quarta-feira, novembro 27, 2002

Encontrei um vampiro energético hoje.

Eu sempre encontro pessoas que vampirizam a energia das outras, mas nunca de uma maneira tão absurda quanto esse ser humano de hoje.

Ele é amigo de uma amiga minha. Fomos ao encontro dele, que fazia um trabalho artístico e queria mostrar pra ela. Meu santo nunca cruzou de verdade com o dele. Não é flor que se cheire, e minha intuição diz que o caráter do mocinho não é lá essas coisas. Mas calo a minha boca pq nunca me foi perguntado o que é que eu achava do sujeito.

Quando saimos do lugar onde nos encontramos, depois de uma série de pequenas provas de que ele não vale lá o pão que degusta, comentei com essa minha amiga, sutilmente, que alguma coisa nele me incomodava. Ela perguntou o quê, disfarcei e aventei a possibilidade de nossas energias serem conflitantes.

Fiquei quietinha no carro até a metade do caminho. Um sono narcoléptico, uma vontade de pedir a ela pra rodar 525 quilômetros, para eu poder ficar na mesma posição, dormindo durante as 6 horas de viagem. Um peso nos braços, nas pernas. "Caracóis!!! esse cara me sugou toda a energia!!!" Como qualquer geminiano sabe, de vez em quando as palavras saltam da boca, e quando nos damos conta, não dá mais tempo de segurá-las.

Percebi que tinha dito o que tinha pensado. Olhei para a minha amiga meio de soslaio, esperando o desenrolar da rebordosa. "Era isso!!! Era isso mesmo que eu estava pensando e não sabia explicar!!"

Assim que chegamos ao destino, a casa de uma terceira amiga, escapuli um minutinho e recarreguei na primeira parede, num ritual bobo, bobo, mas tão poderoso.

A notícia boa é que continuo tradutora oficial de amigas que não conseguem se expressar!

********

A rinite continua. O corpo está molinho, estou ligeiramente enjoada, a cabeça está anunciando uma dorzinha. Dorzinha mesmo, pq nunca dói demais, é sempre muito tolerável a headache dessas enfermidades do focinho. Será q se eu jogar fora o chiclete melhora?

Estou seguindo todos os conselhos da Medicina Popular: tenho uma garrafa d'água do meu lado (gelada, é claro, pq tudo na vida tem um limite!), diminuí os cigarros, me protegi do vento fresquinho da noite, pq a temperatura caiu pra caramba. E até ia dormir, mas descobri que uma alma-irmã vai virar a noite trabalhando, e estou fazendo plantão esperando por ela. Mas não agüento ficar acordada muito mais tempo...

********

Engraçado é que quando eu mais precisava de um alento espiritual, meu pai chega em casa com um livro de presente pra mim. O livro fala sobre os caboclos no espiritismo, sobre as semelhanças e diferenças do umbandismo e do kardecismo, sempre valorizando a tão surrada doutrina afro-brasileira.

Sou espírita com um lado tendendo o kardecismo, e o outro, que tem me puxado com mais força, voltado para o candomblé. Quartas e quintas eu uso minhas guias, faço a minha obrigação anual com os orixás, uso vermelho na quarta-feira e trago a marca da entidade que comanda os raios e tempestades.

Mas ando meio desconectada. Desconectada do kardecismo, do candomblé, da magia, de tudo. Em algum lugar o meu caminho ficou um tanto estreito. E hoje, dia de encontro com um raro vampiro que me derrubou, meu pai vem como um angelo e me dá um livro que responderá, decerto, a várias questões sobre os possíveis pontos de contato entre o kardecismo e o candomblé.

E o melhor: o livro veio com uma gravura psicografada por Matisse. FEITA PRA MIM, com aquelas cores fortes que o Matisse realmente usava!

Isso, sim, é uma benção!

Nenhum comentário: