sábado, novembro 02, 2002

Regina, a sem-noção

Shopping Barra, final da tarde. Entramos numa loja carérrima, Regina em busca da camisa perdida.

Vem a vendedora metida a dasluzete:

— Posso ajudar, senhora?
— Quanto é essa blusinha?
— 120 reais, senhora.
— 120 e a minha mãe na zona, fazendo vida...
— (silêncio)
— Obrigada, viu?


Acabou? Não!

Loja de roupas para velhotinhas. Segundo a Regina, corôas usam conjuntos combinandinhos. Entramos na tal loja de conjuntinhos. No primeiro a Regina comprova o que eu disse: são roupas com estamparia só permitida para senhoras acima de 65. Do tipo que só vende mediante apresentação da carteira de idoso.

Chega a vendedora, solicita:

— Posso ajudar, senhora?
— Não, obrigada.
— É para a senhora?


Regina, com o ar mais cândido do mundo:

— Não, é pra minha avó.

O problema começou aí. Se tocando da grosseria, ela me fez embarcar no texto e escolher uma roupa pra santa vovozinha falecida dela. Quase a faço comprar aquele vestido bizarro, de bizarras flores...

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Passei uma semana atípica. Deletei o outro da minha vida de uma maneira definitiva. Sem sofrimentos. Certo? Errado!

Daniela vagando pelo shopping, como a alma que se apaixonou num longínquo setembro, procurando uma jóia para piercing. Pois é, caro leitor, esta que vos fala tem planos de furar o focinho. Certo, no umbigo fica mais sedutor, mas decerto não conheces a minha cintura (aliás, nem dá pra conhecer. Ela sumiu!). Enquanto as arrobas extras não se vão, fico feliz em flagelar meu corpo com um piercing no nariz, terreno da rinite.

Então... vagando, procurando um pontinho mínimo de prata, toca o telefone. Esta anta antende. Ele. Como se o mundo fosse cor-de-rosa, sorrindo, dizendo que está morrendo de saudades, que quer me ver...

Peraí!!!! Tá pensando o quê? É a Festa da Uva, é? Né assim não, cara-pálida! Some da minha vida, me dá um mês ardendo no fogo do inferno, sofrendo que nem pé de arroz na caatinga, para um dia ligar, dizendo que está morrendo de saudades, que quer me ver? Samba, Juliana! Falta fazer um esforço maiorzinho pra ver se atinge o tempo de classificação. Falta dar umas voltas de aquecimento, falta fazer o qualifying!

Se me quer de volta, tem que jurar que nunca mais vai me fazer sofrer. E mesmo assim... Deixou livre demais, amigo.... Mulher não se deixa assim, meu chapa. Principalmente uma geminiana...

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Tenho um bruto medo de sofrer de novo. Medo menor que antes, mas ainda tenho. Estou mais contida, mais fria, tenho outros interesses tanto quanto ou mais fascinantes que ele....

Rá! Vou superar fácil essa etapa!

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Tenho uma missão na vida: aprender a desenhar pra poder fazer o MEU tarot do Deserto. Já imaginaram esse ser humano sem habilidades tentando desenhar? É capaz de sair um tarot com a Dama de Copas igual ao Valete de Paus, ao Rei de Ouros: aqueles desenhos de palitinhos e bolinha no lugar da cabeça!

Mas quem viver, verá!



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