção de malucos... Hoje foi um vendedor de incensos, que acabou sentado na mesa conosco, filando cerveja e contando como ele QUASE (sic) venceu o Festival dos Festivais (1984). Realmente tenho medo do que será daqui a dez anos...

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E o resto? Bem, tirando uma necessidade absurda de mudar de país, tirando o cansaço natural, tudo bem. Bem mesmo, e ainda guardo na cabeça um email que só tive condições emocionais de ler uma vez. Ruim? Pelo contrário! Uma das grandes coisas que já recebi, email que veio de longe, de um certo jardim, de uma certa cidade, de uma alma companheira.

Justamente por ser tão forte é que meu emocional brecou a segunda leitura. Estranho, porque eu sempre leio umas 18 vezes os emails importantes. Se o meu dia não tivesse sido tão sensível, teria conseguido juntar um bocado de idéias que ricocheteiam na minha cabeça e teria respondido com as palavras que o meu coração quer usar. Amanhã...

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E uma pergunta recorrente não me deixa dormir em paz. Uma pergunta, uma rápida consulta ao Felipe, uma certa tranquilidade que a opinião dele me deu, mas ainda sim uma inquietação.

Deve ser a depressão circadiana...

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Mas a lua hoje, hein? Como mudou o meu comportamento...

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Realmente a saída é um carimbo no passaporte.

Monopoli, Itália? Não, Daniela, não começa com isso de novo. Boston, US? Possível, a realização do sonho. Halifax, Canadá? Novidade na minha lista, um caso a ser pensado e mais discutido. Brisbane, Austrália? Se não fosse o preço da passagem, era lá.

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Deus, se você lê o meu blog, por favor, faz isso parar de martelar na minha cabeça?

segunda-feira, novembro 18, 2002

Estou há três horas com o editor do blogger aberto, sem saber por onde começar. Num raro momento em que as palavras realmente escapam, não sei o que pensar, dizer, sentir e falar.

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Talvez pq eu não esteja programada para sentir tanta coisa ao mesmo tempo, e pior: posso não estar programada nem pra sentir. Carinho, raiva, medo, amor, expectativa, ansiedade, culpa, vontade de ir embora... Junte tudo isso num curto espaço de tempo e vc terá Daniela, versão 2002.2.

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Regina, a sem-noção, e os óculos novos

— Pois é, Dani, mandei fazer meus óculos novos. Eles queriam que eu comprasse umas lentes com... Ai, como é que é o nome daquilo? Ah, FOTOSSENSOR!
— Rê, podem ser lentes com ANTIREFLEXO?
— Ah, é isso aí mesmo!!


(...)

— Rê, seus óculos são para leitura, também?
— Ah, são, inclusive eles vão demorar mais de me entregar pq a lente é... é... MONOMOTOR!
— Regina, Multifocal, né?
— Ah, é isso aí mesmo!


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Pq é que eu entendo o que ela quer dizer? Ora, pq sou mais sem-noção que ela!

domingo, novembro 17, 2002

Que coisa mais esquizofrênica é "Ne me quitte pas" com batida dance!
Jacques Brel se revirando no túmulo!

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Um dos meus vícios estranhos é colecionar várias gravações da mesma música. Mas como ouvir Mireille Mathieu se eu tenho a magistral Maysa, que um belo dia chorou copiosamente cantando "Ne me quitte pas"?

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Eu preciso parar com a mistura Coca Light e vodka... Algo da noite de ontem se perdeu na tradução...

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Retiro o que disse sobre como ouvir outra versão que não a da Maysa. Acabei de baixar Jacques Brel. Se um homem com essa voz lamentosa canta isso pra mim, ele vai ter uma esposa-escrava, submissa qual uma gueixa, até o fim da vida!

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Esse tal de Jean Reno mexe com certas instâncias da minha fortuna conceitual... Pronto!! Melhor que Jacques Brel cantando, Jean Reno declamando...

"Ne me quitte pas,
Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'après ma mort,
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière.
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi,
Où l'amour sera loi,
Où tu seras reine."

sábado, novembro 16, 2002

Bibia tem três anos e meio. 20 minutos no telefone com ela. Como adoro aquele linguajar próprio das crianças de 3 anos... Imaginem este ser humano que vos fala imitando uma girafa, uma vaca, um leão... POR TELEFONE!

E o pior: a Bibia sempre prefere falar com os meus personagens do que comigo. Quando eu canso de mugir, retomo a voz normal e ela pede pra falar com a vaca de novo. Ou com a girafa. "O leão foi embora, Bibia!"

E eu lá, toda boba, reduzida a três anos e meio de idade.

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Beatriz é a filha da Verena, e é meio afilhada, meio filha, meio sobrinha. Opa: três metades? Ah, você entendeu...

É uma garotinha que está aprendendo a gostar do cor-de-rosa, que gosta mais da bruxa que da princesa nas historinhas, que vibra quando vê a Cuca. Eu a ensinei a gostar de Mighty Mighty Bosstones, e eu rezo pra ela não perder o fio do rock/punk/ska. A mãe, que não teve uma tia Dani que carregasse o case de CDs pra baixo e pra cima, acabou contaminada pelo axé/pagode. *sigh*

Tem cachinhos louros, que a mãe insiste em manter presos em marias-chiquinhas, em presilhinhas, em rabos de cavalos. Os olhos merecem uma investigação mais detalhada. Verdes? Castanhos? Acinzentados?

Na escola, ela deixa de lanchar para cuidar dos amiguinhos. E isso inclui até os amiguinhos da primeira série. Cuida, quer colocar no colo, quer dar comidinha... Pequena mulher, com a alma já tão encaminhada, tão definida, tão nobre.

Conta a mãe que, na festa de Yemanja, dançou ritmadamente ao som dos atabaques na beira da praia. Pequena Rainha das Águas, mãe, protetora, mítica, mística. Volta e meia fala umas verdades que não poderiam nunca vir da boca de uma criança.

Saí do trabalho irada certa noite. Fui direto pra casa da Verena. Cheguei lá, sentei no chão e Bibia se aninhou no meu colo. Com as mãozinhas minúsculas e gorduchas, começou a fazer carinho no meu cabelo, no meu rosto. Comecei a perder a rabugice.

O golpe de misericórdia foi quando ela tirou a chupeta da boca perguntou se eu estava triste. "Só um pouquinho, meu amor"

Ela não teve dúvidas: enfiou a chupeta na minha boca sem cerimônia alguma! A primeira imagem que você fez foi de uma situação patética, né? Uma marmanja com uma chupeta cor-de-rosa na boca...

Ledo engano, caro leitor. Foi uma das situações mais lindas da minha vida. Quando ela estava triste, chupeta na Bibia. Ela achou que se funcionava com ela, ia funcionar comigo. Abriu mão de um dos bens mais queridos da pequena fortuna infantil pq achou que eu precisava mais. Para eu ficar feliz.

Ela é o meu "passe": dois beijinhos e um abraço forte da guria já fazem ver a vida com uma cor diferente...

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Bibia, a menina-índia

— Dani, vou passear hoje!
— E vai aonde, Bibia?
— Vou com a mamãe no parque (Aeroclube)!
— E o que você vai fazer lá?
— Tomar sorvete, comer batata-doce...


sexta-feira, novembro 15, 2002

Meu prédio fica exatamente de frente para a Baía de Todos os Santos. Ter o mar tão a mão já me proporcionou o nascimento de alguns amores: navios de guerra, nuvens carregadas ao pôr-do-sol, as várias tonalidades da água.

