terça-feira, junho 22, 2004



Festa de São João é pra quem gosta. Eu nunca gostei de muvuca. Essa é a melhor temporada do ano pra mim. Cidade vazia, garçons praticamente implorando para que entremos nos seus bares. A ladeira onde moro vira um oásis de tranquilidade, e é bom jamais esquecer que junho/julho são os melhores meses para rodar a cidade.

Vou fazer plantão para adiantar os trabalhos de faculdade do Filho do Mar, e aproveitar para fazer uma peregrinação com aquela minha amiga que está tão mais leve, mais feliz, e o seu noivo, meu amigo da época das cavernas.

E hoje, Tilex pra dentro para calar a boca de uma dor de cabeça que insiste em comparecert num evento para o qual não foi chamada. Tilex é um remédio à base de codeína, prima-irmã da morfina. E lá vai Daniela, a ver pétalas de dente-de-leite voando por todo caminho, enquanto profere palavras-borboletas que escapam por entre dentes que só sorriem. Dia bom para andar sob o sol, nem tão quente, nada frio, analgésico formando uma bruma rosa na frente dos olhos.

Enxaqueca mais distante, remédio que me deixa entorpecida em dias de convulsão mental, em dias que parecem durar o tempo exato para levar angústias ao ponto de ebulição. Dias de certezas irremediáveis, e de verdades absolutas, todas as opções para a mesma questão. Daniela, Daniela que não cresce, que caminha por esta terra há 28 anos e continua com seus porquês de Sofia. Daniela, Daniela que não cresce, e continua achando as girafas um prodígio da natureza, que sonha em criar um panda; que acredita que tudo vai dar certo e que todas as pessoas merecem perdão.

Daniela. Besta, que sempre cai de cabeça, e que desta vez encontrou água tépida ao invés de cubos de gelo em suspensão. Daniela, a que vive em estado bruto de paixão, que sempre faz planos — os mais mirabolantes — e os abandona quanto mais viáveis são. Daniela, que acorda com uma decisão tomada, e quando se dá conta, na hora do almoço, mudou diametralmente de idéia. Daniela. Eu. a que não cresce.

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