Sempre me senti profundamente inadequada nos corredores acadêmicos. Meu mal-estar perdurou até o último dia em que passei ali, e sempre me senti como a caloura que fui no primeiro semestre.
Tive um professor famoso pelos comentários jocosos, pelo horror que tinha à mediocridade, pela língua ferina e pela genialidade. Eu sempre tive quase medo dele, quase medo de ser alvo do deboche do dia, o que me transformava na aluna mais calada, assídua e cumpridora dos deveres.
Precisei faltar a uma das aulas — certamente estive à beira da morte. Queimava todas as aulas da faculdade, menos as dele —, mas na aula seguinte estava lá, calada, séria.
Chamada — sim, ele praticava esse ritual pré-escolar —, e chega no meu nome. Ele só me chamava pelo sobrenome.
— Henning?
— Aqui.
(ative a voz irônica, e visualize o sorriso debochado que lhe eram naturais)
— Henning, você faltou à última aula. Senti sua falta.
Rasguei o rosto com um sorriso de canto de boca, da mais pura incredulidade. Sentiu minha falta? Ah, vá procurar outra vítima, professor-doutor!
— Finalmente, já no fim do semestre, consigo ver um sorriso seu, Henning. Mesmo que seja de escárnio, mas um sorriso!
O sorriso alargou, e os cantos da boca se curvaram pra cima. Ele me fazia sorrir, sim, e dessa vez não mais de escárnio. Não me lembro de ter sorrido de novo na sua aula, e ainda cometi o pecadilho de escolher outra matéria que ele dava.
Era isso.
CHICO - Eu avisei que não era uma comédia. Se você achou que era, o problema é seu."
Roteiro Anchietanos - Gerbase, Furtado, Assis Brasil
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Feche agora ou cale-se para sempre
Daqui pra baixo, só copy & paste
Eu escrevi isso em 2004.
Eu preciso fazer escolhas, e como todo mundo, me sinto acuada. Escolha entre um e outro, escolha entre verdades, entre caminhos, entre procedimentos. Escolher amigos, escolher histórias, escolher companheiros de cama, mesa, banho e afetos.
Preciso escolher entre quais as atitudes devo tomar, sobre o que vou fazer no minuto seguinte, e quando faço, passo todo o tempo me remoendo sobre se fiz certo ou não. Preciso escolher entre um beijo e o que virá, preciso escolher entre ter medo pra sempre e me machucar de novo. Preciso escolher entre rir até estourar os pontos das feridas e ficar quieta, cicatrizando a costura feita de agulha rombuda e fios de coragem.
Para cada escolha, uma dor e um amor.
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Outro copy & paste
Esse texto pediu, através de In My Life, para ser repostado. Não é meu. É dele. É a mais linda declaração de um amor ainda não-realizado.
"Para quando eu me apaixonar, para quando eu me tornar piegas
E vou colecionar tuas fotografias de criança. Adivinhar o caminho que a tua testa sob a franja, tuas sobrancelhas e tua boca de menino sério fizeram até o dia em que nos conhecemos. Eu sei que vou ser ridícula quando te amar. Ficando acordada até às cinco, pra decorar os detalhes do teu corpo naquele cinza final da madrugada. Quero saber como você abraça o travesseiro. Se dorme de lado ou de bruços. Qual é o remédio que você guarda no fundo do armário do banheiro? Apaixonada eu fico mais piegas. E espero do teu lado sem pedir licença. Vamos assistir nossos desenhos favoritos. Vou gravar uma fita com aquela música da tua vida. Quero ser o intervalo na respiração de Annie Lennox quando ela estiver cantando no teu som, na sala do teu apartamento, com as luzes apagadas. Vou doer no teu coração, quando você escutar aquela frase de guitarra em In My Life. Ainda vou ser tua nostalgia. E eu quero te ver colocando band-aid num machucado. Cobrar o troco do pão e do leite na padaria e te pedir pra guardar no bolso. Beijar a curva do teu pescoço. Com você, não vou ter medo do escuro."
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E mais um
Dele, mas sempre minhas.
por favor alguém aí, dê um sentido pra minha vida. qualquer um serve. o que realmente não pode é continuar assim. eu tou cansado de coisas terminando antes de começar, começando no momento de sair e acabando no momento de transformar.
eu preciso de um sentido pra minha vida. de verdade.
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