Ele jurou me amar pra sempre.
Prometeu a felicidade com ele, e eu acreditei. Se me ama, por que me deixa? Por que me dá mais dor? Por que não me deixou quietinha no meu canto, esperando que outro mais compromissado aparecesse?
Mas ele me ama. Me ama e me deixou. Deixou a mim, que tanto o amava. Que tanto o amo. Burro, estúpido, egoísta, apontou uma arma para a minha cabeça e ficou brincando de roleta-russa ao contrário: cinco balas no tambor, uma vazia. E em todo esse tempo, todas as vezes em que girou o cilindro, puxou o cão e disparou, deu a suprema sorte de encontrar o lugar da não-bala.
Sou uma afortunada. Outros apontaram para mim e acertaram os tiros. Outros machucaram, e não tinham nem pontaria. Mas me matar ninguém nunca conseguiu. Enrodilhei em volta do meu próprio corpo, deixei sempre que o sangue escuro saísse, fiquei recolhida no meu canto até que começasse a cicatrizar o machucado que mais uma vez achei que era mortal. Os feridos são perigosos porque sabem que sobrevivem.
Eu agora preciso aprender a viver sem. Sem a arma eternamente apontada para mim, sem a iminência da morte, até mesmo aprender a viver sem os fracassos. Eu agora preciso saber como é viver sem ele.
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