Hoje o presente veio sem que eu esperasse. Chegando do bistrô, meio alheia; cabeça nas alturas, num planeta distante, num extraterrestre superdesenvolvido, que foi minha paixão literária em tempos outros. Yargo, o personagem perfeito.

Cabeça nas estrelas, na utopia de um planeta onde eu pudesse finalmente ser feliz. E como a personagem da Jacqueline Susann, ter o Yargo voltando. Voltando pq me ama, voltando pq precisa de mim, voltando pq uma metade não dorme sem a outra...

Voltando... Desci do carro, abri o portão, e quando virei pra fechá-lo... De frente pra mim, o rastro da lua no mar. Lua crescendo, bem ao gosto desta geminiana que já foi tão feliz em luas crescentes. Lua meio debruçada sobre o mar, brilhando, um misto de cristais de sal e cristais de luz.

Entrei no prédio, fui pro ponto mais alto do playground, inclinei o corpo em direção ao mar, numa tentativa infantil de me aproximar da lua, da sua esteira na água. Dei o rosto a tapa. Ao tapa do vento, ao tapa da maresia, ao tapa da lua. Deixei meus olhos se embebedarem do mercúrio escorregadio que se oferecia para o meu paladar.

Num instante fugidío, encostei meu rosto no veludo escuro que a lua — tão caprichosamente — bordava de prata. E nesse momento tão volátil, e só nesse momento, acreditei que dias mais doces viriam. Acreditei que aquele caminho que me conduzia pelo mar até a lua era um sinal.

Um sinal de que o vôo do meu dragão seria de fato um sucesso, um sinal de que os meus planos todos dariam certo, um sinal de que meus anos de "cãozinho filhote em pet shop, implorando para ser levado para casa" tinham finalmente chegado ao fim.

Um cheiro limpo, doce, de mar, com vento salgado, com poeirinha de brilho de lua, corroborou a teoria. "Que seja doce, que seja doce" , e o meu mantra, naquela hora, me pareceu tomado de um poder infinito.

Ergui a cabeça num orgulho pueril dos dias que estavam por vir, enfrentei o vento, perfilei o rosto com o mar. Aprumei a coluna num gesto involuntário de destemor insuspeito. Durante todo aquele enorme segundo de coragem, tive a certeza de que aquela era eu. Não aquele farrapo tímido, embusteiro. Eu era, sim, aquela mulher altiva cuja face pétrea a lua coroava.

Eu não contava com a nuvem. Num ritual de masoch, a nuvem foi cobrindo a lua num vagar exasperante. O meu caminho para as estrelas foi sendo apagado. Num golpe de misericórdia, a lua sumiu mais rapidamente por trás das nuvens.

Mar escuro, centelha alguma do que tinha sido o brilho da lua no mar convergia para mim. Como, em nome dos Deuses, meu Yargo acharia o caminho até mim?

Vim pra casa. Ainda não foi dessa vez.

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Quero capturar um cheiro que está engastado na minha pele. E ele dança na minha frente, bem embaixo do meu nariz, zombando da minha presuñção. "Como, Daniela, se estou em todos os lugares, e na verdade, nunca pertenci a você?"

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Triste. Eu vi as estrelinhas do meu starway caindo uma a uma, estilhaçando no mar. Pedaços de sonho...


quinta-feira, novembro 14, 2002

O sono que me dá depois de escrever um texto particularmente trabalhado é algo que só se explica através do espiritismo. Estou caindo... Mas passa.

“São Paulo que não pode adormecer
Porque durante a noite
Paulista vai pensando
Nas coisas
Que de dia vai fazer...”


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Banheira cheia de água quente. Uma boa porção de óleo de canela. Livros, vários livros. Ficar de molho até enrugar. Ou terminar esse processo louco de reviravolta mental. Se isso não for a minha idéia de noite ideal, eu aceito sugestões do que pode ser melhor.

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Nana. Nana tem um humorzinho de cobra. É daschund, mas jura que é rotweiller. Linda, mas brigona. Pois é.

Talvez seja o ser que eu mais amo na vida. Acho que é o tipo de amor que terei pelos meus filhos: permissivo, desmedido, seguro, sem cobrança, disciplinador.

Ela me faz acordar de madrugada para despertá-la de um sonho ruim. Saio buscando pela casa para saber onde ela está enfurnada. Quando viajo, a primeira coisa da qual começo a sentir falta é dela. Sinto falta da maneira como ela sapateia sem cerimônia pelas minhas costas quando estou deitada, da maneira como ela me olha quando quer carinho.

Gosto da maneira como ela dorme, da maneira como ela lida com tudo à volta dela. O mundo é uma grande caixinha de surpresa para a Nana. Destemida, temerária, experimentadora, curiosa, múltipla. Como eu.

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Uma coisa ela ama mais na vida do que ao meu pai e a mim: bola. Bolas de tênis, bolas de frescobol, bolas de meia, laranjas: qualquer coisa com o formato esférico, e é o suficiente para ela tirar o sossego de qualquer vivente desta cave.

Logo depois da última temporada da gravidez psicológica (normalmente são três episódios por ano, um divertimento...), ela perdeu a última bola. Culpa do meu pai, claro. Ela deve ter levado para a garagem, acabou de brincar, e não trouxe de volta. Meu pai, o relapso, deveria ter recolhido os brinquedinhos dela ao final dos folguedos.

Bom, fato é que tivemos um cão desolado por quase um mês. Acreditem: poucas coisas doem tanto quanto um cão deprimido. Murcha, não corria tanto pela casa, dormitava como o gato que tanto repudia...

Até hoje.

Meu pai trouxe a bola top of mind da Nana: A BOLA DE TÊNIS!

Na hora em que escorreguei da cama, a primeira coisa que ela fez foi, orgulhosa, empurrar a bola com o focinho para os meus pés. Exibiu o troféu pra mim. Nunca vi a Nana tão feliz, e acabei, por tabela, ganhando meu dia também.

Só que tudo na vida tem um limite.

Duas horas depois, e ela louca, correndo atrás de mim com a bola na boca, eu já amaldiçoava discretamente as dez gerações passadas do meu pai. Ela estava quase um cachorro tranquilo sem a bola. Pq raios ele inventou de bater palmas para maluca, tresvariada da Nana dançar?

Neste exato momento ela dorme. Gracias, madre! Dorme toda aninhada em torno da bola, como um pretzel de daschund. Como se estivesse chocando a tão estimada bolinha.

Eis o problema: ao invés de um cachorro, eu tenho um pato.

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Máquina de volta!!!!!!!! Certo... Tomei uma surra pra reinstalar o modem do Velox, e os animais da Telemar ainda me diziam:

— Senhoooooora, tem que optar por conexão Ethernet.

Catzo de asas!!! Não sou a entidade mais versada nas artes informáticas, mas... Zente, eu uso USB, como é que vou conectar na placa de rede???

Resolvi fazer aquilo que o meu coração mandava. Desliguei tudo e reinstalei o modem como porta USB. Nesse intervalo, liga Zeba, e confirma as minhas previsões: Ethernet o caralho, meu nome é USB!

