domingo, janeiro 20, 2008

Sábado, 19 de janeiro de 2008, 17:51. Aeroporto de Salvador.

E assim acabou. Acabou o trabalho, acabou a correria, os dias insanos de 22 horas de trabalho, as risadas com a minha equipe de pilotos, os laranjas e amarelos saturadíssimos dessa estranha raça do entretenimento. As horas vãs no aeroporto se transformaram no mais profundo exercício de mim mesma. Em alguns dias foi difícil conviver com essa estranha que gritava dentro de mim, estranha que começou falando num idioma desconhecido. Foi dos caminhos mais espinhosos que fui obrigada a pegar, e nem o mais alto dos rocks no iPod — meu melhor amigo nas horas de caos interior e caos aéreo— fazia com que se calasse essa Daniela desconhecida que em mim habita.

Foram dias de chuva intensa, de tempestades dentro e fora, de descobertas sobre os outros, de quebras e rupturas. Alguma coisa muito preciosa se partiu — de novo, disse minha consciência externa —, e a cada vez que esse jarro cai, mais feio fica o remendo. Eu ainda tenho o jarro, mas não sei se gosto dele. Os olhos do coração, astigmáticos e hipermétropes, insistem em achar a peça linda. Os olhos da razão, míopes, mas dotados de uma lente de macro, acham que está na hora desse jarro ser delicadamente posto de lado.

Tenho lágrimas que não caem. Estranhamente, tenho enfim alguma paz.

(originalmente postado no fotolog, link ao lado)

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Exausta, rouca, não-feliz, não-triste. Oca, precisando ser preenchida por alguma coisa que me traga fé. Fui esvaziada pela montanha-rusa, pelo cansaço, pela reflexão prolongada, pelos carinhso e afetos que foram dissolvidos e quebrados.

Dias de absoluta transformação.

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