terça-feira, junho 04, 2002



Eu queria q essa dor fosse embora pra sempre. Que eu nunca mais fosse surpreendida por lágrimas de madrugada, quando estou preparando para fechar o expediente. Queria q essa sensação de morte iminente, não sei se minha, não sei se de alguém muito amado, se diluísse com a primeira cor-de-rosa que o céu pintasse nessa próxima manhã, e que nunca mais voltasse pra me aborrecer.
Queria que o inevitável fosse evitável, que como no episódio 1 do Super Homem, a Terra pudesse rodar ao contrário e fazer o temppo voltar pra trás. Voltar pros domingos na praça da República, pras caixinhas de chicletes escondidas nos bolsos do terno, praquele dia no Taquaral, cujo único registro anda perdido pelos cantos da casa. Queria que o tempo parasse numa lição de como andar numa bicicleta sem cair, ou no momento exato em que o cupuaçu encostou na minha língua pela primeira vez. Queria que houvesse outras milhares de passagens pra Rondônia que eu pudesse comprar, pessoais e intransferíveis, obrigando quem quer q fosse a usá-las até que se acabassem todas. E que elas nunca acabassem.
E se nada disso fosse possível, que eu aprendesse finalmente a dizer que amo.

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