Hoje era com você que eu queria estar. Não porque adoro seus beijos, não porque seu braço está tatuado na curva da minha cintura, não porque minhas mãos sabem exatamente onde fazer cafuné nos seus cabelos.
Nada disso. Eu queria estar com você porque para você eu posso ligar. Porque acho que você tem um universo tão vasto quanto o meu. Porque seu humor meio ácido, meio doce, faz com que eu tenha a sensação de familiaridade. Porque você tem uma praticidade desconcertante. Porque até os nossos silêncios são confortáveis.
Você é a casa que eu não posso ter, o lar que a mim não pertence, e onde ainda assim eu me sinto tão aquecida. Você é o jogo que eu não bancaria, só e somente porque prezo o pouco de sanidade que me resta. Adorei a minha fugaz relação com o você-homem, mas o você-amigo é de quem eu preciso — e posso ter.
Precisava muito de um sushi do Sushi Deli, comprado em pé no balcão, para depois seguir para aquele gramadinho do Mercure. Era isso mesmo! Era de você que eu precisava, de um uramaki califórnia, da graminha, e de umas boas duas ou três horas de conversas, deitada ora na grama, ora com a cabeça no seu colo. Só isso.
Não ambiciono os beijos, as paixões ardentes, o desejo que não cessa — e para mim nunca cessou. Queria mesmo era carinho, talvez derrubar uma ou duas lágrimas, já suas conhecidas; falar, falar muito, contar sobre as rupturas, quebras, estilhaços e balas pelas costas. Queria te mostrar um pouquinho desse meu caos, para ver se você consegue decodificar para mim, e enfim fazer o mundo ter um pouco mais de sentido de novo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário