terça-feira, novembro 26, 2002

Tenho rinite alérgica. Não é uma rinite qualquer, cujas crises vão de leves a moderadas. É uma rinite brutal, que me leva pra lona. Não que eu deixe de fazer as coisas do quotidiano. Mas é um pouco menos sedutor encarar o dia com o focinho entupido.

Há tempos não tinha uma única crise de rinite. Da mesma maneira que as pessoas prevêem a mudança do tempo naquele osso quebrado na batalha de Montecastelo, eu costumava sentir que ia chover, ou ia esfriar, pelo nariz.

Desta vez, a rinite veio como um raio. Cabrum!, e no minuto seguinte eu já era o ser humano mais próximo do Rodolfo, a Rena do Nariz Vermelho. E assim tenho estado desde domingo.

Só que os meus lencinhos de papel acabaram e o meu suprimento vitalício das farmácias Doente Feliz ainda não chegou. O que me restou? Papel higiênico. Seria lindo se... SE O PAPEL HIGIÊNICO NÃO FOSSE PERFUMADO!!! Tenho a impressão de que vou morrer de espirrar se o socorro não chegar com Kleenex suficiente para forrar um estádio de futebol!

Quem foi que teve a brilhante idéia de perfumar o papel higiênico? Era o quê? Falta do que mexer nesse artigo já tão perfeitinho? Pusessem a cara do Garfield impressa no rolo inteiro, então. Colocassem babados nas bordas, passassem fitas de seda, qualquer coisa, menos um delicioso aroma de "flores dos campos suíços quando a primavera chegou depois de um rigoroso inverno".

Pior do que isso, entretanto, é saber que na minha casa moram os inimigos. Como é que os meus pais, em pleno domínio das — parcas — faculdades mentais, compram algo com esse cheiro tão agressivo? Eles me odeiam? Eles querem a minha fortuna? Eles querem me separar do amor da minha vida? Eles querem que eu desapareça?

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Vou espirrar lá no sofá, que é lugar quente... E a Nana está lá e não reclama da constante movimentação. Ela me ama desse jeitinho torto, mesmo.

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