Melancólica como um rock inglês, vou eu, pétala de cáctus, derrubando árvores a murros pra poder chegar.
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Faço bico, emburro, quero ir embora. Broxo, gargalho, fecho a cara, deixo a cabeça me levar para longe. Vozes estridentes são filtradas pelo meu escudo de brumas, brumas que só eu vejo. Monto a alma na vassoura e deixo que ela vá borboletear pela noite.
Salpico pó de pirlimpimpim no cérebro e ele segue a vassoura, parafuso em direção à lua. Deixo que ele se vá, pelo menos por ora: ninguém vai sentir falta hoje, mesmo... Os olhos flutuam nas órbitas, tentando virar satélite para acompanhar a Terra de longe. Longe, longe daqui, desse vento, das músicas que falam de amores perdidos, dos amores que eu mesma perdi.
O que resta dessa decomposição — cérebro pra um lado, alma pro outro, olhos rolando por aí — é uma massa cínica. Queria que só ficassem no mundo as pessoas que absolutamente me dão prazer. As outras? Nos meus melhores dias, que elas apenas sumam; nos piores, que sofram horrores que serão sempre orquestrados por mim.
Queria não ser obrigada a sorrir até quase rasgar a boca, porque riso sem vontade dói. É que nem abrir a boca muito tempo no dentista. Queria que as pessoas viessem com botão de volume, controle de bass, agudo e grave. Botão power. Simplesmente poder cortar o fornecimento de energia de alguns, deixar lá, em stand by, com cara de screen saver. E controle de drenagem da baba, porque eu não tenho a menor obrigação de ver, gotejando pelo canto da boca, as evidências de que houve vida burra ao meu lado.
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Ah, eu tenho direito a um pouco de mau humor geminiano, droga! Os pontinhos coloridos da enxaqueca desbotam as cores do resto do cenário. A paisagem ficou cinza.
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Ou eu viajopara algum lugar longe de todos, ou vou ser mandada para o pântano para ocupar a casa do Shrek, que está vazia depois do casamento dele.
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