Duas horas de sofrimento, e finalmente: eis-me online!

A bem da verdade, online, mas com o pé na rua. Vamos para a segunda parte da novela mexicana de Berlim: "A saga das desvalidas". Estrelando: Andrea, no papel de alemã 1, roteirista de cinema, inglês razoável; e Christiana, alemã dois, mãe da alemã 1, inglês castiço!

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Dilema Tostines: gosto do Dave Matthews pq ele é a cara do Doc "infinito em pé", ou gosto do Doc "infinito em pé" pq ele é a cara do Dave Matthews?

Certo, o Doc não deve nem tocar violão, que dirá me emocionar como o Dave faz... Mas enfim... O passado não volta...

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E eu juro que em mais da metade do tempo eu agradeço por isso...



Que horário louco!!

Em Brasília — e Salvador — 04:51

Câmbio, desligo.
Teclado reconfigurado: vamos testar...
?:ç

OK..

Mas vou deixar o post anterior sem modificar.

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Dormindo? Ou o bina fez vc decidir por não me atender? Tantas perguntas, nenhuma resposta, e uma madrugada vazia... Mais uma delas...

Saudades... Sua falta é uma coisa que já sinto na hora em que desligo. Imagina com 61 horas e 4 minutos (agora, desde a última vez em nos falamos: 15:00 da segunda-feira)... Saudades e frustração. Nem era tão tarde assim quando te liguei. 12:57 na primeira chamada, 01:27 na segunda.

*sigh*

Deixa lá...

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Tenho medo do que vão ser as madrugadas da gente daqui a dez anos. Segundo Felipe, "naves espaciais vão baixar aqui para chorarem no ombro da gente". Sim, pq dessa vez conseguimos duas alemãs que choraram copiosamente contando uma história de um irmão que mantém a mãe em cativeiro em Santo Antônio de Jesus.

Aliás, a pergunta que não quer calar: vocês já viram um alemão vertendo lágrimas que não fossem por causa da mostarda forte? Diria um "amigo", que se diz freela de um lugar onde trabalhamos juntos: " Que galera ' What a hell' "!

Destaque para Daniela desenferrujando o inglês com uma alemã que misturava o germânico com o inglês propriamente dito. Cenas, cenas bizarras, e acho que ainda arranho o idioma bretão...

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Obrigada, minha irmã-alma-companheira por ter ligado hoje! 15 minutos antes eu estava deixando uma mensagem desaforada no celular de um amigo, reclamando que as pessoas tinham me abandonado, que as pessoas não se interessavam em saber se eu ainda caminhava por cima desta terra...

Inútil dizer que vc sempre acerta, né? Acerta a hora, acerta o dia, acerta o estado de espírito...

E achei aquele disquete de backup que te disse q tinha ido junto com a máquina para o psiquiatra... Psiquiatra preciso eu, aliás, mas volto pro acupunturista terça-feira de manhã. Deve resolver alguma coisa... Doc com nome de flor é legal.. E depois das espetadelas, ele ainda faz massagem para destravar os músculos das costas. Segundo ele, sou seu grande desafio, pq meus músculos se solidificaram... Tenho uma carapaça quitinosa. Sou uma barata!

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Eu devo ser a garota mais zelosa do mundo no que tange o celular. Cuido bem, carrego todas as noites, deixo ligado 24 horas... ENTÃO POR QUE RAIOS A BATERIA RESOLVEU ACABAR HOJE? Se não fosse o Zeba, agora sem link pq resolveu matar o blog, que insistiu em que eu usasse o celular dele pro que quer que fosse, incluíndo interurbanos, intergalácticos, interuniversais... Sei não, talvez eu estivesse arrependida de não ter tentado mais uma vez...

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Descobri uma coisa MUITO importante: por mais que eu tente bagunçar o meu coreto universitário (e acredite: depois de abandonar o curso 5 vezes por causad e compromissos profissionais, me considero um fenômeno da persistência acadêmica), FALTA UM SEMESTRE DE CURSO (e mais um de projeto) para eu me formar! A partir de junho de 2003 passo a operar do 1º Distrito Naval, ou seja, do Rio. Meu projeto vai ter que ser todo desenvolvido no Rio, já que é todo calcado na organização militar da Marinha.

Como superar a banca examinadora com um tema militar? Não tenho nem noção, mas a realidade caiu que nem um ovo cozido na minha cabeça: tenho que começar a mexer meus pauzinhos para poder passar meus seis meses fora com tranquilidade.

Autorização para embarque de civil em navio militar, bibliografia especializada, mote do projeto, ORIENTADOR, descobrir qual navio vai fazer o Endurance em 2003.2, correr atrás da Oficina de Roteiros da Globo, entrar em forma!!!, contar pra minha avó de que ela vai ter hóspede por seis meses, BANCA EXAMINADORA!!! Vão ser oito meses para organizar a minha vida...

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Não desisto. Amanhã (uh... Hoje?) te ligo de novo. E de manhã... *Evil Dani strikes back*

Tudo na vida tem um limite. A protomáquina tb achou. Resultado: PC no conserto, eu desconectada, precisando receber instru;ões para um novo trabalho via email e sem receber, conexão discada, teclado desconfigurado, longe demais de tudo.

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Tudo come;ou com um virus. Sem um espirro, sem sinal de que o sistema imunol[ogico estivesse mal. Depois come;ou a metastase: arquivos corrompidos, uma supermáquina reduzida a pó. Ontem ela foi pro médico. Acho q a solu;ão é uma só: lobotomia no HD.

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E junto com ela foram meus sonhos escritos, meus trabalhos, minhas músicas, meu vínculo com o mundo.

terça-feira, novembro 12, 2002

Excelente blog, este. Estou roubando uma piadinha!

"Fiquei muito feliz com o fato de Symony (por que os menos instruídos adoram pôr H, Y, K e dobrar as consoantes no próprio nome?) estar grávida do segundo filho com Afro X.

Sabe como se chamará o terceiro?

Triplo X."

A reunião da "Justa" foi qualquer nota. Se a gente — o Luna e eu — fizer esse documentário, dois dias depois a gente morre. E não é morrer no sentido figurado. É morrer no sentido definitivo.

As pessoas querem — entre outras coisas — uma denúncia sobre a corrupção na polícia. Dado importante: o maior traficante da Bahia, que leva o nome de um personagem de novela, tem toda a sua segurança feita pelos caras da Justa. As pessoas querem que a gente entre nas dependências da Justa com um motivo e grave outro. As pessoas querem... as pessoas querem é ver o circo pegando fogo pra comer o churrasco dos palhaços — Luna e eu.

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Tudo culpa dos sonhos. A gente sempre aposta tanto nos nossos sonhos... Todo mundo devia ter um sonho de reserva. Um plano de contigência.

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Eu sabia que essa temporada de dolce far niente não ia deixar um saldo muito bom... Trabalhar em casa é divino! Posso fumar à vontade, posso trabalhar com a minha saia de malha preta — que meu pai diz que só não é mais velha que o meu perispírito —, com os cabelos presos lá no alto, num coque desfiado (ué, eu já não fazia isso?), digitando em posição de lótus (oh, yeah, criaturinha estranha, né?)...

