quinta-feira, novembro 14, 2002

O sono que me dá depois de escrever um texto particularmente trabalhado é algo que só se explica através do espiritismo. Estou caindo... Mas passa.

“São Paulo que não pode adormecer
Porque durante a noite
Paulista vai pensando
Nas coisas
Que de dia vai fazer...”


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Banheira cheia de água quente. Uma boa porção de óleo de canela. Livros, vários livros. Ficar de molho até enrugar. Ou terminar esse processo louco de reviravolta mental. Se isso não for a minha idéia de noite ideal, eu aceito sugestões do que pode ser melhor.

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Nana. Nana tem um humorzinho de cobra. É daschund, mas jura que é rotweiller. Linda, mas brigona. Pois é.

Talvez seja o ser que eu mais amo na vida. Acho que é o tipo de amor que terei pelos meus filhos: permissivo, desmedido, seguro, sem cobrança, disciplinador.

Ela me faz acordar de madrugada para despertá-la de um sonho ruim. Saio buscando pela casa para saber onde ela está enfurnada. Quando viajo, a primeira coisa da qual começo a sentir falta é dela. Sinto falta da maneira como ela sapateia sem cerimônia pelas minhas costas quando estou deitada, da maneira como ela me olha quando quer carinho.

Gosto da maneira como ela dorme, da maneira como ela lida com tudo à volta dela. O mundo é uma grande caixinha de surpresa para a Nana. Destemida, temerária, experimentadora, curiosa, múltipla. Como eu.

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Uma coisa ela ama mais na vida do que ao meu pai e a mim: bola. Bolas de tênis, bolas de frescobol, bolas de meia, laranjas: qualquer coisa com o formato esférico, e é o suficiente para ela tirar o sossego de qualquer vivente desta cave.

Logo depois da última temporada da gravidez psicológica (normalmente são três episódios por ano, um divertimento...), ela perdeu a última bola. Culpa do meu pai, claro. Ela deve ter levado para a garagem, acabou de brincar, e não trouxe de volta. Meu pai, o relapso, deveria ter recolhido os brinquedinhos dela ao final dos folguedos.

Bom, fato é que tivemos um cão desolado por quase um mês. Acreditem: poucas coisas doem tanto quanto um cão deprimido. Murcha, não corria tanto pela casa, dormitava como o gato que tanto repudia...

Até hoje.

Meu pai trouxe a bola top of mind da Nana: A BOLA DE TÊNIS!

Na hora em que escorreguei da cama, a primeira coisa que ela fez foi, orgulhosa, empurrar a bola com o focinho para os meus pés. Exibiu o troféu pra mim. Nunca vi a Nana tão feliz, e acabei, por tabela, ganhando meu dia também.

Só que tudo na vida tem um limite.

Duas horas depois, e ela louca, correndo atrás de mim com a bola na boca, eu já amaldiçoava discretamente as dez gerações passadas do meu pai. Ela estava quase um cachorro tranquilo sem a bola. Pq raios ele inventou de bater palmas para maluca, tresvariada da Nana dançar?

Neste exato momento ela dorme. Gracias, madre! Dorme toda aninhada em torno da bola, como um pretzel de daschund. Como se estivesse chocando a tão estimada bolinha.

Eis o problema: ao invés de um cachorro, eu tenho um pato.

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Máquina de volta!!!!!!!! Certo... Tomei uma surra pra reinstalar o modem do Velox, e os animais da Telemar ainda me diziam:

— Senhoooooora, tem que optar por conexão Ethernet.

Catzo de asas!!! Não sou a entidade mais versada nas artes informáticas, mas... Zente, eu uso USB, como é que vou conectar na placa de rede???

Resolvi fazer aquilo que o meu coração mandava. Desliguei tudo e reinstalei o modem como porta USB. Nesse intervalo, liga Zeba, e confirma as minhas previsões: Ethernet o caralho, meu nome é USB!

Duas horas de sofrimento, e finalmente: eis-me online!

A bem da verdade, online, mas com o pé na rua. Vamos para a segunda parte da novela mexicana de Berlim: "A saga das desvalidas". Estrelando: Andrea, no papel de alemã 1, roteirista de cinema, inglês razoável; e Christiana, alemã dois, mãe da alemã 1, inglês castiço!

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Dilema Tostines: gosto do Dave Matthews pq ele é a cara do Doc "infinito em pé", ou gosto do Doc "infinito em pé" pq ele é a cara do Dave Matthews?

Certo, o Doc não deve nem tocar violão, que dirá me emocionar como o Dave faz... Mas enfim... O passado não volta...

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E eu juro que em mais da metade do tempo eu agradeço por isso...



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