segunda-feira, novembro 07, 2005

É com muito pesar que lhes comunico que o Kabrum, meu filho virtual, faleceu em algum lugar da semana passada.

Foi pro céu dos pinguins, mas deixou um irmão virtual: Kabron, a lhama muito cor de rosa.

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É com mais pesar ainda que eu lhes informo que voltei. O Rio de Janeiro continua lindo, me diverti mais do que eu sonharia, voltei melhor, idem Helena. Bom, do ponto de vista físico, estou pior de tudo, idem Helena. Tenho uma crise de asma desde o dia da viagem, e Helena virou banquete de mosquito, com direito à reação alérgica e tudo o mais. Uma delícia.

Mas, ah, o Rio! Ah, os meninos do Rio, os supermercados que vendem shitake, as bancas de jornal que vendem Kinder Ovo, as pessoas que são gentis, a temperatura amena, o azul do céu, deuses, o azul do céu. O encontro de família, todo mundo com um traço do mesmo sangue, mais ou menos as mesmas caras, mais ou menos todo mundo a minha cara. Mais ou menos fazendo parte. Pertencendo.

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Ruim viajar, pior voltar. Estou com a asma atacando em 5 graus na escala Richter, a sessão da análise de hoje foi de lascar, mas pelo menos estou respirando melhor.

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Pessoas pra quem eu não liguei, minhas desculpas. Foram 5 dias de correria familiar, asma, cama e rinite. Eu não fui ao Rio: eu fui à Mascarenhas de Moraes e à Nossa Senhora de Copacabana. E ao aeroporto.

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Helena no avião

Na ida, eu sozinha. Ela cochilou, puxou papo com o passageiro do lado, tentou acertar a calva do passageiro da frente, gritou de novo, bateu com o mordedor na cabeça da passageira da frente, bateu palmas ao som de parabéns pra você daquio ao Rio, roubou o descanso de cabeça da poltrona. Dedos leves.

Na ida, mamãe comigo para dividir a onça. Ela dormiu logo depois da decolagem e acordou já sobre a Baía de Todos os Santos. Espírito de porco.

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— Ele é tão bonito que deve ser gay.

Claro que era: todo homem estupidamente lindo pra quem eu olho é gay (e se apaixona pelos meus amigos). Sentado na poltrona da fila de trás, óculos escuro, malhadinho, moreno... Um pitéu.

No desembarque, esperando as malas na esteira, a magricela já no colo da avó, eu dou uma última olhadinha — porque bonito é feito pra ser visto mesmo. Ai, meu Deus, ele não era gay: era o Marcos Pasquim!

Ô, miopia dos infernos! Valeu: ele é mais bonito do que eu imaginava, e ainda fiz inveja na Helga, que acha que o sol nasce e se põe atrás dele.

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O dia em que fui mais feliz
Vi um avião
Se espelhar no seu olhar
Até sumir

(...)

Algo que jamais se esclareceu
Onde foi exatamente que larguei naquele dia mesmo
O leão que eu sempre cavalguei?


Inverno - Calcanhoto

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Da janela vê-se o Corcovado, o Redentor
Que lindo!
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste,
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade,
Meu amor


Jobim

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Quem entende pingo de i entende tudo. Inclusive isso.

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