Mas isso dá um medão quando a gente tem que sair pro mundo real... Perdi o hábito de empregos das nove às cinco, perdi o saco para andar mais paramentada que jegue no Círio de Nazaré, de ter que cumprir horário. Quem já foi freela um dia sabe que a gente normalmente dá um duro muito maior que as pessoas que nos condenam por estar planejando uma farra na segunda feira, porque na terça a gente não tem compromisso.

Foi o caso desses últimos 4 dias. Uma pauleira, há tempos não fazia um trabalho tão envolvente e desgastante ao mesmo tempo.

Envolvente pq toda a produção foi feita na raça. Roteiro pelo qual já era apaixonada há tempos, a equipe composta somente por AMIGOS. Mas foi um desgaste pq a estrutura ainda não foi aquela que merecemos. Ainda...

Mas o corpo penou. Cansei de verdade. E hoje, segunda-feira, dia internacional da boa farrinha, estou em casa, depois de uma reunião que me deixou tensa, sem vontade nenhuma de arredar pé daqui. Tinha a Resenha, que eu podia ir. Tinha o lançamento de "Madame Satã", que eu vou doar as pontas dos dedos se não for ver enquanto estiver em cartaz...

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Mas optei por ficar em casa, e macerar os pensamentos. E rezar pra extrair alguma coisa que faça mais sentido do que o que eu estou sentindo agora...

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In der welt zein.

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Que delícia ficar de papo com essa amiga querida!!! Quantas risadas, quantas coisas partilhadas, quantas coincidências, quantas similaridades... Panquecas de sulfite com garrafada nordestina, Shoptime, livros nas bolsas, sorvete de anta... Eu sabia que tinha um bom motivo para não ir pra Resenha nem pra Madame Satã. Valeu, Dé!

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Recorde: 6 horas e meia para escrever o post! E ainda saiu meia-boca...

segunda-feira, novembro 11, 2002

E a o Instituto Daniela de Previsões Tarológicas e Meteorologia deu mais uma dentro: que céu de brigadeiro hoje, hein, caros associados da Oxiúros Filmes?

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O dragão acordou. Não, não terminei o processo de engorda e finalmente me tornei um ser repulsivo(pelo contrário, nesta semana consegui localizar a minha cintura de novo. Nada estrondoso, mas já estamos fazendo contato novamente. YES!!). O meu dragão, dormindo há tempos, resolveu que é hora de esticar as asas e partir em novos vôos. O ponto de partida foi identificar que futuro eu quero.

Adoro, adoro, adoro produção. Adoro saber que resolvo problemas aparentemente sem salvação em tempo recorde. Adoro saber que a minha agenda de telefones tem prestadores de serviço das áreas mais loucas. Adoro a maneira como a arte de matar um leão por hora se transformou num trunfo. Mas a direção de fotografia...

É o meu caso mais louco de amor. Sempre tive um olhar mais apaixonado para os jogos de sombra e luz, para a maneira como a temperatura da câmera pode salvar ou cagar uma matéria, como o posicionamento do silver light interfere na mensagem que se quer passar.

Ando lendo muita coisa sobre isso, e pode ser uma das direções que a minha vida pode tomar.

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Um outro rumo é assumir que escrever pode dar certo e investir nos roteiros. Ando vasculhando atrás de informações sobre a Oficina de Roteiristas da Globo, ando procurando material sobre roteiro para cinema. Tenho treinado bastante com roteiros a decupar, roteiros a escrever, material publicitário. Fiz um puta roteiro de institucional pra uma fábrica de automóveis que foi aprovado sem canetadas. E eu NUNCA tinha feito um institucional...

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Ou posso me reapaixonar por produção e viver feliz pra sempre.

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Com exceção do clip de DTEN, terminamos o curta no final de semana. Hoje me aparece um nobre membro da equipe dizendo que tinha uma silver light. 1000 watts!!! Uma "marmitinha", linda, novinha. Não teve nem a emoção de dar problemas como ontem.

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Bacana, mesmo, foi chegar em casa com as asinhas de anjinha que a Dirart esculpiu. Sim, pq o trabalho da Carol foi inspirado pelos próprios anjos. Meticuloso, cuidadoso, caprichoso, bem feito.

E olha que curioso: no dia em que ganho minhas asinhas, o meu dragão de fogo resolve fazer uso das dele...

Passei pela porta num orgulho infantil das minhas finalmente conquistadas asas. Win Wenders podia ter-me descoberto antes...

Anjinha de asas com penas brancas, entremeadas de pink. E gotas de luxo caíram do céu!

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Pronto, desceu a Cabocla Mireille Nattally, drag queen do balacobaco que desencarnou de alegria num banho de champagne.
As vezes até eu me assusto com as minhas atrocidades...

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E a minha noite terminou da maneira como deve ser: sentada na cozinha, Hollywood Green do lado, um copo d'água bem gelado... e o Homem MUITO Querido do outro lado da linha... Sempre, sempre me fazendo a cabeça girar, sempre me presenteando com indagações que há muito não faço, sempre... sempre me fazendo sentir tão bem, embora confusa...

E hoje ainda "ganhei" um hexagrama do I Ching... Que só comprovou tudo o que ELE me havia dito na última conversa.

Obrigada, meu amor, pelas horas mágicas...

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Gotas de luxo caíram do céu???

Rá! Eu devo ter surtado!

domingo, novembro 10, 2002

Essa música era pra ser postada ontem. Tive o meu primeiro sonho premonitório. E não foi bom. Não foi bom porque contrariava o que eu queria. O que eu estava vivendo. O que eu esperava. Mas não contei pra ninguém. Nem o sonho ruim, nem a concretização.



Poema
Ney Matogrosso

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de chôro
Desculpa para um abraço ou consolo


Hoje eu acordei com medo, mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim (que não tem fim)
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito
Porque é iluminado
pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás.
Como é trabalhoso manter as convicções quando falta chá gelado nas máquinas de refrigerantes...

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Coisas que gosto sem razão:

.Penhasco que terminam no mar
.Raio riscando o céu
.Barulho de jatos levantando vôo
.Me perder viajando de carro
.Singelos cemitérios do interior
.A luz do sol no asfalto logo depois que o sol nasce
.Luz vermelha de poste no asfalto depois que chove
.Gravações diferentes da mesma música
.Voltar da praia depois das quatro da tarde ouvindo Midnight Oil
.Cais da Praça Mauá
.A temperatura interna do caminhão de externas
.A confiança de uma criança em dormir no meu colo
.Achar flor na calçada (achei uma ontem, solta, de cabeça pra baixo. Branquinha, com o miolo pink. Guardei no meu livro)
.Credencial de show
.Sax Barítono
.Elis Regina chorando em "Atrás da Porta"
.Navios de guerra entrando na baía antes das seis da manhã
.Mergulhar e só ouvir o silêncio da água
.Blues só com voz e gaita
.Bastidores de gravação
.A maneira como as gotas d'água se organizam depois da chuva nas folhas do pé de mamão
.Olhar de vaca

== Post para a noite de 09 de novembro de 2002: C E N S U R A D O ==

Ontem eu cerceei a liberdade da minha imprensa. O subtítulo deste blog é "Fazedora da própria imprensa". Sendo a imprensa minha, censurei um post. Escrevi, escrevi, escrevi. Passei quase uma hora entre a televisão, o jantar (pfffff, que piada! Como é que um ser humano quase irracional de cansaço pensa em cozinhar antes de dormir? Claro que o prato quente da ceia foi miojo com salsicha, ketchup e batata palha por cima...) e o blog.

