domingo, novembro 10, 2002

== Post para a noite de 09 de novembro de 2002: C E N S U R A D O ==

Ontem eu cerceei a liberdade da minha imprensa. O subtítulo deste blog é "Fazedora da própria imprensa". Sendo a imprensa minha, censurei um post. Escrevi, escrevi, escrevi. Passei quase uma hora entre a televisão, o jantar (pfffff, que piada! Como é que um ser humano quase irracional de cansaço pensa em cozinhar antes de dormir? Claro que o prato quente da ceia foi miojo com salsicha, ketchup e batata palha por cima...) e o blog.

Texto sentimental. Mas me expus demais. Meu coração estava à mostra, pedaço sangrento que insistiu em se deixar enxergar... Mas passou ("agora já passou, mas foi tão triste que eu não quero nem lembrar. Vem pra mim, e não vai mais, me abraça, me abraça, me abraça por tudo que for"... Lobão... Não resisti... ) e hoje sou eu de novo.

*******

Foram gravadas as primeiras cenas de "Deu$ também é neoliberal" ontem. A falta que uma mala Arri me faz... Se eu quero ser diretora de fotografia, e ainda faltam um 300 anos estudando com afinco, preciso de pelo menos uma lampadinha de 300 watts.

Na verdade, o acervo familiar tinha uma photoflood, mas a descobrimos quebrada ontem. Como já estava atrasada até a medula, deixei pro meu pai a árdua tarefa de enterrá-la. Sim, porque qualquer um ou qualquer coisa que tenha uma folha de quase 30 anos de serviços bem prestados merece um enterro digno. Mesmo que seja uma lâmpada. Nada, porém, me demove da idéia de que o papai, aquele bruto, só juntou os cacos-restos e despejou lata de lixo abaixo.

Enfim, como diria o saboroso Ricardo Bittencourt, vamos gravar. Cheguei em casa quase sem noção da vida, e ainda saí com o meu pai. 20 livros, 15 livrinhos de seleções e uma ida ao supermercado depois (dia de compras... Livros, pão integral, CHÁ!!!!!!), eu queria cair na cama e dormir por dois dias seguidos. Banho, cama.

Consegui? Quem disse? Sono leve, de quem está com a cabeça a milhão. Noite quase insône, e lá pelas duas da manhã, meio sonolenta, ouço o bip do meu celular. Mensagem de texto, FELIPE!!! "Tá acordada? Me liga?". Liguei. Mais uns minutinhos de presente na madrugada.

Houve um tempo em que o Felipe fazia isso com certa freqüência. Ligava na hora em que dava vontade, e eu sempre adorei, mesmo que estivesse dormindo. Adoro a idéia de ser lembrada de um modo tão carinhoso que os pudores de ligar na madrugada ficam pra trás.

Tenho um bom amigo, o John, que faz isso com uma das suas amigas, mais próxima que eu. Cada vez que lembra dela, e isso pode ser várias vezes por dia, ele saca o celular e dá um único toque para o dela. Fica lá, registrado junto com o número, a prova de que ele sentiu saudades.

E eu senti saudades, também. Senti saudades de ser lembrada com carinho a hora que fosse.

Nenhum comentário: