sexta-feira, julho 08, 2022

Um Shaggapress todo seu, Lua!


Queria um Shaggapress só da Lua hoje. Porque ela ganhou, vixe, ela passou por cima e venceu. Porque é uma merda o porquê dela operar, mas se tem que ser assim, que seja da melhor maneira. Porque Luana é um portento da natureza, e a gente ainda vai trocar muitos abraços pra comemorar. Porque ela vai gritar com tanta gente que vai VIVER, e há de haver uma ordem no Universo que coordena essa porra toda, e que há de obedecer tantas vozes em uníssono.

Porque minha garganta tá apertada por ela, logo por ela, essa coragem toda que nos move a juntar coro e saber que o vento virou. Queria um Shaggapress pro ano que vem, quando ela estiver a meio caminho da cura, ou pra daqui a dois anos, quando vier a noticia de Luana venceu. Mais uma vez. 

Queria abraçar Luana hoje, levar um quindim, sentar e rir de apreensão, de alivio de alegria. Apreensão pelos próximos dias, alívio porque a vida tá aqui enfronhada na gente, alegria por aquele dia na Manoel Dias ter se tornado um post só dela. Um Shaggapress inspirador pra mim, que sentei inquieta porque queria escrever pra ela, espero que inspirador pra ela.

Hoje a musa foi você. Um post que não quis esperar aqui dentro e me fez sentar perto da tardia hora da meia noite para escrever o quanto você é importante, e quanto tempo a gente perde sem abraçar os queridos. Não vejo a hora de te apertar. Venha logo, vai ter bolo!




sábado, janeiro 01, 2022

Ela faz 74 anos e ainda me espanta

 


O Natal levou anos para entrar na minha casa. Nunca montei uma árvore, mesmo mãe de criança pequena por tantos anos. Estranho pra quem foi criada pela filha da ajudante oficial do Papai Noel.

Natal lá em casa não passava de 16 de novembro pra começar. Árvore da minha altura: sim, 1,70 do chão ao topo, sem a estrela. Enfeites que remontavam à infância da mamãe, à minha e à da Helga. Dos ursinhos mais finamente confeccionados aos adereços de escola que vinham a cada dezembro para amenizar o boletim nem tão auspicioso.

Luzes, luzes, réplicas do Papai Noel de todas as variedades: de paraquedas, rebolando ao som das palmas do visitante encantado, ou pregado à parede. Plural de Papai Noel é Papais Noéis? Ela era múltipla na arte.

Veio 2011, última árvore que mamãe montou. Adoecida já, penou com a dor, mas a Broadway natalina ficou pronta no nosso último Natal juntas. A desmontagem já foi um prenúncio do que seriam os meses seguintes. Foi diferente, meio desordenado o rearrumar, ela, logo ela, que tinha um zelo tão grande pelos enfeites antigos e novos.

Quando precisamos reordenar a vida, agora sem ela, a árvore ficou comigo. 2012, e nunca achei as toneladas de penduricalhos de adorno. Diz a lenda que estão aqui em casa, mas a minha Mansão Foster para Amigos Imaginários nem é tão grande que não as tenha visto em algum momento.

Em 2021, lá vem dois fenômenos quase concomitantes, que são a prosa de hoje. Marcelo, meu consorte, não se conformou de uma casa tão bonita estar tão despida de Natal. Desenterrei a árvore da mamãe, as luzinhas (DE DEZ ANOS ATRÁS), fui trabalhar e o deixei montar. Nessa ordem.

Que casa mais linda ganhei. Ele fez uma delicadeza tão grande em armar o pinheiro e aproveitar os dois fios de luz, além dos três enfeites localizados e aplicados. Curtimos do sofá as luzinhas, apagamos a luz do teto, a TV, que coisa linda!

Uns quatro dias depois, DO NADA me deu vontade de vasculhar um depósito que temos aqui, ao qual chamamos carinhosamente de sarcófago. Tem 30 anos de Bahia acondicionados ali, das mais variadas maneiras: jogos, brinquedos, equipamento de mergulho, fardos de couro, coleção de chaveiros da minha mãe. Opa, coleção de chaveiros!

É uma caixa com uns 500 chaveiros que começam a sua cronologia em 1960 e pouco. Cresci com essa coleção como o brinquedo proibido: mamãe levava muito a sério o hobbie. Uma vida inteira estava naquela embalagem. Eu aos 4 anos os vendo receber a turma de trabalho na minha piscina de plástico. Aos 7, hospedando num hoteleco de quinta entre São Paulo e Rio com eles. Os chaveiros do trabalho do meu pai, do da minha mãe, por final, acho que dos últimos adquiridos, do antecessor do meu.

O movimento foi mais intuitivo que racional? Sem dúvida. Espalhei os chaveiros no chão e fui separando um, outro, e pendurando na árvore pelada. Em pouco mais de uma hora saí de um pinheirinho só feliz para um radiante e cheio de história. Cada galho cresceu comigo com um adorno diferente, um tempo seu, um sorriso de lembrar.

Ano que vem tem árvore, tem Natal? Tem sim senhor. Mas esqueçam as bolinhas espelhadas: inaugurei uma árvore de saudades e afetos, e os chaveiros serão permanentes.

Achei que seria bom contar isso no aniversário septuagésimo quarto ano dessa senhora que ainda me arranca sorrisos na base dos sustos, dez anos depois de ter ido correr atrás de joaninhas. Feliz dia, mãe, “até mais, e obrigada pelos peixes!”.







sábado, setembro 19, 2015

Who wants to live forever - ou o dia em que chorei

- Obrigada por ter vindo!
- Obrigada pelo carinho!
- Não, não é o enterro da mãe do Carlos. Sim, obrigada pelos sentimentos! (Juro!)
- Helena, se não fizer a lição não vai na festa!

Esses foram os diálogos do enterro da mamãe, naquele cinco perdido de maio, 2012. Até hoje tenho flashes de como foi o dia, da briga que comprei no cortejo por ter um carro parado no caminho, motorista e transeunte atualizando a conversa (Obrigada, Fábio Vaz, por ter apartado e me tirado de lá: disso lembro), da Helena correndo pelas sepulturas com meu cunhado (Wilson, obrigada por tudo e por sempre), nuvem rosa e loura. Lembro da Jana e da Ritinha me levando para ver um túmulo com faixa de Merry Christmas. Maio, relembro a vocês. Eu ri.

Sobre o enterro errado, minha irmã estava por lá, chegou uma senhora aos prantos, abraçou, deu os pêsames, perguntou pelo Carlos. Desfeito o  engano, pêsames reforçados, sobrou a história. 

Tudo feito, sensação de anticlimax, não conseguia chorar. Nada. Desde a hora em que fui avisada do fim, e fui a primeira, e dei a notícia para a vovó, não tinha vertido uma lágrima. Ainda tinha tentado ir gravar, pauta de sexta-feira numa feira de noivas, mas fui trazida à razão: o mundo não estava mais igual.

Estranho como a gente se dá conta de que a vida realmente continua. O sol nasce, tem engarrafamento, tem gasolina pra colocar no carro, tem gente produzindo... E você com aquela coisa engasgada, "parem, minha mãe morreu, como é que a vida continua normal para vocês?". E continua. Até para mim continuava, tinha que manter a normalidade para a filha não perceber e introjectar a dor Ocidental da morte. Vida que segue, filha, todo mundo vai morrer, faz sua lição e vai pra festa, sim.

E nada de chorar. Precisava desaguar, panela de pressão explode se não tiver um escape. 

Noite, sozinha, cartão de crédito no bolso, celular com música no outro, vou sair pra andar. Andei, andei, cansei, fui, voltei, nada, preciso. Respiração acelerada, mais pela expectativa, pela dor não vazada, pelo silêncio. Sento no Farol da Barra, e acesso a pasta de músicas dela. A saber, meu celular andava morto, numa tendência da temporada, e peguei o dela, com sua músicas, programações.
 

"T
here's no time for us
There's no place for us
What is this thing that builds our dreams
And slips away from us?

Eu assentei.

Sem sentir, deitei na grama do Farol da Barra, meio encolhida, mãos no rosto, sem lembrar onde estava, se tinha gente perto, e chorei aos haustos. No repeat da música, chorei todos os meses da doença, dos dias em que não achava força em mim, e sim na minha irmã, meu pai, ou na própria mamãe. Ou em lugar nenhum, e ainda sim estava lá, com ela consciente ou não, conversando, contando a vida, até brigando - éramos ela e eu, nunca deixamos de ser. Chorei pelo choro não chorado no enterro, pelas lágrimas que não caíram nos boletins diários da UTI, pelos dias sem ela que viriam, e que doeriam, como doem até hoje.

E como essas reminiscências vieram parar neste ponto? 

Show do Queen ontem no Rock in Rio. Só isso. Esse foi o fio do novelo.

Who wants to live forever?

Fiz as pazes com o Queen. Três anos depois, ouvi Who Wants to Live Forever? em paz. Sim, com muitas lágrimas, mas com mais paz do que tive nos últimos anos.

Crescer deve ser um misto disso, de paz e lágrimas coexistindo, de olhar pra frente com a visão menos turvada pela névoa da dor. Fiz questão de revisitara música para ter certeza de que o pior havia passado.

E sim. O pior já passou.

Eu acho.

Who wants to live forever?


quinta-feira, junho 06, 2013

Dia #4 sem fumar

 

Muito cedo para me chamar de ex fumante. Tinha combinado comigo mesma (ok, ok, com Helena, Helga, Gleice e Dimitri) que meu dead line de cigarros era no dia da assinatura do contrato da Petrobras.

Combinado não é caro. Parei (pelo menos por enquanto). Há quase uma semana sem fumar — ensaio —, CLARO que o primeiro dia oficial ia ser tenso. Persegui fumantes na rua atrás do cheiro do cigarro. Pensei em cigarros dançando comigo pelos campos da Áustria, e cantando Edelweiss. Saltamos nas piscinas em acrobacias, Esther Williams (RIP) da indústria tabagística e eu.

Tirando o exagero que me é habitual, vamos lá: não vou morrer. Treinei bem para a nova vida de sem cigarro, fiquei sem levantar da mesa para fumar em locais proibidos... Mas nada prepara para a triste hora do fim. Dói, dói perder o único objeto que esteve em cena na minha vida de 1989 pra cá. Dói não ter a muleta amiga, dói não ter o tempo entre abrir o maço de cigarros, tirar um indivíduo, acender, soprar, para depois de tudo responder. Dói não ouvir minha mãe perguntando se eu não queria uma gotinha de colírio, quando pedia uma tragada do cigarro.

É meu hábito mais longevo, minha companhia mais constante, meu amigo mais próximo ao longo desses anos todos. Foi quem esteve comigo em absolutamente todos os momentos de necessidade. Foi quem me amparou quando precisei... e foi quem motivou minha dor tão grande.

Era pra ser um texto mais felizinho, e ainda o será, mas não dá pra deixar de dizer que eu deixei de fumar porque tenho pai e mãe com história de câncer. Papai tá todo bonitão, vivinho, curado, e vai enterrar muita gente nova. Mamãe... Bom, knockout.

É isso. Hoje estou fazendo quatro dias sem fumar, não me chamo de ex fumante, mas é a primeira vez em 24 anos que eu paro por vontade própria. Conto depois como parei de fumar (e voltei meses depois) na primeira vez.

Teste de fogo: o dia #5 sem cigarro vai começar emendando no dia #1 no trabalho novo. Sem medo, mas não vou levar o maço de cigarros. Vai que...

sábado, janeiro 26, 2013

— Vamos?




Namorado agora é atleta. Anda todo dia, parou de correr por causa de uma estirada (?) na panturrilha (a.k.a. batata da perna), mas é firme e forte na caminhada. Culpa da Sogra, que caminha todo dia com chuva, raios, tsunamis. Vejo os ganhos de qualidade de vida dos dois, morro de invejinha do bem, mas vontade?

 Namorada cá é sedentária. Mais ou menos, porque meu trabalho me dá um puta condicionamento físico. Corro, subo e desço dunas, ladeiras, retões, uma delícia. Volta e meia ele vem pra minha casa, traz tênis, short, playlist, o escambau.

 — Vamos?

 Minhas respostas são variadas: “vai chover”, “preciso trabalhar”, “a lua está em gêmeos”, mas ir que é bom... Até ontem. Veio ele pra cá ontem à noite cheio de alegria, roupa de correria, digo, corrida, disposição pra três pessoas. Uma delas era eu.

 — Vamos?

 ão dava. Filha estava voltando de quatro dias na casa do pai, ia chegar naquele meio tempo... Vou esperar, né? Já tinha separado 3 episódios de Six Feet Under, ventilador ligado, caminha esperando... E filha chegou.

— Por que ela não vai também?

 Olhos da filha brilharam. Se convidá-la pra andar descalça sobre brasas, ela topa, porque é sinônimo de sair. Suspirei. Suspirei de novo. — Vamos.

 Calça (folgada, obrigada Deus pelos quilos perdidos, MESMO SEM CAMINHAR!), tênis (velho e furado, confortável demais, mas que vença pelos talentos, porque pela beleza...), camiseta. Outro suspiro. 

— Vou te odiar amanhã?

Namorado ri e diz que não.

Oremos. Chave de casa na mão, filha na outra, vamos lá. Por que, Senhor, por quê?

Se eu estiver mentindo, que me caia uma chuva de tênis com amortecedor para corrida em terreno acidentado na cabeça: CEM METROS depois de ter saído de casa, pisei de mau jeito e senti uma fisgada na virilha. Trinquei os dentes, sorri e fui arrastando a perna pela vida afora. Lembrem-me de NUNCA MAIS criticar um jogador de futebol que “sente a coxa” depois de um treino, ou que não joga porque doeu a virilha. Toda a minha solidariedade.

 Porto da Barra. Praia, noite de sexta-feira, gente jovem reunida. E eu lá, contando cada metro da caminhada. Filha tagarelando, perna doendo, calor. Delícia.

Namorado para pro alongamento, “vou acelerar um pouco o ritmo, tá?”. Claro, meu amor, vai na frente, me encontre aqui mesmo na volta, sendo atendida pelo SAMU.

 Anda, anda, anda, anda.

 (Pausa para uma explicação: acho andar uma cretinice sem fim. Você anda, anda, anda, chega num ponto e... VOLTA! Anda pra lugar nenhum sem objetivo, e VOLTA! É pior que andar na esteira! )

 Anda mais, se pergunta como Namorado e Sogra SENTEM FALTA disso, chega no Farol da Barra. Vento, muito vento. Não fui de óculos porque quebraram (os novos estão chegando!), e claro, entrou um cisco do tamanho do mundo no olho. Direito. O pior dos dois.

 Cisco. Filha puxando pela mão. Perna doendo. Opa, olha a unha encravada aí, que há dez anos não dava o ar da graça! Namorado foi lá longe, e já estava voltando.

 Voltamos todos. Calça colada começa a coçar. Parei pra arranhar com as super unhas quinhentas vezes, como odeio calça de exercícios! Falei que estava grande? Então... Passei o caminho todo levantado o cós. Patético. Farol da Barra de novo, outro cisco.

 — Não vou esperar amanhã pra te odiar.

 Voltamos. Sobrevivi.

 Nota triste: logo depois de chegar, me armei de uma coragem desconhecida e fui lavar a louça e fazer suco de melancia, de uma fruta que comprei INTEIRA (cadê o juízo, que me deixa comprar uma melancia inteira?).

 Ou seja: funciona. Exercício realmente aumenta a disposição, renova o ânimo, é um show de endorfina. Hoje, dia seguinte, estou moída, não levanto o braço (não sei o motivo, já que andei, não fui de bananeira), e a perna direita já avisou que só faz o essencial hoje (cozinha – banheiro – quarto).

 Fim da carreira de atleta? Não sei. Poderia dizer que tenho trabalho louco e acumulado na próxima semana, que vou estar cansada, que não dá pra caminhar com a filha... Continuo odiando exercício, me perdoem os amigos atletas , mas acho que não dá mais pra viver sem, tampouco adiar. Que o digam Namorado e Sogra.

quinta-feira, novembro 22, 2012


Dorme tarde. Acorda cedo, corre, corre produz, atualiza agenda, telefone 1, 2, 3...n. Deporta filha pra almoçar no avô, alimenta o gato, senta, trabalha, trabalha, toma banho, externa, corre, corre, corre. Encaminha última entrevista, anda, anda, anda, pega ônibus, médico. Exame, "você é fumante?", marca bateria de testes, ônibus, corre, corre, casa do pai. Alimenta filha, gata, atualiza email, começa a trilhar matéria, pega todo mundo, casa. Filha no banho, notícias do freelance chega, Coca Zero, nenhum jornal na Tv. Cansaço.

E ainda não é o fim.

segunda-feira, setembro 24, 2012

Pela janela

Quando escolhi esse apartamento, o que me encantou de primeiro foi a janela.

Segundo andar, nascente, dava pra ver a lua nascendo, e talvez, num dia insône, o sol também. Posicionei estrategicamente o computador do lado dela, e daqui vi a vida passar.

 Já vi assaltos, brigas, aprendi a rotina dos vizinhos, e sim, vi dias sem fim nascendo, e luas incontáveis me ajudaram a levar o próximo dia adiante. Já me senti uma batata assada com o sol que entrava sem convite pelo vidro, e já morri torrada quando instalei as cortinas.

 Da minha janela conheci o vendedor de picolé, o chow chow — que tem um irmão schnauzer e um dono que morde —, ouvi o vendedor de gás ensaiando para a carreira artística, as velhinhas mimando o porteiro pop star. Me encantei com todos os céus plúmbeos que consegui ver daqui, já vi arco iris duplo, tempestades, dias baços — mesmo que baça fosse só minha alma. Já encostei a cabeça vezes sem fim neste vidro e chorei. Se vi o mundo da janela, muitas vezes o mundo me viu desabar e levantar.

Foi ao lado deste pórtico que me sentei e comecei a elaborar a morte da minha mãe. Foi olhando pra fora que a cabeça começou o lento e doloroso processo de entendimento. Foram as longas horas de olhares mais longos ainda que eu achei que estava melhorando, para depois achar que estava pior, para sacudir a cabeça e deixar pra lá. Tanto quanto mudei, mudou a vida lá fora.

Minha mãe viu o mundo pela minha janela, olhou um pouco da vida pelos meus olhos. Seu último ato nesta casa foi vir até aqui, cheia de dor, para me trazer cortinas de presente para a sala. Nunca as pendurei, vão ser inauguradas na casa nova, de onde vão acompanhar o próximo capítulo que se apresenta num futuro próximo. Quase como se fosse um pedacinho dela, os olhos dela me acompanhando nestas novas janelas. Quase como se mamãe pudesse, mesmo sem estar aqui, enxergar mais um pouquinho do que eu queria mostrar.

quarta-feira, agosto 22, 2012

Desvio de função

Era uma vez uma escova laranja. Linda.


Ela veio pra minha casa junto com a pá. Laranja. Linda.



Essa é a Helena, minha filha. Ela não é laranja, mas é linda. Tem sete anos, três dentes permanentes, uma janela e um molinho, pra cair.


No dia em que comprei a pá de lixo + escova, desembrulhei e só usei a pá. A escova, novinha, ficou na sala E Helena achou.


Elas se encontraram, criança e escova. Escova laranja, cabelo louro, e seguiram as duas felizes para sempre.

Ímpares ficamos nós, pá de lixo e eu, sozinha ela, sozinha eu.

terça-feira, agosto 21, 2012

Uma história de amor em imagens

Muitos anos de amor com esses portentos, e finalmente nos encontramos, os navios e eu. Estar embaixo de um ro-ro (o vermelho) é reverencial, é um sonho realizado, e um encontro de amantes à distância. Ele lá, passando pela minha janela todos esses anos, exibindo sua carapaça. Eu daqui, olhos que o seguiam baía adentro, apaixonados.

Hoje foi isso: um reencontro de amor, renovação dos votos de admiração, promessas sussurradas de fidelidade. Eu e meus navios, e uma alegria de bebê quando vê seu primeiro elefante.

(Clique nas imagens: elas ampliam, e estão lindas!)


sexta-feira, agosto 03, 2012

And after all... - 3 meses sem você, mãe


Tem três meses exatos desde que você morreu, mãe. O texto é o mesmo: dói como se fosse ontem, e o tempo se encarrega de deixar parecendo um ano passado.

Vamos sacrificar a cadela louca, Mabel. O problema neurológico dela se agravou, e chega de gente sofrendo, né? Difícil está sendo com Helena, porque foi um ano de muitas perdas, e Mabel será das mais importantes pra ela. Lidaremos, claro. Lidamos com D. Neide, com Andreza, com Nana, com você.

Você, mãe, que nem eu, adulta, espiritualizada, sabedora que sou da obrigação de morrer, nem eu consegui lidar. Três meses, e eu não consigo esquecer um dia sequer.

Nem precisa. Morrer não significa ser degredado. Morrer significa que aquele exemplo não pode mais se renovar. Não há novidades nas lições que você nos deixou. É repetir, repetir, repetir. E aprimorar, claro: a gente foi feita pra passar o rascunho a limpo, e criar um história baseada em fatos reais, mas muito, muito mais correta.

Não há um dia passando sem que o amor por você seja esquecido. Não houve um dia em que você não tivesse sido lembrada com um amor muito grande, e uma oração — às vezes nem tão grande assim —, e que a gente não tivesse desejado que seu caminho fosse o melhor.

Vida é isso, e a gente aprendeu da pior forma. Boas notícias vem, e vem justamente quando e porque você foi embora. Adoraria dividir as "Loucas Aventuras Imobiliárias de Daniela", queria te mostrar os azulejos bizarros, a academia de uma esteira só.... Mas isso só acontece porque sua história acabou cedo demais, e antecipou a minha.

Fim.

Que seja.

Feliz, feliz, feliz? Não. Mas não vou remoer tristeza por um longo tempo. Não é justo comigo, com a Helga, com o Papai. Com você. Dói, mãe, dói de um jeito louco, como achei que os dias de UTI me deixariam blindada. Dói hoje como doeu no dia, e acho que talvez muito mais.

Hoje estou mais concentrada a respeito da sua falta. Pedi muitas desculpas pelo meu comportamento leviano no seu enterro, mas era a minha defesa. Ainda é. Faço um monte de merda, e quando vou ver, ainda é sob sua égide. Não que isso desculpe: sou adulta, e desde sempre deveria me comportar como tal. São deslizes, escorregadelas estas que não vou nunca justificar para os poucos amigos da minha vida.

Sou isso. Sou covardia, sou disfarce numa noite de vinho, sou fraqueza, sou MUITA tristeza, sou reequilíbrio Sou cada dia mais um pouquinho, e cada dia melhor. Quero cada dia mais ser sua filha, mãe: sem temor, sem censura, respeitando. E que assim seja.



quarta-feira, julho 11, 2012

Samba de uma nota só



Mamãe de novo.

 Talvez porque eu tenha ganhado de aniversário um porta-retratos de joaninha, e que tenha automaticamente colocado uma foto 3x4 dela. Horrível, como são os 3x4.

 Talvez porque os dias não fazem o menor sentido sem ela. Não consigo entender os dias de chuva, dias de sol, em que ela não participe do meu azedume, dos meus comentários ácidos.

 Talvez porque Helena não tenha digerido direito, e que, como eu, procure subterfúgios em histórias terceiras para poder justificar a dor, o acordar assustado de madrugada, os pesadelos. Exatamente como eu.

 Talvez porque ainda não tenham passado três meses, e que parece que a vida força passagem pra continuar, mesmo sem ela. E força. Concurso, apartamento, trabalho, contas, seguro contra incêndio, dias que nascem e morrem no mesmo continuum.

 Talvez porque as joaninhas estejam de casa nova, metade no meu pescoço, metade no pescoço da Helga. Talvez porque os pequenos objetos estejam sendo cuidados com especial zelo.

 Talvez porque a gente esteja se reorganizando, fazendo novos grupos, novas combinações de almoço, café da tarde, conversas. Talvez porque eu não tenha mais pra quem mostrar os horrendos pisos e azulejos das Loucas Aventuras Imobiliárias... que não existiriam se ela estivesse aqui.

 Talvez porque o atelier esteja uma bagunça, e que isso seja uma flagrante desobediência à sua ordem compulsiva. Talvez porque a Al esteja fazendo coisas deliciosas em artesanato, e que não consigamos desvincular esse talento da mamãe.

 Não sei. É o mesmo samba, samba que toca diariamente, mesmo que não ouçamos, mesmo que seja sempre a mesma música, calada ou com as mesmas frases.. É a ausência física da mamãe, das suas risadas, dos seus telefonemas atormentantes. É o não poder mais dividir as fofoquinhas e notícias, mesmo quando a primeira coisa que nos vem à mente é: "Preciso ligar pra mamãe AGORA pra contar isso.".

 É o voltar das quartas feiras de terapia sem ter chorado, sem ter tocado no ponto de tudo que me destrói hoje. É isso, mãe: passa, mas é isso.

 Morro cada dia um pouco de saudade de você. Morro, mas vivo mais um tanto.

quarta-feira, julho 04, 2012

Longa carta para alguém

Mãe,

 Se dissesse que foi ontem, seria mentira. Se dissesse que foi há uma vida, seria mentira também. Mentiras, e ambas muito verdadeiras. Foram dois meses estranhos, sabe? Se alguém me dissesse que seria assim, eu jamais acreditaria.

Dias muito longos, e o tempo insiste em se comportar do mesmo jeito de sempre: demora a passar para algumas coisas, voa para outras. Ando rabugenta (papai e Helga ririam, e já riram, dizendo "Anda? Você é!"), intolerante, fazendo bobagens, chorando de quando em quando, devastada.

Acho que não tenho mais vergonha de dizer que estou devastada. Passei um tempo pensando que deveria honrar tudo o que você nos ensinou com a minha serenidade, com respeito, com o saber viver. Quando a curva da estrada chegou, o que tinha sobrado de meu eram as chaves da sua casa, um vazio assustador, um abismo sem fim.

 Veja, não é um chamamento. Não é (voz cavernosa)"vooooooooolte, mamãaaae, não me deeeeeeixe!". Jamais. É mais um "putaquepariu,você deixou saudades!". É um assumir a minha susceptibilidade, é contar que dói, dói muito, mas eu sei que vai passar. Mas são dois meses hoje, mãe. São dois meses sem você me atormentar, dois meses sem brigar com você (e olha que a gente discutiu na sua UTI, e você sem voz!).

Passou meu aniversário, e a primeira coisa que lembrei naquele dia foi "ela não me ligou para gritar 'parabéns pra você' no meu ouvido". Passou o aniversário da Helga, e foi difícil igual pra ela. Eu sei.

 Dói de um jeito que eu nunca imaginei que fosse doer.

Eu trabalho, eu vivo, entrei para a BR nesse meio tempo, e ainda assim, parece que estou vivendo num aquário. Movimentos lentos, imagens distorcidas, e meio mundo olhando pra saber o meu próximo passo.

Meu próximo passo é viver. Do jeito que der, como for, vou viver. Abrindo caminho com facão, me divertindo quando dá — e cada dia mais vai dar mais um pouco —. me recolhendo quando precisa, escolhendo pessoas, situações. Vou vivendo.

Não posso dizer que a vida está ruim. Você não era eterna, e a gente sabia. Coisas legais aconteceram, e que bom que consegui ver.

 Me perguntaram o que eu pediria, se tivesse um pedido, qualquer pedido, para realizar. Nunca pedi pra você estar viva. Pedi só, como ainda peço, que você, de onde estiver, veja as coisas legais que a gente tem feito.

E que se orgulhe. Vivo pra isso, para te dar orgulhos imaginários.

 Love.

segunda-feira, junho 25, 2012

Prazo de validade




O molho branco acabou. Acabaram também os sachets de tempero de feijão, os requeijões há mais tempo. O queijo Polenghi já virou um rastro de memória de um passado distante, mas o mesmo não se dá com os potes de Nutella: ainda existem, mas estão perto de expirar a validade.

Os macarrões cheios de frescura estão nas últimas, o creme de leite já era, e eu ri quando achei a última embalagem de leite condensado tetra pack: minha tentativa de fazer doce de leite cozido nesta embalagem de papelão rendeu bons dias de gargalhadas da mamãe. Por algum motivo misterioso, o alho picado e a cebola triturada ainda estão em perfeito estado de conservação, mas o mesmo não posso falar da goiabada cascão, que veio do Rio pra mim em novembro do ano passado. Hora de rearrumar a geladeira. Há dias me desfiz de um patê de presunto moribundo, que passou meses escondido embaixo do parmesão ralado — que ainda passa bem, a propósito.

Os azeites importados continuam lá, e como os apresuntados, ainda poderão estar comigo em 2015. O catchup não vai ficar por tanto mais tempo, mas acho que os molhos de tomate ainda hospedo por mais uns seis meses. Cada louco tem sua mania, e na minha casa pode faltar fósforo, mas nunca tem menos de 6 embalagens de molho. Ela sabia, e sempre fazia uma festa quando me avisava que novo carregamento estava a caminho.

Este poderia ser um texto sobre a desordem da minha vida, sobre a minha geladeira caótica, e tudo seria pertinente. Mas não é esta a natureza desse escrever de hoje. É uma constatação, mais uma, de que a cada dia a minha mãe me deixa mais um pouquinho. De que a cada dia ela ocupa um pedacinho a menos do meu cotidiano. 

Todo mês a mamãe ia ao um mercadão atacadista, e fazia uma caixinha pra mim, outra pra minha irmã, cheias de coisinhas supérfluas. Queijos, Nutellas, azeites, iogurtes, um monte de frescurinhas que compunham um ritual de descobrimento das compras: eu ligava pra ela e ia destrinchando o conteúdo, dando gritinhos, ameaçando não dividir com ninguém, pensando na receita que ia fazer. Desde que ela adoeceu, mal fomos ao mercado para o básico, que dirá para as bobaginhas. 

Cada produto que acaba, cada vencimento que se aproxima, é mais uma pequena morte, mais um mini choque da perda, por mais que eu ache que a transição está sendo tranquila. Não está. 

Me salvam os azeites, companheiros que vão me arrancar sorrisos pelos próximos 3 anos. Me salvam as cortinas, que ganhei de presente na última vez em que ela foi na minha casa, já doente, já com dor, já fazendo um esforço enorme para sair da cama. Mais do que isso: me salva a educação que ela deixou, as ferramentas que recebi para viver bem até sem ela, porque, óbvio, não somos eternos. Me salva saber que mamãe — e papai, course — me ensinou o caminho para poder eu mesma comprar meus queijos. 

********

Faço um esforço hercúleo para viver bem a cada dia, mas o luto faz parte, e isso eu tenho que introjectar. Muito tenho brigado comigo, muito me saboto, muito acho que não mereço as coisas e pessoas boas que tenho na vida. Mereço cada um dos meus amigos, mereço cada gentileza, sou uma pessoa legal. Tenho direito a ficar triste, sim, tenho direito de chorar quando preciso, tenho dever de viver cada etapa. Ao invés de vestir uma armadura, e saltitar que nem um elfo feliz, vou me dar ao luxo da introspeção, do retiro, do mimimi. 

E só a decisão de tentar já é uma vitória.

quarta-feira, junho 20, 2012

Drops

Faz o que com a irmã que fica ouvindo Marcelo Jene*ci com a sobrinha a.k.a. minha filha? É alguma deformação dos gens? ******** Eu espero o elevador com ascensorista para saber das fofocas da vida dela. Mesmo atrasada. ******** Baixando Miranda "iCarly" Cosgrove, e minha filha pergunta se sou adolescente. Mato? ******** Partindo para a terceira comemoração do meu aniversário, versão Mouraria.

terça-feira, junho 19, 2012

Diálogo com uma empreguete

Todo dia acordo cedo,
Moro longe do emprego 
Quando volto do serviço quero o meu sofá

Eu também acordo cedo, às vezes saio de casa 04 da manhã, passo o dia inteiro correndo de um lado pro outro, volto às duas do dia seguinte, e ainda tenho que madrugar para mais uma jornada. Mas é a profissão que tenho (e nem foi a que escolhi, mas isso é outra postagem), e se não tenho outra, vamos ser felizes assim mesmo.

Tá sempre cheia a condução 
Eu passo pano, encero chão 
A outra vê defeito até onde não há


É, minha querida, ônibus cheio é uma praga, mesmo. E eu, que depois da enésima tentativa de assalto ando tensíssima, de olho em cada gente esquisita que passa pela catraca? Se me parecer nervoso (a) demais, olhando muito para os lados, desço no ponto seguinte. Gasto o dobro pra chegar em casa, mas é melhor do que levarem meu celular querido. Sobre passar pano, encerar o chão... Veja bem: não são parte das atividades inerentes ao seu cargo? No meu trabalho, subir dunas correndo, descer esbaforida, não ter hora de almoço, não ter domingo, feriado, tudo isso faz parte do rol de atribuições. E a "outra", que suponho ser sua contratante, ver defeito em tudo, ora, quantos chefes não são assim, em diversas áreas?

 Queria ver madame aqui no meu lugar 
Eu ia rir de me acabar 
Só vendo a patroinha aqui no meu lugar 
Botando a roupa pra quarar

Taí o equívoco-mor da história toda: eu sou contratada para fazer um trabalho que os meus chefes não podem, não querem ou não tem tempo de fazer. Por que esse rancor de "queria ver você no meu lugar"? Como se colocar a roupa para quarar fosse tão desonroso que pudesse servir de vingança contra um superior hierárquico pentelho. Não é, não. NÃO EXISTE TRABALHO INDIGNO! Você tem um contrato para executar uma tarefa que eu não posso ou quero fazer. Tirar a mesa, lavar a louça, limpar o chão, nada disso reduz o valor de ninguém, do mesmo jeito que servir café, varrer a rua antes de um take ou almoçar sentada no meio fio não me diminuem.

 É muita vitimização, é falta de respeito por si e pelo seu trabalho. Essa postura subserviente revoltada não te leva a lugar nenhum, cara empreguete. O que te faz subir um degrau atrás do outro é a competência com a qual você exerce a sua profissão. Isso vai te notabilizar, isso vai te garantir a sensação deliciosa de dever cumprido. Creia-me: no dia em que você descobrir o valor que você tem, a vida vai ser muuuuito mais camarada contigo.

Minha colega quis botar 
Aplique no cabelo dela, 
Gastou um extra que era da parcela

 Bom, cada um sabe das suas finanças, né? Tenho pavor de fazer dívida, nem cartão de crédito tenho, mas eu escolhi assim. Deixo de ter as coisas, mas durmo tãaaaao bem...

Levo vida de empreguete, eu pego às sete 
Fim de semana é salto alto e ver no que vai dar 
Um dia compro apartamento e viro socialite 
Toda boa, vou com meu ficante viajar

Torço muito por isso, adoro gente que vai para onde quer, gente que conquista seus objetivos, sua casa, seus sonhos. Mas vamos lá: se você vai viajar com seu peguete, virar socialite, pouco tempo vai sobrar para os afazeres domésticos. E aí, empreguete, que tipo de "outra" você vai ser?

 ********

Andei incomodada com a letra dessa música desde que ouvi minha filha cantando. Hoje, só para confirmar os meus temores, ouvi e li a música inteira. É ruim como eu havia imaginado. Não: é pior.

A música aparentemente engraçadinha cria uma trincheira na já combalida relação de patrão vs empregada. O conteúdo é tão rancoroso que assusta. As empregadas se colocam numa posição subaterna, inferior, e não se engane: é cantarolando sem preocupações que a música chiclete gruda e cumpre sua finalidade.

Ah, Daniela, você não assiste à novela, então não pode descontextualizar a letra da música do enredo do folhetim. Não assisto mesmo, acho um porre, yadda, yadda. Só que a minha filha também não assiste, e a menos que eu a amarre no meio da floresta, impossível poupá-la do contato com a cultura pop. E é essa mensagem preconceituosa que ela recebe, pinçada do contexto da novela, raivoso, vingativo.

Não é um texto contra a Globo, contra a novela, contra a massificação dos produtos de mídia, nem nada alusivo a lavagem cerebral, estupidificação dos sentidos ou quaisquer dessas baboseiras de um mundo haribô utópico. Não. É o choque de ver a manutenção de um ódio ancestral, popularizado num muito bem sucedido clip. É muita gente cantando, curtindo, e internalizando uma mensagem daninha, e não vi NINGUÉM levantando a lebre. Em não tendo nada pra fazer, trago eu minhas angústias à baila.

 ********

 E bem vindo de volta ao Shaggapress!

quinta-feira, outubro 06, 2011

Alteração de email

Amigos e parceiros,

Depois de anos de intensa relação, estou encerrando a minha conta de email do superig. Por favor, apaguem o dhenning@superig.com.br e inclua o danihenning@gmail.com

Um grande abraço,

Dani Henning
Produção Salvador
71 8896 8576
71 91080628


domingo, maio 22, 2011

A banda mais bonita da cidade

Coisa na vida que eu detesto: crítica destrutiva. Ponto.

Ok, não gostou; ok, não concorda. Dois caminhos, pois: ou sustenta INTELIGENTEMENTE o porque não gostou, e sugere uma ou outra mudança, ou cala a boca, clica no Xzinho lá em cima, e vamos que vamos.

A questão é que cheguei há pouco no universo da A Banda Mais Bonita da Cidade (Ctrl+C, Crtl+V). O tanto de bobagem que ouvi foi de matar de vergonha alheia. Os piores adjetivos estão aplicados ao clipe. Minha opinão sobre a banda? Daqui a pouco, calma. O buraco é mais embaixo.

Chamar a banda de retardada vai acrescentar o quê na vida do criticante? Além da satisfação em ser sádico, ganha-se o quê? Postei um comentário no Facebook, e a Grazi rebateu com a própria opinião. Em tempo algum desabonou a banda. Desabonou, sim, a própria experiência, a fruição, etapa esta que se refere a ela com a música. Não gostou, pontuou, e deu um show de elegância em não criar adjetivos grosseiros sobre a banda.

Odeio crítica que só destrói. Atrás de qualquer clipe que a gente vê na internet existe um objetivo. Mais forte que isso, por mais piegas que possa parecer, existe um sonho. Sonho de dar certo, de ser aceito, de chegar lá, de pertencer. Lidar com as expectativas dos outros é, provavelmente, umas das mais delicadas instâncias do relacionamento interpessoal. Não tem nada de bom pra dizer, fecha a matraca e vai ler um livro.

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Levei alguns dias para entender o fenômeno A Banda Mais Bonita da Cidade. Mesmo. Três dias longe do Twitter, idem para Facebook, e quando eu cheguei, já era fato consumado. Confesso, prezado Único Leitor deste antro de teias de aranhas, que à primeira vista, a banda tinha tudo para me fazer detestá-la. Todos os coleguinhas ripongas tinham adorado, e isso era suficiente para alimentar meu preconceito (sim, eu TENHO preconceito. Apedreje agora.).

E assim NÃO se realizou a expectativa. Adorei. Adorei mesmo. Não tem explicação. A letra é um grude sem fim, uma repetição hipnótica, num crescendo (que provavelmente explica), tão obsedante que... ah, sei lá o quê. Fato é que há duas horas carreguei a música no youtube (feito histórico, porque minha internet é à lenha), e a cada três milimetros que o cursor avança, avançam três metros da minha admiração.

Meu termômetro pessoal se responde numa pergunta: "Eu teria no meu iPod?".

Hoje, exatamnte uma da manhã, a resposta é clara.

Sim.

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E entenda que a minha revolta com a crítica destrutiva não foi porque apaixonei pela música (e fiz um esforço doido para ODIAR). Podia ser Silvano Salles, como aliás, sempre foi lapidado. Podia ser Beto Botho (a culpa é dele, Sr. Namorado, que me apresentou!!). Quem quer que fosse, quem quer que seja, não DESTRUA.

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E se você, como eu, esteve alheio à vida online nos últimos dias, tá aqui o clip:



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E como eu e Brenda fofocamos no Facebook, plano-sequência nos arrebata.

sábado, abril 30, 2011

Quatro

Quase quatro e eu não dormi. Quase quatro, e ele dorme, e isso finalmente me faz feliz. Quase quatro, e chove como se não houvesse amanhã. Quase quatro, e...

Quase quatro, e estou completa. Quase quatro, e ele é a paz que eu sempre quis. Quase QUATRO DA MANHÃ, e eu estou sem sono, elucubrando sobre todos os carinhos que ele me fez na vigília. Sobre o amor que temos um pelo outro, absoluto, tranquilo, completo, intenso.

São quatro da manhã, e não consigo me lembrar de ter sido mais feliz. De ter achado o homem certo, de ter tido tanta paz quanto tenho hoje. São quatro da manhã, e são 174 dias entre céu e mar, entre tropeços (poucos, espero) e acertos, entre eu e ele.

São quase quatro, e eu vou tentar dormir, acompanhá-lo, acordar com ele, como sempre faço, e fazer com que ele seja o mais feliz possível.

É o mínimo. Diante de tamanha alegria que ele me deu, fazê-lo feliz é o mínimo que eu posso esperar de mim.

segunda-feira, abril 11, 2011

Uma verdade inconveniente

Os dias não andam suaves.

Esta alma tem um suporte material falho, que depende de química para funcionar. Não, não droguitas ilícitas. Preciso de remédios que reequilibrem minha desarrumada química cerebral.

Calha que desde 14 de maio do ano passado, quando minha caixa de (muitos!!!) remédios sumiu no dia da mudança (ela reapareceu, sim, que a bagunça é grande mas não sacaneia, né?) e eu me dei alta do tratamento. Sim, formada que sou na Universidade Daniela, habilitação Assuntos Médicos Aleatórios, me dei ao luxo de abandonar o tratamento.

Por quê?, pergunta o garboso leitor (e como tem gente garbosa lendo isso aqui!). Senta aí que eu te conto. Por mais de três anos entrei e saí de consultórios, recebi os mais variados diagnósticos, e mais variados ainda remédios. Já fui cobaia de psiquiatra fofo e maluco, já tomei tanto remédio de uma vez só que ficava slow (em português, lesada). Já ouvi médico especialista dizer que era pra ter força, para aprender a ver o azul do céu. De verdade, se me perdoa o palavreado, ENFIA SEU CÉU AZUL NO CU!

Até os lactobacilos vivos do Yakult sabem que depressão é incapacitante, e que se vontade de melhorar fosse moeda, o paciente tinha um cofrinho cheio. Um MÉDICO dizer que você tem que ter força, sabendo que não passa pela esfera do mero desejar? Azul do céu, quando só enxergo em escalas de cinza? Psiquiatria é o quê? ciência ou esoterismo?

Bom, quase um ano depois, eis que eu realmente estou no limite da não-medicação. Preciso. Voltei a ter medo de gente, de telefone, de redes sociais; voltei a mergulhar nas séries americanas, a ler descontroladamente, a ter medo de ouvir meus próprios pensamentos. Mais do que isso, entretanto, é a absoluta incapacidade de desenrolar as coisas da vida privada. Se rola um trabalho, a persona produtora resolve tudo, consegue coisas e atos em prazos inacreditáveis, sorri, dá cambalhota, manda flores ao delegado e beija o português da padaria. Quando a porta que separa meu mundo profissional do pessoal se fecha, eu não consigo sequer pedir pizza por telefone. Só pela internet, para não falar com ninguém. Fato.

Então, caros Leitores, se eu sumi da vida virtual, com certeza o mundo aqui fora me vê menos ainda. Vamos, vamos ver o que diz aa nova medicação. E uma prece por esta alma — pastiche de Perséfone — que tanto precisa de forças para os seis meses lá em cima.

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Johnny, a barata mais linda da Baratolândia, no dia que quiser uma partida de War, vinho frisante para fazer cosquinhas no nariz e risadas de alegria, escale minha parede (eu recomendo o elevador... :) e se apresente!

segunda-feira, março 21, 2011

Segundo andar

Segundo andar, frente. Morar num apartamento tão perto do chão tem lá suas particularidades, e não estou falando da alegria de ouvir o barulho da chuva batendo no chão, coisa impossível para quem mora no décimo andar, por exemplo. A proximidade com a rua me fez ver a quantidade de gente maluca que circula pelo mundo, ou mais especificamente, pela minha rua.

1) O cara do gás. O palco é seu sonho maior, e o ensaio pode ser enquanto dá gritinhos ensaiados para anunciar a chegada do seu produto. "Olha oooooooooooo gaaaaaaaaaaaaaix! Au!". Em tom crescente. Juro.

2) A doida do radinho. Ela é limpinha, não é mendiga, anda com um radinho de pilha colado na orelha e narra tudo o que ouve. É doida, doida, doida. Mansinha de tudo, mas ainda assim, doida. O rádio é sempre novinho, sinal de que alguém cuida dela com algum desvelo. Bacana é ser atualizada no noticiário pela maluquete da rua.

3) A mendiga que tem medo de escuro. Mendiga mesmo, doidinha, vive falando sozinha, e eu vivo apurando as orelhas para saber o que há de novo, Scooby. Numa dessas vezes em que puxei papo é que ela disse que não ia "lá em cima" (parte mais alta da ladeira), porque tinha medo de escuro. Meu coração apertou. De que trevas essa criatura foge, na verdade? Morro de pena.

4) O brother do Chow Chow. Que eu saiba, ele não tem camisa. Carequíssimo, mal encarado, anda muitas vezes por dia com um Chow Chow e um outro cachorro que, cofesso, foi obliterado pela fofurice do cão da língua roxa. Ardo de vontade de fazer amizade com os caninos, mas acho que o dono morde.

5) Nelson. Last but not least. Nelson é o porteiro-show da manhã do meu prédio. Não passa uma alma pela rua que não grite para ele uma saudação, que não dê um bom dia entusiasmado, que não sacuda as cuecas de alegria por ver o Nelson na guarita. Não, ele não está nem perto de ser simpático, pelo menos não comigo. Por outro lado, tem velhinha que traz biscoitos para ele, que manda sopa (DE MANHÃ), que dá presentinhos. Não, Nelson não é o porteiro "Colírio do Mês". Nelson é um mito. Nelson é pop, um ídolo. Um ícone.

E tirando as pessoas, ainda tenho uma coleção de baratas que escalam a parede para a minha casa, baratas de todas as espécies, grandes, pequenas, cascudas, francesas. Todas nojentas, fadadas a morrer com jatos de... perfume!

É. Minha lata de veneno acabou.

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Tentando voltar, mon ami, tentando voltar. Valeu o puxão de orelhas, vamos ver se engrena.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Como eu, ignorem os acentos. Postar do celular eh, antes de tudo, um
movimento de desespero.

Volta pra terapia nao e facil. Estou aos pulinhos, tensa, agoniada,
dando chiliques, e pq nao?, ansiosa pelo reencontro com a persona que
soh tem me dado trabalho. O hiato de quase oito meses fez um trabalho
paralelo de auto conhecimento, e agora eh hora de elaborar isso tudo
no diva metaforico.

Agora, porem, soh a angustia e a vontade sem fim de chorar.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Promessas de reveillon

Prometo ser menos geniosa, desde que o mundo pare de me provocar. Prometo ir mais à praia, por mais que me custe nas primeiras vezes. Prometo andar mais, reclamar menos, pelo menos para os outros ouvirem. Prometo tentar mais que resistir, conseguir mais que desistir.

Prometo temer menos, mas não ao ponto da irresponsabilidade. Aliás, prometo ter mais responsabilidade. Prometo tentar manter minha casa arrumada, comida na geladeira e água no filtro. Prometo algumas realizações, alguns entraves, muitos sorrisos, inúmeras gargalhadas. Prometo rir mais comigo do que de mim.

Prometo tentar me cuidar mais, preservar mais meus limites, tentar não ultrapassar a fina linha que divide o "pode" do "não pode". Prometo mais respeito por mim. Isso eu prometo de olho fechado, e não só a tentativa. Prometo um vestido novo, florido, para alentar minha alma quando ela estiver cinza. Prometo tentar ser menos cinza.

Prometo que ninguém mais vai me aviltar com a minha permissão. Prometo cuidar bem dos humanos que me fazem feliz. Prometo só manter perto de mim gente decente, que vai tentar, e que vem tentando desde sempre, tanto quanto eu, ser melhor a cada dia.

Isso posto, feliz ano novo NOVO pra você, Fiel Leitor.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

iPod-ing - DaniDani em doze - quase treze - músicas

Postando tudo de acordo com o shuffle do iPod. Nem venha com mau humor: o dia — e o blog — é meu, e eu posso. É o que eu ouço, é o que eu gosto. Sobrevivo às críticas, opiniões, sugestões, silêncios.

Neste momento, Jewel canta You were meant for me. Ouvi pela primeira vez no carro do Eddie Aussie. Medo.



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Eleanor Rigby, Beatles.
Lembra o JP, amigo de carnavais passados, que me empurrou pra frente num projeto de livro que eu sequer tinha vislumbrado. Não contente, ele fez a capa da minha publicação (e o dia em que resolver por fim publicar, será aquela capa, coisa linda), talentoso que é — desperdiçado, mas talento porejando.

O livro não saiu. Sua Mini Him chegou. O tempo acabou fazendo com que as notícias se tornassem escassas. As notícias, sim, nunca o carinho.



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Mr. Jones. Couting Crows é provavelmente a coisa que mais ouvi nos primeiros três anos da década anterior à atual. Dancei (oops, eu dancei muito, pretérito perfeito, em algum lugar do passado) horrores essa música, que para vocês, meus jovens, parece velha. É velha, sim. Eu sou velha, aliás, tenho direitos garantidos pelo Estatuto dos Idosos.



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By my Side. INXS.
1992, o ano que terminou. E disso não mais falo.

*O texto na cabeça era "1992, o ano que NÃO terminou". Vai discutir com Freud, vai... Então enfim terminou?



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De Música Ligeira, Paralamas.
Nem me lembro porque essa música é a Lívia, outra amiga querida que os anos empurraram pra tão distante. Mas é ela, minha companheira querida de backstages de trabalho, de tortas de cebola, de festinhas na piscina da sua casa, de tardes preguiçosas na rede da sua sala, falando tudo e nada ao mesmo tempo.

Ignorem o clip:



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Gone Going, Black Eyed Peas.
Ninguém, e ao mesmo tempo adoro tanto essa música, me faz tão feliz...



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Spiderwebs, No Doubt.
Ernesto e Carol. Parece que só o passado vem frequentando meu iPod, ou eu não não consigo deixar passar aqueles que foram tão importantes pra mim, em tempos outros. Meus companheiros de tardes de nadismo, espalhados na cama, no chão, no sofá, discorrendo sobre o que seria da vida, e o que exatamente era vida. Morro de saudade.



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Tonight is what it means to be young.
Última música da trilha de Streets of Fire, e se eu já fizesse audiovisual em 1984, teria um puta orgulho de ter feito essa luz, essa montagem, e essa direção. Meninas, atentem para 0:09 até 0:12 (é rápido mesmo): o baterista. Manga arregaçada, rodando a baqueta entre os dedos. Meninos: não tentem fazer isso em casa. Paletó dobrado, NOT.

Merece um vídeo:




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Viva la vida. Coldplay
tem uma história surreal na minha vida. Eu os odeio. Com força. Fui obrigada pela minha irmã a procurar a discografia completa deles. Fiz com o desvelo de irmã mais velha, mas dizer que curti a missão, mentira. Passou tempo curto, estou na van de trabalho, e toca uma música fabulosa. "Quem está tocando?", cheia de alegria pela banda nova que agregar-se-ia ao meu cancioneiro.

— Coldplay!

Blé. Eu não odeio Coldplay? Abri uma rara exceção àquela música. Nem lembro qual, graças.

Tempos depois. Carro parado, a tradicional boa conversa, vira a música. Ai, como sou feliz. Peço um tantinho de silêncio, arrebatada por tudo: momento, companhia, cheiro, música. "Quem está tocando?"

— Coldplay!

Oh, não! E era Viva la vida. De lá, fui gentilmente empurrada pra Clocks pelas mesmas mãos que me arregalaram os olhos para Viva la vida.

Estão ambas na minha lista de honra do celular e recém chegadas ao iPod, terras só frequentadas pelos melhores. Merda, eu ODEIO Coldplay!

Duas músicas na mesma citação, as duas disponíveis:





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Lágrimas e chuva. Vem aí um impasse. Há muitos anos, morando na inóspita Itabuna, a rádio local, que eu sintonizava para espantar o fantasma (real e o da solidão), programava esta música praticamente toda noite, versão da Verônica Sabino. Matadora, emocionante. O sono curto, leve e fragmentado já se tinha regulado para acordar às primeiras notas.

Problema 1: a música eu conheci com o Kid Abelha, da cada-dia-melhor-e-mais-bonita (desculpem os puristas, eu acho!) Paula Toller. Já era foda, mas nunca como a da Sabino.

Passou, e criou-se o...

Problema 2: Lágrimas e Chuva é do Leoni. Que eu amo. Não é o mais afinadinho, não, mas que coração ele coloca nas músicas! E confesso: a versão com o Leo Jaime, que amo ao cubo, me arrebatou.

Qual versão colocar, então? O goear me ajudou: só achei com o Kid Abelha. Então vai.



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A décima primeira música não é divisível. É Enquanto seu Lobo não vem, Rodrigo Galvão e Fabinho Serrano. São dois monstros da música, e que deixaram à deriva uma boa turma que aprecia boa música, instrumentos bem tocados e letras tocantes.

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Chicano skate nos canos. CBJr.
Atire suas pedras. Da lista acima, a que mais ouço. Preste atenção no baixo. Na guitarra solo. Na guitarra base. Em tudo. Ouça milhares de vezes. Por trocentos anos, meu toque de celular, esperando para voltar no aparelho novo. Talvez hoje. Batidinha Tex-Mex. Amo. Muito. Mesmo.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Another time, another place, same person

Gosto de cravos de todas as cores, de chocolate quente, de dias cinzas e um eventual céu azul. Gosto de andar ouvindo música alta, de lojas de 1,99, de cheiro de limão e de cachorros. Gosto de Coca Zero, de risadas altas sem esperar, de autores irlandeses, de Doritos Sweet Chilli. Gosto de viagens de final de semana, de cheiro de maresia, de séries de TV, de filmes de sangue e explosões.

To never forget.

domingo, dezembro 05, 2010

Noites daniélicas

Eu só queria dormir mais de cinco horas por noite.

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E ainda ando pesadelando horrores. Assalto, quedas, brigas, abandonos, tudo isso tem frequentado minhas mal dormidas noites.

