sexta-feira, novembro 10, 2006

Marcela

Ela é minha companheira de folguedos. A vida com ela por perto sempre é uma festa, o céu é sempre da melhor cor, não tem problemas que não resolvamos, somos poderosas. E com ela perto sempre acontece coisa boa.

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Terça foi dia de Gerônimo na escadaria, dia de Oxum, de colocar os balangandãs no pescoço, nos braços e rodar a saia embaixo da lua cheia. Dia de subir e descer degraus atrás do melhor ângulo para ver e ser vista, de rir, de sentir frio na barriga, de cerveja gelada e conversas deliciosamente superficiais.

Terça foi dia de Gerônimo, de encontros saborosos, de bar pendurado na borda do mundo, dia de debruçar sobre a Baía de Todos os Santos e lá deixar que o marulho levasse para longe as mágoas. Terça foi dia de recomeços, reencontros, revelações, para mim, para ela, para ele. Vida que anda, lua que desce, planos que começam a ser (re)feitos, amizade que fica mais sólidas, amores que se provam mais duradouos que uma temporada pré-primaveril.

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Senza fine... No hai ieri, no hai domani...

Sim, ando sem escrever, e o motivo não é a abundância emocional. Ado correndo, resolvendo a vida, fazendo a Estranha Maratona Pré-Cirurgica, e sim, Fiel Leitor, vivendo aos montes, aos haustos. Vamos ser felizes, sim, todos nós, ele, eu, juntos ou não. Vamos viver, sim, porque esta vida de agora é só ela, e na próxima, sabe Deus o que me espera. Então estou vivendo, sim, sofregamente engolindo meus punk rocks, meus skas, minhas escadarias no Pelourinho, meus beijos prateados de lua.

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Rio, eu gosto de você!

O Rio é uma paixão. O Rio é uma uma alegre ciranda de sinestesia. São os gostos que me são tão familiares, os cheiros que me circundam como fantasmas do Natal passado, as memórias afetivas em cada quarteirão daquela imensa Copacabana. O Rio é o deja vu (sem acento, porque eu nunca soube usá-los no francês das citações), é a volta pra casa do Largo da Carioca, é o chopp no Flor do Inhangá, são os garçons que se enfileram na porta do bar para acenar adeuses para mim, minha mãe e minha filha. É o banho de banhiera antiga, porcelana branca, gás natural na parede, água pelando lavando todo o ranço acumulado nos seis meses anteriores.

O Rio é a minha benção, é o que me renova, são aqueles olhos azuis e aquela pele branca tão pouco carioca. É o mate na esquina, a padaria na esquina, a empada no quarteirão, o coração disparado por tão pouco.

O Rio é vida que pulsa, e hoje deu uma saudade tão brutal de lá, tão estúpida. O Rio é meu refúgio emocional, e hoje eu precisava tanto me esconder lá...

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Está acabando. Isso tudo está acabando.

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