sábado, fevereiro 01, 2003

Familia louca

Em definitivo: os Henning são dependentes químicos de tecnologia. Essa máquina parecia alça de caixão: um largava e o outro já vinha no vácuo...

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Buenas...

Daqui a exatas 29 horas eu estarei embarcada num vôo de Salvador para São Paulo. Passagem só de ida comprada. Na bagagem, sonhos, esperanças e crenças tão verdadeiras que beiram o infantil. Nada definitivo, bem ao gosto dessa múltipla geminiana.

A roleta já está correndo sobre os próprios trilhos. Na minha mesa de bacará, não existe duplo zero: não há a possibilidade de eu não ganhar.

Hora de fazer os sonhos darem certo, hora de zerar o odômetro e cometer erros diferentes, acertos diferentes.

Meu deadline para dar certo é curto: 20, no máximo 30 dias, e eu já tenho que ter uma estrutura mínima montada — a santíssima trindade: apartamento+colchãozão+chuveiro quente.

O lado bom das bifurações da vida é que existem apenas dois caminhos a escolher: sucesso ou fracasso. Não tenho a menor pretensão de escolher a segunda possibilidade, mas o meu bom senso e excesso de realismo me impedem de pensar que a vida será sempre cor-de-rosa na minha terra natal. Todo início é duro, toda mudança dói. Vou continuar trabalhando em produção, conhecendo pessoas novas, incrementando meu cardápio de mais pessoas queridas. Nada sério em vista, algumas possibilidades.

Mas resolvi que se vou sofrer de qualquer jeito — tentando ou desistindo —, prefiro sofrer aprendendo a ser feliz. Prefiro sofrer acreditando mais uma vez nos meus planos, acreditando que "no mais, a eterna certeza de que o nosso sucesso é inevitável", parafraseando eternamente um amigo querido.

Claro que toda mudança traz consigo os ares da esperança. A delícia tem andado de braços dados com o temor. Reaprendi a sonhar, prática tão em desuso na minha vida. Aprendi a acreditar, e acreditar, mesmo sem ver a prova. Estou aprendendo a ser feliz dia após dia, sem me angustiar com a tema da alegria do dia seguinte. Engraçado: parei de me preocupar em buscar a felicidade, e não me lembro de ter sido tão feliz em outra época da minha vida.

Cada um, cada um de vocês contribuiu para que eu começasse a caminhar mais segura. Cada um deu sua parcela de carinho, profissional ou não, cada um me deu um pouquinho mais de esperança para continuar a navegar. Na força de vocês eu me fiz, sou resultado dos tijolinhos colocado por cada um. A maneira como nos relacionamos no passado me é indiferente agora: amigos novos, antigos, colegas de trabalho, chefes, mas acima de tudo, pessoas que me são muito caras.

Pode ser que eu volte em 2 dias, duas semanas, dois meses, dois anos, duas vidas. Pode ser que eu migre para outras paragens, andorinha em busca de um sol morno onde eu possa estirar as minhas asinhas, deitar os olhos além da linha do horizonte e suspirar satisfeita: "Enfim em casa". Onde quer que seja essa casa.

Na pior das hipóteses, em no máximo 30 dias estou de volta a Salvador, com toneladas de boas histórias pra contar, férias merecidas na terra pela qual não caminho há tanto tempo. Mas confesso que vou brigar para que isso não aconteça.

Vou manter atualizações periódicas no meu blog, e operando com todos as contas de email, já que eu tenho certeza de que todos vão me mandar cartinhas, desejando boa sorte, fazendo torcida para que tudo dê certo. Estou contando com isso.

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E que seja doce, que seja doce, que seja doce!

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