Em 1992, dois meses antes de sofrer o maior revés da minha vida, entrei na sala de aula do colégio, e tinha um parágrafo escrito em inglês no quadro-negro (oi, tudo bom? Sou do tempo do quadro-negro?). Em linhas gerais, e não vou levantar para pegar o papel na carteira agora, dizia que infelizmente as coisas tinham acontecido daquela maneira, e que a partir de agora, "all of you live inside my heart. To remember me".
Sabe D*us porquê, aquele texto me emocionou. Copiei num pedaço de papel, e como não haveria aula, saí em busca dos navios de guerra que entravam pela Baía. O resto é lenda: dois meses sofri uma perda irreparável — e que mudou toda a minha maneira de me relacionar com o mundo, desde então —, e o papel, guardo até hoje no compartimento secreto do meu anel de prata.
Tudo o que o texto dizia era pertinente para o que eu passei. Mesmo que eu não acreditasse em sinais, e creio muito, foi o maior aviso que já recebi em todos os tempos. Além desse, uma intuição desconcertante — e de tão forte, se tornou inadequada para alguém que só tinha 15 anos — me empurrava sempre na direção do que terminou por acontecer.
Aonde eu quero chegar? Estou surda e cega para quaisquer sinais que por ventura tenha recebido nos últimos tempos. Estou vivendo com uma urgência que torna impossível ouvir o mundo lá fora. Ou o mundo aqui dentro. Não tenho me apercebido dos sinais, frases, textos e simbologias. Nada disso tem alcançado esse meu mundinho hermético.
E de repente, quando estou procurando por "tombstone" no Getty images, para postar sobre um assunto enterrado no fotolog, me deparo com o assunto em círculos sobre a minha cabeça, obliterando outros pensamentos que não esses. Esse, sinais. Esse, minha perda, naquele 92 que nunca terminou.
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Já era morte cerebral. Até ontem. Ontem caiu a última pedra na sepultura daquele amor que já nasceu com prazo de validade. Não sei de detalhes, e nem quero. O que sei é que não há vítimas. Só há crimes. Somos todos vilões.
Fazer o mea culpa dói muito mais do que dizer "sua culpa".
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