Texto sentimental. Mas me expus demais. Meu coração estava à mostra, pedaço sangrento que insistiu em se deixar enxergar... Mas passou ("agora já passou, mas foi tão triste que eu não quero nem lembrar. Vem pra mim, e não vai mais, me abraça, me abraça, me abraça por tudo que for"... Lobão... Não resisti... ) e hoje sou eu de novo.

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Foram gravadas as primeiras cenas de "Deu$ também é neoliberal" ontem. A falta que uma mala Arri me faz... Se eu quero ser diretora de fotografia, e ainda faltam um 300 anos estudando com afinco, preciso de pelo menos uma lampadinha de 300 watts.

Na verdade, o acervo familiar tinha uma photoflood, mas a descobrimos quebrada ontem. Como já estava atrasada até a medula, deixei pro meu pai a árdua tarefa de enterrá-la. Sim, porque qualquer um ou qualquer coisa que tenha uma folha de quase 30 anos de serviços bem prestados merece um enterro digno. Mesmo que seja uma lâmpada. Nada, porém, me demove da idéia de que o papai, aquele bruto, só juntou os cacos-restos e despejou lata de lixo abaixo.

Enfim, como diria o saboroso Ricardo Bittencourt, vamos gravar. Cheguei em casa quase sem noção da vida, e ainda saí com o meu pai. 20 livros, 15 livrinhos de seleções e uma ida ao supermercado depois (dia de compras... Livros, pão integral, CHÁ!!!!!!), eu queria cair na cama e dormir por dois dias seguidos. Banho, cama.

Consegui? Quem disse? Sono leve, de quem está com a cabeça a milhão. Noite quase insône, e lá pelas duas da manhã, meio sonolenta, ouço o bip do meu celular. Mensagem de texto, FELIPE!!! "Tá acordada? Me liga?". Liguei. Mais uns minutinhos de presente na madrugada.

Houve um tempo em que o Felipe fazia isso com certa freqüência. Ligava na hora em que dava vontade, e eu sempre adorei, mesmo que estivesse dormindo. Adoro a idéia de ser lembrada de um modo tão carinhoso que os pudores de ligar na madrugada ficam pra trás.

Tenho um bom amigo, o John, que faz isso com uma das suas amigas, mais próxima que eu. Cada vez que lembra dela, e isso pode ser várias vezes por dia, ele saca o celular e dá um único toque para o dela. Fica lá, registrado junto com o número, a prova de que ele sentiu saudades.

E eu senti saudades, também. Senti saudades de ser lembrada com carinho a hora que fosse.

sexta-feira, novembro 08, 2002

Há uma certa tristeza em aeroportos. Adoro — com uma intensidade que não se mensura — o barulho dos jatos. Adoro a possibilidade de estar um dia num lugar, outro dia no outro lado do mundo.

Queria ser piloto de avião. Nunca enxerguei bem para isso, e não, não posso fazer a cirurgia corretiva. Tenho ceratocone, que é um afunilamento da córnea, e isso impede qualquer intervenção.

Mas há um quê de triste nas pessoas chegando sozinhas no aeroporto com suas malas, estacionando os seus carros sozinhas, sem um abraço no portão de embarque.

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Não sei há realmente algo de tristonho no fato de se estar só num aeroporto. Zeba, na sua primeira de duas experiências no Rio nesta temporada, pode achar que nada é melhor que ficar só com os seus pensamentos num aeroporto.

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Talvez triste seja minha atual disposição. Lacrimejei pelos cantos da casa hoje o dia inteiro. Até em matéria sobre casamento coletivo eu chorei. Tá, o Alexandre Leal era o cara mais indicado para cobrir aquela pauta. NINGUÉM aqui na TV Bahia conseguiria dar o tom singelo que a matéria merecia. Só ele.

Principalmente pq era uma matéria sobre o sonho das pessoas. Seja o sonho que for, deve ser respeitado e tratado como cristal. Aprendi com a Lu, minha madrinha em TV, que não se desdenha dos sonhos dos outros. À primeira vista, uma matéria sobre casamentos populares e coletivos é para mostrar o ridículo. Pq ridículo é aquilo que não nos agrada. Nada mais que isso.

E pode não me agradar o modelo do vestido de uma, ou o noivo que a outra escolheu. Pode ser que na minha experiência não caiba aquele monte de babados, nem bordados, nem nada. Mas saber que foram 600 sonhos realizados é uma coisa que ultrapassa a razão. Foram 600 pessoas que levaram parentes, que passaram meses, anos sonhando com esse dia; que espremeram os bolsos pra fazer festas para comemorar, que têm esse dia como linha divisória.

Foram pessoas que acreditaram que era possível. Fosse qual fosse o sonho, era delas, e não interessa a ninguém a maneira que foi escolhida para realizar. A maneira como elas vão conduzir suas vidas a partir de agora é outro assunto. Casamento deve ser, antes de tudo, um eterno respeitar de individualidades.


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É, pq é muito comum ver alguém dizer que atura agora o que o parceiro faz, mas depois do casamento "ele vai ver se eu não o coloco no jeito..." Droga, então arruma alguém que já esteja no jeito! Arruma alguém que satisfaça aquela lista de pré-requisitos que todo mundo tem! A gente deve comprar o pacote completo, sabendo que não dá pra mexer pq não vem com "opcionais" de fábrica.

Eu nunca entendi o horror que se estampa no rosto do outro (e mulheres são campeãs nesse quesito...) quando vê-se a toalha molhada em cima da cama. Ou pq o tubo de creme dental está apertado no meio. Ou porque o papel higiênico roda para o lado que não se deve (e tem lado certo???). Casamento é mais que isso. É a cumplicidade, são os risos partilhados, são as noites em que um sonho ruim pode ser apagado só de encostar as costas nas costas do outro. É... casamento, pra mim, é muito, muito mais que uma toalha na cama (mesmo pq eu mesma faço isso, e deixo sempre a cozinha uma zona depois de uma crise de chef).

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Mas não era isso que eu ia dizer. Comecei a escrever pensando em como são tristes os aeroportos, como estive meio chorosa o dia inteiro, como isso continua... Escrevi esse post todo pensando em dois hiatos bons, uma doce conversa com o Homem MAIS QUE Querido, uma conversa rapidinha com uma amiga MUITO querida. Os dois papos pelo mesmo meio, longes, longes, longes.

Nada que uma ida ao aeroporto, um embarque, mesmo que solitário, não resolvesse.

Sem speed nenhum pra trabalhar. Preparam-se, meus doze estimadíssimos leitores: vou encher os seus também estimadíssimos sacos com o "Mundo Bizarro da Dani".

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Pra vcs terem uma idéia da minha falta de speed par atividades lucrativas, é a terceira vez que escrevo esse port. Termino, reviso, e quando dou o publish, entra aquela maldita mensagem de página indisponível. Tudo bem na primeira vez, mas na segunda foi burrice minha...

