Com tanto pra falar
Você bem sabe...
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Eu precisava me apaixonar de novo. É estranha essa persona desprovida de sentimentos arrebatadores, de planos a dois (três, porque a Lourinha é parte indissociável de qualquer contrato), de querer ficar.
Esse, aliás, é o motivo dessa digressão. Ando fazendo planos concretos de ir embora daqui. Estou movendo umas rodas, umas engrenagens, e confesso: vou me empenhar estupidamente para conseguir. Tudo dando certo, em meados de setembro estarei 22.53 graus ao sul do Equador. Feliz demais, com a minha Pequena estudando no Sacre Coeur, morando no bairro que eu amo.
Vamos ver, vamos ver. Ainda não é definitivo, como nada na minha vida, aliás. Só vou contar com a tentativa no dia em que comprar passagens.
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Achei que só eu (e a minha terapeuta) sabia do meu estado a cada 15 dias. Mentira. Descobri hoje que a Ká sabe exatamente como eu fico.
É doce-amargo ter uma pessoa que te conheça a fundo. Doce porque é quentinho, é bom ter quem me ame a ponto de perceber essas variações, esses meandros. É amargo porque eu tomo esporro merecido.
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Não sou uma pessoa que pode ter tantas opções. TODAS as aéreas estão com promoções, o que me cria um problema de ordem prática. Quero chegar por uma cidade fazer o que tenho que fazer, descer 450 km e voltar por outra. Será que eu consigo desdobrar o itinerário desse jeito?
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Patético. Estou sentada toda encolhida na cadeira vermelha e linda, morrendo de pena de mim mema, ouvindo Nick Cave, entre outras coisas, com saudades da Lourinha.
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Procura-se roteirista para gerir vida alheia
Minha vida é um seriado. Com a greve dos roteiristas, quem assumiu, para não perder a continuidade, foi o Brian, estagiário da contablidade. Deu no que deu. Encontros certos nas horas erradas, falta de timing, falta de pausa dramática, pessoas estranhas entrando na história, outras querids saindo. Um samba do crioulo doido.
Pois é. A greve acabou, os roteiristas voltaram a trabalhar, e o Brian continua entusiasmado com a idéia de escrever minha vida. Só que o Brian não tem talento. Nenhum. Brian fez uma zona na minha vida já pouco ordinária. Eu agora sinto saudade de pessoas que não mais existiam na minha vida, sinto falta de quem não deveria, faço o que não poderia fazer, digo o que vem na telha, me empolgo por causas perdidas. Completamente sem nexo.
Por outro lado, o roteirista anterior, cujo nome nunca foi revelado (ele sempre assinou como Mr. Ironic, o que diz muita coisa sobre seu estilo de narração), tinha um senso de humor ímpar. Me meteu em roubadas, me salvou do trilho do trem no último minuto, se divertiu horrores com as vicissitudes que inventou pra mim.
No final, não sei o que é pior: o estagiário incompetente (ué, e não são sinônimos?) ou o roteirista experiente e sádico. Alguém se candidata?
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Se saco tivesse, iPod no ouvido colocaria, Ladeira subiria, remédio novo compraria.
Um comentário:
Tenho um roteiro pronto de suspense e falta apenas a produtora. Colabora com a produtora que você, como mulher, terá um dos papéis fundamentais, que se encaixa no seu perfil. No Brazil ou qualquer outro país (Canadá e EUA inclusos).
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