Eu quero um namorado.
Não um namorado qualquer. Eu quero um namorado que saiba rir. Que coloque minha cabeça no seu colo e passe horas conversando comigo e fazendo carinho nos meus cabelos. Que confie em mim o suficiente para cochilar durante o filme da TV. Que me permita velar pelo seu sono. Que transite com igual facilidade entre o luxo, o lixo e o alternativo. Que não seja esnobe, mas que não seja simplório. Que goste de vídeo e cinema.
Eu tenho que encontrar sobretudo a serenidade no lago dos seus olhos. Tem que ser um homem que tome as rédeas, que tire das minhas costas a responsabilidade de decidir sempre. Tem que gostar de crianças, gatos, cachorros, avestruzes e pandas. Meu namorado tem que ser aceito pela minha águia de penapelúcia, pelo meu pato, pela minha daschund sem humor, pelo meu coração azedo. O gosto pelo pagode e plo axé não deve ser predominante: não é fator de eliminação, mas de atritos garantidos. Que se entusiasme com o dia tingido de todas as cores de manhã cedo. Que goste de filme de pancadaria, de terror, de tiros, bombas e mentiras explícitas. Mas essas serão as únicas mentiras toleráveis: gostaria que ele fosse fiel. Na impossibilidade, exijo apenas que ele seja leal.
Ele tem que gostar de alguma coisa excêntrica — mais excêntrica que eu, entenda-se. Preferência pelos tatuados, mas se não for, que adore as minhas tatuagens e o piercing que está vindo. Fumante querendo parar é o ideal, porque nem implica com os meus cigarros e nem estamos os dois condenados eternamente ao vício. Querer parar é uma possibilidade. Quero um homem que me inclua nos seus planos futuros. Se gostar de futebol, ótimo. Se for um time adversário ao meu, tanto melhor: diversão garantida, ou seu dinheiro, e o meu amor, de volta.
Que o amor dure. Cronologicamente mesmo, porque não aguento mais essa busca. Não que seja eterno enquanto existir, mas que exista eternamente. E que eu veja estrelas pra sempre. Que eu tenha a sorte de amar esse homem de todas as maneiras que um ser humano pode amar o outro. Nem careta, nem junkie; nem direita, nem esquerda; nem rude, nem sensível demais; nem hippie nem yuppie.
Que domine um, dois, dez assuntos dos quais eu não entenda patavinas. Que conheça os meus humores pelo passar de olhos, ou pelo "Alô", ao telefone. Que seja, nos momentos respectivos, meu amante, meu amigo, meu confessor, meu pai, meu filho, meu censor, meu editor, meu carrasco, meu salvador. Meu amor.
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A insônia voltou para esta alma sem âncora. Noite em branco. Branco mesmo, nada produtiva, nada compensadora. A águia abraçada a mim, numa tentativa vã de me fazer dormir sob suas penaspelôs; travesseiro sobre os olhos, e mesmo assim as imagens continuavam a desfilar na minha frente. Passado, presente e um futuro — envolto pelas brumas — embolados, embotados, giravam num redemoinho, arrancando sangue da minha camada de proteção. Descascando minha couraça. Antes das quatro da manhã, eu já estava nua de novo, sem minha carapaça galvanizada, sem minha armadura.
Despida de mim mesma, escorreguei qual mercúrio líquido para um sono sem sonhos. Agitado. Exaustivo. O dia já ia longe, e o corpo se recusava a voltar de onde quer que tivesse se refugiado. Dessa incursão noturna, a lembrança sensorial do aconchego, do calor, dos braços. Quem quer que seja "ELE", em algum momento sentiu minha aflição insône, e de alguma maneira me deu abrigo, me protegeu, me cuidou, me achou, me amou. Me amou... Estava com saudade disso...
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O dia está com uma eletricidade estranha, né? Nem boa nem ruim. Dia estranho, elétrico... Com cara de definições...
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Não vou dizer nada... Dê uma olhada por si só no signo de Gêmeos do Guruweb de hoje...
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No Winamp
At First: Olhos de Guerra, da Golpe de Estado
Right Now: Birdhouse in your soul, do They Might be Giants
Comming Soon: God Give me Strenght, levada pela Kristen Vigard, Grace of my Heart' s track. Mais um presente daquele clown querido, presente que levou uma vida e meia para eu achar...
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ICE, ICE, BABY??? Quem é que anda baixando músicas para a MINHA lista?
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