segunda-feira, março 10, 2008

VCO-SSA, Poltrona 27

Conquista é um terra que amo. Mesmo. Moraria lá feliz da vida, e acho que a Lourinha seria tão — ou mais — feliz lá.

Aniversário do Moço, e só por isso já valeu a pena ter encarado uma ida de quase dez horas de viagem. Fui vergonhosamente mimada, com longos passeios de carro — direito à aquecedor —, jantar no japa, passeio em bar da moda, aquecedor à gás na mesa, conversas e um bom giro sob a chuva que esfria. Cama deliciosa, café da manhã de domingo prontinho na mesa, friozinho de manhã, lagartixagem ao sol até a hora de sair para — chuif — ir embora. Acho que nunca mais me recupero de ser tão bem tratada.

Se a ida foi um pesadelo anunciado, com umas quarenta paradas pelas cidades entre Salvador e Vitória da Conquista — o ônibus parava para qualquer um que se espreguiçasse na beira da estrada —, a volta foi linda, com ar condicionado regulado, filme no palm e gatinho no ônibus.

Ok, Ok, não do meu lado, porque nem toda sorte do mundo caiu sobre minha cabeça, mas era bom levantar nas (poucas) paradas e dar de cara com aquele metro e oitenta e tanto de homem bonito. Amor de Baudelaire, que durou o tempo exato para se tornar o interlúdio bom de 525 km de poeira de estrada. Mas que ele podia ter pedido meu telefone, ah, isso podia.

O.o

O que me irrita é que se fosse na ida, seria a poltrona ao lado da minha. Ele estava na 20, e fui na 20. Blé.

Infelizmente, embora calado (obrigada, D*us, pelos grandes favores), meu companheiro de banco tinha um rato morto nas axilas. Resultado: passei a viagem inteira olhando para um lado só, o da janela, e hoje estou moída, dolorida e feliz. Eu devia viajar para ter a companhia do Moço mais vezes.

o.O

O Moço ainda ligou para saber se eu tinha dado a sorte de ter o bonitão como companheiro imediato de viagem.

Não, trem, não. Olha meu histórico de grandes sortes...

O.o

Japa infinitamente mais barato que em Salvador, tão bom quanto alguns dos bons, sunomono quase intragável, entretanto. Mas o califórnia... Ah, o califórnia, uramaki que eu ainda convenci o sushiman a colocar cream cheese (uma pausa para enxugar o teclado)... E o luxo do aquecedor à gás acima das nossas cabeças, tamanho era o frio que nos pegou? Claro que além da blusa luxo mais pesada, eu tinha uma nova jaqueta imitação de couro, carérrima, mas que não vesti para não estragar o look. Ai, como sou fútil.

No outro bar, bolinhas de queijo honestas e pouco convencionais (e deliciosas), drinks baratos, gente bonita e contas justas. Juro: não teria o menor problema em ir morar em VCO.

o.O

E calha que no quesito "distanciamento para o melhor desempenho das faculdades mentais", tirei zero. Não consegui aproveitar o plano inicial, e passar todo o tempo de estrada sozinha comigo, pensando, avaliando e decidindo. Pelo contrário. Me cerquei de filme no palm, iPod lotado de músicas e bateria, livros e travesseiro. Nos poucos minutos em que ouvi essa estranha que em mim habita, os olhos se encheram de lágrimas, e achei melhor aumentar o volume do que me ia ao fone de ouvido.

Preciso agora de um retiro espiritual. Ou chutar o pau da barraca, e deixar de lado tudo o que me incomoda, sem ponderações.

É. Talvez eu faça isso mesmo.

O.o

Voltar foi difícil, muito difícil. Mas tudo dando muito certo — e dará —, volto para uma estada tantinho maior em julho. Ah, Moço, nem você sabia, né?

o.O

Ao telefone, logo depois de desembarcar das quase dez horas de estrada:

— Mãe? Cheguei em Foz do Iguaçu.

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