domingo, março 02, 2003

Eu ia censurar o último post. A day to shake my emotions.

Não vou, não.

Eu primeiro pensei em ser inflexível e dizer um sonoro não para esse encontro decisivo. E aí me lembrei da "geral" que paguei num amigo na noite de ontem, amigo que está pendurado por dois dedinhos num despenhadeiro por causa de uma mulher.

— Se você não flexionar uma, duas, 15, 318 vezes, não vai aprender a nobreza do gesto. Quando a gente ama e perde, fica uma sensação de mãos atadas que é enlouquecedora. "Se" eu tivesse feito, "se" eu tivesse ligado, "se" eu tivesse... As situações hipotéticas são a pior punição. Liga, pede desculpas, dá uma chance dela te xingar pessoalmente (porque vc merece!), diz que quer que ela esteja contigo pra tudo o que vier. Isso não é idiotice: é nobre. Orgulho é que é exercício de futilidade, e você só vai saber que eu estou certa quando perder de vez.

E essa mesma conselheira é a que passou a madrugada inteira com um cigarro na mão, observando as espirais de fumaça se dissolverem no ar, com os olhos perenemente marejados, feliz e triste. Agarrada em duas lágrimas para não afogar, e ensaiando discursos que nunca funcionaram.

Uma vez eu optei por acreditar em Deus e soltar o corpo na correnteza. Como experiência, acho que foi a melhor e a mais importante da minha vida. Continuo na minha opção por Deus. Tenho muita sorte de ter os companheiros de caminhada que tenho. Diariamente agradeço a Deus por ter posto as pessoas certas para me ensinarem as lições que eu precisava. Pessoas honestas, do bem, com os mesmos valores que eu cultivo.

Mais uma lição que dói. Mais uma lição, de todo modo.

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Pelo jeito, expulsar de casa é uma capacidade transmitida pelos gens.

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