sexta-feira, janeiro 23, 2009

Hein?

Três produções e uma grande possibilidade, tudo correndo em paralelo. Vida pessoal. namorado, amigos, casa, mãe, pai, filha. Farrinhas nos intervalos.

Estou exausta, e em algum momento vou acabar mandando as senhoras do teste de elenco para o Festival de Verão. Sim, estou no meio de uma tempestade de atrizes idosas, atrizes jovens, palco principal do Festival de Verão, e uma grande possibilidade. Vou misturar tudo.

Calha que o assistente de direção de dois dos projetos é meu amigo de priscas eras, e a gente tem uma cumplicidade que ultrapassa o racional. Ele me entende, é meu amigo, meu cúmplice, meu companheiro de gazetas, e um puta profissional. Passei o dia na TV do Festival, mas com a cabeça no filme. Lá pelas muito tantas, liga o AD pra me dizer que estava liberado, e que ia pegar a câmera e me apanhar.

Bati palmas, voei, avisei namorado que já tinha mudado de "emprego", e caímos em campo. Primeira entrevista, Campo Grande, vamos nós. Estaciona carro, ri, ri, "ai, como estou cansada", ri mais um pouco, caminha. No caminho para a casa de uma atriz que amo (escritora tão competente quanto), deu um branco.

— Caralho, onde eu estou?

Foi sincero. Foi verdadeiro. Foi profundo. Mas foi engraçado também. Eu não sabia nada. Não sabia onde estava geograficamente, não sabia em que trabalho estava, não sabia nada. Não sabia nem quem era eu. O AD quase se curvou de tanto rir.

— Dani, o que você precisa saber é que está em "Náufragos" — o roteiro que está sendo trabalhado agora.

E assim, nafragada, fui fazer a entrevista, apaixonada pela atriz, doida pelas histórias que ela escreve, e um tantinho mais feliz. Não, ainda não sabia quem eu era, mas "Náufragos" já era suficiente.

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E amanhã, no ingrato horário das 8:15 da manhã, estou na TV de novo, para sair para uma reunião no Parque de Exposições. Sério: Jesus acordava a essa hora pra pregar?

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O Festival me consome. São cinco dias servindo aquele grande senhor, o Palco Principal. São cinco dias de até duas horas de sono, de voos estranhos, de bandas chegando em três, quatro horários diferentes. São dias briga com a INFRA*ERO, de cumplicidade com a turma de Sauípe e do Club Med, de reflexões nas hors cinzentas de aeroporto.

Eu sempre volto diferente desses dias de imersão no show bizz...

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E tudo o que eu queria amanhã era ir ao salão, fazer as unhas, ler revista Caras de novembro e ficar enroscada.

Suspiro.

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Protegida de toda a inveja... Não há melhor visão do que ele dormindo no meu sofá, torrado de sol, fazendo bico (ai, ai, ele dorme fazendo bico...), tranquilo, enquanto faço o último email de recomendações e instruções antes de sumir uma semana dos filmes.

Paz é isso. Paz é dentro de mim, e ainda cá dentro, o sentimento de gratidão que não se esvai. Me perguntaram, pouco antes do reveillon, quais seriam os meus pedidos de Ano Novo. Uma breve ponderação, um sorriso, e saiu na tampa:

— Eu não tenho o que pedir. Eu tenho é que agradecer tudo o que tenho.

É isso. Felicidade é isso. É não ter mais o que pedir.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Sorry, periferia, mas...

O que há de melhor que passar o dia correndo de um lado pro outro, revendo amigo querido, almoçando no quilo honesto perto de casa, trabalhando em dois projetos deliciosos, para no fim disso tudo chegar em casa, colocar cria pra dormir, abrir uma cerveja cu de foca e fumar um cigarro, ouvindo tão-somente o silêncio (metafórico, porque minha rua...)?

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Lua, recebi seu email, e calha que estou no meio de uma bem vindíssima avalanche de trabalho. Cerveja ligeiramente adiada, mas eu te escrevo com calma quando estiver menos tonta (sim, no segundo gole de cerveja, eu fico zureta. Depois passa, e então piora de vez.).

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Olha que eu bem passei o resto da tarde numa melancolia assustadora, sem ânimo, sem nada. Um gole de cerveja, dois roteiros pra decupar, um cigarro... ah, que diferença!

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Então minha casa precisava de flores. Depois que me mudei, descobri uma insuspeitíssima paixão por plantas, e desde então, tenho incrementado minha coleção.

Do supermercado, hoje vieram uma begônia ainda por florar e uma outra cujo nome não me lembro Planta da Fortuna. Mas de lá já vieram margaridinhas (in memoriam) e um vaso de calandivas.

Tivemos uma chuvinha aqui, outra acolá, e achei que minha turma verde sentia falta das intempéries. Levei todo mundo para a varanda. Aí foi a perdição.

. A recém-nascida jabuticabeira brotou ali, e segue firme e forte.
. A mudinha de tangerina resolveu sobreviver. Está com duas folhas verdes.
. A espada de Santa Bárbara, blasé, ignora a mudança, e continua linda, cheia de folhas.
. A pitanga deu o ar da graça, e caminha a passos largos em direção ao sol.
. A árvore da felicidade foi repatriada. Cruzou os galhos, bateu as raízes e disse que daquela terra não levava nem o pó. Está na sala de novo, melindrada.

Mas quem me preocupa é a calandiva. E essa da foto não é a minha, viu?



Esta senhorita enlouqueceu. Aqui dentro de casa andava murcha, já amarelando a florada, quase uma setentona, no crepúsculo da sua vida. Aí mudou-se pra varanda. E pirou.

De um dia pro outro, danou a criar brotos, brotinhos lindos, verdes, muitos, muitos mesmo. Florou de novo. Mal a florada terminou, já tinha mais uma boa quantidade de novos brotinhos. Isso, por cima da florada amarela, morta, vieram as novas.

A calandiva despirocou de vez. Penso nela como uma piriguete do reino vegetal, ainda com crise de identidade. Flora, morre, flora de novo, e não sei de onde tira forças. Exuberante. Tenho a impressão de que já a vi acenando para os carros na rua. Feliz.

Ou isso acaba, ou ela vai acabar dando jacas. Ou jenipapos, sabe-se lá. Ela, pobrezinha, não sabe mais quem é.

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Falta trazer minha samambaia da casa da mamãe, porque ela está com saudades de mim, e minguando, a querida.

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A segunda cerveja está quente que dói. Se jogar um saquinho de chá, está adequado. mas é a segunda, né...

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Agora estou no ponto de voltar a trabalhar.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Esclerose múltipla

Então, Lua, li agora! Oba, chopp? Ouvi falar em chopp?? Como estou doida de labirintite hoje (faltam 4 horas pro remédio se fazer eficaz), não acho nem a porrada o seu email aqui. Respondo em post aberto.

Chopp no final de semana? Você ainda ganhha de bônus diversas oportunidades de gritar com m'enfant terrible, quando ela parar de colher flores caídas e passar para as plantas. Sim, ela é terrível.

Meu email é dhenning@superig.com.br. Mande seu telefone pelo meu email, e te ligo pra gente combinar o evento agregatício de choppinho, risadas e identificações.

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E não me fale de perfumes. Amo, amo mais que amo... Sei lá, comida mexicana! Nem brinque com a possibilidade, que eu vou passar pra sempre pisando em ovos para ir ao mercado. Mas cheirosíssima, ah, isso sim.

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Cansei de brincar de cabo de guerra. Ela ganhou.

Y a mucha honra!!!

Você sabe que vai ladeira abaixo quando o LastFm te apresenta Maria la del barrio, da Thalia, como uma das suas preferidas, você abre um sorriso, levanta a cabeça como uma cigana enlouquecida, e quase uiva "Y a mucha honra, Maria la del barrio soy".

E sabe que seu mau humor vai ladeira abaixo também quando a música desenrola e você vai se sentindo cada vez melhor.

O mesmo acontece com La Copa de la vida, com Rick Martin

Vergonha, gente, vergonha demais!

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O pior não é isso: o pior é começar a imaginar qual o ponto de corte dos metaizinhos cafonas da música para trocar o toque de celular.

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Sim, tentei. Sim, saí. Sim, cuspi marimbondo, mas antes de tudo me diverti. Sim, eu ia pro Ronda Jazz no Balcão. Não, não fui. A febre voltou, a labirintite nunca foi, e morri de medo de mais uma vez desmaiar lá.

Eu não preciso de ninguém. Mesmo. Exceção aberta para a minha filha, que me salvou, e para a minha terapeuta, idem, idem. Mas do resto?

Não. Preciso. De. Niguém.

