quarta-feira, março 24, 2004

Estou num surto saudosista inexplicável. Há dois dias venho lendo todos os meus arquivos de blog aleatoriamente. Um tal de um Vox, que deve ser o meu Mais Fiel Leitor, resmungou que desde 2002 que eu venho me queixando da mesma coisa. E é verdade.

É quase uma receita:

1. Nego
2. Me envolvo
3. Sou chutada
4. Sofro
5. Faço planos de ir embora
6. Me apaixono por outro
7. Ibdem 2 em diante.

A parte legal é que realmente não tenho amarras. Posso engatar no primeiro programa de au pair que encontrar e correr mundo. Londres, Monopoli, Halifax, Auckland, Dublin. O mundo é realmente enorme, as possibilidades vastas. Mas eu tenho cá pra mim que eu só vou transferir a nacionalidade dos meus problemas.

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E desse surto de releitura, vieram os emails antigos. Desses emails antigos é que sobreveio a história da culpa. Foi num relato minuscioso para um amigo de longe que eu senti doer tudo de novo. Claro, não tão forte porque eu sei que 1) Não tive culpa mesmo e 2) Ele está bem, agora. Mas dói.

É fácil olhar pra trás hoje e imaginar que "se..." qualquer coisa, eu estaria de outra maneira, minha vida teria tomado um rumo diferente, eu seria zilhões de vezes mais feliz. Eu sei que é confortável jogar a culpa dos insucessos numa situação hipotética, como se toda a minha vida estivesse orientada para um único desfecho... que não aconteceu.

Mea culpa. Eu falhei. Se não estou feliz hoje, é porque aprendi tarde demais a me virar sozinha. Se eu tiver filhos, vou ensiná-los desde cedo a achar alegria dentro deles mesmos, nunca em absolutamente nenhum fator exterior.

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"O amor é a condição que ocorre no meio das oscilações, dúvidas, contradições, paradoxos, adversidades e mistérios. O amor é indecifrável para quem busca segurança, pois ele requer uma coragem do tamanho do universo".

Quiroga, o Oscar

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