Não tenho mais idade para fazer farra. Não tenho mais idade para sair de casa às 9:30 e voltar às 6:00 do dia seguinte. Mas tenho idade suficiente para passar horas sentada com o meu amigo querido na caixa de telefone do outro lado da rua, vendo o dia nacer, falando e ouvindo — mais ouvindo que falando — descalça, em posição de lótus.
Tenho idade para ficar vendo os navios passando, do alto do meu reino, governante da minha própria ilha, a receber um nobre convidado. Posso, sim, mostrar meus segredos para esse que veio me ver, amigo querido que veio galopando numa noite de lua. Posso dividir o meu lugar favorito com ele, posso ficar balançando as folhas de mato para molhar os pés enquanto espero o dia terminar.
Posso, sim, ser recebida com a maior alegria do mundo pelo meu cachorro ainda na garagem, antes de mergulhar para as profundezas do apartamento sem fim.
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