quinta-feira, março 25, 2004

Alexandre é o ser mais sem-noção da história.

Acho que temos onze anos de amizade, daquelas sólidas, resistentes ao tempo. Estudamos juntos, farreamos juntos, tomamos porres homéricos juntos. Ele NUNCA tinha cigarros, e seis meses mais novo que eu, virou caçula. É o único homem no mundo com quem falo as maiores sacanagens e não fico vermelha.

Ele entrou pra Economia, ninguém acreditou, se formou e para pagar a língua de todo mundo, o sacana é Gerente de Relacionamento Jurídico de um banco de investimento. Casou, e sua mulher me odeia, como à todas as amigas que ele tinha antes de conhece-la. Barata, que ainda derrama catchup no moletom branco no meio do vôo para uma reunião. O mesmo que nunca pensou pra falar. Alexandre, dono das palavras que saltam da boca sem que ele ponha freios.

E hoje, depois de uns três meses sem nos encontrar:

— Estou passando aí pra te pegar pra almoçar.
— Barata, você está aonde?
— Tô aqui perto.

Levanto, me espreguiço, rumo pro chuveiro, e toca o celular de novo.

— Dani, minha avó fez chantagem emocional e eu vou almoçar com ela. Mas venha pro playground AGORA que eu vou passar aí pra te ver.

E uma hora depois eu descobri que ele está mais desnorteado que nunca, que o casamento finalmente vai bem, que ele desistiu da namorada da adolescência... E QUE AGORA COMPRA CIGARROS!

Meus meninos estão crescendo...

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— Alê, foi enterro de fulana anteontem... — e narrei o encontro social no funeral.
— Ah, me avisa do próximo! Quem vai ser? A mãe do Fulano tá "vai, não vai", né?

Ele é pior que eu!

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