(ou "Eu avisei que não era uma comédia. Se você achou que era, o problema é seu."
Gerbase, Furtado, Assis Brasil)
Lágrimas. Litros de lágrimas, uma tristeza sem fim, e a vontade de não existir. Não, não a vontade de morrer, nem a vontade de estar noutro lugar. Era a vontade de não existir mesmo.
A crise de labirintite — e um susto de proporções diluvianas — trouxe um episódio pequeno de pânico, mas ainda assim pânico. E mais lágrimas, mais um reforço no sentimento de inadequação.
Não tem explicação. Poderia colocar na conta da inseguraça, da frustração, da sensação apavorante de que nada tem solução, de que a depressão nunca vai acabar. Poderia ser um misto da raiva que não deságua com a dor da repetição, e o inferno é a repetição, creiam-me. Mas não pode ser só isso.
Talvez seja o medo absoluto da solidão, a certeza de que somos finitos, a responsabilidade, a pasmaceira da maré de trabalho, a incompreensão absoluta do que é o ser humano, talez, talvez, talvez.
Mas não é nada disso. Ou é tudo isso, e me sinto tão náufraga dentro do meu próprio desespero que não percebo que para não sufocar é só colocar os pés no chão: o lago é uma poça, e estou afogando num copo d'água.
Não sei, e o não saber também angustia. Preciso justificar essa tristeza sem fim, preciso de um nome para cada lágrima que desce dos olhos, desenhando grades no meu rosto. E não tem. Meu Deus, não tem explicação.
***
Mas amanhã passa, ou pelo menos melhora. Não é o primeiro episódio, e embora torça muito para que seja o último, sei que não é.
Peço desculpas se você veio em busca de algum humor. Hoje não deu.
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