segunda-feira, abril 14, 2008

Humpf!

De que adiantou tanta produção, maquiagem suave, disposição e uma noite inteira de sábado pela frente? Serviu para quê? Só para eu desmaiar mais bonitinha?

Pois é, amigos da Rede Globo, esta que vos fala apagou na noite de sábado, e foi amparada pelo segurança do botequim. Sem uma única gota de alcool no organismo, ou um único cigarro fumado (duas tragadas roubadas do meu amigo querido não contam).

Panaca-mor do universo, debilitadíssima pela pior gripe dos últimos três anos, fiz a gentileza de me enfiar num bar socado de gente, para o show de uma das bandas mais badaladas de Salvador, num lugar mal-ventilado e mal-iluminado. Encontrei amigos que amo, pedi guaraná, ri, abracei garçom (eu tive um namoradinho que ficava DOENTE porque eu era íntima o suficiente dos garçons para cumprimentá-los com abraços. Durou pouco o namorinho), e quando tudo parecia tudo bem, eis o primeiro sinal: uma tontura absurda. Amigo querido e gato me conseguiu uma cadeira, e enquanto eu abaixava a cabeça, ganhava carinhos nas costas e no cabelos. Teria ficado o resto da vida como um canário satisfeito, só ganhando cafuné nas penas, mas resolvi tomar um vento.

Aí foi o erro da noite. Não cheguei nem no umbral da portal: desmaiei na escadaria mesmo. E se não fosse a perspicácia do segurança, de perceber que aqueles zóinhos revirados não eram normais no ser humano (só da Reagan, do Exorcista), eu teria enfiado o nariz nos degraus.

Acordei de um sono maravilhoso (e ai de quem disser que o sono do desmaio não é o melhor), mas acordei num lugar que não era minha caminha, com os meus travesseirinhos. Acordei com a Pri desesperada, a hostess me jogando água na boca (e eu sentindo gosto de cerveja choca), surda de tudo, gelada e com o estômago embrulhado.

Daí é anticlimax: quando recobrei um pouco da sanidade, paguei minha conta (e ainda fui sacaneada pela caixa do bar, que olhou minha comanda, viu um guaraná e perguntou se eu tinha desmaiado por abstinência), liguei pra Ká, pedi uma carona, beijei amigos que amo, bati palmas e voei. Mal, bem mal ainda.

Diria minha terapeuta que eu não respeitei o tempo que o meu corpo pediu. Mesmo que ela não diga isso, eu acho que desrespeitei uma norma imposta por mim, numa semana delicadíssima, num dia emocionalmente estranho, e paguei o preço justo por isso.

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Diálogo real

Ká: — Vamos quinta pro jazz do Portela?
Ele: — Ah, estou tomando remédio, não posso beber...
Ká: — Não tem problema! Dani e Pri estão sem beber também, eu não bebo, então a gente vai, toma um café, um chá, ouve jazz.
Ele: — Que coisa horrível!

O mais legal não é ele achar horrível. O mais legal é imaginar fazer o mesmo convite para o IRMÃO dele. Aí, sim, rende excelentes gargalhadas... chá e jazz numa quinta à noite...

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A gente descobre que é muito querida quando um desmaio no sábado faz o telefone tocar inúmeras vezes no domingo, com pessoas especiais querendo saber como estamos.

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Tinha tanta coisa pra fazer essa semana que acho que alguma coisa vai sair. Mas eu queria mesmo era arranjar uma casa de praia entre o nada e o lugar nenhum, arrumar meus alfarrábios, partir pra lá sexta à noite e só voltar segunda de manhã, com todo o trabalho from hell feito, umas caipirinhas na cabeça e um sorrisão rasgando o rosto.

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