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E o calor? Lá pelas tantas começo a fritar na cama, virando de um lado pro outro, agoniada. ODEIO calor. ODEIO. Acho que viveria na vibe do inverno o ano inteiro, mesmo depois do último mês de julho, em que minhas botas de trilha impermeáveis se afogaram (estão traumatizadas, mas passam bem), tamanha quantidade de água que tive que enfrentar.

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E os vizinhos que chegam bêbados e cumprimentam o porteiro gritando da garagem pra guarita? E o porteiro que responde no mesmo volume? E quando as saudações se transformam num animado diálogo, aos berros, embaixo da minha janela?

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Agora não, mas há um ano, mais ou menos, eu tinha um milhão de problemas e dormia mal (what's new?), depois de virar a noite inteira na cama. Quando acordava, sempre madrugada alta, não raras vezes tinha um roteiro de curta prontinho na cabeça, só pra ser rabiscado. Claro que nunca os escrevi, mas alguns ainda existem na minha cabeça, e dia desses passo pro papel, e quiçá para a realização.

Que tipo de pessoa está no meio da demolição da própria vida, e ainda assim consegue fazer brotar roteiros para cinema do meio dos escombros?

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No mundo ideal, esta noite eu dormiria 8 horas initerruptas.

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UPDATE

Pronto: chegou o primeiro vizinho bêbado da noite, lacrimoso, falando num tom até razoável que "vai meter a mão nele". Tenho cá minhas desconfianças de que tem futebol metido no meio...

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Tuitando

Muito tempo tuitando dá nisso: pensamentos fragmentados a cada 140 caracteres.

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O que Piaget diria ao ver uma mãe tão ciosa da educação artística da filha, cantando e dançando "Cachorrinho", da Kelly Key, com a citada infante?

Por outro lado, quem mandou ele morrer antes de me ensinar a lidar com a pequena?

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Aberta a temporada de coisas para fazer. Finais de semana tomados de atividades com e sem criança, festinhas in and outdoor. Prevejo caipirinhas em terças-feiras ensolaradas (OK, eu aturarei o sol como elemento cênico, nunca como forma de entretenimento), looooooooooongas manhãs paticando nadismo, atualização anual dos filmes que não vi, campeonatos de War ora aqui, ora acolá...

Dizer que amo o verão é pregar uma mentira deslavada... mas a cada ano que passa eu vejo mais amorosamente esses dias de sol que nunca se vai, essa eletricidade diferente das festas da cidade. Temo um dia me pegar ansiando pelo carnaval.

Aí é caso de internação.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Uma eternidade...

E a gente nem repara que o tempo está passando, e o que era ferida aberta vai secando. Quando me dei conta, já tinha dado um outro cortezinho na pele, e que durou dois dias para sarar.

Sendo eventualmente madura, coisa que não sou todo dia, não se acostume, eu tive que fazer uma escolha, e paguei o preço justo por ela. Pra variar, fiz a escolha suicída, e me ferrei com o que não tinha programado. Não, esse não será um post muito claro. Mas o fato é que sim, eu optei, dei com os burros n'água, sofri três dias pela escolha malfadada, e fim.

Uma temporada no balsâmico Rio, e eis-me de volta, surpreendida pela gentileza com que a vida me trata. Elementar, meu caro Watson, que nada é convicto, já que para tanto não há tempo, sem falar das condições adversas de temperatura e pressão.

Mas a vida anda camarada, macia, de pernas entrelaçadas nas minhas, sabe? Se não tanto com o trabalho, mas com todo o resto.

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E não passa, e eu continuo falando sozinha sobre coisas que não deveria nem pensar, num idioma que ele não domina, vendo sinais onde eles não existem. Tenho diálogos com quem mais não pertence à minha vida, destilo raiva, saudade, falo da falta que me faz, reclamo do quão ruim foi... Do quão ruim foi, e foi terrível.

Terrível. Nunca me perguntem sobre aquele ano. Agridoce.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Sorriso...

... que vem fácil. Uma gargalhada fortuita. Sorriso maior no meio da lembrança. O compasso do tempo...

quinta-feira, outubro 14, 2010

Uff!

Minha Nossa Senhora, como dói um soco no estômago!

A gente ficava lá, deitado na cama durante toda a manhã com preguiça de fazer qualquer coisa diferente. A gente acordava e transava e só levantava para pegar os cigarros. Tinha tanta coisa em comum, tanta coisa que a gente queria fazer, lugares pra ir. Eu gostava de dormir com a perna em cima do corpo dele enquanto ele me esmagava contra o sofá no colchão de solteiro com pelo de cachorro e migalha de pizza. Era todo um mundo diferente: o meu pra ele, o dele pra mim. Eu queria entrar naquilo tudo e, de certa forma torta, entrei. Por que era ali que eu queria ficar pelo resto da vida. Eu abandonei minhas coisas, admito. Mas não foi pesado nem sofrido. Não teve sacrifício, não teve saudade, não teve arrependimento. Nunca senti falta de nada. Estava ali pro que desse e viesse, com esse coração gigante escancarado pra ele. Para nós. Para tudo que acontecesse, fosse o que fosse. Eu só queria faze-lo feliz da mesma forma que ele me fazia. Ele me fazia feliz e eu não disse. Ele não disse que estava infeliz. E essa é a pergunta que eu vou me fazer durante muito tempo ainda: por que a gente não disse? Eu fiz tudo errado, eu sei. Mas não me arrependo, ao menos eu tentei. Eu fui atrás do que eu queria e lutei até o último segundo por tudo e muito pior seria ter desistido. Errei tentando acertar, errei porque não suportava a distância e não suportava o ciúme e não suportava o silêncio e não suportava mais a solidão dos sábados e dos domingos. Errei porque me vi vagando sem lugar, sem me encaixar, sem saber o que dizer ou o que fazer. Quando ele foi embora levou também o mundo que eu tinha comprado. Às vezes eu acho que ninguém entende como é difícil juntar os sonhos e jogá-los no lixo. E eu estou há muito tempo com a tampa da lixeira aberta, mas não tenho coragem de fechá-la.

Belíssimo e certeiro (e dolorido, e como dói me achar por acaso por aí, mas me achar mesmo, como diria o baiano, "dicumforça"), daqui, onde cheguei por acaso, e agora vou voltar de caso pensado. Só o negrito é meu. To never, never forget.

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Por outro lado (ou "Bonde anda é pra frente!")...

— Preciso cortar o cabelo ONTEM. Está horrível, lambido, sem forma, liso e escorrido!

Enrolando na ponta do dedo uma mechinha da minha peruca, meio divagando, meio pra ninguém:

— Tá lindo o seu cabelo... É lindo o seu cabelo...


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Ouvido bombando. Merda de mulher displicente com ela mesma, viu?

Eu. Eu mesma.

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Filha que dorme na minha cama, atravessada nos travesseiros dela e meus.

Branquelinha, comprida, louríssima, linda, linda, linda. Filho é a melhor forma de milagre, né?

quarta-feira, outubro 06, 2010

"Se foi, já era..."

Foi esquisito. 

Papai está cancelando o número de telefone que acompanha a família desde 1993.  Temos outra linha fixa mais famosa, dois ou três números de celular cada um, e realmente o telefone da sala estava obsoleto.

Só que eu sou apegada às coisas. Nunca consigo deixar nada ir. Eu amontoo coisas ao meu redor, eu guardo cards de bares onde vivi um dia especial (ué, e não o são todos?), eu guardo, guardo, guardo. Pareço um hamster. Não deixo nada se perder, volta e meia eu dou uma repassada nas memórias, nos afetos, nas quinquilharias, justamente para não deixar ir.

E esquisito foi isso. Foi a consciência de que eu TENHO que desapegar das coisas. Foi me obrigar a pensar: "ah, se foi, já era!", pro número de telefone da casa onde eu já não moro há um bom tempo. E mais esquisita foi a idéia de que eu também preciso levar esse mantra para o resto da minha vida. Para os cacarecos, para os amores embolorados, para o que já tinha que ter voltado pro mar, oferenda. 

Mas a teoria é uma coisa...

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Sim, sumi mesmo. Foram 73 dias de campanha política, com uma única folga meia boca, e um abraço. Estava exausta, mas agora estou de volta, mais ou menos me articulando para recolocar a vida nos trilhos. 

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Jamie Oliver me dá medo montanha russa. Assusta, mas eu adoro.

sexta-feira, agosto 20, 2010

51 dias

E se não tenho escrito aqui, culpem o Grande Senhor Estúdio, a quem eu me dedico tão amorosamente a alimentar diariamente, sempre com nossas peles, sangue, suor, algumas poucas lágrimas de uns, e gargalhadas.
 
Ontem foi o dia que me viu mais exausta, e sem incêndios, consegui sair num horário humano direto e reto para casa. Mas hoje... ah, hoje eu quero ir matar uma cervejinha honesta no Rio Vermelho, quero ver gente, quero rir com amiguinhos, quero... quero olhar lá fora e ver que há vida. Mesmo que aqui dentro não haja.
 
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Só queria dormir mais de cinco horas por dia.
 
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Saí de "Foge que é uma cilada, Bino!" para "E.R.". A evolução ao alcance de todas.
 