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As pessoas são estranhas... Chegaram neste blog procurando por:

.fotos de modelos/pessoas anoréxicas (váaaaaarias recorrências: as pessoas estão de sacanagem comigo!)
.Caculé (alguém mais além de mim e dos músicos conhece essa cidade-irmã do Desrto do Atacama!)
.desenhar garrafas (pra quê, meu Deus, pra quê?)
.perfume francês (o imbatível "Salvador Dalí" é de uma maison francesa, né? Eu sei que ele era espanhol, não me subestime!)
.zakk wylde (YES! Ele é um dos grandes!)
.Por que é que o sumo da uva se transforma em vinho? (Porque Deus quis assim!)
.mantra ketchup (eu avisei que as pessoas as vezes eram bizarras)
.american hi músicas (Lugar certo! tem um link aí do lado. Estão na minha lista Top 5 bandas!)
.LIBERDADE DE IMPRENSA (Free Speech!! Sou quase jornalista, pô!)


And the Oscar goes to: PUTAS DE ITABUNA!!!

Pois é, essas senhoras continuam sendo as mais contadas neste blog. Qual a mística das ladies sul-baianas?

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E dessa vez não foram só as grapiúnas: as putas do Pará e as putas da Paraíba também tiveram um voto cada!

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Ainda mudo o nome deste blog para Puteiro!
Esse horóscopo é virado no mói de coentro!

Não estranhe se você se sentir sufocado pela over dose de paixão que vai estar circulando no mundo. A poderosa Lua Nova desta segunda-feira pode transformar em necessidade urgente um antigo desejo de fazer mudanças radicais no seu cotidiano. Tome cuidado para que uma explosão emocional não acelere um processo que ainda não se completou. Acolha os apelos do seu coração, mas peça socorro ao pensamento claro e preciso que chega dos signos de Ar. A emoção pode ser uma aliada importante na hora de destruir o que é velho, mas só a razão é capaz de construir uma nova realidade, mais adequada à sua originalidade.

Árvore do Bem - Semana de Gêmeos

quinta-feira, novembro 07, 2002

E no final nem atrapalhei a Diretora de arte! Pelo contrário, consegui um desconto de R$ 0,50 numa caixa para disjuntores!!! Certo, ele custava 4 reais, mas o desconto foi significativo.

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Problema foi passar incólume pela seção dos brinquedinhos... Tinha um saquinho com trocentos vasinhos de flor de plástico, bem coisinha de boneca, mesmo. Não, não são aqueles arranjos de flor que a gente acha na casa das nossas tias que não casaram. São uns vasinhos com uma flor em cada, flor durinha, coloridinha...

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Comprei minha primeira caixa para disjuntor da vida! Lálálá!

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Pra quê? Em "Deu$ também é neoliberal", Deus pretende privatizar o mundo. Chama Jesus para uma conversa, Jesus tenta convencer o pai de que não deve fazer isso, lista todos predicados da Terra em forma de musical (meio Grease, meio Hair),





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e Deus finalmente resolve não privatizar, mas explodir o mundo. E essa caixa de disjuntor é pra fazer o botão de destruição.

Prende, mas não esculacha!

Nunca um rompimento defintivo foi tão definitivo nem tão indolor. Acabou, acabou de uma vez por todas, e sei que acabou porque não doeu. Acho que a finalidade das histórias continuarem se cruzando mesmo depois de eu definir que nunca mais o queria na vida, era justamente me provar que pode haver fim sem sofrimento. Não foi um rompimento. Foi uma suave transição.

O episódio tinha tudo para ir para o Darwin Awards, ou para o rol das palhaçadas do ano. Como boa piadinha da vida real, atendendo ao Awards, ou boa palhaçada que foi, terminei o telefonema rindo. Rindo de felicidade, rindo de espanto, rindo de incredulidade. Ri por vários motivos, mas ri, principalmente, por causa do alívio.

Alívio? É, alívio de enxergar mais longe agora do que enxergava há duas semanas. Alívio de saber que só meu corpo precisava dele, e que agora nem isso, mais. Alívio de saber que foi uma história estupidamente linda, que esse homem me fez feliz como há mais de dez anos — exagero? tenho registros históricos! — nenhum homem conseguiu me fazer. Que 20 dias de sofrimento não foram nada, perto do bem que esse homem me fez.

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E que ele consiga queimar esse karma que ele tem na vida, que ele ache enfim uma mulher que o faça ter vontade de entrar nos eixos, uma mulher a quem ele fará a mais feliz do Hemisfério Sul. Que seja doce...

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Se vocês olharem pra esse boxezinho aí do lado, abaixo da tarja escrito eu, vão ver que mudei meu estado civil. De "Um namorado" mudei de volta para "Sem namorado". E pela primeira vez em muito tempo não incomodou estar sozinha de novo...

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Respeitável Público,

Eu tenho a honra de anunciar que, apesar de algumas pessoas terem a falsa idéia de que tenho resistência às novas tecnologias, EU TENHO UM MSN!!!

Logo, se você é usuário desse novo mundo que se descortina sob os meus pés, meu email é danihenning@hotmail.com.

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"Algumas pessoas" não. Homem MUITO Querido é mais verdadeiro. Mesmo que o Homem MUITO Querido desconfie da enorme capacidade que eu tenho de fazer as novas tecnologias comerem na minha mão... Humpf!

Indo fazer produção de arte para "Deu$ também é Neoliberal"...

Eu, sem o menor pendor artístico, acho que só vou atrapalhar a Dirart... Mas vou pedir uma ajudinha para fazer uma produção de arte pessoal... Meus 12 leitores, tremei! A delegação da Bahia está aprontando...

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Alguém sabe como tirar o cheiro de água sanitária da mão? Meu pai sem-noção (plágio descarado da Fernanda!!) diz que é com vinagre, mas depois, com cara de quem está confabulando consigo mesmo, pergunta baixinho:

— E depois, o que é que tira o cheiro do vinagre?

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Todo mundo precisa de um amigo como o Emerson. São 11 anos aturando aquela onça, onze anos saindo juntos para fofocar, onze anos em que eu espero que ele seja compreensivo, carinhoso, menos pragmático. Sincero demais, é a síntese da praticidade masculina. O máximo que consegui arrancar dele, depois de conseguir fazer com que ficasse calado por 20 minutos, enquanto eu desfiava o meu rosário de sofrimentos, foi:

— Relaxe, Dandanzinha, que potência não quebra. Potência no máximo trinca...

Mas é amigo, acima de tudo. Amigo na mais completa acepção da palavra. Nunca falhou quando precisei dos conhecimentos informáticos dele, que já perdeu noites e dias aqui em casa, configurando máquina, instalando rede, formatando disco. Basta um telefonema, "Emerson, vou dormir na sua casa, preciso conversar", e ele me manda direto pra lá, chega com mais problemas que eu, me faz sentir um ser humano fútil depois de contar TODOS os problemas dele mesmo, senta na cama, abre um sorriso, aperta o meu nariz e emenda num outro assunto que não tem nada a ver com as minhas mazelas. E mesmo asism conseguiu me fazer olhar o mundo de uma maneira menos pessimista...

Pq isso tudo? Pq hj é aniversário dele, e não há nada no mundo que me impeça de largar a pré-produção no meio para ir jantar com ele. Não, estou LONGE de ser irresponsável, o final da pré-produção pode ser amanhã fácil. Isso se não chover, pq a meteorologia prevê dias nublados e chuvosos até domingo, e como gravar num iate se não tiver sol? Mas de qualquer maneira, eu iria, mesmo que as gravações fossem amanhã...

