terça-feira, março 25, 2003

Papai doente.

— 39 de febre, pai. Vamos combinar uma coisa? Se chegar em 39,5, a gente vai ao médico, tá?
— Tá.


Baixou. Xarope das 21:00 dado, coloco a minha agenda eletrônica para despertar nas próximas duas doses. Meia noite e três da manhã. Volto pro quarto pra trabalhar com uma sensação de impotência. Ouço a tosse que vem do outro quarto. Um pouquinho de mel? Levo a colher de servir arroz para brincar, a colher de sopa escondida atrás. 22:30. A tosse aliviou, acho que o sono veio.

Veio. Com pesadelos. Ele fala com um tom genuíno de pavor. "Pai, você está tendo um pesadelo!". ele não acorda, mas parece que o pesadelo foi embora. Quarto de novo, abro uma janela de Word para escrever. O quê? Pra quem? Volto para o Photoshop. O trabalho tão bem cuidado agora me deixa agastada. Como é que vou usar isso de maneira prática?

Olho de novo para a tela. Cadê a criatividade? Mil idéias passam correndo pela minha cabeça. Correndo mesmo, tão rápido que eu só vi os vultos. Uma das minhas melhores coletâneas tocando: Several 3, com Kiss the Rain, Lucky Denver Mint, Follow you Down. Essa última me faz saltitar. A tosse do quarto do lado cessou. O sono do papai parece tranquilo. A febre cedeu. Trocar a camisa encharcada de suor dele. Melhor.

Trabalho que não rende! Desligo a máquina, confiro o relógio, falta pouco pro próximo xarope. Deito, procuro abrigo sob as asas da minha águia. Livro bom, meio imersa na leitura, meio imersa nos barulhos e mudanças do quarto ao lado. Resolvo dormir de luz acesa: assim não escorrego pro sono profundo. Como se fosse capaz.

Mamãe deu o remédio da meia noite, o remédio das três. Eu acordei faltando quinze minutos para cada dose.

— Pode dormir que eu dou o remédio.

E resvalei para um sono agitado. Ele veio de novo. Ou eu fui? Tenho me programado tanto para encontrá-lo... Estivemos próximos, ele disse que me amava, disse que estava orgulhoso de mim por causa da estréia como colunista. Disse que não estava feliz, disse que me amava, que me ama, que me amará. Dançamos numa melodia que só tocava nos nossos ouvidos, só nossa. Fomos felizes como há muito não somos.

Voltei. Ou ele voltou. E acordei moída. Agora sei quantos músculos têm no corpo humano: doem todos. Tanto a noite agitada quanto o prenúncio de gripe fizeram com que o corpo reagisse.

Gripe, segundo a minha amiga querida de óculos, é uma mudança que o corpo ainda está assimilando.

So... Welcome sweet days!

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Medi a temperatura do papai agora. 37,9.

— Pai, pro banho!
— Que banho, o quê! Vou acabar virando patinho...


Dei um antitérmico, mesmo...

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Trabalhando... Acho que dá pra criar hoje...

Winamp:

A primeira: I´ll be missing you, com Puff Daddy
Agora: Impression that I get, do Mighty Mighty Bosstones. Eles são A banda
A próxima: The world is not enough, com o Garbage. James Bond...

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