sexta-feira, novembro 22, 2002

14 horas exatas sem tomar nem água. Até pensei em desmaiar diante da agulha que tirou uns doze litros do meu sangue, mas lembrei que estava sozinha, e resolvi guardar o número para quando minha irmã estivesse por perto.

O cara que tirou meu liquido precioso (ué, não era cerveja?) devia estar contando os minutos para o expediente acabar. Enfiou a agulha meu braço que eu nem vi, como quem enfia um punhal no coração do desafeto. Enquanto sugava meu sangue, vampiro de profissão, me interrogava sobre datas, períodos e ocasiões.

— Lembrou?
— O senhor acha realmente que vou conseguir pensar em alguma coisa olhando pra essa agulha enorme?
— Olha para o outro lado, então!


Cai o pano. Próximo ato.

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Esses doces dias de vadiagem estão terminando. Não que eu considere a atividade acadêmica um empecilho para as outras instâncias da minha vida. Mas é que agora vou ter que renovar meu estoque de desculpas para quase cochilar nas aulas, nenhuma delas que me interesse o suficiente para me mover espontaneamente da cama.

Eu queria era estar novamente às voltas com kenofloos, sangans, bruts, fresnéis, toda a traquitana de um set de filmagem. Ou on the road again, fazendo shows. Deixa lá. vou considerar esta 5ª tentativa como sendo a definitiva.

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Quando saí da agência de notícias e fui pra TV, a minha ex-chefe me disse que era uma bobagem, pq eu nunca mais ia ser estudante. Anos depois eu concordo, mas que profissional seria eu se tivesse ficado nos bancos universitários? Ainda bem que apanhei tanto, que vivi tantos momentos felizes, que comecei a me fazer respeitar, que pude passar por tudo o que vivi. Nunca, em momento algum, o diploma me daria tudo o que conquistei.

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Vocês sabiam que vou estudar coral neste semestre? Daniela, o caranguejo gripado, um ser sem noção de ritmo, harmonia, alegorias e adereços, vai estuar canto? Rá, essa vai ser uma temporada divertidíssima!

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Eu adoro o ar malandro dessa música!

Conversa de botequim
Vadico e Noel Rosa

Seu garçom, faça o favor
De me trazer depressa uma boa média
Que não seja requentada
Um pão bem quente
Com manteiga à beça, um guardanapo
Um copo d’água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto e nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro
Um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro que me empreste umas revistas
Um isqueiro e um cinzeiro
Telefone ao menos uma vez para 34-4333
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçon me empresta algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa no cabide ali em frente



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