Drops at home
Papai resmungando pela sala:
— Vamos lá, você vai reagir! Você vai ficar bem como estava antes!
Poxa, que legal! Papai me entende, me empurra pra frente, me incentiva! Virei pra trás com o meu melhor sorriso, pronta pra agradecer, e vejo ele que ele continua falando... COM O VASO DE PLANTA QUE ELE ACABOU DE EMPURRAR PRO SOL!
— Você vai tomar aguinha agora e vai ficar bonita de novo...
Puts... Neurolinguística botânica é foda!
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E eu?
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E quando acabar, o que é que eu vou fazer? Como vou preencher o oco que vai ficar?
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OK, se não for produtora, o que é que eu vou ser quando crescer? Se enxergasse direito, fotógrafa, cinegrafista. Eu adoro imagem. Poderia ser webdesigner, mas me falta a criatividade para fazer todo dia um site diferente. Poderia voltar atrás, uns dez anos, e ser advogada, mas tenho rinite alérgica, e a poeira dos processos matar-me-ia em um dia e meio.
Piloto de avião? Caio no problema de enxergar mal. Ah, se sou quase cega, poderia ser pianista! Deu certo com o Ray Charles! Mas... Só de pensar naqueles exercícios de escala intermináveis me dá mais sono do que o que habitualmente sinto.
Engolidora de fogo. Não dá, tenho gastrite. Veterinária. Bom, se eu não chorar a cada cachorrinho doente que chegar, pode ser. Mas me nego a tratar de galinhas e cavalos! Ourives. Escritora. A jornalista que ensaiei ser. Esteticista. Analista de sistemas. Estivadora. Marinheira....
Bom, enquanto eu não decido, vou tomar um banho, mastigar alguma coisa e sair para o trabalho. Mais um dia de produtora...
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Na verdade, mãe de família seria a profissão ideal, mas pelo andar da carruagem...
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Eu juro, juro mesmo: quero fazer campanha política no Acre! Ou no Rio Grande do Sul. Ou no Pará. Ou em Goiás. Ou na casa da mãe Joana. Mas eu PRECISO sair daqui.
E é fuga, sim, por quê? Tens alguma coisa contra?
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