segunda-feira, janeiro 21, 2008

O inferno é a repetição

De tudo. Repetição de tudo é uma merda. E eu não consigo sair desse círculo vicioso. Repito ações, pessoas, vícios, e atividades.

Depois dos dias de epifânias seguidas, me vejo na frente do jarro mais feio — e também o mais difícil de colocar de lado. Meus jarros estão alinhados na prateleira, quase todos muitos remendados, surrados, feiosos, mesmo os mais novos. Hoje, entretanto, é o dia de destaque de três deles.

Um, o mais remendado, é o que mais me dói a feiúra. Sempre foi um vaso lindo, porcelana antiga, valiosa, forte, sempre abrigou as flores mais lindas. Mas foram anos de quedas sucessivas, sempre de lugares mais baixos. Quanto mais destaque tinha, mais alto era colocado nas prateleiras. E a queda das alturas causa mais danos do que quando o jarro está no primeiro andar da escala de prioridades.

Os últimos tombos foram lá de cima. Os remendos estão horríveis. O vaso está deformado. Mas o sentimento que usei para amalgamar é muito forte para que eu me desfaça dele assim tão rápido. Sou uma idiota, disse minha consciência externa. Antes disso, eu já havia usado exatamente a mesma expressão ao meu respeito com o moço gentleman. Mas sou isso, sou essa idiota que cuida demais das pessoas, que se desdobra em gentilezas, e que é mole qual manteiga. Burra, estúpida, que repete os mesmo padrões.

Quanto aos outros dois jarros... Vou deixá-los nesse aparador baixinho, perto do chão, porque qualquer vento mais fresco e forte vai deitá-los ao chão. São vasos novíssimos, mas já têm, cada um, sua porção de remendos. A única coisa que eu quero, neste momento delicado da minha vida, é que os jarros se espatifem no chão, e que os milhões de olhos-cacos fiquem de lá de baixo me acusando de imprevidência.

E tudo porque eu só queria um lugar seguro onde colocar essas flores tão lindas que vieram comigo...

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Não, não há
Nada que apague esse lume
Que é só seu


Sou escrava pessoal daquela entidade suprema chamada Palco 2008, do Festival de Verão. Foi a ele que servi nas últimas duas semanas, foi para suprir sua fome que forneci artistas fresquinhos. Mas a servidão tem um limite.

Meu trabalho encerrou-se oficialmente às 18:30 do sábado, e como os ares não estavam dos mais frescos, resolvi que o melhor era dar um rolê pelo parque, ao invés de ficar sentada esperando que um eventual trabalho aparecesse. Estava meio de stand by. Andei solta um tempo, revi amigos antigos (aparte: eu só faço Festival por causa da turma que às vezes só encontro de ano em ano. É uma delícia rever os queridos, os não tanto, içar pessoas para categoria "amigo", rebaixar outras para o nível "do chão não passa"), fiz novos, caminhei pela báburdia controlada de cabos, luzes, câmeras e pessoas.

Voltei para o backstage, tomei um banho, flanei, voltei em busca de mais trabalho, e fiquei nesse ping pong até quase uma da manhã. Até o show da Cascadura. Foi de caso pensado. Era um dos poucos shows que queria ver, e o único que vi e curti. Chutei o pau da barraca, guardei credenciais dentro da blusa, comprei uma lata de cerveja e pulei de 12 de outubro até a última música.

Soltei os bichos, gritei, pulei abraçada na K., lavei a alma. Concluo, pois, que se a Cascadura tivesse sido a primeira banda do segundo dia do Festival, meus dias seguintes teriam sido muito mais felizes.

O.o

Voltei a ouvir Cascadura como se não houvesse amanhã. Nem vou tentar brigar contra isso. É a melhor banda que conheço, colocando na conta Cake, Midnight Oil, Jimmy Eat World e todas as outras que, pela excelência, transitam pelo meu iPod.

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Pink's quote: "I'm completely confused"

Tenho a forte intenção de só fazer as coisas certas, mas como? E o que é o certo?

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