quarta-feira, janeiro 14, 2009

Sorry, periferia, mas...

O que há de melhor que passar o dia correndo de um lado pro outro, revendo amigo querido, almoçando no quilo honesto perto de casa, trabalhando em dois projetos deliciosos, para no fim disso tudo chegar em casa, colocar cria pra dormir, abrir uma cerveja cu de foca e fumar um cigarro, ouvindo tão-somente o silêncio (metafórico, porque minha rua...)?

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Lua, recebi seu email, e calha que estou no meio de uma bem vindíssima avalanche de trabalho. Cerveja ligeiramente adiada, mas eu te escrevo com calma quando estiver menos tonta (sim, no segundo gole de cerveja, eu fico zureta. Depois passa, e então piora de vez.).

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Olha que eu bem passei o resto da tarde numa melancolia assustadora, sem ânimo, sem nada. Um gole de cerveja, dois roteiros pra decupar, um cigarro... ah, que diferença!

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Então minha casa precisava de flores. Depois que me mudei, descobri uma insuspeitíssima paixão por plantas, e desde então, tenho incrementado minha coleção.

Do supermercado, hoje vieram uma begônia ainda por florar e uma outra cujo nome não me lembro Planta da Fortuna. Mas de lá já vieram margaridinhas (in memoriam) e um vaso de calandivas.

Tivemos uma chuvinha aqui, outra acolá, e achei que minha turma verde sentia falta das intempéries. Levei todo mundo para a varanda. Aí foi a perdição.

. A recém-nascida jabuticabeira brotou ali, e segue firme e forte.
. A mudinha de tangerina resolveu sobreviver. Está com duas folhas verdes.
. A espada de Santa Bárbara, blasé, ignora a mudança, e continua linda, cheia de folhas.
. A pitanga deu o ar da graça, e caminha a passos largos em direção ao sol.
. A árvore da felicidade foi repatriada. Cruzou os galhos, bateu as raízes e disse que daquela terra não levava nem o pó. Está na sala de novo, melindrada.

Mas quem me preocupa é a calandiva. E essa da foto não é a minha, viu?



Esta senhorita enlouqueceu. Aqui dentro de casa andava murcha, já amarelando a florada, quase uma setentona, no crepúsculo da sua vida. Aí mudou-se pra varanda. E pirou.

De um dia pro outro, danou a criar brotos, brotinhos lindos, verdes, muitos, muitos mesmo. Florou de novo. Mal a florada terminou, já tinha mais uma boa quantidade de novos brotinhos. Isso, por cima da florada amarela, morta, vieram as novas.

A calandiva despirocou de vez. Penso nela como uma piriguete do reino vegetal, ainda com crise de identidade. Flora, morre, flora de novo, e não sei de onde tira forças. Exuberante. Tenho a impressão de que já a vi acenando para os carros na rua. Feliz.

Ou isso acaba, ou ela vai acabar dando jacas. Ou jenipapos, sabe-se lá. Ela, pobrezinha, não sabe mais quem é.

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Falta trazer minha samambaia da casa da mamãe, porque ela está com saudades de mim, e minguando, a querida.

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A segunda cerveja está quente que dói. Se jogar um saquinho de chá, está adequado. mas é a segunda, né...

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Agora estou no ponto de voltar a trabalhar.

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