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O que dar de presente para alguém que é quase um geminiano, embora seja nativo de Escorpião? Um cara sensível, mas prático, sincero, mas que consegue pincelar a conversa com doçura. 30 e poucos anos, mas ninguém diz que tem um filho quase maior do que ele, além de nunca ter crescido de verdade. É o chefe que eu queria ter, não é o namorado que eu queria ter, mas recomendo pra todas as minhas amigas (as 4); tem um pouco da inconstância geminiana, muito do ciúme escorpiano, muito mais do próprio homem que é. Deve ter um Oxóssi de frente, quem sabe um Ogum, tem olhos de gato, adora sabres orientais.

Alguém me dá sugestões?

quarta-feira, novembro 06, 2002

Ligeiramente triste.

Não triste. Melancólica.

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Estou tão desconectada do que sempre me foi essencial... Há meses não abro o tarot. Há meses não piso no Centro. Há 2 semanas não tomo um banho de mar. Estou com seis meses de atraso com a minha obrigação no terreiro. Não fiz minha água de guerra. Nem um ritualzinho pagão. Nada. Nem uma trilha para caminhar por ela. A apatia espiritual é pior que a indecisão.

Segundo dia de chá gelado, e alguma coisa naquela composição à base de tangerina me afetou.
As tangerinas são sensacionais. Tm um sabor delicioso, são umas gracinhas. A casca é um prodígio: é feita não para facas, e sim para as mãos. Têm um cheiro com propriedades calmantes, têm as cores maravilhosas.

Então...

POR QUE RAIOS AS PESSOAS DETURPAM AS TANGERINAS FAZENDO SUCOS INDUSTRIALIZADOS?

Por que raios não deixam a tangerina como está, ao invés de macular sua imagem com esses chás monstruosos, esses sucos miseráveis? Deveriam fazer com a tangerina o que os indianos fazem com a vaca: tornar sagrada, e ninguém mexe mais.

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Mas o chá de maçã é um fenômeno. Bom até não poder mais. Mas a maçã pode ser processada e mexida e alterada. Não tem um décimo da nobreza da tangerina.

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Cafeína, que falta que ela me faz...

*sigh*

Que sono, que vontade de ficar lagartixando na cama...

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Uma das coisas boas de ser geminiana é saber que posso fazer 30 coisas ao mesmo tempo, e ter a certeza de que todas as 30 vão sair bem feitas. Estou lendo meus emails, respondendo um email que merece uma atenção redobrada — já que trata dos sonhos de uma amiga que está com os sonhos meio maltratados —, montando um texto, escrevendo no blog, ouvindo música, e volta e meia ainda falo ao telefone. Brigo com as cachorras (Não são, Zeba!), cotuco um pontinho de dor nas costas, disperso o pensamento, volto. E recomeço tudo outra vez...

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Minha lista de músicas do winamp também é surreal. O modo shuffle me assusta pela diversidade do que vai na minha cabeça. De ABBA, com sua Dancing Queen, passo para Inti Ilimani e as pan flutes. De lá, para a minha seleção de músicas com o meu nome. Uma infinidade de Danielas, em vários idiomas, ritmos, com várias significações.

E todas essas Danielas sou eu. O folk germânico, a baladinha, o doce romantismo, a certa melancolia dos italianos, um solitário holandês que deve ter passado seus dias mais felizes numa praia à beira do Adriático e lá conheceu a sua Daniela.

Das Danielas para Dick Dale, para 3 Doors Down, para a depressão eterna do Nick Cave, para a Ângela Rô Rô.

Tenho algumas esquisitices: o tema da Pantera Cor-de-Rosa em ritmo de punk rock com os metais do ska, a orquestra da UNISINOS tocando uma música chamada "Missões", um encontro do R.E.M com Mano Negra, uma versão louca demais de "Bigmouth Strikes Again", a risadinha do Mutly, o grito do Capitão Caverna, o som da "cabongada" do violão do Pepe Legal.

Não posso, nunca, servir de referência pra ninguém...

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Um retorno ao zodíaco: Ontem, das sete pessoas à mesa, 4 eram geminianas. E estávamos os quatro sentados um ao lado do outro, sem nenhum hiato pisciano, taurino ou aquariano. Nós vamos mesmo dominar o mundo.

terça-feira, novembro 05, 2002

Primeiro dia de chá gelado e tudo bem! Certo, a verdade é que nós ainda não nos encontramos. Mas não encontrei a Coca Cola Light, também.

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Tenho duas cachorras: Nana e Mabel. As bonitinhas, apesar de uma coexistência um tanto quanto conturbada, dividem o mesmo prato de comida. Nunca se adaptaram a dois pratos. E hoje, pra minha surpresa, constatei que a tartaruga da minha irmã também come ração para cachorros! Ela não se intimida: bateu fome, ela ruma pro prato de ração!

Minha casa deve ser um portal para um universo paralelo...

Demovida irrevogavelmente da idéia do piercieng... sabe como é, aquela coisa meio bovina...

*um sorrisinho de canto de boca*

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Admito: opiniões de pessoas-chave contam pra caramba. Influenciável? Sem vontade própria? Sim, e daí?

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Jantar com Luna, Jaga, Felipe e Perazzo. Deuses, um encontro de produtores, diretores de fotografia, diretores de elenco... Nunca, nunca nesta terra ia sair coisa que se aproveitasse! O que era pra ser uma reunião do "Deu$ também é neoliberal" acabou num grande evento agregatício, com risadas, troca de informações sobre profissionais que vamos ter que engolir uma hora ou outra, macetes... Ou seja: uma reunião de produção.

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"O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade
Por esta noite

Porque está amanhecendo?
Peço o contrário ver o sol se pôr
Porque está amanhecendo?"


Relicário

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E mais uma vez eu estou vendo o dia seguinte se rascunhando, e eu nem apresentei as contas a pagar do dia que acabou. Dívida nenhuma, aliás: eu consegui fechar a balança em superávit! Dia mediano, mas que noite... Noite de conversas, de risos, de cumplicidade, de trocas, de algumas confissões — algumas arrancadas, outras que vieram fáceis como a vida.

Noite feita para se criar: criar o esboço de DTEN, criar novas concepções, novos parâmetros para continuar, criar uma nova ordem de produção, criar um croqui do que a vida vai ser, criar diretrizes, criar uma maneira de ser mais feliz. "Por um segundo mais feliz".

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E é nessas noites que consigo me sentir forte. É nessas noites que vejo que sozinha sou muito pouco, que só sou alguém com alguéns. Que nós juntos somos fortes, por mais que isso parodie Chico Buarque em "Os Saltimbacos". Ele sabia o que estava fazendo...

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Tentei. Tentei guardar só pra mim, mas blog é, acima de tudo, um exercício de crescimento. E como descartar do rol de "exercício de crescimento" a longa conversa que permeou a minha madrugada? Como não ficar espantada com o homem admirável que encontrei do outro lado da linha? Como não divagar a respeito de duas horas e meia de trocas? Como não terminar a minha madrugada repassando cada minuto de texto dito, de palavra contada? Como não ouvir novamente cada risada meio rouca, cada alteração no acento?

Poucas experiências são equivalentes. Encontrar um alma companheira? Talvez. Um irmão de outras vidas? Perto. Um espelho seu? Estamos no caminho.

