sábado, janeiro 16, 2010

Samba de uma nota só

Nesse silêncio, ouço a garoa batucando o chão da sala.

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Eu não aprendo. Ainda não há homem pra mim que não seja ele. Não adianta tentar.

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Hoje dói como se eu estivesse com a pele toda do avesso. Nervos expostos.

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Monka,

Sinto saudades suas. Vamos tomar café dia desses? Adorei suas camisas, coisa que ainda não tinha dito.

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Eu realmente não precisava de Sophie Calle hoje.

E é disso que estou falando:

Sophie

Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último email. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz. Mas pelo menos será por escrito.

Como você pôde ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as “outras”, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.

Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e “generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu desassossego se dissolveria nela para encontrar você.

Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar as “outras”. E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Jamais menti para você e não é agora que vou começar.

Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.

Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.

Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.

Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.

Cuide de você.

X


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"Eu não sei viver sem você
E se ainda me quiser
Eu não vou te decepcionar"


Márcio Mello acabou comigo ontem.

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Perdi a viagem de trabalho que seria redentora, esta semana. Outro PAIS, projeto belíssimo que sempre me faz chorar pelas histórias que se ouve nos 4, 5 dias de viagem, sobre o quanto a agricultura auto sustentável muda a vida das pessoas. Fiz uma dessas ano passado, em dezembro, e além das lágrimas das entrevistas, um pé de alecrim e outro de arruda, trouxe na bagagem o meu amor.

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Só quando se arma uma tempestade, com raios e trovões, é que meu lado de dentro se equilibra com o de fora.

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