Ah, Juliana...
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O sonoplasta da série Daniela McBeal é um sádico. Juntando com o roteirista, então...
Primeiro me coloca num quarto de hotel, deitada numa namoradeira (um móvel, viu, seres humanos?), com meia luz. Só os olhos se mexiam, acompanhando a movimentação do M. Legrand na arrumação da mochila.
— Fazer a mala é muito triste. Ainda bem que não estou sozinho, desta vez.
Ato contínuo, parou e deixou que os olhos escorpianos se quedassem nos meus. Verdes olhos castanhos, sem pudores, sem reservas. Ultrapassamos o tempo regulamentado pela boa educação, e seguimos com os olhos fitos um no outro. Pedi arrego: baixei o olhar, sorri, e mudei de assunto.
— Daniela, você cochilou nos créditos do filme e perdeu a melhor parte!
Lá vem ele com o discman, senta na espreguiçadeira comigo, coloca os fones no meu ouvido, e me explica que aquela é a trilha sonora do seu longa. Longa, aliás, que tentei ver, mas meu DVD, cúmplice, sabia que mais um estímulo visual e eu acabaria apaixonada. A trilha sonora... Que delicadeza, que singeleza, que coisa mais linda! Trilha incidental, coral de anjos, e touché!, eis-me presa pelo apanhador de sonhos espanhol.
Meus olhos ficaram rasos. Foi muito forte para um dia que teve restaurante japonês, fotografias várias, dry martini, e que terminou com o pôr do sol na praia. Dia em que fui confundida com espanhola, que deitei no céu para ver a lua sorrindo para mim. A lua, ele e seus olhos.
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Sono. Acho que sou narcoléptica.
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Três séries de abraços, beijos, promessas de voltar.
— Vaya con Diós! — e os olhos de quem ouviu se encheram de lágrimas. Nunca imaginei que essa moça forte, apaixonada, de venetta, fosse tão sensível, tão emotiva. Artista, que só deixou que tudo viesse à tona no último dia.
— Te quiero! — e o dono dos oceanos particulares deixou seus braços em volta dos meus ombros, segurando forte, alegria triste.
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