Não sei. Muito tempo vai passar antes que eu defina a sensação de identificação que senti. Tinha que ser assim.

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Tinha que ser um homem TÃO querido como ele é. Se não fosse assim, não estava valendo.

segunda-feira, novembro 04, 2002

Show do Lenine. Que show fantástico! Esse homem cantando "Paciência" é uma experiência que ultrapassa a razão. Meu dia inteiro foi vivido praquele momento.

E que relação linda a dele com a Ana! Que mulher admirável, que mulher linda, que casal feito nos céus...

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Tá, tinha a Ivete. Sempre excelente no palco, mas não é a minha praia. Fiquei o tempo do show dela conversando com o Celsinho, cara da Técnica da TV, com quem trabalhei um ano. Ele, que já foi produtor de longa, de documentário, de VTs; eu, produtora apaixonada pelos bastidores, matamos as saudades. Saudades um do outro, saudade do tempo em que trabalhamos juntos, saudades de produções que já fizemos pela vida, saudades de pessoas em comum.

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Assim é que as coisas devem ser: encontrar um ser humano que nem me cumprimenta mais — em tempos outros me encontrava e fazia festa — fazendo o mesmo trabalho medíocre de sempre, enquanto eu estou bem sentadinha no backstage, cerveja bizarra na mão — pq a cerveja era péssima — com pulseririnha de acesso à área VIP...

Pronto! Passou o momento "chic descontrol"!

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E um resto de dia como deve ser também: enlouquecendo mais um pouco para enquadrar o roteiro no regulamento do FazCultura. Mais um final de semana desses e eu volto ao esquema workaholic...

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Mas o mole que aquele carinha do ABC me deu foi qualquer coisa... Acho que ele não lembrou que já tinha trabalhado comigo...

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Esse tal de Brandon Lee era a última Coca Cola gelada do deserto, hein?

sábado, novembro 02, 2002

EU QUERO UM DINGO TAMBÉM!



A pergunta é: conviverão os dingos e os greyhounds (apesar de estar-me apaixonando pelos whippets... ) em paz?

O detalhe: 16th, June, É MEU ANIVERSÁRIO!!!!!!!

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Os dingos são fofos, mas ainda não bateram os greyhounds na minha lista de "eu quero um!"

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Nós, crianças, somos estranhas...

Regina, a sem-noção

Shopping Barra, final da tarde. Entramos numa loja carérrima, Regina em busca da camisa perdida.

Vem a vendedora metida a dasluzete:

— Posso ajudar, senhora?
— Quanto é essa blusinha?
— 120 reais, senhora.
— 120 e a minha mãe na zona, fazendo vida...
— (silêncio)
— Obrigada, viu?


Acabou? Não!

Loja de roupas para velhotinhas. Segundo a Regina, corôas usam conjuntos combinandinhos. Entramos na tal loja de conjuntinhos. No primeiro a Regina comprova o que eu disse: são roupas com estamparia só permitida para senhoras acima de 65. Do tipo que só vende mediante apresentação da carteira de idoso.

Chega a vendedora, solicita:

— Posso ajudar, senhora?
— Não, obrigada.
— É para a senhora?


Regina, com o ar mais cândido do mundo:

— Não, é pra minha avó.

O problema começou aí. Se tocando da grosseria, ela me fez embarcar no texto e escolher uma roupa pra santa vovozinha falecida dela. Quase a faço comprar aquele vestido bizarro, de bizarras flores...

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Passei uma semana atípica. Deletei o outro da minha vida de uma maneira definitiva. Sem sofrimentos. Certo? Errado!

Daniela vagando pelo shopping, como a alma que se apaixonou num longínquo setembro, procurando uma jóia para piercing. Pois é, caro leitor, esta que vos fala tem planos de furar o focinho. Certo, no umbigo fica mais sedutor, mas decerto não conheces a minha cintura (aliás, nem dá pra conhecer. Ela sumiu!). Enquanto as arrobas extras não se vão, fico feliz em flagelar meu corpo com um piercing no nariz, terreno da rinite.

Então... vagando, procurando um pontinho mínimo de prata, toca o telefone. Esta anta antende. Ele. Como se o mundo fosse cor-de-rosa, sorrindo, dizendo que está morrendo de saudades, que quer me ver...

Peraí!!!! Tá pensando o quê? É a Festa da Uva, é? Né assim não, cara-pálida! Some da minha vida, me dá um mês ardendo no fogo do inferno, sofrendo que nem pé de arroz na caatinga, para um dia ligar, dizendo que está morrendo de saudades, que quer me ver? Samba, Juliana! Falta fazer um esforço maiorzinho pra ver se atinge o tempo de classificação. Falta dar umas voltas de aquecimento, falta fazer o qualifying!

Se me quer de volta, tem que jurar que nunca mais vai me fazer sofrer. E mesmo assim... Deixou livre demais, amigo.... Mulher não se deixa assim, meu chapa. Principalmente uma geminiana...

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Tenho um bruto medo de sofrer de novo. Medo menor que antes, mas ainda tenho. Estou mais contida, mais fria, tenho outros interesses tanto quanto ou mais fascinantes que ele....

Rá! Vou superar fácil essa etapa!

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Tenho uma missão na vida: aprender a desenhar pra poder fazer o MEU tarot do Deserto. Já imaginaram esse ser humano sem habilidades tentando desenhar? É capaz de sair um tarot com a Dama de Copas igual ao Valete de Paus, ao Rei de Ouros: aqueles desenhos de palitinhos e bolinha no lugar da cabeça!

Mas quem viver, verá!



sexta-feira, novembro 01, 2002

Por que raios eu esqueci que beber água é necessário para a sobrevivência dos seres humanos? É claro que ia dar em problema: uma desidratação leve. Meio tonta, suor gelado, as cores do mundo indo e voltando... O mais primário erro que um produtor pode cometer!! Pô, parece até que eu NUNCA gravei embaixo de sol... Eu, que fazia um programa de turismo, que trabalhava embaixo de sol ao ponto de aprender a usar protetor solar, que voltava das viagens negra como a asa da graúna, que aprendi a levar uma garrafa d'àgua na bolsa mágica até para o cinema... como é que EU desidratei??? Daniela incompetente!

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Entre mortos e feridos... Argh!!!!!, como odeio esse ditadinho!!!!! "Entre mortos e feridos" o caralho, meu nome é Zé Pequeno!

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Sim, mas o tal documentário foi o tipo da coisa que as pessoas têm que fazer pelo menos uma vez na vida, com amigos que te proporcionem tantas horas de diversão quanto os meus.

As pessoas têm que fazer um trabalho desses, pra depois sentar num boteco qualquer na Cidade Baixa, ver um cara andando sobre as águas. As pessoas precisam ouvir pelo menos uma vez os gritos de alegria da equipe quando as duas últimas atrizes do próximo trabalho "caem do céu", fazendo jus ao papel de anjinhas.

As pessoas precisam jantar com os amigos que, depois de destruir uma pizza família, andam dez metros além da pizzaria e sentam num bistrô austríaco. Todo mundo devia compartilhar as risadas impunes, as garrafas de cerveja, a (re)descoberta do suspensório, a conta errada.

Essas coisas é que fazem a vida valer a pena.