Amo meus (poucos) amigos, mas se falharem comigo, dói, mas eu continuo lá, em pé, detonando. Se me dão mais do que estou acostumada a receber, em algum momento vou pisar os pés na realidade. Dói pra caalho, dói mesmo, arranca pedaço, deixa deformada, às vezes para sempre. Mas eu sobrevivo. E o pior, clareia minha cabeça para todo o resto de pequenas gentilezas que são ofertadas, para um dia, inevitavelmente, tirarem de mim.

Falta de fé na humanidade? Sim, é mesmo. E disso acho que nunca vou me curar. Eu aprendi a viver assim, e até que me provem que existem outros idiotas no mundo como eu (como eu leia-se aquele(a) que se desdobra SEMPRE em carinhos, gentilezas, compreensão, e que nunca toma de volta, ou deixa de ofertar), vou continuar a cair fora na hora exata em que preciso começar a me defender. Inimigos reais ou imaginários, tanto faz. Brigando contra eles eu não fico, e acabou.

Amo os meus amigos, amo o meu namorado, amo as pessoas com quem escolhi conviver. Mas deletar da vida é tão, tão fácil, que chega a assustar.

A conta eu pago depois.

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Minha redenção da Thalia (tá, tá, do Rick Martin também) veio em forma de Bloodhound Gang, a mesma F.U.C.K. que me fez feliz há quase exatamente um ano, mo estacionamento da TV, enquanto esperava a resposta do então donatário da minha capitania sobre sair ou não, under the same sky.

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Ainda sobre donatarias, capitães e coisas que o valham, e ainda sobre Gigante:

TENHO MEDO DO RANDOM DO LASTFM!

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De casaco de novo. Ou isso acaba por bem, ou acaba por mal.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Emmeline

"Sentimentos tão poderosos que só poderiam ter vindo de Deus levaram aos atos mais fortemente condenados pela Sua palavra."

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Desatualizada


Que azar o da Cindy Lauper vir ao Brasil na mesma temporada da Madonna. Quer ver: quem aí sabia que ela tinha feito alguns shows aqui? Hã? Hã?

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Sempre soube o significado da palavra "imbróglio", mas sempre achei que era muito esnobismo usar só a grafia em italiano, a única que conhecia. E não é que não existe uma versão tipo "imbrólio" — ou, Jesus, acende a luz, "imbrólho" — em português?

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Oi, eu tenho uma confissão: na loucura pós-febril (e de dona recente de um celular que valha o trabalho), baixei n jogos para o telefone. Instalei alguns. Um deles, instalei sabendo o que era, e joguei feliz da vida: Gemmquest by Paris Hilton.

Pa-ris Hil-ton.

AAAAAAAAAAH, alguém me segura, que estou pra cortar os pulsos???????

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Ex-amor aparentemente mudou de emissora. Não o vejo no jornal habitual há algum tempo, e creio ter ouvido sua inconfundível voz em outro canal.

E ex-padrinho de namoro (é, eu já fui adolescente), guitarrista bombadinho no rock nacional, está gordo que nem leitão.

Pela atenção, obrigada.

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Gripe, gripe muito feia. Segundo a tradição familiar, gripe que dá fome é de ordem emocional. Dou um doce pra quem adivinhar a minha segunda mais intensa atividade do dia.

É, comer. A primeira foi sofrer na cama, com um febrão que deve ter batido na casa dos 40. Sobre a questão de (des)ordem emocional, sim, — suspiro —, estou acompanhando um perrengue enorme e grave. Não, não respinga muito em mim. Mentira: estou afundada nisso até o nariz, mas repito: o problema não é meu.

Estou visivelmente melhor, depois de cinco dias de cama, delírios sonolentos, febre alta e absoluta incapacidade de reter alimentos no corpo (gastroplastia tem dessas coisas). Hoje tirei o atraso e mastiguei tudo o que não me coube nos últimos acontecimentos. Enfim, pelo menos 4 dos cinco quilos que perdi devem ter voltado hoje.

E meu corpo sabe que está bom quando vê uma garrafinha de prosecco na mão de uma modelo famosa e a boca saliva como cão hidrófobo. E quando, a partir daí, sonho com vinhos frizantes, proseccos, vinhos brancos, cigarros e uma noite sambando.

Noite sambando? A febre voltou!

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Não me perguntem sobre o início do post. Ele começou a ser escrito no dia 2 de janeiro, e na época aquela citação fazia sentido.






Mentira: ainda faz.