segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Então...

Então eu adoro quando o horóscopo dele diz "desça do salto". Porque acho que só assim a gente vai dar certo. Só se ele deixar essas convicções idiotas de lado. Ando com uma preguiça tão grande dessas verdades absolutas que ele carrega como um fardo pela vida afora, dessas definições definitivas.

Ando tão mais interessada em gente flexível, em gente que sabe ver, ouvir, entender e se modificar. Gente que sabe ceder, entende? Ando tão mais interessada em gente que me dê um pedacinho das próprias fraquezas, dos próprios temores, umas duas gotas das próprias lágrimas. Ando tão de saco cheio de gente perfeitinha.

Porque gente perfeitinha me dá nos nervos, e me obriga a mostrar meu lado perfeitinho também. E enche o saco estar sempre impecável, em cima dos saltos altos, maquiadinha, de vestidinho bacana. Não dá pra planejar uma saída de botequim, com shortinho e havaianas (lindíssimas, da Hollywood, mas oi, tudo bom? Ainda são havaianas), para uma cerveja honesta e um acarajé metafórico. Não dá para ligar chorando, não dá para ligar feliz da vida. Não dá nada.

Eu não sou assim. Eu sou de lágrimas (pelo menos tenho sido com uma ou duas pessoas especiais), sou de gargalhadas, sou de ira titânica, de perdões irrevogáveis. Não poder dividir isso com quem, em teoria, está conosco, é ocultar a parte mais importante de mim mesma. E se eu não puder ir inteira, nem vou.

Eu TAMBÉM sou a Barbie Executiva. Também sou os saltos altos, a conversa séria, os contratos fechados, sou tudo isso. Mas sou a mini-saia, sandália rasteira; sou o tênis velho e o short, sou longas tardes preguiçosas de domingo, sem glamour ou máscaras.

Então... "desça do salto" é o recado ideal para ele. Desça e deixe-me descer.

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Todo mundo devia fazer isso

Alguém tinha que ir comprar pão para o café da manhã de amanhã. Coloquei os fones no ouvido, coloquei brincos e rumei para o mundo.

Eu moro no epicentro do Carnaval. Na coluna vertebral. Ninguém entra, ninguém sai. Trios sobem e descem. Pessoas sobem e descem, meio insanas.

Lá fui eu, feliz demais, caminhando pelo caos, com minha trilha sonora pessoal, sem medo, sem ser importunada pelas duzentas piadinhas com a minha tatuagem do Thundercats — e nem me sinto tão importunada assim... —, cercada pela minha bolha sonora.

Só me dei conta do quanto era feliz quando percebi que tinha o privilégio de estar ouvindo Marky Ramone no meio da Ladeira da Barra, enquanto todo mundo ouvia um pagodezinho de quinta. E quando a Winehouse desandou a dizer que não ia para a rehab, eu achei que caminhava pelas nuvens. Cheguei no meu prédio ouvindo a melhor do Bloodhound Gang, e não dava para ter sorriso maior. Por mim, faria isso todo dia.

Hum... Ainda tem a terça-feira de carnaval...

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Make it work!

E não é que esses dias sabáticos me blindaram para um monte de coisas? Me deram a possibilidade — aproveitada — de tocar um foda-se enorme em um monte de coisas que estavam apodrecendo aqui.

Tenho andado tão resoluta em alguns assuntos, tão serena em relação ao futuro de algumas relações, tão determinada a fazer alguns projetos darem certo. Só espero que o mundo lá embaixo me permita continuar com a mente quieta, a espinha ereta e o coração (quase) tranquilo.

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