terça-feira, julho 20, 2004

Quantas pessoas conseguem armar um barraco no batizado da própria irmã? Ninguém? Ninguém? Pois é, a de cá conseguiu.

O domingo começa não muito auspicioso, com vinte andares de escada abaixo. Quase desisto do sacramento que a Algas inventou, e fico lá na casa do F. esperando consertarem o elevador. Não dava, e corri em casa para tentar negociar uma abstenção. Moção indeferida.

Aliás, o que leva uma humana de 26 anos a um arroubo católico? Uma vocação recém-descoberta? Um pendor religioso? Nevermind. Fato é que nos reunimos às 10 da madrugada na igreja da Vitória, em volta da minha irmã, feliz como criança em dia de primeira comunhão que vai ganhar presente dos padrinhos e almoço no quintal.

Os batizandos sentavam mais à frente, junto com os pais e s padrinhos. E lá vai a idiota aqui, com uma câmera fotográfica automática (eca!!!) pendurada no pescoço, misto de lambe-lambe e turista que faz fotos contra o sol. Aí nasceu o barraco.

Num tal de sinal-da-cruz, cinza na testa, levanto eu pra fotografar. Estou eu enquadrando a família, o padre, a cruz, o sinal dela, os padrinhos e parte da igreja, quando sinto um cotucão nas costelas, e uma voz rispida nas minhas orelhas:

— Sai da frente!

Eu tinha visto uns anjinhos com cara de perversos desenhados no altar, na abóbada da igreja, e tinha um anjo que achei que estava velho demais para figurar na decoração. Bom, os anjos velhos também merecem meu respeito, principalmente se estão cochilando no altar. Pois não é que o tal anjo velho levantou, e de máquina fotográfica em punho, resolveu que ia ficar no lugar onde eu estava? O filho da puta do lambe-lambe de átrio de igreja dorme a cerimônia toda, acorda e resolve fingir que está trabalhando?

— O senhor não tem uma gota de educação! Nessa idade, o senhor não conseguiu aprender ainda?

Nessas alturas, eu já estava sentada de volta nas cadeiras de padrinhos, tremendo de raiva e quase aos berros com o anjo velho. Acalmada pelo cunhado-padrinho-da-Algas, voltei para os bancos da igreja e fiquei fofocando com o marido da madrinha.

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Porreta foi o padre popstar, que sabia a hora certa de sorrir para cada um dos "fotógrafos", para as handycams das mamães. Minha irmã ainda comprou um certificado de batismo, daqueles decoradinhos com bebês gorduchos e sumiu atrás do sacristãozinho.

— Cadê a Helga?

E eu, cá com meus botões:

— Tenho certeza de que foi pedir o autógrafo do padre metido a fotogênico.

Dito e certo. Volta ela com o certificado assinado pelo padre, feliz como criança na hora de ir pro almoço no quintal.

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Este blog rende suas homenagens à Mart'nália. Ela precisa ensinar o pai a cantar.

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Acho que ainda não foi desta vez.

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