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E quando acho que está tudo bem, descubro que o mundo é uma ervilha, levo um susto maior que o outro, balanço a cabeça meio infeliz e passo adiante.

quinta-feira, agosto 12, 2010

43 dias, e surtando

— Estou com uma dor de garganta terrível, parece que eu engoli um homem peludo. E tenho amídalas imaginárias que doem muito.
— Eu ainda tenho amídalas, e elas gritam muito.
— As minhas já foram, mas não conseguem partir. Sabe dor do membro fantasma? Eu tenho. Tenho vontade de dizer: "Caminhem para a luz, amídalas! Desapeguem do plano terreno, vão ao encontro das amídalas que partiram antes. Vão para o céu das amídalas!"
 
Aí eu me dei conta do festival de bobagens ditas com o coleguinhas, encostei a cabeça no ombro dele, fiquei rubra de vergonha e saí.
 
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E vou te dizer que perto das doenças da equipe, uma dor de ouvido persistente, uma dor de garganta meia boca e uma vesícula dolorida me transformam na campeã da saúde.
 
 

terça-feira, agosto 10, 2010

Pegava fácil de emergência

Olivier Anquier!!!

Da lista do "Pegava fácil!"

.Robert Rodriguez
.Leonardo Gaciba
.Sean Penn
.Kiefer Sutherland
.Deco, do Fluminense *new*
.Vince Vaugh *new*

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So...

A lista veio na cabeça no dia em que fofocávamos sobre o gato da equipe.

— Não pensei sobre isso ainda...

— Como assim? — perguntou o coro. E de famoso, quem? Ah, meu são Genaro! Nunca viajei nessa, e mesmo espremendo a cabeça, ninguém veio à baila.

Em sendo menina, e girlie, comecei a anotar os caras que me vinham à cabeça durante o dia, do tipo "Ê, lá em casa!".Tudo quimera, do tipo nunca vou nem olhar de perto, mas o que é da vida se não a doce ilusão?

Enfim, entre litros de testosterona, nasceu alista "Pegava Fácil".

Sugestões são bem vindas.

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BTW

Saiu hoje a indicação para o Gato da Equipe... Que não é o "Mais Pegável v. 2010"

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Vontade de chorar. Enorme, brutal. Ainda estou sob a égide dos dias negros sem fim, e da gota d'água de ontem. Minha última gota ainda não caiu, mas quando ela vier... Perda total.

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Quando eu gosto das pessoas, gosto e acabou. Não vou de pé atrás, não me previno, me entrego, gosto horrores e acabou.

E é isso. Gosto e acabou.

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É nas claras? Eu trabalho pra caralho! Sou paulistanamente pontual, ralo pra não dar furo, passo horas ponderando com o chefe sobre a melhor maneira de resolver o perrengue.

Só que eu sei viver. Jogo durante o trabalho, converso, hoje fiz as unhas, mas não se engane: o sistema é bruto, e eu cumpro à risca.

(from Facebook)

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Noite de esclarecimento, com o melhor amigo que eu podia ter na vida (e tenho). Eu clareei umas verdades que não existiram, contei do processo do fim, e dei nomes.

Velho, voltou uma paixão tão forte por aquele da temporada passada, mas tão grande...

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Bem disse um amigo de outros carnavais: meus posts são os mesmos há anos!

quinta-feira, agosto 05, 2010

Lista de "Pegava Fácil"

Então...

JM, nos comments abaixo, fez uma pergunta pertinente. Onde estão Fi*uk, Reinaldo, Fábio na lista de "Pegava Fácil"?

É que na minha lista só entra homem com algum índice de testosterona...

(rindo muito do critério de seleção)

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36 dias

Ganhei sobrevida. Tô feliz.
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Reações estranhas, e eu não tô nem aí.
E do outro lado... super desencanei.

terça-feira, agosto 03, 2010

"Pegava Fácil" list

E a lista aumenta:
 
.Robert Rodriguez
.Leonardo Gaciba
.Sean Penn *new
.Kiefer Sutherland *new
 
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Super tenho o que fazer...
 

segunda-feira, agosto 02, 2010

Meus outros blogs

Uns não tão meus, mas ainda lá. Estou a poucos dias de deletar.

Another time, another place, another page.

A reggae fable...

;D

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33 dias

E fim de uma era. Dói como braço amputado, mas uma das coisas das quais muito me orgulho é a capacidade de regeneração desta estrela do mar que vos fala.

Tenho vocação para ser feliz em qualquer lugar.

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Despertador

Durmo toda enroscada em edredons coloridos, fofinhos, macios. Me cubro com dois, abraço mais um, e revezo a noite inteira quem vai me proteger. Hoje descobri que às oito horas da manhã em ponto o sol sai de trás do prédio da frente, e às oito e cinco eu começo a sonhar que fui pro inferno, que estou no microondas, que sou uma batata assando.

No fim disso tudo, acordo suando em bicas, louca por um chuveiro, rezando para chegar o dia em que a cortina voltará à minha vida.

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Com a mãe da dor de cabeça há uns dois dias, andei filando analgésico de metade da equipe (Ô, raça hipocondríaca!). Hoje, que ganhei meu próprio envelope de Tylenol, segurei a onda e não tomei nenhum.

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Ouvi umas coisas que me deixaram quentinha, hoje...

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Next step


Nada muito certo ainda, mas... voltei a ser solteira no Orkut.

Finalmente, depois de tanto tempo, SOLTEIRA.

sábado, julho 31, 2010

Entre céu e mar

De um lado, o mar, azul em alguns dias, cinza na maior parte deles. Do outro, céu, cinza e chuvoso em muitos desses 31 dias.

Foi o período mais esclarecedor de mim para mim mesma que eu talvez tenha tido na vida. Foi quando saí do casulo, voltei a sair eventualmente (o fluxo de trabalho obriga que seja eventualmente, mas permite que seja no dias das promoções "caipiroskas dobradas, chopp do fim do mundo").

Resolvi problemas misteriosos, produzi sem roteiro, ri muito, quase chorei algumas vezes, ganhei flores, voltei a ser feliz. Misteriosamente, no meio dessa balbúrdia, voltei a ser feliz.

Voltei a acordar de manhã com gañas de trabalhar, de fazer acontecer, de ver tudo dar certo, de matar mais um dragão na arena. Passei a esperar feliz a hora do almoço, porque ia socializar com os coleguinhas no refeitório, lugar que sempre foi o ponto alto do dia em outros carnavais, e de onde andei tão voluntariamente afastada.

O fim dessa história eu conheço. Vou continuar estupidamente feliz, neste ou em outro setor, encontrando os meus para filar a bóia das 13 horas, saindo de quando em quando para uma cervejota honesta longe da Dinha, trabalhando qual moura e ganhando qual bóia-fria.

Mas esses 31 dias ninguém tira de mim.

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Uma equipe de cavalheiros

O chefe me elogia. O coleguinha me vê murcha que nem uma flor seca, e brinca de me fazer escolher entre uma mão e outra, uma delas com um bombom-surpresa para adoçar minha vida. O outro me chama de linda. Os outros coleguinhas me chamam de Rainha da Bateria. O mais próximo me chama de "danadinha", na modalidade sussurrado. O outro elogia meu trabalho. Todos lindos, física e emocionalmente lindos.

Sério: você já trabalhou num lugar assim? Não é o Dream Team? Globetrotters da produção?

PS: escrevi ganas na grafia espanhola? É isso? E só percebi depois da publicação? Corta e copia!

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Joaquim,

Adoro encontrar comentários seus, porque sempre me jogam pra frente, sempre me fazem pensar, sempre me abrem a janela de respiração no quarto escuro.

Desde priscas eras, desde a lista do PN, você é um companheirão que atura minhas digressões, minha falta de experiência no assunto naval, minhas opinioes estapafúrdias, e agora, minha vida.

Obrigada por voltar a ser presente. O seu espaço na minha vida sempre foi cativo, mesmo sem nunca nos termos encontrado.

sexta-feira, julho 30, 2010

30 de julho

30 dias, e ganhei uma prorrogação. Estou entre os meus até dia 02 de agosto.

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Me mudei pra cá dia 14 de maio. Quando aluguei esse apartamento, havia a possibilidade de alugar mais dois neste mesmo prédio. Preferi este porque achei que a lua nascia na frente da minha varanda, o sol idem.

Hoje, só hoje, descobri que era verdade. Cheguei em casa exausta, triste de dar dó, confusa, joguei a mochila no sofá e olhei pela janela. A lua enorme, linda, me olhava de lá do lado de fora, dando tchau.

Feliz não fiquei, não ainda, mas me deu um novo alento. Na próxima lua cheia eu vou estar definida na nova posição (ou na antiga, sabe-selá...), mais feliz, e aí sim, vou abrir minha garrafa de vinho, jogar os pés na varanda e aproveitar o silêncio que veio de brinde.

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Leitor que usa o link da Universidade Católica do Salvador, por favor, diga oi!

;D

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E no meio da tempestade, levei um elogio profissional tão velado, mas tão bacana, que me deixou quentinha.

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Show me your life. Show me your world.

ou

"Vou te mostrar o meu mundo
Vou te tirar pra dançar"


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Cretinices Daniélicas

Vi um cisco no monitor, armei a unha e fui limpar. Esfrega que esfrega, esfrega que esfrega, e nada dele sair. Olhei contra a luz, e nada. Olhei de novo... e era um acento que eu tinha digitado por engano.

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"É só pensar em você..."

Longe ele me faz sorrir. Perto ele me faz gargalhar.

E o que mais a gente pode querer mesmo?